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No código civil/2002 existe uma seção denominada 'Da coação', o que comporta
que nem todos os atos são lícitos juridicamente (art. 104 CC), tais como a existência
de agente capaz, de objeto lícito, de forma prescrita ou não defesa em lei.
Acepção da palavra Sanção
Ora, em muitos casos, existe o agente capaz, mas ele está sendo influenciado por
elementos extrínsecos que deturpam a autenticidade de sua maneira de decidir. O
agente decide, mas sendo vítima de erro, de fraude, ou então, sob a irresistível
pressão de determinadas circunstâncias.
Dizemos então que, entre os casos de anulabilidade dos atos jurídicos, está a
eventualidade de violência ou de coação. O ato jurídico, praticado sob coação, é
anulável; tem existência jurídica, mas de natureza provisória, até que o ofendido
prove que agiu compelido, sob ameaça física ou psíquica. Dizemos, então, que a
coação é um dos vícios possíveis dos atos jurídicos.
Coação, portanto, significa duas coisas: corresponde à violência (art. 151 CC), à
força que, interferindo, vicia o ato jurídico; em sua segunda acepção, não é o
contraposto do Direito, mas é, ao contrário, o próprio Direito enquanto se arma da
força para garantir o seu cumprimento. A astúcia do Direito consiste em valer-se do
veneno da força para impedir que ela triunfe.
Conceito de Sanção
Todas as regras, quaisquer que sejam, religiosas, morais, jurídicas ou de
etiqueta, são evidentemente emanadas ou formuladas, da ou pela sociedade,
PARA SEREM CUMPRIDAS. Não existe regra que não implique certa
obediência, certo respeito.
Essas formas de sanção das regras morais não estão, entretanto, organizadas. De
certa maneira, acham-se difusas no espaço social: é a crítica e a condenação, que a
infração suscita; é a opinião pública que se forma sobre a conduta reprovada; são
todos os sistemas de autodefesa da sociedade, que, aos poucos, eliminam da
convivência o indivíduo que não obedece aos preceitos de ordem moral. Um
ostracismo espontâneo é aplicado pela sociedade quando o indivíduo viola as suas
obrigações de natureza ética. Pode-se dizer que a grande maioria dos homens cede
diante da pressão dessa força difusa do meio social.
E a sanção jurídica?
Há, entretanto, aqueles que nem sequer se arreceiam do exame de sua própria
consciência, por estarem tão embrutecidos que nela é impossível o fenômeno
psíquico do remorso. Nem faltam os que nenhuma importância dão à reação social,
por se considerarem, às vezes, superiores ao meio em que vivem, como seres acima
do bem ou do mal; ou, então, porque na própria "psique" não haverá repulsa àqueles
motivos de conduta imoral, que atuam, poderosamente, sobre o homem normal. É
nesse momento que se torna necessário organizar as sanções. O fenômeno
jurídico representa, assim, uma forma de organização da sanção.
Mas não é só. Como contestar a juridicidade das organizações esportivas? Não
possuem elas uma série de normas, e até mesmo de tribunais, impondo a um
número imenso de indivíduos determinadas formas de conduta sob sanções
organizadas? O mesmo acontece com crescente número de entidades
representativas dos mais diversos interesses coletivos, sendo inegável o poder de
determinadas organizações não governamentais (ONGs). Parece-nos, pois,
As ordenações jurídicas não estatais
Há, em suma, todo um Direito 'GRUPALISTA' que surge ao lado ou dentro do
Estado. É preciso, porém, reconhecer também que existe uma graduação no
Direito, segundo o índice de organização e de generalidade da coação. O Estado
caracteriza-se por ser a instituição, cuja sanção possui caráter de universalidade.
Nenhum de nós pode fugir à coação do Estado. O Estado circunda-nos de tal
maneira que até mesmo quando saímos do território nacional, continuamos
sujeitos a uma série de regras que são do Direito brasileiro, do Estado brasileiro.
Por outro lado, o Estado se põe como fim, enquanto representa, e tão-
somente enquanto representa, concomitantemente, uma ordem jurídica e
uma ordem econômica, cujos valores devem ser respeitados por todos como
condição de coexistência social harmônica, onde os direitos de cada um
pressupõem iguais direitos dos demais, assegurando-se cada vez mais a
plena realização desse ideal ético.