Você está na página 1de 5

2017

- 01 - 30

Revista dos Tribunais


2016
RT VOL.971 (SETEMBRO 2016)
JURISPRUDÊNCIA ANOTADA

Jurisprudência Anotada

Supremo Tribunal Federal

1. MANDADO DE INJUNÇÃO – Impetração que visa à regulamentação dos direitos


do nascituro

STF - AgRg no MI 6.591 /Distrito Federal - Plenário - j. 16.06.2016 - v.u. - Rel. Luiz Fux - DJe
30.06.2016 - Área do Direito: Constitucional; Processual.

MANDADO DE INJUNÇÃO – Impetração que visa à regulamentação dosdireitos do nascituro –


Inadmissibilidade – Carta Magna que não impõeo dever de legislar sobre a matéria – Inexistência de
omissão legislativa,ademais, que afasta o cabimento do writ injuncional.

Jurisprudência no mesmo sentido

RDCI 75/427, DJe 28/03/2011 - MANDADO DE INJUNÇÃO - Não cabimento - Servidor


público policial - Apos...

Veja também Jurisprudência

RT 909/839, DJe 10/05/2011 - MANDADO DE INJUNÇÃO - Servidor público - Writ que visa
compelir autori...

Veja também Doutrina

A TUTELA CONSTITUCIONAL DA VIDA EMBRIONÁRIA: A ADIN 3.510 À LUZ DO


ATIVISMO JUDICIAL, de Danúbia Cantieri Silva - RDCI 94/2016/265

O MANDADO DE INJUNÇÃO COMO INSTRUMENTO DE SOLUÇÃO DAS LACUNAS LEGAIS


("FRACAS-FORTES") NO DIREITO BRASILEIRO, de Rodrigo Mazzei - Doutrinas Essenciais
de Direito Constitucional 10/2015/1231
AG.REG. NO MANDADO DE INJUNÇÃO 6.591 DISTRITO FEDERAL

RELATOR :MIN. LUIZ FUX

AGTE.(S) : WELLINGTON CATTA PRETA COSTA

ADV.(A/S) : WELLINGTON CATTA PRETA COSTA

AGDO.(A/S) : CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

AGDO.(A/S) : SENADO FEDERAL

PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA

PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Ementa

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE INJUNÇÃO. DIREITOS DO NASCITURO.


AUSÊNCIA DE IMPOSIÇÃO CONSTITUCIONAL DO DEVER DE LEGISLAR. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.

1. O mandado de injunção, nos termos do art. 5º, LXXI, da Constituição Federal, reclama a
demonstração de que a falta de norma regulamentadora torna inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

2. A jurisprudência desta Corte é remansosa no sentido do descabimento do mandado de injunção


quando inexistir um direito constitucional que não possa ser exercido por ausência de norma
regulamentadora (Precedente: MI 5.470 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Plenário, DJe 20/11/2014).

3. Agravo Regimental DESPROVIDO .

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em
Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowsk, na conformidade da
ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, em
desprover o agravo regimental. Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de Mello, o Ministro
Gilmar Mendes, a Ministra Cármen Lúcia, o Ministro Dias Toffoli e o Ministro Roberto Barroso.

Brasília, 16 de junho de 2016.

Ministro LUIZ FUX – RELATOR

Documento assinado digitalmente

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de agravo regimental interposto contra
decisão que negou seguimento a este mandado de injunção, nos seguintes termos:
“MANDADO DE INJUNÇÃO. DIREITOS DO NASCITURO. INEXISTÊNCIA DO DEVER CONSTITUCIONAL
DE LEGISLAR. MANDADO DE INJUNÇÃO: NÃO CABIMENTO, CONSOANTE ITERATIVA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. IMPETRAÇÃO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.”

Nas suas razões de recurso, o agravante alega, em síntese, que “ foi cerceado o Direito de ser ouvido
pelos órgãos públicos”, o que, no seu entender, gera a nulidade absoluta de todo o processo.

Requer, ao final, a reconsideração da decisão agravada. Subsidiariamente, pugna pela apresentação


deste processo em mesa, para apreciação pelo Plenário.

É o relatório.

AG.REG. NO MANDADO DE INJUNÇÃO 6.591 DISTRITO FEDERAL

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Preliminarmente, deixo de apreciar o pedido de


assistência judiciária gratuita, uma vez que, em mandado de injunção, não há custas processuais
(Resolução STF 569/2016), tampouco condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei
12.016/2009, c/c o art. 24, parágrafo único, da Lei 8.038/90, além da decisão proferida no MI 3.402-
ED/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe 22/3/2012).

O presente agravo regimental não merece ser provido.

As razões deduzidas no recurso são incapazes de desconstituir o fundamento da decisão agravada.

Conforme ensina José Afonso da Silva, o mandado de injunção

“Constitui um remédio ou ação constitucional posto à disposição de quem se considere titular de


qualquer daqueles direitos, liberdades ou prerrogativas inviáveis por falta de norma regulamentadora
exigida ou suposta pela Constituição. Sua principal finalidade consiste assim em conferir imediata
aplicabilidade à norma constitucional portadora daqueles direitos e prerrogativas, inerte em virtude
de ausência de regulamentação” (In Curso de Direito Constitucional Positivo, 38. ed., São Paulo:
Malheiros, p. 321).

In casu , não há norma constitucional que imponha ao legislador o dever de regulamentar os direitos
do nascituro. Como se infere do art. 5º, LXXI, da CRFB/88, o mandado de injunção tem lugar quando
a falta de norma regulamentadora impedir o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Nesse passo, inexistente a
previsão do direito na Constituição Federal, tampouco do dever de regulamentação, não há que se
falar em omissão legislativa que possa ser imputada às autoridades impetradas.

Ademais, a jurisprudência desta Corte é remansosa no sentido do descabimento do mandado de


injunção quando inexistir um direito constitucional que não possa ser exercido por ausência de
norma regulamentadora. Não havendo omissão legislativa, é inadmissível o remédio constitucional
em apreço. Nesse sentido:

“MANDADO DE INJUNÇÃO – AUXÍLIO RECLUSÃO – CONCEITO DE BAIXA RENDA – MATÉRIA


REGULAMENTADA PELO ART. 80 DA LEI Nº 8.213/91; PELO ART. 2º DA LEI Nº 10.666/2003 E, AINDA,
PELOS ARTS. 116 A 119 DO DECRETO Nº 3.048/99 – INEXISTÊNCIA DE LACUNA TÉCNICA –
INADMISSIBILIDADE DO ‘WRIT’ INJUNCIONAL – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. – O direito à
legislação só pode ser invocado pelo interessado, quando também existir – simultaneamente imposta
pelo próprio texto constitucional – a previsão do dever estatal de emanar normas legais. Isso significa
que o direito individual à atividade legislativa do Estado apenas se evidenciará naquelas estritas
hipóteses em que o desempenho da função de legislar refletir, por efeito de exclusiva determinação
constitucional, uma obrigação jurídica indeclinável imposta ao Poder Público. – Para que possa atuar
a norma pertinente ao instituto do mandado de injunção, revela-se essencial que se estabeleça a
necessária correlação entre a imposição constitucional de legislar, de um lado, e o consequente
reconhecimento do direito público subjetivo à legislação, de outro, de tal forma que, ausente a
obrigação jurídico-constitucional de emanar provimentos legislativos, não se tornará possível imputar
comportamento moroso ao Estado nem pretender acesso legítimo à via injuncional. Precedentes” (MI
5.470 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJe – 20/11/2014).

Ex positis, NEGO PROVIMENTO ao agravo regimental.

É como voto.

PLENÁRIO

EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO MANDADO DE INJUNÇÃO 6.591

PROCED. : DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUX

AGTE.(S) : WELLINGTON CATTA PRETA COSTA

ADV.(A/S) : WELLINGTON CATTA PRETA COSTA (324834/SP)

AGDO.(A/S) : CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

AGDO.(A/S) : SENADO FEDERAL

PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA

PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, desproveu o agravo
regimental. Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de Mello, o Ministro Gilmar Mendes, a
Ministra Cármen Lúcia, palestrante no XXII Encontro de Presidentes e Magistrados de Tribunais e
Salas Constitucionais da América Latina, na Cidade do México, o Ministro Dias Toffoli, participando
do encontro com a Comissão Eleitoral da Legislatura da Província de Córdoba e o Presidente do
Tribunal Supremo de Justiça, na Argentina, e o Ministro Roberto Barroso. Presidência do Ministro
Ricardo Lewandowski. Plenário, 16.06.2016.

Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski. Presentes à sessão os Senhores Ministros


Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki e Edson Fachin.

Vice-Procuradora-Geral da República, Dra. Ela Wiecko Volkmer de Castilho.


p/ Maria Sílvia Marques dos Santos

Assessora-Chefe do Plenário

© edição e distribuição da EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS LTDA.

Você também pode gostar