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Reguladoras e Princípio de
Legalidade (ADI 1.668-DF)
Voto
Art. 18. Cabe ao Poder Executivo, observadas as disposições desta Lei, por
meio de decreto:
I — instituir ou eliminar a prestação de modalidade de serviço no regime
público, concomitantemente ou não com sua prestação no regime privado;
II — aprovar o plano geral de outorgas de serviço prestado no regime público;
III — aprovar o plano geral de metas para a progressiva universalização de
serviço prestado no regime público;
IV — autorizar a participação de empresa brasileira em organizações ou
consórcios intergovernamentais destinados ao provimento de meios ou à
prestação de serviços de telecomunicações.
Parágrafo único. O Poder Executivo, levando em conta os interesses do
País no contexto de suas relações com os demais países, poderá estabelecer
limites à participação estrangeira no capital de prestadora de serviços de
telecomunicações.
Sustentam os autores a violação ao disposto nos artigos 21, XI, e 37, caput,
do texto constitucional, ao argumento de que os aspectos institucionais das
atividades de telecomunicações devem ser dispostos por lei, sendo inviável
A rigor, a força — real e simbólica — dos arts. 173 e 174 (máxime este)
reside na positivação de várias competências, múltiplas, simultâneas e
dúcteis (“exploração direta”; “agente normativo e regulador”; “fiscalização”;
“incentivo”; “planejamento”) a serem exercitadas na dependência da realidade
concreta e derivadas, sobretudo, das opções do legislador ordinário. Ao
mesmo tempo que se referem à realidade econômica brasileira, tais signos
estampados na Constituição constituem essa mesma realidade. Ampliaram-
-se, por conseguinte, as alternativas do Poder Legislativo, a fim de que ele
possa definir, setor a setor, caso a caso, momento a momento, como se dará
a interação do Estado com a Economia. E as opções são muito mais amplas e
dinâmicas: podem ocorrer por meio de normas (legais e/ou regulamentares)
e/ou exploração direta; com caráter hard e/ou soft; dirigidas à Administração
e/ou às pessoas privadas; e assim por diante. Devem, inclusive, conjugar
harmoniosamente tais perspectivas — nem sempre de modo idêntico em
cada um dos setores econômicos e/ou respectivos atores (que certamente
[…]
X — expedir normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no
regime privado;
Art. 1º Ficam criados, para exercício exclusivo nas autarquias especiais deno
minadas Agências Reguladoras, referidas no Anexo I desta Lei, e observados os
respectivos quantitativos, os cargos que compõem as carreiras de:
I — Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos de Telecomunicações, com
posta de cargos de nível superior de Especialista em Regulação de Serviços
Públicos de Telecomunicações, com atribuições voltadas às atividades espe
cializadas de regulação, inspeção, fiscalização e controle da prestação de
Art. 3º São atribuições comuns dos cargos referidos nos incisos I a XVI, XIX e
XX do art. 1º desta Lei:
[…]
Parágrafo único. No exercício das atribuições de natureza fiscal ou decorrentes
do poder de polícia, são asseguradas aos ocupantes dos cargos referidos nos
incisos I a XVI, XIX e XX do art. 1º desta Lei as prerrogativas de promover a
interdição de estabelecimentos, instalações ou equipamentos, assim como
a apreensão de bens ou produtos, e de requisitar, quando necessário, o auxílio
de força policial federal ou estadual, em caso de desacato ou embaraço ao
exercício de suas funções.
Art. 5º […]
X — a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Para os fins da proteção constitucional a que se refere o art. 5º, XI, da Carta
Política, o conceito normativo de “casa” revela-se abrangente e, por estender-se
a qualquer compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade
(CP, art. 150, § 4º, III), compreende os consultórios profissionais dos cirurgiões-
-dentistas. Nenhum agente público pode ingressar no recinto de consultório
odontológico, reservado ao exercício da atividade profissional de cirurgião-
-dentista, sem o consentimento deste, exceto nas situações taxativamente
previstas na Constituição (art. 5º, XI). (RE 251.445, Rel. Min. Celso de Mello).
Art. 57. Nas seguintes hipóteses, o pregão será aberto a quaisquer interessados,
independentemente de cadastramento, verificando-se a um só tempo, após a
etapa competitiva, a qualificação subjetiva e a aceitabilidade da proposta:
II — quando o número de cadastrados na classe for inferior a cinco;
III — para o registro de preços, que terá validade por até dois anos;
IV — quando o Conselho Diretor assim o decidir.
Art. 66. Quando um serviço for, ao mesmo tempo, explorado nos regimes
público e privado, serão adotadas medidas que impeçam a inviabilidade
econômica de sua prestação no regime público.
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Art. 64. Comportarão prestação no regime público as modalidades de serviço de telecomu
nicações de interesse coletivo, cuja existência, universalização e continuidade a própria União
comprometa-se a assegurar.
Parágrafo único. Incluem-se neste caso as diversas modalidades do serviço telefônico fixo
comutado, de qualquer âmbito, destinado ao uso do público em geral.
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Art. 13. Serviços de telecomunicações explorados no regime público são aqueles cuja existência,
universalização e continuidade a própria União compromete-se a assegurar, incluindo-se
neste caso as diversas modalidades do serviço telefônico fixo comutado, de qualquer âmbito,
destinado ao uso do público em geral.
As normas que podem estabelecer têm que produzir efeitos internos apenas,
dirigidos à própria agência, ou podem dizer respeito às regras que se contêm
no edital de licitações, sempre baseadas em leis e regulamentos prévios, como
também podem ter a natureza de atos normativos de efeitos concretos ou
apenas explicitar ou interpretar conceitos jurídicos indeterminados contidos
em lei (especialmente os conceitos técnicos).
[…]
O que as agências não podem fazer, porque falta o indispensável fundamento
constitucional, é baixar regras de conduta, unilateralmente, inovando na
ordem jurídica, afetando direitos individuais, substituindo-se ao legislador.
Esse óbice constitui-se no mínimo indispensável para preservar o princípio da
legalidade e o princípio da segurança jurídica. Principalmente, não podem as
agências baixar normas que afetem os direitos individuais, impondo deveres,
obrigações, penalidade ou mesmo outorgando benefícios, sem previsão em lei
(idem, p. 251-253).
Surge aqui a terceira razão contrária à pretensão dos requerentes. Não existe
qualquer óbice constitucional à outorga do serviço de TV por assinatura
mediante simples autorização administrativa (e não por meio de concessão ou
permissão). É que o art. 21, XI, da Constituição dispõe que compete à União
“explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços
de telecomunicações, nos termos da lei […]”. Vê-se, pois, que foi a própria Lei
Maior que se referiu à autorização como modalidade plenamente cabível para
a outorga de serviços de telecomunicações, de que é espécie o serviço de acesso
condicionado (ex vi do art. 2º, XXIII, da Lei nº 12.485/11).
Aliás, em matéria de direito das telecomunicações, desde a Lei nº 9.472/97,
existe um quadro bem sólido de classificação das espécies do serviço, bem
como de seus respectivos regimes jurídicos. A Lei Geral do setor afirma que,
“quanto à abrangência dos interesses a que atendem, os serviços de telecomunica-
ções classificam-se em serviços de interesse coletivo e serviços de interesse restrito”
(art. 62, caput); já “quanto ao regime jurídico de sua prestação, os serviços de teleco-
municações classificam-se em públicos e privados” (art. 63, caput). Esses conceitos
se relacionam por, dentre outras previsões, aquela do art. 64, caput, ao afirmar
que “comportarão prestação no regime público as modalidades de serviço de telecomu-
nicações de interesse coletivo, cuja existência, universalização e continuidade a própria
União comprometa-se a assegurar”. Parece-me, certamente, que não é o caso da TV
por assinatura. Não se cogita nestes autos que a União garanta a universaliza-
ção e a continuidade desse serviço. […]
Por outro lado, diz a Lei nº 9.472/97 que “a exploração de serviço de teleco
municações no regime privado será baseada nos princípios constitucionais
da atividade econômica” (art. 126), devendo observar, dentre outros cânones,
“a competição livre, ampla e justa” (art. 127, II). A outorga do serviço ocorre por
autorização administrativa, disciplinada no Capítulo II do Título III da LGT,
inexistindo limitação ao número de prestadores e, bem por isso, prévia licitação.
Como o SeAC foi legalmente qualificado como serviço prestado no regime
Dispositivo:
É como voto.