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INTERNACIONAL

TRATADOS INTERNACIONAIS

“Não se aplicam as Convenções de Varsóvia e Montreal, apenas o CDC às


hipóteses de danos extrapatrimoniais decorrentes de contrato de
transporte aéreo internacional.” RE 1.394.401/SP, relatora Ministra
Presidente, julgamento finalizado no Plenário Virtual em 15.12.2022

É necessária a manifestação de vontade do Congresso Nacional para que a denúncia de um


tratado internacional produza efeitos no direito doméstico.
A exclusão das normas incorporadas ao ordenamento jurídico interno não pode ocorrer de forma
automática, por vontade exclusiva do Presidente da República, sob pena de vulnerar o princípio
democrático, a separação de Poderes, o sistema de freios e contrapesos e a própria soberania
popular. Assim, uma vez ingressado no ordenamento jurídico pátrio mediante referendo do
Congresso Nacional, a supressão do tratado internacional pressupõe também a chancela popular
por meio de seus representantes eleitos.
Assim, é inconstitucional a denúncia unilateral pelo Presidente da República.
No caso concreto, trata-se de denúncia da Convenção 158 da Organização Internacional do
Trabalho - OIT, cujo intuito é proteger os trabalhadores contra a dispensa arbitrária ou sem justa
causa (direito social previsto no art. 7º, I, da CF/88).
Vale ressaltar, contudo, que o STF decidiu modular os efeitos da decisão e, desse modo, o
entendimento acima explicado deve ser aplicado somente a partir da publicação da ata do
presente julgamento, mantendo-se a eficácia das denúncias realizadas até esse marco temporal.
Assim, em homenagem ao princípio da segurança jurídica, deve ser mantida a validade do
Decreto 2.100/1996, por meio do qual o Presidente da República tornou pública a denúncia da
Convenção 158 da OIT.
Com base nesses entendimentos, o Plenário do STF julgou procedente o pedido para manter a
validade do Decreto 2.100/1996 e formular apelo ao legislador “para que elabore disciplina
acerca da denúncia dos tratados internacionais, a qual preveja a chancela do Congresso
Nacional como condição para a produção de efeitos na ordem jurídica interna, por se tratar de
um imperativo democrático e de uma exigência do princípio da legalidade”.
STF. Plenário. ADC 39/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/6/2023 (Info 1099).

CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO

EXPULSÃO
É inadmissível a expulsão de estrangeiro que possua filho brasileiro,
dependente socioafetivo ou econômico, mesmo que o crime ensejador da
expulsão tenha ocorrido em momento anterior ao reconhecimento ou
adoção do filho.
O Estado deve garantir a proteção especial à família e a proteção
integral às crianças e aos adolescentes, sendo o convívio familiar uma das
mais expressivas projeções dos direitos sociais. Além disso, a dependência
econômica não é o único fator a impedir a expulsão de estrangeiros com
filhos brasileiros.
A dependência socioafetiva também constitui fato juridicamente
relevante apto a obstar o processo expulsório. Nesse sentido, o art. 55, II,
“a”, da Lei nº 13.445/2017 expressamente prevê que “Não se procederá à
expulsão quando o expulsando tiver filho brasileiro que esteja sob sua
guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa
brasileira sob sua tutela”. Evidencia-se, portanto, que o próprio legislador
infraconstitucional erigiu a socioafetividade à condição de causa
impeditiva da expulsão. STF. Plenário. RHC 123891 AgR/DF, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 23/2/2021 (Info 1007).

IMUNIDADE INTERNACIONAL

Os atos ilícitos praticados por Estados estrangeiros em violação a direitos


humanos não gozam de imunidade de jurisdição. RO 109-RJ, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 07/06/2022.

A imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro não alcança atos de


império ofensivos ao direito internacional da pessoa humana praticados
no território brasileiro, tais como aqueles que resultem na morte de civis
em período de guerra. Tese fixada pelo STF: “Os atos ilícitos praticados por
Estados estrangeiros em violação a direitos humanos não gozam de
imunidade de jurisdição”. STF. Plenário. ARE 954858/RJ, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 20/8/2021 (Repercussão Geral – Tema 944) (Info
1026).

Mesmo após o STJ ter homologado a decisão estrangeira sobre alimentos,


o devedor poderá ajuizar ação pedindo a revisão do valor da pensão
alimentícia. STJ. Corte Especial. HDE 4.289-EX, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 18/08/2021 (Info 707)

COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Não se aplica o § 2º do art. 85 do CPC, mas sim o § 8º (apreciação


equitativa) porque o procedimento de homologação de sentença
estrangeira não tem natureza condenatória ou proveito econômico
imediato.

procedimento de homologação de sentença estrangeira não


tem natureza condenatória ou proveito econômico imediato
e, por essa razão, descabe considerar os parâmetros de
condenação, de proveito econômico ou mesmo do valor da
causa como bases de cálculo dos honorários advocatícios,
pois, afinal, o mérito da decisão homologada não é objeto
de deliberação nesta Corte.
Contudo, não se pode olvidar que o valor da causa pode ser
um dos critérios norteadores do julgador no arbitramento,
por equidade, da quantia a ser paga a título de honorários
advocatícios sucumbenciais, quando a causa originária,
tratar de relações patrimoniais.

INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA

A Terceira Seção deferiu o incidente de deslocamento de competência para a


Justiça Federal em razão da incapacidade dos agentes públicos na condução de
investigações, de identificar os autores dos homicídios/execuções cometidos nos
casos conhecidos como "Maio Sangrento" e "Chacina do Parque Bristol".IDC 9-SP,
Rel. Min. João Otávio de Noronha, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
10/08/2022

TRATADOS ESPECÍFICOS
O Protocolo de Las Leñas, do qual o Brasil é signatário, não traz dispensa
genérica da prestação de caução, limitando-se a impor o tratamento
igualitário entre todos os cidadãos e residentes nos territórios de
quaisquer dos Estados-Partes. REsp 1.991.994-SP, Rel. Min. Raul Araújo,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 07/06/2022, DJe
20/06/2022.

COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL EM MATÉRIA PENAL

lícito o compartilhamento de dados bancários feito por órgão de


investigação do país estrangeiro para a polícia brasileira, mesmo que, no
Estado de origem, essas informações não tenham sido obtidas com
autorização judicial, já que isso não é exigido naquele país. STJ. 5ª Turma.
AREsp 701.833/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 04/05/2021
(Info 695).

 Caso concreto: a Procuradoria de Nova Iorque (EUA) compartilhou


com a Polícia Federal do Brasil uma relação de brasileiros que
mantinham contas bancárias nos EUA. A partir dessa informação, a
Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos e
representou pela quebra do sigilo bancário dos investigados.
 O juiz federal deferiu o pedido e expediu um MLAT aos EUA
solicitando todos os detalhes das contas bancárias mantidas
naquele país. Esses dados foram enviados. O compartilhamento de
dados feito pela Procuradoria de Nova Iorque com a Polícia Federal
foi realizado sem autorização judicial. Mesmo assim, não há
nulidade e tais elementos informativos podem ser utilizados no
Brasil, já que, no Estado de origem, não era necessária autorização
judicial.
 Assim, não viola a ordem pública brasileira o compartilhamento
direto de dados bancários pelos órgãos investigativos, mesmo que,
no Estado de origem, sejam obtidos sem prévia autorização judicial,
se a reserva de jurisdição não é exigida pela legislação daquele
local.
 Ainda neste mesmo caso concreto, o STJ decidiu que a cooperação
internacional feita pelo MLAT não será nula, ainda que não tenha
sido concretizada com a intermediação das autoridades centrais do
Brasil e dos EUA.
 Respeitadas as garantias processuais do investigado, não há
prejuízo na cooperação direta entre as agências investigativas, sem
a participação das autoridades centrais.
 A ilicitude da prova ou do meio de sua obtenção somente poderia
ser pronunciada se o réu demonstrasse alguma violação de suas
garantias ou das específicas regras de produção probatória.

COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL EM MATÉRIA PENAL

Empresas que prestam serviços de aplicação na internet em território


brasileiro devem necessariamente se submeter ao ordenamento jurídico
pátrio, independentemente da circunstância de possuírem filiais no Brasil
e/ou realizarem armazenamento em nuvem.
RMS 66.392-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 16/08/2022, DJe 19/08/2022.

Quanto à alegada necessidade de utilização de pedido de cooperação


jurídica internacional, a Corte Especial do STJ entende que o mecanismo é
necessário apenas quando haja necessidade de coleta de prova produzida
em jurisdição estrangeira, não quando seu armazenamento posterior se
dê em local diverso do de sua produção por opção da empresa que preste
serviços a usuários brasileiros (Inq 784/DF, relatora Ministra Laurita Vaz,
Corte Especial, DJe de 28/08/2013).
o fato de determinada empresa estar sediada nos Estados Unidos não tem
o condão de eximi-la do cumprimento das leis e decisões judiciais
brasileiras, uma vez que disponibiliza seus serviços para milhões de
usuários que se encontram em território brasileiro.

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