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FACULDADA PITÁGORAS DE CONTAGEM

EMILLY MARLEY DE JESUS SILVA

TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL

CONTAGEM, 23 DE MAIO DE 2022


1) O que é eficácia plena?
As normas constitucionais de eficácia plena, são aquelas que são imediatamente
aplicáveis, ou seja, não dependem de uma normatividade futura que venha
regulamentá-la, atribuindo-lhe eficácia.

São, pois, normas que já contém em si todos os elementos necessários para sua
plena aplicação, sendo despiciendo que uma lei infraconstitucional a regulamente.

2) Diferencie Eficácia Contida e Eficácia Limitada, para José Afonso da


Silva.
A principal diferença entre as normas constitucionais de eficácia contida e as de
eficácia limitada é que a primeira produz efeitos desde logo (direta e imediatamente),
podendo, entretanto, ser restringidas. A segunda (eficácia limitada), só pode produzir
efeitos a partir da interferência do legislador ordinário, ou seja, necessitam ser
“regulamentadas”.

3) Pesquise uma jurisprudência no STF com modulação de efeitos ex


tunc e outra com modulação de efeitos ex nunc e explique as diferenças
de efeitos de cada uma. (https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search)
Quando se diz que uma decisão jurídica é ex tunc, significa que esta se
aplicará desde o início do processo que lhe deu origem, ou seja, de
caráter retroativo, valendo e afetando acontecimentos anteriores a sua criação,
contanto que estejam relacionados diretamente com o assunto.

Já uma decisão ex nunc é considerada o oposto da ex tunc, pois a sua aplicação se


iniciará a partir do momento da sua criação, não retroagindo.

Jurisprudência 1 – Efeito ex tunc


ADI 4696 MC  / DF - DISTRITO FEDERAL
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 01/12/2011
Publicação: 16/03/2012
Órgão julgador: Tribunal Pleno
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Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-055 DIVULG 15-03-2012 PUBLIC 16-03-2012

Partes
REQTE.(S) : ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS - AMB ADV.(A/S) : ALBERTO PAVIE
RIBEIRO INTDO.(A/S) : ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PIAUÍ

Ementa
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. ART. 57, § 1º, II, DA
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ, NA REDAÇÃO DADA PELA EC 32, DE 27/10/2011. IDADE PARA O
IMPLEMENTO DA APOSENTADORIA COMPULSÓRIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS E
MUNICIPAIS ALTERADA DE SETENTA PARA SETENTA E CINCO ANOS. PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DA
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 40, § 1º, II, DA CF. PERICULUM IN MORA IGUALMENTE CONFIGURADO.
CAUTELAR DEFERIDA COM EFEITO EX TUNC. I – É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que as
normas constitucionais federais que dispõem a respeito da aposentadoria dos servidores públicos são de
absorção obrigatória pelas Constituições dos Estados. Precedentes. II – A Carta Magna, ao fixar a idade para a
aposentadoria compulsória dos servidores das três esferas da Federação em setenta anos (art. 40, § 1º, II), não
deixou margem para a atuação inovadora do legislador constituinte estadual, pois estabeleceu, nesse sentido,
norma central categórica, de observância obrigatória para Estados e Municípios. III – Mostra-se conveniente a
suspensão liminar da norma impugnada, também sob o ângulo do perigo na demora, dada a evidente situação
de insegurança jurídica causada pela vigência simultânea e discordante entre si dos comandos constitucionais
federal e estadual. IV – Medida cautelar concedida com efeito ex tunc.

Decisão
O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, deferiu a medida cautelar para suspender a
eficácia do art. 57, § 1º, II, da Constituição do Estado do Piauí, na redação dada pelo art. 1º da EC nº 32, de
27/10/2011, com efeito ex tunc, vencido no ponto o Senhor Ministro Marco Aurélio, que emprestava
eficácia ex nunc. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Falou pela requerente o Dr. Alberto Pavie Ribeiro.
Plenário, 01.12.2011.

Jurisprudência 2 – Efeito Ex nunc


ADI 3775 ED  / RS - RIO GRANDE DO SUL
EMB.DECL. NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Julgamento: 29/06/2020
Publicação: 13/08/2020
Órgão julgador: Tribunal Pleno

PROCESSO ELETRÔNICO DJe-201 DIVULG 12-08-2020 PUBLIC 13-08-2020

Partes
EMBTE.(S) : GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EMBDO.(A/S) : PROCURADOR-GERAL
DA REPÚBLICA INTDO.(A/S) : ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Ementa
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MODULAÇÃO
DE EFEITOS DO JULGADO. COBRANÇA DE TAXA PELA CONTRAPRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
PRESTADOS PELO ESTADO. ANÁLISE DA REPERCUSSÃO SOCIAL E JURÍDICA DA DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE. PRESSUPOSTOS DO ART. 27 DA LEI N. 9.868/99 ANTENDIDOS.
PRECEDNTES. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS PARA ATRIBUIR EFICÁCIA EX NUNC AO
JULGADO.

Decisão
O Tribunal, por maioria, acolheu os embargos para conferir eficácia ex nunc aos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade da norma constante do item 9 da tabela IV ("serviços de trânsito") da Lei Estadual nº
8.109/1985, a contar de 17.4.2020, data em que concluído o julgamento de mérito desta ação direta, nos termos
do voto da Relatora, vencido o Ministro Marco Aurélio. Plenário, Sessão Virtual de 19.6.2020 a 26.6.2020.

Indexação
- EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, PEDIDO, MODULAÇÃO DE EFEITOS, DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE, TAXA, DEMONSTRAÇÃO, RELEVÂNCIA SOCIAL, RELEVÂNCIA ECONÔMICA,
RELEVÂNCIA JURÍDICA, PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA, PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA,
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE,
TAXA, DEVOLUÇÃO, QUANTIA PAGA, AGRAVAMENTO, SITUAÇÃO FINANCEIRA, ESTADO-MEMBRO,
NECESSIDADE, MODULAÇÃO DE EFEITOS.
4) Quais são as gerações de direitos que temos? Explique as diferenças
e características.
A divisão dos direitos em gerações foi proposta pelo jurista checo Karel Vasak,
inspirado nos ideais da Revolução Francesa (Liberdade, igualdade, fraternidade), no
Instituto Internacional de Direitos Humanos, em Estrasburgo, em 1979.

Os direitos de primeira geração, que tem como marco as revoluções liberais do


século XVIII, são os direitos de liberdade em sentido amplo, sendo os primeiros a
constarem dos textos normativos constitucionais, a saber, os direitos civis e
políticos.

Essa geração tem como elemento principal a ideia clássica de liberdade individual,
concentrada nos direitos civis e políticos. Esses direitos só poderiam ser
conquistados mediante a abstenção do controle do Estado, já que sua atuação
interfere na liberdade do indivíduo.

Os direitos de primeira geração incluem, entre outras coisas, o direito à vida,


igualdade perante a lei, liberdade de expressão, liberdade de religião, liberdade de
circulação, direitos de propriedade, o direito a um julgamento justo e direito de voto.

Os direitos de segunda geração, por sua vez, nasceram a partir do início do


século XX, introduzidos pelo constitucionalismo do Estado social (Constituição
Mexicana de 1917 e de Weimar de 1919) e compõem-se dos direitos de igualdade
em sentido amplo.

Assim, a segunda geração está ligada ao conceito de igualdade sendo


fundamentalmente econômicos, sociais e culturais por natureza e servem como
direitos positivos, ou seja, o dever do governo respeitá-los, promovê-los e cumpri-
los, mas isso depende da disponibilidade de recursos; o dever é imposto ao Estado
porque ele controla os seus próprios recursos. Garantem aos diferentes membros da
população condições e tratamento iguais.

Estes direitos aparecem na forma dos chamados direitos fundamentais, pois impõem
ao Estado um conjunto de obrigações que se materializam em normas
constitucionais, execução de políticas públicas, programas sociais e ações
afirmativas. Cabe ao Estado a obrigação de cumpri-las, sujeito a sanções em caso
contrário.

Os direitos de segunda geração incluem, entre outros, o direito de ser empregado


em condições justas e favoráveis, direitos à alimentação, moradia, educação e
assistência médica, bem como seguridade social e proteção no desemprego. Como
os direitos de primeira geração, estes também foram cobertos pela Declaração
Universal dos Direitos Humanos, e posteriormente incorporados nos Artigos 22.º a
28.º da Declaração Universal e no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais.
Os direitos de terceira geração são os direitos da comunidade, ou seja, têm como
destinatário todo o gênero humano, como os difusos e coletivos, que se assentam
na fraternidade ou solidariedade.

A principal preocupação passa a ser com os direitos difusos, ou seja, direitos cujos
titulares não se pode determinar, nem mensurar o número exato de beneficiários, e
com os direitos coletivos, que possuem um número determinável de titulares, que
por sua vez compartilham determinada condição.

Os direitos dessa nova geração são considerados transindividuais, pois só podem


ser exigidos em ações coletivas, já que seu exercício está condicionado à existência
de um grupo determinado ou não de pessoas. Alcançar esses interesses beneficia a
todos e sua violação também afeta a todos.

5) Quais são os remédios constitucionais que temos? Diferencie Habeas


Corpus, Mandado de Segurança, Mandado de Segurança Coletivo,
Mandado de Injunção, Habeas Data e Ação Popular

Os remédios constitucionais são instrumentos legais à disposição de todos os


cidadãos, a fim de garantir ou proteger direitos de eventuais ilegalidades.

Todos esses mecanismos estão previstos na Constituição Federal e alguns deles


possuem, inclusive, leis próprias que os regulamentam.

Como visto, os remédios constitucionais têm como objetivo proteger direitos e


interesses fundamentais dos cidadãos. Temos, portanto,

1. Habeas Corpus
O habeas corpus é uma ação constitucional utilizada sempre que uma pessoa ver o
seu direito à liberdade ameaçado ou cessado por uma ilegalidade ou abuso de poder.

Esse remédio constitucional está previsto no art. 5º, inciso LXVIII da CF, que diz:

Art. 5º, inciso LXVIII – conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.

Ele pode ser liberatório, quando alguém já foi privado da liberdade, ou preventivo,
quando existe uma ameaça ao direito de ir e vir de um cidadão.

O habeas corpus, além de ser gratuito, é o único remédio constitucional que não
necessita de advogado para ser impetrado.

2. Habeas Data
O habeas data é um instrumento constitucional utilizado para garantir o acesso a
informações relativas à pessoa do impetrante e que estejam inseridas no banco de
dados ou registros de órgãos governamentais ou de caráter público.

Além disso, esse remédio constitucional também pode ser impetrado caso o cidadão
deseje retificar algum dos seus dados perante às mencionadas entidades.

3. Mandado de Segurança
Esse remédio constitucional tem como objetivo proteger um direito líquido e certo
que está sob ameaça ou foi violado por uma autoridade ou órgão público.

Seu cabimento é subsidiário, ou seja, somente será utilizado nos casos em que não for
cabível habeas corpus ou habeas data.

Ou seja, é utilizado sempre que um cidadão desejar combater um ato ilegal ou


abusivo, que fira algum de seus direitos constitucionais, desde que não seja o direito
de ir e vir (liberdade) e o acesso à informação.

Além disso, ele pode ser dividido em individual e coletivo, sendo o primeiro referente
a direitos individuais, e o segundo referente a direitos de determinadas entidades.

4. Mandado de Injunção
Outra ação considerada remédio constitucional é o mandado de injunção.

Seu objetivo é fazer valer uma norma constitucional, quando não existir uma lei
regulamentando o exercício de um determinado direito fundamental.

Em outras palavras, é um instrumento para legitimar a aplicação da Constituição


Federal, como forma de tornar todos os direitos fundamentais exercíveis e acessíveis.

Tal qual o mandado de segurança, ele necessita de advogado e não é gratuito.

5. Ação Popular
A ação popular é o remédio constitucional utilizado para proteger diferentes bens da
sociedade, quando estes são objeto de algum ato lesivo da Administração Pública.

Os bens e direitos amparados por essa lei são a moralidade administrativa, o meio
ambiente e o patrimônio histórico e cultural.

A ação popular está prevista no art. 5º, inciso LXXIII da Constituição Federal, que diz:

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Esse remédio constitucional tem regulamentação própria na Lei 4.717/65, é gratuito e
necessita de advogado para ser ajuizado.

Além disso, a lei prevê que quais atos são considerados nulos, a competência para
julgamento da referida ação, os sujeitos passivos do processo e todas as etapas do
procedimento judicial.

Esse remédio constitucional tem regulamentação própria na Lei 4.717/65, é gratuito e


necessita de advogado para ser ajuizado.

Além disso, a lei prevê que quais atos são considerados nulos, a competência para
julgamento da referida ação, os sujeitos passivos do processo e todas as etapas do
procedimento judicial.
Bibliografia
Blog supremo tv
https://blog.supremotv.com.br/voce-conhece-as-3-geracoes-dos-direitos-humanos/
Direito net
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8235/Eficacia-das-normas-
constitucionais#:~:text=As%20normas%20constitucionais%20de%20efic
%C3%A1cia,la%2C%20atribuindo%2Dlhe%20efic%C3%A1cia.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur206101/false
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur429296/false

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