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Luanda – 2022/23
REGIME JURÍDICO DA LETRA, LIVRANÇA E O CHEQUE
Luanda – 2022/23
FICHA TÉCNICA
CURSO : Contabilidade e Administração
PERÍODO : Manhã
ANO ACADEMICO : 2º Ano
A DOCENTE
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Eva Lameira
INDÍCE
RESUMO 5
INTRODUÇÃO 6
OBJECTIVOS 7
PROBLEMÁTICA 7
HIPÓTESIS 7
II.I – LETRA 18
II.II – LIVRANÇA 19
II.III – CHEQUE 20
ANEXO 23
CONCLUSÃO 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25
RESUMO
O foco central deste trabalho consiste em mostrar como funciona o regime jurídico
referente a letra, livrança e o cheque. Esta análise servirá como forma de melhor
compreendermos, os contratos que o Direito Comercial regula, por meio das suas normas,
neste caso em particular, nomeadamente pela Lei Uniforme referente a Letra, Livrança e
o Cheque.
Neste sentido, buscamos trazer alguns dos princípais conceitos que se encontram ligados
ao tema, e cujo estudo, foi fundamental para uma análise mais clarificada, daquilo que é
o regime jurídico da Letra, Livrança e o Cheque.
Procuramos evidenciar o que é o regime jurídico, o que é a letra a livrança e o cheque,
quais são as princípais diferenças entre ambos elementos, e como a Lei Uniforme, regula
cada uma delas.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho abordará a respeito do “Regime Jurídico da Letra, Livrança e o
Cheque”. O objectivo principal deste trabalho, é esclarecer o que é uma letra, livrança e
um cheque, tendo como foco principal, explicar como funcionam os mesmos de acordo
com o estipulado nos seus respectivos regimes jurídicos.
No que diz respeito, a letra, livrança e o cheque, e para melhor compreensão do seu regime
jurídico, apraz-nos antes de tudo, compreendermos como é que elas surgem, o que elas
são e, bem como as suas princípais características.
É assim, que diante deste paradigma, faremos breves abordagens a respeito dos Títulos
de Crédito, para depois nos atermos aos princípais aspectos inerentes ao tema do presente
trabalho. Pois, tais conceitos, jamais podem ser deixados de lado, já que é preciso o estudo
desses elementos essênciais ligados ao tema em epígrafe.
OBJECTIVOS
Geral : Esclarecer o que é o regime jurídico da letra, livrança e o cheque, e quais são os
seus principais pressuntos, e bem como à sua aplicabilidade.
Especificos :
Definir os principais conceitos;
Análisar e interpretar os conceitos apresentados;
Apresentar casos práticos;
PROBLEMÁTICA
Sendo assim, fez-se a seguinte pergunta de partida : Na perspectiva do regime jurídico,
quais são as principais diferenças entre Letra, Livrança e Cheque ?
HIPÓTESIS
No intuito de responder a problemática supra levantada, destacamos como hipóteses as
seguintes :
H1 : Embora ambos elementos, sejam títulos de crédito que enunciam um pagamento, à
primeira diferença que vemos nelas, está na forma de pagamento que difere uma da outra
e no que diz respeito ao número de pessoas envolvidas. Já na perspectiva do regime
juridico, veremos que a letra e a livrança partilham da mesma lei uniforme, já o cheque,
acaba por ter uma lei uniforme única e que difere da lei uniforme relactiva a letra e a
livrança.
H2 : Pode se afirmar que ambos elementos, na qualidade de títulos de crédito, que servem
de instrumentos facilitadores no processo de circulação monetária, não apresentam
grandes diferenças do ponto vista jurídico, sendo meros documentos que expressam a
existência de uma divida a ser paga e um valor a ser recebido.
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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
I.I. - TÍTULOS DE CRÉDITO
Para poder estudar esses Títulos, é fundamental analisar o Crédito, como um dos pilares
para a própria actividade empresarial e comercial no seu todo.
A palavra Crédito, deriva do latim creditum, que por sua vez advém de credere, que
significa confiar, ter fé. Assim sendo, o Crédito representará a confiança que alguém
desperta em outrem, daí, dizer-se que determinada pessoa tem Crédito, no sentido de que
esta pessoa desperta a confiança.
O incidente que deu a sua origem, foi a necessidade de proteger o Credor, o Devedor e
seus respectivos patrimónios, e não apenas um simples procedimento, visando apenas à
solução de um problema jurídico de circulação de capital. O Título de Crédito, não é um
mero documento, mas sim, um instrumento que representa um Crédito ou Débito.
Por sua vez, o Direito Comercial Angolano, apresenta uma noção muito ampla de Títulos
de Crédito. Entende-se por Título de Crédito o documento escrito, em papel, constitutivo
de um direito de Crédito, em que o Direito adere ao Título (ou seja, o direito existe na
medida em que o título existe), tornando mais simples, rápida e segura a constituição e
transmissão do Crédito.
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Os Titulos de Crédito, podem ser vistos em sentido amplo e estrito. No seu sentido amplo,
é o documento escrito onde constam direitos de Crédito constituídos, já no seu sentido
estrito, consiste no instrumento que se destina a facilitar a circulação do Crédito.
Quanto a natureza do seu emitente, os Títulos de Crédito, podem ser privados (se é
emitido por sociedades comerciais) ou públicos (se emitidos pelo Tesouro ou pelo Banco
Nacional de Angola). Já quanto a forma de circulação, os Títulos de Crédito, classificam-
se como nominativos, à ordem ou ao portador.
Muito embora a categoria de Títulos de Crédito seja vasta, referimos desde já, que o
âmbito do nosso estudo, estende-se apenas para os Títulos Cambiais, propriamente a letra,
livrança o cheque e as suas leis uniformes, vigentes no ordenamento jurídico Angolano,
leis essas, aprovadas pelas convenções de Genebra, de que Angola é parte.
I.II. - REGIME JURÍDICO
Regime Jurídico, é o conjunto de direitos, deveres, garantias e penalidades aplicáveis a
determinadas relações sociais qualificadas pelo Direito. Ou seja, o regime jurídico, não é
nada mais do que, o conjunto de leis e normas ao que se deve submeter uma determinada
matéria.
Nessa vertente, o regime jurídico da LLCH, acaba por ser o conjunto de normas exigidas
e em conformidade com às Leis Uniformes relativas a Letra, Livrança e o Cheque, que
descreve o processo de Emissão; do Endosso; do aceite; do Aval; do Pagamento; da
Intervenção; da Pluralidade de Exemplares e das Cópias, das Alterações; da Prescrição e
Disposições Gerais. Todas essas inerentes a letra e a livrança.
No que diz respeito ao cheque, veremos que o seu regime jurídico (Lei Uniforme)
apresenta princípios e deveres, totalmente diferentes do regime jurídico da letra e da
livrança.
A Lei Uniforme sobre as Letras e Livranças foi aprovada pela Convenção de Genebra de
7 de Junho de 1930, assinada por vinte e seis países e tendo como próposito “evitar
dificuldades originadas pela diversidade de legislação nos vários países em que as letras
circulam e aumentar assim a segurança e a rapidez das relações do comércio
internacional”
Os estados signatários, viram-se obrigados a, adoptar nos seus territórios a Lei Uniforme,
admitindo-se de todo modo, a adopção de certas reservas, a formular na ocasião da
ratificação ou adesão.
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Após assinar e ratificar a carta de 1955 da Convenção de Genebra, relativa as Leis
Uniforme da Letra, Livrança e Cheque, por meio do Decreto Executivo 30/97 de 25 de
Junho de 1997, entra em vigor em Angola, a Lei Uniforme da letra e livrança.
I.II.I. - A LETRA
É o escrito datado e assinado, que leva a denominação de letra, através do qual uma pessoa
ordena incondicionalmente a outra que paque, em dado momento, a sí ou à sua ordem,
determinada quantia. Em termos simples, diga-se que a letra enuncia uma ordem de
pagamento (pagará), que é dada por determinada pessoa (sacador) a outra (sacado) em
favor de uma terceira pessoa (tomador) ou à sua ordem.
Na letra, encontram-se três pessoas envolvidas, são elas o Sacador, o Sacado e o Tomador
ou beneficiário, os quais não precisam necessariamente ser pessoas diferentes.
O sacador ou emitente é aquele que emite a letra, aquele que dá a ordem de pagamento
para o sacado e responde pelo não cumprimento por parte deste. O sacado, por sua vez, é
aquele a quem é dirigida a ordem de pagamento, mas só se torna obrigado a cumprir essa
ordem se assumir a obrigação assinando o título.
Por derradeiro, temos o tomador ou beneficiário que é o credor originário do título, isto
é, aquele que vai receber o valor constante do título, isto é, aquele que vai receber o valor
constante do título. Em sintese : o sacador dá uma ordem ao sacado para que ele paque
determinada quantia ao beneficiário. Neste documento o que interessa é que o sacador
promete que o sacado vai pagar o beneficiário.
No que diz respeito os seus requisitos, a letra, deve conter de acordo o Artigo 1.º da lei
uniforme às letras e livranças, os seguintes itens :
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I.II.II - A LIVRANÇA
A livrança é o tipo de Crédito constituído pelo escrito através do qual o seu emitente
declara que pagará a certa pessoa, ou à sua ordem, uma quantia concreta em dinheiro, em
época determinada. Ou seja, a livrança é um título de Crédito à ordem (tal como a letra),
mas não é uma ordem de pagamento de uma pessoa a outra em favor de terceiro, é antes
uma promessa de pagamento directa (tomador / subscritor) – “pagarei a”.
A Livrança deve conter de acordo com o Artigo 75.º da Lei Uniforme os seguintes
requisitos :
É considerado como Livrança, o título que obedecer com todos os requisitos do Artigo
75.º da Lei uniforme, na falta de um desses requisitos, não se pode considerar o título
como Livrança, salvo nos casos descritos no Artigo 76.º da Lei Uniforme.
I.II.III - O CHEQUE
Os Cheques, são Títulos geralmente emitidos à ordem, sacados por um banco, pagos
imediatamente e pressupondo sempre uma provisão, ou seja, fundos depositados na
respectiva conta bancária. A vantagem deste título é, com efeito, a comodidade e a
segurança que resultam da possibilidade de se efectuarem pagamentos.
Em palavras miúdas, o Cheque é uma ordem dada por uma pessoa (sacador) a um banco
(sacado), para que paque certa quantia, por conta dos fundos disponíveis. No que diz
respeito ao Cheque, encontram-se duas pessoas envolvidas, o Sacador, o Sacado e em
alguns casos, um terceiro, denominado de Tomador.
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O Cheque deve conter segundo o Artigo 1.º da Lei Uniforme do Cheque os seguintes
requisitos :
O título a que faltar qualquer dos requisitos enumerados anteriormente, não produz efeito
como Cheque, salvo nos casos previstos no Artigo 2.º da Lei Uniforme relactiva ao
Cheque.
I.II.IV – DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS DA LETRA, LIVRANÇA E
CHEQUE
O Cheque, por seu turno, já apresenta diferenças mais notórias. É certo que também
envolve uma ordem de pagamento e também é um título adequado à movimentação de
Créditos, dispensando a circulação de numerario e o seu transporte.
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Porém, o Cheque pressupõe, em rigor, um depósito feito a um Banco, pelo emitente da
ordem de pagamento. É fundamentalmente um meio de levantamento (total ou parcial)
do depósito, em benefício do depositante ou de terceiro. É, por isso, essencialmente um
meio de pagamento que, equivale a dinheiro e, representa a disposição do depósito.
I.II.V – LEI UNIFORME RELACTIVA ÀS LETRAS E LIVRANÇAS
Tanto na letra como na livrança, a falta de um dos requisitos previstos nos Artigos 1.º e
75.º, não produzirá efeito como letra e livrança, ou seja, não seram consideradas como
Títulos de Crédito, salvo nos casos em que :
No Capítulo II da presente Lei, veremos que a letra e a livrança estão sujeitas a serem
transmitidas por meio do Endosso (é a declaração que designa um novo beneficiário da
ordem de pagamento, tendo o efeito de transmitir todos os direitos emergentes da letra, e
da livrança, constituir o endossante em garante e legitimar o portador)
Neste caso a transmissibilidade obedece o descrito no Artigo 11.º que diz: “Toda a letra
de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a claúsula à ordem, é transmissivel
por via de endosso”.
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Segundo o Artigo 13.º, para que o Endosso, seja válido, deve obedecer os seguintes
requisitos :
Na definição de endosso, quando referimos que ele transmite, que ele constitui e que ele
legitima, já estávamos a dizer quais os efeitos desta declaração cambiária. O endosso tem
um efeito translativo, porque transmite os direitos emergentes da letra; tem um efeito
constitutivo, porque constitui o endossante em garante e tem um efeito de legitimação,
porque legitima o portador.
O aceite, é o acto pelo qual, o sacado assume a obrigação ou aceita pagar a letra ou a
livrança no seu vencimento. Dito de outro modo, é a declaração pela qual, o sacado
assume a responsabildade de, cumprir a ordem incondicional de pagamento, que lhe foi
dada pelo sacador.
Veremos no Capítulo III da presente lei que o aceite exprime-se pela palavra «aceite» ou
qualquer outra palavra equivalente, e o mesmo deve ser assinada pelo sacado. A simples
assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra, é tida como aceite segundo os
termos do Artigo 25.º
De acordo com o disposto no Artigo 29.º, podemos perceber, que o aceite pode ser
anulado, caso “o sacado antes da restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado, tal
aceite é considerado como recusado.”
A seguir no Capítulo IV, temos o Aval que é o acto pelo qual um terceiro ou um signatário
(avalista), garante o cumprimento da obrigação por parte de um outro (avalizado)
De acordo com o disposto no Artigo 31.º o Aval deve obedecer aos seguintes requisitos :
O avalista, sendo a pessoa indicada e responsável, para que se cumpra a obrigação por
parte do avalizado, acaba por assumir as mesmas responsabilidades que a pessoa por ele
afiançada, ainda que a sua garantia seja nula por qualquer razão, a sua obrigação mantém-
se segundo os termos do Artigo 32.º da presente lei.
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No Capítulo V da presente lei, veremos que a letra e a livrança devem obedecer a
determinadas formas, para o vencimento das mesmas. No que diz respeito ao seu
vencimento, elas devem obedecer, segundo o Artigo 33.º da presente lei, as seguintes
formas :
À vista
A um certo termo de vista
A um certo termo de data
Pagável num dia fixado
A letra ou livrança à vista é aquela pagável à apresentação. Deve o seu pagamento ser
apresentado, dentro do prazo de um ano, a contar da data. A certo termo de vista, é
aquela que o seu saque é determinado, quer pela data do aceite quer pela data do protesto;
Já a certo termo de data é aquela que o seu saque corresponde no mês em que se deve
efectuar o pagamento. De acordo os termos dos Artigos 34.º, 35.º e 36.º do presente
diploma. De forma resumida o vencimento, vai corresponder com à época de pagamento
da letra ou da livrança.
No que diz respeito ao pagamento, no Capítulo VI veremos quais são os seus principais
pressupostos.
A moeda que deve fazer-se o pagamento, corresponde na moeda em curso legal no lugar
do pagamento. Caso, numa letra ou livrança se, estipular o pagamento em moeda que não
tenha curso legal no lugar do pagamento, o valor a ser pago, pode ser feito na moeda do
pais, segundo o seu valor no dia do vencimento.
Por sua vez, o sacador pode estipular que a letra ou lvrança, possam ser pagas numa
moeda especifica, e segundo um câmbio fixado, de acordo com o disposto no Artigo 41.º
do presente diploma.
A letra e a livrança, podem ser pagas, na sua totaldade ou parcialmente, neste caso, o
portador do título de crédito, não pode recusar qualquer pagamento parcial. Por sua vez,
uma vez pago o título, quer seja na sua integra ou de forma parcial, o portador tem a
obrigação de dar a quitação ao sacado, segundo os termos do Artigo 39.º
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O portador de uma letra ou livrança tem o direito de fazer cópas delas, as cópias devem
obrigatoriamente reproduzir exactamente o original, com os endossos e todas as outras
menções que nelas constarem. Por sua vez, a cópia produz o mesmo efeito que a original,
isso, segundo o Artigo 67.º da presente lei
Na eventualidade da letra ou livrança sofrerem alteração no seu texto, toda a pessoa que
subscrever à estas, estão obrigados a cumprir com os termos do texto alterado, os
signatários anteriores são obrigados nos termos do texto original, segundo o descrito no
Artigo 69.º da presente lei.
A lei uniforme, como o seu próprio nome diz, tanto é para as letras como para as livranças,
logo, tudo quanto referiu-se relativamente à letra, tem para a livrança um significado
relevante, as letras e livranças partilham na sua essência, das mesmas questões jurídicas.
Por força da lei uniforme relactiva as letras e livranças, a “livrança” vai buscar à “letra”os
mesmos traços do seu regime e, daí, também a generalidade dos problemas jurídicos mais
pertinentes.
I.II.VI – LEI UNIFORME RELACTIVA AO CHEQUE
No que diz respeito ao regime jurídico do cheque veremos que os artigos vigentes na sua
lei uniforme, traz e apresenta uma forma diferente no seu proceder, contrária ao regime
jurídico das letras e livranças.
Tal como no regime jurídico das letras e livranças, veremos que o cheque, como referimos
antériormente, para a sua emissão deve obedecer à alguns requisitos segundo o Artigo 1.º
da sua lei uniforme.
A não observância dos requisitos dispostos no artigo 1.º, por sua vez não permite com
que o título produza efeito de cheque, salvo em situações excepcionais conforme o Artigo
2.º
O cheque pode ser passado em nome do próprio sacador, assim como também em nome
de um terceiro. Na eventualidade do sacador ser proprietário de um ou mais
estabelecimento, pode o mesmo passar um cheque em seu nome, do contrário não é
permitido segundo os termos Artigo 6.º do presente diploma.
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Tendo em conta que, para que se faça o saque de um cheque, é necessário a existência de
fundos conforme explicado no Artigo 3.º, é responsabilidade do sacador garantir o
pagamento do cheque, conforme descrito no Artigo 12.º
Sendo um título de crédito que enuncia um pagamento, o cheque pode ser transmissível,
e a sua forma de transmissão é por via de endosso, o endosso transmite todos os direitos
resultantes do cheque. “O endosso deve ser escrito no cheque ou numa folha ligada a este
(anexo)”, sendo a assinatura de caracter obrigatório, de formas a dar válidade no endosso.
Artigos 14.º, 16.º e 17.º
No caso de uma pessoa, ser-lhe tomado, de qualquer maneira um cheque, à pessoa a quem
o cheque for parar, não se vê obrigada a restitui-lo, salvo nos casos em que, o cheque
tenha sido adquirido de má-fé, ou nos casos em que se adquiriu, tenha-se cometido algum
erro grave. Artigo 21.º
O cheque, está sujeito à garantia. Por meio de um aval, uma terceira pessoa ou o signatário
do cheque, a excepção do sacado, compromete-se a pagar o cheque no seu todo ou em
parte do seu valor, ou seja, tal como nos outros títulos de crédito aqui abordados, o cheque
não deixa de excluir-se, no que diz respeito a uma garantia, e essa garantia é permitida ou
dada, por meio de um aval. Artigo 25.º
O aval exprime-se pelas palavras «bom para aval» resultado da assinatura do avalista
sobre o cheque ou sobre uma folha anexa a este. O avalista, assume as mesmas obrigações
que a pessoa que ele garante. Na eventualidade do avalista pagar o cheque, a pessoa que
ele serviu como garante, fica obrigado para com o avalista em virtude do cheque pago
por este. Artigo 26.º e 27.º
Quanto a sua válidade, o cheque apenas é revogado depois de findo o prazo estipulado
para apresentação conforme o artigo 29.º. No caso do cheque não ter sido revogado, o
sacado pode pagá-lo mesmo depois de findo o prazo. Artigo 32.º
No que diz respeito a moeda, o pagamento do cheque deve corresponder com a moeda
em circulação no pais em que se paga o mesmo. Se o pagamento não foi efectuado na
data da sua apresentação, o portador do cheque, pode pedir que o pagamento da
importância do cheque, seja paga na moeda do pais em que é apresentado ao câmbio do
dia, quer do dia de apresentação, quer do dia do pagamento. Artigo 36.º
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CAPÍTULO II – CASOS PRÁTICOS
II.I – LETRA
Mufinda acedeu ao seu pedido, mas recusou-se a celebrar qualquer contrato, tendo
emitido um título de crédito, determinando que Sibas o pagasse aquela quantia dali a
cinco anos, a si ou ao seu único herdeiro.
Porém, Sibas recusa-se a realizar tal pagamento, com fundamento na sua falência. Assim,
Rossana aborda Teresa, que tinha aposto a sua assinatura no verso do título com a menção
“bom para aval”.
Esta alega ter havido simulação entre Sibas e Mufinda, na medida em que não foi mutuada
qualquer quantia entre os dois, tendo tudo sido feito com o único intuito de iludir os
credores de Mufinda.
II.I – RESOLUÇÃO
Estamos perante um caso que se prende com a emissão de uma letra de câmbio. A letra
enuncia uma ordem de pagamento (“pagará”), que é dada por determinada pessoa
(“sacador”) a outra (“sacado”) em favor de uma terceira pessoa (“tomador”) ou à sua
ordem. No caso, Mufinda seria o sacador, Sibas o sacado, sendo Mufinda e o seu herdeiro
os tomadores. A letra, quanto ao conteúdo, incorpora o direito a uma prestação pecuniária
e, quanto ao modo de circulação, é um título à ordem, efectuando-se a sua transmissão
por endosso.
Nesta última circunstância, deve-se dar ao sacado uma nova ordem de pagamento, com
a correspondente indicação do novo beneficiário. Porém, nos termos do art. 12.º LULL.,
o endosso deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta (anexo) e deve ser assinada
pelo endossante.
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Por aqui se vê que não basta entregar a letra ao novo beneficiário, há que cumprir com as
regras legais para que seja válido o endosso. Além disso, no caso em análise é duvidoso
que Mufinda pudesse, por si só, endossar aquela letra. Isto porque, tendo em conta a
característica de literalidade, pode entender-se que também o único herdeiro de Mufinda
é beneficiário do direito incorporado na letra, e por isso, também ele teria de anuir quanto
àquela transmissão.
Apesar da nulidade do endosso, Sibas não paga com o fundamento na sua falência. Teresa
assinou o verso da letra a título de avalista. O aval é uma obrigação de garantia, através
da qual um terceiro (avalista) vem garantir o pagamento da letra por parte de qualquer um
dos subscritores (avalizado) artigos 30.º e 31.º da LULL.
O avalista torna-se responsável nos mesmos termos em que o é a pessoa por ele avalizada,
sendo que a sua obrigação se mantém, mesmo no caso de a obrigação garantida ser
nulapor qualquer razão que não seja um vicio de forma segundo o artigo 32.º da LULL.
Por isso, a eventual simulação entre Mufinda e Sibas, não poderia ser oposta pelo avalista
ao títular do direito de crédito incorporado naquele título.
II.II – LIVRANÇA
Inseticida & Formigas, S.A., sociedade comercial, solicitou há cinco anos um empréstimo
ao Banco Atlântico, SA.. para adequar a sua produção à recente legislação de protecção
ambiental.
A par da assinatura do título de crédito em branco, o banco também solicitou que dois
dos administradores da empresa fossem garantes do título de crédito e os outros três
fossem garantes do financiamento.
Passaram-se três anos e a Insecticida & Formigas, S.A., por dificuldades financeiras,
deixa de conseguir pagar o crédito. Tendo o Banco submetido o título de crédito a aceite
dos três administradores que protestaram, o Banco retira o montante em dívida da conta
dos dois administradores e estes, em tom de reclamação, afirmam que são garantes do
título de crédito e não da dívida.
II.II - RESOLUÇÃO
A par da assinatura do título de crédito, o Banco Acesso, S.A. também solicitou que dois
administradores fossem garantes do título de crédito. Para ser garante de um título de
crédito há que prestar aval, nos termos do art. 30.º da LULL, por remissão do art. 77.º do
mesmo diploma. Por outro lado, os outros três administradores prestaram uma fiança,
enquanto garantia das obrigações pecuniárias assumidas pela empresa Insecticida &
Formigas, S.A
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O aval e a fiança são modalidades de garantias pessoais, ou seja, implicam a adstrição do
património geral do seu prestador à garantia de determinadas obrigações de um outro
sujeito. O aval tem um âmbito mais restrito, na medida em que garante o pagamento de
determinado título de crédito. Já a fiança serve para garantir obrigações em geral, em
particular decorrentes de contratos.
Além disso, o aval não decorre de um acordo entre as partes, uma vez que o avalista se
obriga pela menção no título. Assim, não há o estabelecimento de uma relação entre
avalista e devedor, pois o avalista garantirá a solvência do título independente do seu
titular. Já na fiança, o fiador assume a responsabilidade pela dívida de um determinado
devedor e perante um credor específico, assegurando com o seu património o
cumprimento de obrigação alheia e, por isso, ficando pessoalmente obrigado perante o
respectivo credor.
Desta feita, chegamos à conclusão de que os primeiros dois administrados são avalistas e
os outros três administradores são fiadores. O Banco tem à sua disposição tanto o aval
como a fiança, podendo accioná-las a todo tempo, em caso de incumprimento da
obrigação de pagamento pelo devedor originário.
Pelo aceite, o sacado obriga-se a pagar a letra à data do vencimento. O aceite deverá ser
dado às letras de câmbio e não também às livranças. Logo, a apresentação da livrança ao
aceite, e a consequente recusa, não tem qualquer consequência jurídica para nenhuma das
partes na medida em que se trata de um acto juridicamente irrelevante.
A questão que agora se coloca é a de saber se os fiadores são responsáveis pela dívida e,
por isso, se respondem pela dívida da empresa de forma imediata, sem antes serem
esgotados os meios de responsabilizar a sociedade. Não nos esqueçamos que estamos
perante um mútuo mercantil, na medida em que os intervenientes são comerciantes, tendo
um deles por objecto a concessão de empréstimos e o outro contraído o empréstimo no
âmbito da sua actividade mercantil.
Assim, a fiança deve considerar-se comercial, uma vez que é um acto acessório de um
acto de comércio autónomo (o mútuo mercanti). É, assim, aplicável o art. 101.º do CCom,
nos termos do qual o fiador de uma obrigação comercial, ainda que não seja comerciante,
não pode invocar o benefício da excussão prévia. Sendo assim, os fiadores poderão de
facto ser responsabilizados de forma imediata, sendo solidariamente responsáveis pela
dívida contraída pela sociedade.
II.III – CHEQUE
O Banco Sol, S.A. recebeu no dia 15 de Agosto de 2015, um cheque no valor de USD
1.500.000,00. O cheque pertencia a Nataniel Miguel , que pretendia pagar a compra de
quatro viaturas de luxo à Toyota de Angola, S.A., que também tem conta neste Banco.
No mesmo dia, Nataniel foi à Toyota de Angola, S.A. mostrando o comprovativo de
pagamento e exigindo a entrega imediata das viaturas.
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A Toyota de Angola, S.A. contactou o Banco Sol que confirmou a operação através do
extracto bancário electrónico, onde era visível a provisão do montante em causa tanto no
saldo contabilístico, como no saldo disponível, e fez a entrega das viaturas a Nataniel.
Passados dois dias, a Toyota de Angola, S.A. apercebeu-se de que o montante depositado
tinha sido retirado da sua conta. Contactou o Banco Sol, S.A. e ficou a saber que o cheque
era falso.
II.III - RESOLUÇÃO
O cheque é o título de crédito que enuncia um pagamento, tal como a letra, mas
consubstanciando uma ordem de pagamento dirigida a uma instituição bancária onde o
emitente do título possui uma provisão. O cheque funciona como um meio de mobilização
de fundos, quer em benefício do emitente, quer em benefício de um terceiro. Nos termos
do art. 1.º da LUC, o cheque contém o mandato para pagamento de uma quantia
determinada.
De acordo com o art. 3.º da LUC, o cheque é sacado sobre o banqueiro que tenha fundos
à disposição do sacador e em harmonia com uma convenção expressa ou tácita, segundo
a qual o sacador tem o direito de dispor desses fundos por meio de cheque. No caso
vertente, estamos perante um cheque pagável à ordem, por conta de terceiro. O cliente
diz-se sacador (Nataniel Miguel); o banqueiro diz-se sacado (Banco Sol); o beneficiário
da ordem diz-se terceiro beneficiário ou, simplesmente beneficiário (Toyota de Angola,
S.A).
Dia D: os bancos recebem em depósito os cheques nos balcões nas praças abrangidas pela
CT Luanda; Dia D1: os cheques recepcionados em depósitos nas praças abrangidas pelas
CT Luanda são trocados fisicamente, entre os participantes, nas respectivas CT; Dia D2:
os cheques que foram trocados em D1 e que são sujeitos à devolução – por,
designadamente, serem falsos, estarem incorrectamente preenchidos ou não terem
provisão – são devolvidos aos apresentantes dos mesmos, na CT em que foram trocados;
D3: na abertura da agência, é disponibilizado o valor em conta para o cliente, caso não
tenha ocorrido devolução.
Ora, é evidente que o Banco não respeitou as regras de boa cobrança, razão porque, na
conta do cliente, no dia 15 de Agosto de 2015, dia D, já se encontrava o montante
creditado em resultado do cumprimento da ordem ínsita no cheque, reflectindo-se no seu
saldo final. Esta actuação culposa do Banco do Povo, S.A. foi pressuposto da entrega das
mencionadas viaturas ao burlão, pois, se o Banco tivesse respeitado as regras de boa
cobrança, este montante apenas figuraria no saldo contabilístico e não no saldo final.
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Não há – salvo dolo ou abuso de direito – qualquer relação entre o portador ou beneficiário
de um cheque e o banqueiro, a menos que a convenção de cheque tenha sido estipulada
como contrato a favor de terceiro, o que, embora possível, não tem sucedido, na prática.
O portador não é, de facto parte na convenção de cheque.
À partida, o banqueiro que não pague um cheque não é responsável perante o tomador do
cheque; mas já o poderá ser por via aquiliana, ou seja, por violação de deveres próprios
da sua actividade.
Ele é responsável não propriamente pelo valor do cheque, mas por todos os incómodos,
maiores despesas, lucros cessantes e, no limite, acrescido risco que o seu comportamento
ilícito cause ao tomador do cheque, no âmbito das regras da causalidade adequada.
Sendo assim, a eventual violação das regras constantes do aludido Anexo vii do
Regulamento de Compensação de Valores (7.6.), pode constituir fonte de
responsabilidade civil do Banco para com os particulares lesados pelo mau uso do cheque.
Por outras palavras, os terceiros não têm um direito a invocar a convenção de cheques
celebrada entre o banqueiro e os seus clientes; porém, o dever de cumprir as regras
constantes do Anexo supracitado funciona como uma norma de protecção, para efeitos
do art. 483.º, n.º 1, 2.ª parte, do CC, podendo a sua violação constituir fundamento para
uma pretensão indemnizatória de um tomador de um cheque. Sendo assim, entendemos
que a sociedade SAC poderá responsabilizar o Banco pelos danos sofridos em resultado
da actuação deste.
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ANEXO
Letra / Livrança
Cheque
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CONCLUSÃO
Em conformidade com o conteúdo aqui apresentado, concluimos em primeira instância
que às letras, livranças e cheques são títulos de crédito, ou seja, documentos que
representam uma obrigação ou crédito, reguladas por um regíme jurídico, que por sua vez
tem o papel de regulamentarizar o processo de emissão, transmissão, pagamentos e
demais aspectos ligados às letras, livranças e o cheque, por meio das leis uniformes
vigentes no Código Comercial da República de Angola.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Editora: JMG, Portugal, 2007.
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Tomazette, Marlon, Direito Empresarial 8.ª ed. Editora: Atlas, Brasil, 2017.
Vale, Sófia, Guia Prático de Direito Comercial, Editora: Maiadouro, Portugal, 2016.
Vido, Elisabete, Curso de Direito Empresarial 8.ª ed. Editora: Saraiva, Brasil, 2020.
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