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NOTÍCIAS DESTACADAS – STF E STJ
STF
11/04 a 15/04
• STF valida lei de SP que concede meia-entrada para o magistério da rede pública
de ensino
• Autoridade fiscal pode anular atos praticados para dissimular tributo, decide STF
08/04
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Indicativos de fuga
Ao negar o pedido, o ministro Gilmar Mendes não verificou flagrante constrangimento
ilegal ou decisão contrária à jurisprudência do STF, hipóteses que justificariam a
concessão do habeas corpus sem que a matéria tenha sido esgotada na instância
anterior. Segundo o relator, o decreto prisional aponta “fortíssimos” indicativos de fuga
e intenção de dissipação patrimonial, possivelmente para evitar que a lei penal seja
aplicada, caso as suspeitas sejam confirmadas.
Mendes salientou que, embora a garantia da ordem pública e econômica nos crimes
financeiros possa ser, eventualmente, obtida pela aplicação de medidas cautelares
diversas da prisão, o quadro traçado no decreto prisional aponta que, além da
magnitude da lesão à economia popular, há possível ocultamento patrimonial em favor
de outras organizações criminosas dedicadas ao narcotráfico e a crimes violentos.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu habeas corpus
para determinar o trancamento de três ações penais em trâmite na 13ª Vara Federal de
Curitiba contra Walter Faria, proprietário das empresas do Grupo Petrópolis. Ele anulou
todos os atos decisórios praticados no âmbito da Operação Rock City e da Petição (PET)
6694.
A defesa de Faria alegava, entre outros pontos, que atos do juízo da 13ª Vara Federal de
Curitiba permitiram que Faria fosse denunciado perante aquela instância, no âmbito da
Operação Rock City, pelos mesmos fatos objeto do Inquérito (INQ) 4171, em trâmite no
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Duplicidade de investigações
Ao conceder o habeas corpus de ofício, o ministro Gilmar Mendes considerou que a
defesa de Faria conseguiu demonstrar a identidade e a conexão das investigações
realizadas nos autos do INQ 4171 com a denúncia oferecida e recebida pelo juízo da 13ª
Vara Federal de Curitiba, bem como a atuação indevidamente prematura daquele juízo.
Segundo o ministro, nos dois procedimentos são apurados crimes envolvendo desvios
nos contratos do navio-sonda Petrobras 10.000 para fins de pagamento de vantagens
eleitorais indevidas a políticos do MDB, entre 2006 e 2007. Em ambos os casos, é
relatado que esses pagamentos teriam ocorrido com o uso de instrumentos de lavagem,
inclusive contas das offshores de propriedade de Walter Faria.
O relator observou, ainda, que a decisão provisória do ministro Edson Fachin, que
remeteu o INQ 4171 àquela vara federal, somente foi prolatada em 6/9/2019, ou seja,
após a deflagração da Operação Rock City e o recebimento da denúncia. O ministro
lembrou que a decisão de Fachin é objeto de recursos que ainda serão julgados pelo STF.
“É possível concluir que houve a instauração de ação penal antes da decisão definitiva
do STF sobre o órgão competente para conhecer e julgar os fatos em análise”, afirmou.
Mendes acrescentou que as decisões da Justiça Federal em Curitiba também violaram a
autoridade da decisão da Segunda Turma no julgamento da PET 6694, na qual se
determinou a remessa à Justiça Eleitoral da investigação relativa às doações eleitorais
pagas pela cervejaria Petrópolis e por Walter Faria em campanhas presidenciais.
Quebra da imparcialidade
A respeito da quebra de imparcialidade alegada pela defesa, o ministro afirmou que o
ex-juiz Sérgio Moro havia indicado ao MPF que o caminho para burlar a competência do
STF no Inquérito 4171 seria a vinculação dos casos das sondas com os demais feitos em
tramitação na 13ª Vara Federal. Esse “acordo espúrio” entre Moro e o ex-procurador da
República Deltan Dallagnol, a seu ver, importa na quebra da imparcialidade do
magistrado e na nulidade dos atos praticados.
11/04
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A decisão unânime derrubou regra federal sobre a matéria, por considerar que cabe aos
estados explorar e regulamentar a prestação desse serviço.
Competência
A Corte seguiu o voto da relatora, ministra Rosa Weber. Ela explicou que a Constituição
da República fixa como competência privativa da União legislar sobre trânsito e
transportes (artigo 22, inciso XI) e explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional
(artigo 21, inciso XII). Aos municípios, foi atribuída a competência para organizar e
prestar o transporte coletivo de interesse local (artigo 30, inciso V). Restou, assim, aos
estados a competência para explorar e regulamentar a prestação de serviço de
transporte intermunicipal de passageiros (artigo 25, parágrafo 1º).
A relatora lembrou, ainda, que, de acordo com a jurisprudência do Supremo, compete
aos estados legislar sobre essa matéria. No caso dos autos, portanto, a lei federal
adentrou, indevidamente, a competência estadual.
Equilíbrio econômico-financeiro
Outro ponto ressaltado pela ministra é que as peculiaridades estaduais devem
preponderar no estabelecimento da validade do bilhete, uma vez que esse tipo de
locomoção tem relevância e características distintas em cada estado. O prazo, segundo
ela, pode influenciar a política tarifária e, por consequência, ter impacto no equilíbrio
econômico-financeiro do contrato celebrado em âmbito estadual.
“O prazo corresponde a um benefício que, por sua natureza, tem um custo”, observou.
“Como é o estado que arca com esses custos, não cabe à União interferir no poder de
autoadministração do ente estadual, sob pena de afronta ao pacto federativo”.
Isonomia
Ainda segundo ela, o tratamento legal conferido aos transportes rodoviários
intermunicipais, com validade de um ano, e semiurbano, sem esse prazo, afrontaria o
princípio da isonomia, por impor uma obrigação desigual entre empresas e usuários.
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Repercussão
Ao se manifestar pela repercussão geral do tema, o presidente do STF, ministro Luiz Fux,
observou que a matéria tem alto potencial de repetitividade, podendo repercutir sobre
os direitos dos integrantes do serviço público não só do Estado de São Paulo, como
também da União e dos demais entes da federação.
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Mérito
Quanto ao mérito do recurso, o presidente afirmou que o entendimento do TJ-SP está
em sintonia com o do Supremo. Assim, considerando a necessidade de atribuir
racionalidade ao sistema de precedentes qualificados e de prevenir o recebimento de
novos recursos extraordinários, se manifestou pela reafirmação da jurisprudência
dominante.
Tese
O RE foi desprovido, e o colegiado aprovou a seguinte tese de repercussão geral: “A
promoção por acesso de servidor a classe distinta na carreira não representa ascensão
a cargo diverso daquele em que já estava efetivado, de modo que, para fins de
aposentadoria, o prazo mínimo de cinco anos no cargo efetivo, exigido pelo artigo 40,
§ 1º, inciso III, da Constituição Federal, na redação da Emenda Constitucional 20/1998,
e pelos artigos 6º da Emenda Constitucional 41/2003 e 3º da Emenda Constitucional
47/2005, não recomeça a contar pela alteração de classe”.
12/04
Nova redação
Após o ajuizamento da ação, a redação da lei foi alterada pela Lei estadual 14.729/2012
e passou a contemplar com a meia-entrada, também, os profissionais de ensino das
redes municipais de ensino. O relator do processo, ministro Dias Toffoli, verificou que
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Competência
Em seu voto pela improcedência do pedido, Toffoli destacou que o STF, ao apreciar
normas legislativas similares, assentou que a competência para legislar sobre direito
econômico é concorrente entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.
E, embora a Lei federal 12.933/2013 disponha sobre o direito à meia-entrada, ela
contempla grupos que não coincidem com os da lei paulista. Assim, o Estado de São
Paulo atuou no exercício da competência suplementar prevista no artigo 24, parágrafo
2º, da Constituição Federal.
Isonomia
Em relação ao princípio da isonomia, Toffoli explicou que ele não veda a estipulação de
toda e qualquer distinção, mas apenas das que forem injustificadas, desproporcionais
ou sem propósito legítimo. No caso, o ministro destacou que a Constituição Federal
apresenta, como um dos princípios norteadores da educação, a valorização das pessoas
dedicadas à atividade do ensino (artigo 206, inciso V) e a democratização do acesso aos
bens culturais (artigo 215, parágrafo 3º, inciso IV), tendo em vista sua importância para
a qualidade de vida humana.
"Não se pode negar a relação intrínseca entre educação, cultura e desporto”, afirmou.
“A concessão da meia-entrada para ingresso em estabelecimentos culturais e em
eventos esportivos promove e incentiva, notadamente junto à comunidade escolar, o
acesso a tais bens e direitos consagrados pela Carta Magna", apontou.
O relator ressaltou, ainda, que o foco do legislador paulista em incrementar políticas
públicas de educação, especialmente quanto ao fortalecimento da educação básica
prestada diretamente por instituições públicas, é muito legítimo.
13/04
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supostos ilícitos praticados pelo prefeito de Bagé (RS), Divaldo Vieira Lara. A decisão foi
tomada na Reclamação (RCL) 51153.
Liberdade de imprensa
Na Reclamação, a RBS alegava que o Juízo da 18ª Vara Cível de Porto Alegre (RS) e o
desembargador relator de recurso no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul que manteve a decisão de primeiro grau, ao censurarem a divulgação de reportagem
jornalística de interesse público, teriam desrespeitado o entendimento firmado pelo STF
na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 130, sobretudo em
relação à liberdade de imprensa. Nesse julgamento, o Supremo assentou que não cabe
ao Estado definir o conteúdo jornalístico nem impedir a livre difusão de ideias.
Interesse da comunidade
Segundo a rede de TV, a reportagem envolve apuração jornalística sobre investigações
policiais para apurar supostos atos ilícitos praticados por Divaldo Vieira Lara. A emissora
argumenta que, a partir do momento em que o Ministério Público (MP) ofereceu
denúncia contra ele, a matéria se tornou de interesse de toda a comunidade local, que
teria o direito de ser informada sobre os dados obtidos por meio de acordo de
colaboração premiada e de interceptações telemáticas autorizadas pelo Poder
Judiciário.
A empresa informou ter entrado em contato com o prefeito para que ele pudesse se
manifestar previamente sobre a acusação do MP. Mas, além de não apresentar sua
versão dos fatos, ele ajuizou uma ação para proibir a veiculação da reportagem. Ao
analisar pedido de liminar, o juízo de primeiro grau proibiu a divulgação jornalística de
informações ou vídeos sobre o acordo de colaboração, sobre os depoimentos contidos
na investigação e sobre informações decorrentes da quebra de sigilo telefônico até o
recebimento da ação penal.
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jornalista, cabe ao Judiciário atuar preventivamente para impedir atos estatais que
possam implicar a violação do direito fundamental à liberdade de imprensa.
14/04
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a validade
de dispositivo do Código Tributário Nacional (CTN) que permite à autoridade fiscal
desconsiderar atos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato
gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. A
decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2446,
na sessão virtual encerrada em 8/4.
A ação foi proposta pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo (CNC) contra o artigo 1º da Lei Complementar 104/2001, que acrescentou o
parágrafo único ao artigo 116 do CTN. Entre outros pontos, a confederação alega que o
dispositivo permite à autoridade fiscal tributar fato gerador não ocorrido e previsto em
lei.
Regulamentação
No voto condutor do julgamento, a relatora, ministra Cármen Lúcia, explicou que a
eficácia plena da norma em questão depende de lei para estabelecer procedimentos a
serem seguidos. Apesar de tentativas, o parágrafo único do artigo 116 do CTN ainda não
foi regulamentado.
Legalidade
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Elisão x evasão
A ministra explicou, ainda, que a denominação “norma antielisão”, como a regra é
conhecida, é inapropriada, pois o dispositivo trata de combate à evasão fiscal, instituto
diverso. Na elisão fiscal, há diminuição lícita dos valores tributários devidos, pois o
contribuinte evita a relação jurídica geradora da obrigação tributária, enquanto, na
evasão fiscal, o contribuinte atua de forma a ocultar fato gerador para omitir-se ao
pagamento da obrigação tributária devida.
Votaram no mesmo sentido a ministra Rosa Weber e os ministros Marco Aurélio
(aposentado), Edson Fachin, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Dias Toffoli, Nunes Marques e
Luís Roberto Barroso.
Reserva de jurisdição
O ministro Ricardo Lewandowski divergiu, por entender que, por ser uma medida
extrema, a nulidade ou a desconsideração de atos e negócios jurídicos alegadamente
simulados cabe ao Judiciário, e não à autoridade administrativa. Seguiu esse
entendimento o ministro Alexandre de Moraes.
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STJ
11/04 a 15/04
• Erro no sistema eletrônico da Justiça pode configurar justa causa para afastar
intempestividade do recurso
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com deficiência, e desde que o crime não tenha sido praticado com violência ou grave
ameaça, nem contra os próprios descendentes ou contra a pessoa com deficiência.
No caso julgado pela seção, os filhos da condenada – de dois e seis anos – moram em
município distante 230km do presídio mais próximo com capacidade para receber
detentas, situação que, segundo a defesa, impossibilita o contato entre a mãe e as
crianças.
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assistência médica, berçário e creche (artigo 82, parágrafo 1º, e artigo 83, parágrafo 2º,
da LEP).
Leia o acórdão no RHC 145.931.
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12/04
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, decidiu que o
erro em sistema eletrônico de tribunal na indicação do término do prazo recursal é apto
a configurar justa causa, prevista no artigo 223, parágrafo 1º, do Código de Processo
Civil de 2015 (CPC), para afastar a intempestividade do recurso.
Segundo o colegiado, a falha induzida por informação equivocada no sistema eletrônico
deve ser levada em consideração para a aferição da tempestividade do recurso, em
respeito aos princípios da boa-fé e da confiança.
Com o julgamento dos embargos de divergência, a Corte Especial pacificou
entendimentos distintos existentes entre a Primeira e a Terceira Seção do STJ.
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