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ITCMD

SOBRE HERANÇAS E
DOAÇÕES NO EXTERIOR
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DO ITCMD

“Art. 155 – Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I – transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos.
(...)
§ 1º. O imposto previsto no inciso I:
III – terá a competência para sua instituição regulada por lei complementar:
a) se o doador tiver domicílio no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário
processado no exterior.”
ARGUMENTO DOS ESTADOS

Art. 24, I, § 3º, da Constituição Federal:

“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
I - direito tributário , financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
(...)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.”
ARGUMENTO CONTRÁRIO AOS ESTADOS

“Art. 146. Cabe à lei complementar:


I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios;
II – regular as limitações ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;”
ARGUMENTO CONTRÁRIO AOS ESTADOS

Na jurisprudência do STF, a competência dos estados e do Distrito Federal a que alude o


art. 24, § 3º, da Constituição somente os autoriza a legislar, de maneira plena, sobre
direito tributário para atender a suas peculiaridades.
Nesse sentido, essa competência não se estende ao tratamento de matéria de direito
tributário que, inevitavelmente, se imiscua em outras unidades federadas ou envolva
conflito federativo. (Voto Min. Dias Toffoli)
RE 851.108 (em Repercussão Geral)
Rel. Min. Dias Toffoli

Sugerida a seguinte tese de repercussão geral:

É vedado aos estados e ao Distrito Federal instituir o ITCMD nas hipóteses


referidas no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal sem a intervenção da lei
complementar exigida pelo referido dispositivo constitucional.
Proposta de modulação de efeitos:
Proponho a modulação dos efeitos da decisão, estabelecendo que ela produza
efeitos apenas quanto aos fatos geradores que venham a ocorrer a partir da
publicação do presente acórdão.

Lei 9.868/99

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista


razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos
daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em
julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
CASOS PASSADOS DE MODULAÇÃO DE EFEITOS

ADI 4171

Nessa ação direta de inconstitucionalidade, ao julgar tema relacionado ao estorno de crédito


relativos às operações interestaduais com produtos resultantes da mistura de gasolina com AEAC ou
da mistura de óleo diesel com B100, o STF, por maioria, modulou “os efeitos da declaração de
inconstitucionalidade com eficácia diferida por 6 (seis) meses após a publicação do acórdão”.

ADI 429

Por ocasião do julgamento dessa ADI, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional
isenções concedidas pelo Estado do Ceara, inclusive isenções editadas em benefícios de portadores
de deficiência física, por entender que a matéria seria reservada à lei complementar federal.

Entretanto, diante do forte apelo social da medida maculada por inconstitucionalidade, a Corte
Suprema modulou os efeitos da decisão ao futuro, estendendo-os pelo prazo de 12 (doze) meses
a contar da publicação da ata da sessão.
CASOS PASSADOS DE MODULAÇÃO DE EFEITOS

ADPF 194

Nesta arguição de descumprimento de preceito fundamental, o Tribunal fixou a tese de que “É


inconstitucional lei municipal que veicule exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN fora das
hipóteses previstas em lei complementar nacional. Também é incompatível com o Texto
Constitucional medida fiscal que resulte indiretamente na redução da alíquota mínima estabelecida
pelo art. 88 do ADCT, a partir da redução da carga tributária incidente sobre a prestação de serviço na
territorialidade do ente tributante”, estabelecendo que o termo a quo para início dos efeitos desta
decisão seria a data do deferimento da cautelar.

RE 559.943

Com relação a esse recurso, também afetado à sistemática da repercussão geral, a Suprema Corte
julgou inconstitucional os art. 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 que prescreviam o prazo decadencial de
10 (dez) anos para o INSS constituir seus débitos tributários. Contudo, atribuiu ao julgamento
efeitos meramente prospectivos, reservando o direito de repetição de indébito somente aos
contribuintes que já haviam ingressado em juízo antes da “decisão assentada na sessão do dia
11.6.2008”.
RE 643.247

Já nesse recurso, sob o rito da repercussão geral, o STF julgou inconstitucional as chamadas taxas
de incêndio, decidindo pela modulação dos efeitos da decisão sob o fundamento de que “a
alteração de jurisprudência consolidada há quase duas décadas justifica a eficácia prospectiva do
novo pronunciamento, em atenção à segurança jurídica e ao interesse social, nos termos do artigo
927, § 3º, do Código de Processo Civil.”

Nesse caso, o pedido de modulação foi feito em embargos de declaração opostos pelo Município de
São Paulo, o qual, apreciado em 12.06.2019, foi provido para “modular prospectivamente os efeitos
da tese, a partir da data da publicação da ata de julgamento – 1º de agosto de 2017, ressalvadas
as ações anteriormente ajuizadas”.
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Direito Tributário na Prática

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