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PGE-PGM – Seleção de Acórdãos

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O presente material é organizado pela equipe do Instagram @jurisprudencia.tcu
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internet ou outras plataformas públicas ou privadas, sujeitando-se o responsável pelo compartilhamento
às sanções civis ou criminais eventualmente cabíveis, na forma da lei.

• O presente material contém uma seleção de mais de 100 acórdãos resumidos do TCU, STF e STJ
dos últimos anos, direcionados para concursos de Procuradorias;

• Em termos de conteúdo, o material é focado nos temas de escopo do perfil @jurisprudencia.tcu


, que permeiam a jurisprudência dos Tribunais de Contas, tais como Licitações, Contratos Admi-
nistrativos, Empresas Estatais e Direito Financeiro;

• O material tem caráter de compilação, não havendo análise crítica ou explicação dos acórdãos.
Caso procure um material mais analítico e explicativo, confira nossas apostilas, cursos e livros, os
quais podem ser adquiridas no link da bio do nosso Instagram;

• O presente material abrange exclusivamente acórdãos e jurisprudência, sem tecer considerações


sobre os impactos da nova lei de licitações e contratos (Lei nº 14.133 de 2021). Para aprofunda-
mento sobre a nova legislação, indicamos a nossa obra “Nova Lei de Licitações Anotada e Com-
parada”1, bem como nossa coleção de apostilas esquematizadas sobre a Nova Lei de Licitações,
que você pode conferir no link da bio do nosso Instagram.

• Lembre-se que a Lei n 8.666 de 1993, a lei do RDC e a lei do Pregão, ainda estão em vigor e têm
sido exigidas em praticamente todos os concursos públicos recentes, de modo que mesmo acór-
dãos que façam menção a essa legislação que será revogada devem ser objeto de atenção pelo
candidato, pelo menos até 1º de abril de 2023;

• Em caso de dúvida, sugestão ou qualquer outro assunto, entre em contato por mensagem direta
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Esperamos que goste do material. Foram semanas de muito trabalho, em que elaboramos e orga-
nizamos tudo com muito carinho. Bons estudos ou boa consulta!

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Disponível no link: https://www.editoramizuno.com.br/nova-lei-de-licitacoes-anotada-e-comparada.html
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Sumário
1. Competência ............................................................................................................................ 3
2. Terceirização e Administração Pública ....................................................................................... 5
3. Impedimentos .......................................................................................................................... 7
4. Licitações ................................................................................................................................. 9
5. Contratação Direta ................................................................................................................. 26
6. Contratos Administrativos ...................................................................................................... 29
7. Tribunal de Contas e Pessoal ................................................................................................... 39
8. Empresas Estatais ................................................................................................................... 43
9. Direito Financeiro ................................................................................................................... 48
10. LINDB e Responsabilidade ................................................................................................... 58

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1. Competência

Competência para definição de interesse social para fins de licitação dispensada


A expressão ‘interesse social’ para os fins de se promover a regularização fundiária passível de dispensa de
licitação prevista na al. f do inc. I do art. 17 da Lei 8.666/1993, sujeita-se à regulamentação da União, dos
Estados e Municípios, conforme peculiaridades de cada ente federado. Lei estadual na qual se indique como
interesse social para regularização fundiária de ocupação de áreas públicas: competência do ente estadual.
Condições de ocupações consolidadas e reconhecidas pelo Estado até 31-12-12, com comprovação da cadeia
possessória de forma mansa e pacífica. Ausência de descumprimento da competência legislativa da União
para dispor sobre normas gerais de licitação (inc. XXVII do art. 22 da Constituição da República).
ADI 5.333, rel. min. Cármen Lúcia, j. 14-2-2020, P, DJE de 6-3-2020.

Usurpa a competência da União para legislar sobre normais gerais de licitação norma estadual que prevê ser
dispensável o procedimento licitatório para aquisição por pessoa jurídica de direito interno, de bens produ-
zidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública, e que tenha sido
criado especificamente para este fim específico, sem a limitação temporal estabelecida pela Lei 8.666/1993
para essa hipótese de dispensa de licitação.
ADI 4658, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, 11/11/2019

Surge inconstitucional vedação, à Administração Pública, de contratação de empresa cujo quadro seja inte-
grado por pessoa condenada ante a prática de crime ou contravenção envolvendo atos discriminatórios,
considerada a inobservância ao princípio da intransmissibilidade da pena e ao artigo 37, inciso XXI, da Cons-
tituição Federal.
ADI 3092, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno 17/08/2020

(...) 5. A competência atribuída ao Conselho Diretor da ANATEL para editar normas próprias de licitação e
contratação deve observar o arcabouço normativo atinente às licitações e contratos. Interpretação conforme
à Constituição, no ponto, em observância ao princípio da legalidade. 6. Diante da especificidade dos serviços
de telecomunicações, é válida a criação de novas modalidades licitatórias por lei de mesma hierarquia da lei
geral de licitações. Contudo, sua disciplina deve ser feita por meio de lei, e não de atos infralegais, em obe-
diência aos artigos 21, XI, e 22, XXVII do texto constitucional.
7. A possibilidade de concomitância de regimes público e privado de prestação do serviço, assim como a
definição das modalidades do serviço são questões estritamente técnicas, da alçada da agência, a quem cabe
o estabelecimento das bases normativas de cada matéria relacionada à execução, à definição e ao estabele-
cimento das regras peculiares a cada serviço. Assim, a atribuição à agência da competência para definir os
serviços não desborda dos limites de seu poder regulatório. 8. Não viola a competência legislativa da União
lei federal que disciplina licitações no âmbito de Agência reguladora. Ademais, o legislador atende ao co-
mando do art. 21, XI, da Constituição Federal, ao editar normas específicas atinentes à organização do serviço
de telecomunicações.
STF, 1.668-DF

3
1. Ao se determinar que o poder público adquira o mínimo de 65% (sessenta e cinco por cento) dos bens e
serviços definidos em sistema de registro de preços, na Lei estadual se invadiu a competência privativa da
União para estabelecer normas gerais sobre licitação e contratação, em todas as modalidades, para as admi-
nistrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios, prevista no inc. XXVII do art. 22 da Constituição da República. 2. No § 4º do art. 15 da Lei n.
8.666/1993 se dispõe que “a existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as contra-
tações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação
relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de condições”.
3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.
ADI 4748, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, DJE 27/09/2019

Ao inserir a Certidão de Violação aos Direitos do Consumidor no rol de documentos exigidos para a habilita-
ção, o legislador estadual se arvorou na condição de intérprete primeiro do direito constitucional de acesso
a licitações e criou uma presunção legal, de sentido e alcance amplíssimos, segundo a qual a existência de
registros desabonadores nos cadastros públicos de proteção do consumidor é motivo suficiente para justifi-
car o impedimento de contratar com a Administração local.
ADI 3735, Relator(a): TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, DJE 01/08/2017

São constitucionais os procedimentos licitatórios que exijam percentuais mínimos e máximos a serem ob-
servados pelas emissoras de rádio na produção e transmissão de programas culturais, artísticos e jornalís-
ticos locais, nos termos do art. 221 da Constituição Federal.
STF. Plenário. RE 1070522/PE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 1013)
(Info 1010)

1. Tem-se, na origem, ação direta de inconstitucionalidade proposta perante o Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo em face da Lei 1.210, de 4 de setembro de 2017, do Município de Estância Balneária de Ilhabela,
que dispõe sobre a realização de prévia audiência pública para licitação para obras, compras, serviços e alie-
nações que especifica.
2. A referida norma municipal criou a obrigatoriedade de prévia audiência pública nas hipóteses de licitação
que superem o valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais). Por sua vez, a Lei Federal 8.666/1993, que
“estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos (...) no âmbito dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (art. 1º), prevê, em seu artigo 39, que deve ser realizada
audiência pública apenas para licitações cujo valor seja superior ao montante de R$ 150.000.000,00 (cento e
cinquenta milhões de reais). (...)
9. Verifica-se que, na espécie, a norma municipal invadiu a competência constitucional da União, na medida
em que a Lei Geral de Licitações traz expressa previsão acerca do limite a ser observado para prévia realização
de audiências públicas.
10. Indevida atuação do Município na imposição de condições/restrições ao processo licitatório.
RE 1247930 AgR, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, DJE 24/03/2020

A União detém competência para legislar sobre as normas gerais de licitação, podendo os Estados e Municí-
pios legislar sobre o tema para complementar as normas gerais e adaptá-las às suas realidades. Assim, lei
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municipal pode proibir que os agentes políticos do município (e seus parentes) mantenham contrato com o
Poder Público municipal.
STF. 2ª Turma. RE 423560/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 29/5/2012 (Info 668)

COMPETÊNCIA – LICITAÇÃO E CONTRATAÇÕES PÚBLICAS – RESCISÃO – INDENIZAÇÃO – DISCIPLINA. A teor


do disposto no artigo 22, inciso XXVII, da Constituição Federal, compete à União a regulação de normas gerais
sobre licitação e contratação públicas, abrangidas a rescisão de contrato administrativo e a indenização ca-
bível. CONCESSÃO – SANEAMENTO BÁSICO – MUNICÍPIOS – ORGANIZAÇÃO AUTÔNOMA DE SERVIÇOS DE
ÁGUA E ESGOTO – ROMPIMENTO DO AJUSTE – INDENIZAÇÃO – PROJEÇÃO NO TEMPO. Implica ofensa aos
princípios ligados à concessão, ao ajuste administrativo, a projeção, no tempo, de pagamento de indenização
considerado o rompimento de contrato administrativo, ante a organização, pelo próprio Município, de ser-
viços de água e esgoto.
ADI 1746, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 18/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-223 DIVULG 12-11-2014 PUBLIC 13-11-2014

Leis estaduais que regulam a transferência de depósitos judiciais para o Poder Executivo são formalmente
inconstitucionais por violação à competência da União para legislar privativamente sobre direito processual
(art. 22, I, da CF) e para editar normas gerais de direito financeiro (art. 24, I, da CF).
Precedentes: ADI 4.163, Rel. Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, DJe de 1º/3/2013; ADI 4.925, Rel. Min.
TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, DJe de 10/3/2015; ADI 5.253, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, DJe
de 1º/ 8/2017; ADI 4.788 AgR, Rel. Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, DJe de 8/8/2017; ADI 6.083, Rel.
Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 29/11/2019, DJe de 18/12/2019; e ADI 6031, Rel. Min. CÁR-
MEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 27/3/2020, DJe de 16/4/2020.

2. Terceirização e Administração Pública

RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária. Contrato com a administração pública. Inadimplência ne-


gocial do outro contraente. Transferência consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais
e comerciais, resultantes da execução do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica. Consequência
proibida pelo art., 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93. Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação
direta de constitucionalidade julgada, nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a norma
inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº
9.032, de 1995.
STF, ADC 16, Relator(a): CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2010

RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO


CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
SÚMULA 331, IV E V, DO TST. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93. TERCEIRIZA-
ÇÃO COMO MECANISMO ESSENCIAL PARA A PRESERVAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO E ATENDIMENTO
DAS DEMANDAS DOS CIDADÃOS. HISTÓRICO CIENTÍFICO. LITERATURA: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO.
INEXISTÊNCIA DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO. RESPEITO ÀS ESCOLHAS LEGÍTIMAS DO

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LEGISLADOR. PRECEDENTE: ADC 16. EFEITOS VINCULANTES. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PRO-
VIDO. FIXAÇÃO DE TESE PARA APLICAÇÃO EM CASOS SEMELHANTES.
1. A dicotomia entre “atividade-fim” e “atividade-meio” é imprecisa, artificial e ignora a dinâmica da econo-
mia moderna, caracterizada pela especialização e divisão de tarefas com vistas à maior eficiência possível,
de modo que frequentemente o produto ou serviço final comercializado por uma entidade comercial é fabri-
cado ou prestado por agente distinto, sendo também comum a mutação constante do objeto social das em-
presas para atender a necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas empresas do mundo. É que
a doutrina no campo econômico é uníssona no sentido de que as “Firmas mudaram o escopo de suas ativi-
dades, tipicamente reconcentrando em seus negócios principais e terceirizando muitas das atividades que
previamente consideravam como centrais” (ROBERTS, John. The Modern Firm: Organizational Design for
Performance and Growth. Oxford: Oxford University Press, 2007).
2. A cisão de atividades entre pessoas jurídicas distintas não revela qualquer intuito fraudulento, consubs-
tanciando estratégia, garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira, de configuração das
empresas, incorporada à Administração Pública por imperativo de eficiência (art. 37, caput, CRFB), para fazer
frente às exigências dos consumidores e cidadãos em geral, justamente porque a perda de eficiência repre-
senta ameaça à sobrevivência da empresa e ao emprego dos trabalhadores.
3. Histórico científico: Ronald H. Coase, “The Nature of The Firm”, Economica (new series), Vol. 4, Issue 16,
p. 386-405, 1937. O objetivo de uma organização empresarial é o de reproduzir a distribuição de fatores sob
competição atomística dentro da firma, apenas fazendo sentido a produção de um bem ou serviço interna-
mente em sua estrutura quando os custos disso não ultrapassarem os custos de obtenção perante terceiros
no mercado, estes denominados “custos de transação”, método segundo o qual firma e sociedade desfrutam
de maior produção e menor desperdício.
4. A Teoria da Administração qualifica a terceirização (outsourcing) como modelo organizacional de desinte-
gração vertical, destinado ao alcance de ganhos de performance por meio da transferência para outros do
fornecimento de bens e serviços anteriormente providos pela própria firma, a fim de que esta se concentre
somente naquelas atividades em que pode gerar o maior valor, adotando a função de “arquiteto vertical” ou
“organizador da cadeia de valor”.
A terceirização apresenta os seguintes benefícios: (i) aprimoramento de tarefas pelo aprendizado especiali-
zado; (ii) economias de escala e de escopo; (iii) redução da complexidade organizacional; (iv) redução de
problemas de cálculo e atribuição, facilitando a provisão de incentivos mais fortes a empregados; (v) precifi-
cação mais precisa de custos e maior transparência; (vi) estímulo à competição de fornecedores externos;
(vii) maior facilidade de adaptação a necessidades de modificações estruturais; (viii) eliminação de problemas
de possíveis excessos de produção; (ix) maior eficiência pelo fim de subsídios cruzados entre departamentos
com desempenhos diferentes; (x) redução dos custos iniciais de entrada no mercado, facilitando o surgi-
mento de novos concorrentes; (xi) superação de eventuais limitações de acesso a tecnologias ou matérias-
primas; (xii) menor alavancagem operacional, diminuindo a exposição da companhia a riscos e oscilações de
balanço, pela redução de seus custos fixos; (xiii) maior flexibilidade para adaptação ao mercado; (xiii) não
comprometimento de recursos que poderiam ser utilizados em setores estratégicos; (xiv) diminuição da pos-
sibilidade de falhas de um setor se comunicarem a outros; e (xv) melhor adaptação a diferentes requerimen-
tos de administração, know-how e estrutura, para setores e atividades distintas.
6. A Administração Pública, pautada pelo dever de eficiência (art. 37, caput, da Constituição), deve empregar
as soluções de mercado adequadas à prestação de serviços de excelência à população com os recursos dis-
poníveis, mormente quando demonstrado, pela teoria e pela prática internacional, que a terceirização não
importa precarização às condições dos trabalhadores.
7. O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir que a inadimplência do contratado, com referência aos en-
cargos trabalhistas, não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, representa
6
legítima escolha do legislador, máxime porque a Lei nº 9.032/95 incluiu no dispositivo exceção à regra de não
responsabilização com referência a encargos trabalhistas.
8. Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já reconhecida por esta Corte em caráter erga
omnes e vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2010.
9. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte admitida, julgado procedente para fixar a se-
guinte tese para casos semelhantes: “O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do con-
tratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu paga-
mento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93”.
RE 760931, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
26/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-206 DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017

TCU, Acórdão 9847/2021 Primeira Câmara (Representação, Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira)
Licitação. Edital de licitação. Vedação. Salário. Fixação. Terceirização. Convenção coletiva de trabalho
Na contratação de prestadores de serviços terceirizados não abrangidos por convenção coletiva de trabalho,
é indevida a fixação de salários pelo edital da licitação, consistindo em mera estimativa o valor constante do
orçamento de referência e não sendo permitida a desclassificação de licitante por cotar salários inferiores ao
estimado.

TCU, Acórdão 875/2020 Plenário(Auditoria, Relator Ministro Benjamin Zymler). Contrato Administrativo.
Fiscalização. Terceirização. Contratante. Acompanhamento. Obrigação.
A contratação de empresa para auxiliar a Administração na fiscalização de contratos (art. 67 da Lei
8.666/1993) não retira desta a obrigação do acompanhamento, porquanto a função do terceiro contratado
é de assistência, não de substituição.

TCU, Acórdão 35/2019 Plenário (Pedido de Reexame, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Contrato Ad-
ministrativo. Terceirização. Vedação. Contratado. Empregado. Indicação.
É vedada a ingerência da Administração ou de seus servidores na gestão dos recursos humanos das empresas
contratadas para a prestação de serviços terceirizados, em especial no tocante à indicação dos empregados
que devem ser contratados por tais empresas para prestarem serviços no âmbito da contratante.

TCU, Acórdão 2334/2020 Plenário (Relator Ministro Benjamin Zymler). Convênio. Terceirização. Mão de
obra. Termo de parceria. Termo de fomento. Termo de colaboração.
Não há amparo legal para a contratação de mão de obra mediante a celebração de termos de parceria com
Oscip ou de instrumentos congêneres (convênios, termos de colaboração, termos de fomento) com entidades
sem fins lucrativos.

3. Impedimentos

A cessão de servidor não elide o impedimento subjetivo de participação em licitações do órgão ou entidade
do qual faz parte

7
2. Segundo o art. 9º, III, da Lei n. 8.666/1993, não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou
da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários “servidor ou dirigente de órgão
ou entidade contratante ou responsável pelo certame.
3. Tal vedação visa assegurar a garantia de tratamento isonômico entre os licitantes, permitindo-lhes parti-
cipar da disputa em igualdade de condições. 4. Caso em que, a despeito de expressa vedação no edital, a
Corte de origem assegurou a participação de empresa, ora recorrida, em licitação, da qual fora excluída por
possuir em seu quadro de funcionários, como responsável técnica, servidora do Município responsável pela
instauração do certame, haja vista achar-se cedida.
5. A cessão do servidor municipal para atuar em órgão federal não tem o condão afastar aquela regra proi-
bitiva, pois a cessão conserva o vínculo do servidor com o órgão cedente, cuja natureza definitiva é mantida,
havendo apenas o desdobramento da lotação e do exercício do servidor.
6. Em situação similar, este Tribunal já entendeu que “O fato de estar o servidor licenciado, à época do cer-
tame, não ilide a aplicação do referido preceito legal, eis que não deixa de ser funcionário o servidor em gozo
de licença
REsp 1607715/AL, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/03/2017, DJe
20/04/2017

Se um servidor público for sócio ou funcionário de uma empresa, ela não poderá participar de licitações
realizadas pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado este servidor público (art. 9º, III, da Lei nº
8.666/93). O fato de o servidor estar licenciado do cargo não afasta a referida proibição, considerando que,
mesmo de licença, ele não deixa possuir vínculo com a Administração Pública. Assim, o fato de o servidor
estar licenciado não afasta o entendimento segundo o qual não pode participar de procedimento licitatório
a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão contratante ou responsável
pela licitação.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.607.715-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 7/3/2017 (Info 602)

[...] não pode participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servi-
dor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação (...) O fato de estar o servidor
licenciado, à época do certame, não ilide a aplicação do referido preceito legal, eis que não deixa de ser
funcionário o servidor em gozo de licença.
REsp 254.115/SP, Rel. Min. Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em 20.6.2000, DJ de 14.8.2000

TCU, Acórdão 269/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Pregão. San-
ção administrativa. Suspensão temporária. Contratação. Impedimento. Abrangência. Ente da Federação.
Os efeitos da sanção de impedimento de licitar e contratar prevista no art. 7º da Lei 10.520/2002 restringem-
se ao âmbito do ente federativo sancionador (União ou estado ou município ou Distrito Federal).

TCU, Acórdão 990/2020 Plenário(Auditoria, Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira) Convênio. Con-
selho de fiscalização profissional. Formalização. Requisito. Regulamento.
Não há impedimento para a celebração de convênios pelos conselhos de fiscalização profissional, desde que
amparados e disciplinados em normativos próprios, os quais devem obedecer aos princípios que regem a

8
Administração Pública, utilizando os parâmetros definidos pelo Decreto 6.170/2007 e respectiva
regulamentação.

4. Licitações

Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo pres-
supõe prévia licitação.
STF. Plenário. RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 854) (Info
982 – clipping)

Recurso extraordinário. Contrato de transporte marítimo celebrado pela Petrobrás. Decisão em que se refu-
tou a pretendida nulidade do procedimento de escolha da contratante. Procedimento não precedido de lici-
tação. Pretensão de reforma. Condenação da empresa em perdas e danos. Indenização que não encontra
amparo constitucional. Sociedade de economia mista que atua no mercado de exploração comercial de bens
e serviços. Submissão, à época dos fatos, aos ditames do Decreto nº 2.745/98. Contrato regularmente cele-
brado. Conhecimento parcial do recurso. Não provimento.
1. A decisão recorrida lastreou-se na pacífica jurisprudência do Supremo Tribunal Federal de que, à época
dos fatos, não se submetia a recorrida ao disposto na Lei de Licitações.
2. Esse regime legal, ademais, inviabilizaria sua ativa participação no competitivo segmento de mercado em
que atuava, inclusive em âmbito internacional.
3. A avença foi, portanto, regularmente celebrada, à luz da legislação então aplicável. A pretensão anulatória
foi corretamente refutada. O pleito indenizatório, cumulativamente deduzido, não veicula matéria constitu-
cional, a inviabilizar seu conhecimento. 4. Recurso extraordinário do qual se conhece parcialmente e ao qual,
quanto a essa parte, se nega provimento.
RE 441280, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 08/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
098 DIVULG 21-05-2021 PUBLIC 24-05-2021

As normas previstas na Lei da Relicitação (Lei 13.448/2017) para a prorrogação antecipada dos contratos de
concessão são compatíveis com os princípios constitucionais da eficiência, da razoabilidade, da impessoali-
dade, da moralidade e da competitividade.
ADI 5991 MC, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 20/02/2020, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-169 DIVULG 03-07-2020 PUBLIC 06-07-2020

Os editais de licitação ou pregão não podem conter cláusula prevendo percentual mínimo referente à taxa
de administração, sob pena de ofensa ao artigo 40, inciso X, da Lei n. 8.666/1993.
A fixação de percentual mínimo de taxa de administração em edital de licitação/pregão fere expressamente
a norma contida no inciso X do art. 40 da Lei n. 8.666/1993, que veda "a fixação de preços mínimos, critérios
estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de referência".A própria Lei de Licitações, a exemplo
dos §§ 1º e 2º do art. 48, prevê outros mecanismos de combate às propostas inexequíveis em certames
licitatórios, permitindo que o licitante preste garantia adicional, tal como caução em dinheiro ou em títulos
da dívida pública, seguro-garantia e fiança bancária.Sendo o objetivo da licitação selecionar a proposta mais
vantajosa para a Administração - consoante expressamente previsto no art. 3º da Lei n. 8.666/1993 -, a fixa-
ção de um preço mínimo atenta contra esse objetivo, especialmente considerando que um determinado
valor pode ser inexequível para um licitante, porém exequível para outro.Deve a Administração Pública,
9
portanto, buscar a proposta mais vantajosa; em caso de dúvida sobre a exequibilidade, ouvir o respectivo
licitante; e, sendo o caso, exigir-lhe a prestação de garantia. É o que dispõe a Súmula 262/TCU: "O critério
definido no art. 48, inciso II, § 1º, alíneas 'a' e 'b', da Lei n. 8.666/1993 conduz a uma presunção relativa de
inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar à licitante a oportunidade de demonstrar a exequi-
bilidade da sua proposta."Cuidase a escolha da taxa de administração de medida compreendida na área ne-
gocial dos interessados, a qual fomenta a competitividade entre as empresas que atuam nesse mercado, em
benefício da obtenção da melhor proposta pela Administração Pública.Portanto, a interpretação mais ade-
quada da Lei n. 8.666/1993, especialmente dos arts. 40, inciso X, e 48, §§ 1º e 2º, conduz à conclusão de que
o ente público não pode estipular cláusula editalícia em licitação/pregão prevendo percentual mínimo refe-
rente à taxa de administração, havendo outros mecanismos na legislação aptos a resguardar a Administração
Pública de eventuais propostas inexequíveis. (Informativo n. 683)

[...] 3. O caso em espécie não cuida da corriqueira situação vivenciada neste Corte, quando o edital prevê
mais do que diz a lei em sentido largo, ocorrendo o reverso: as regras do certame exigiram menos do que
dispunha a legislação.
4. Se o edital dizia menos do que a lei, mas não exatamente o contrário, deve ser prestigiado os princípios da
vinculação ao instrumento convocatório, o qual também reforça a confiança legítima que o administrado
mantinha em relação à Administração.
5. Hipótese em que o impetrante acostou com a inicial uma sequência de certificados de cursos voltados à
prática de técnico em informática, todos de nível médio, inclusive constando curso de 180 (cento e oitenta)
horas ministrado por órgão oficial, pelo que atendido o requisito do edital.
STJ, AgInt no RMS 41.507/RO, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/03/2021,
DJe 06/04/2021

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRATO. RESCISÃO. IRREGULARIDADE FISCAL. RETEN-


ÇÃO DE PAGAMENTO.
1. É necessária a comprovação de regularidade fiscal do licitante como requisito para sua habilitação, con-
forme preconizam os arts. 27 e 29 da Lei nº 8.666/93, exigência que encontra respaldo no art. 195, § 3º, da
CF.
2. A exigência de regularidade fiscal deve permanecer durante toda a execução do contrato, a teor do art.
55, XIII, da Lei nº 8.666/93, que dispõe ser "obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qua-
lificação exigidas na licitação".
3. Desde que haja justa causa e oportunidade de defesa, pode a Administração rescindir contrato firmado,
ante o descumprimento de cláusula contratual.
4. Não se verifica nenhuma ilegalidade no ato impugnado, por ser legítima a exigência de que a contratada
apresente certidões comprobatórias de regularidade fiscal.
5. Pode a Administração rescindir o contrato em razão de descumprimento de uma de suas cláusulas e ainda
imputar penalidade ao contratado descumpridor. Todavia a retenção do pagamento devido, por não constar
do rol do art. 87 da Lei nº 8.666/93, ofende o princípio da legalidade, insculpido na Carta Magna.
6. Recurso ordinário em mandado de segurança provido em parte.
RMS 24.953/CE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/03/2008, DJe 17/03/2008

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ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PARTICIPAÇÃO. POSSIBILIDADE.
CERTIDÃO DE FALÊNCIA OU CONCORDATA. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. DESCABIMENTO. APTIDÃO ECO-
NÔMICO-FINANCEIRA. COMPROVAÇÃO. OUTROS MEIOS. NECESSIDADE.
1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (re-
lativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade
na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça" (Enunciado Administrativo n. 2).
2. Conquanto a Lei n. 11.101/2005 tenha substituído a figura da concordata pelos institutos da recuperação
judicial e extrajudicial, o art. 31 da Lei n. 8.666/1993 não teve o texto alterado para se amoldar à nova siste-
mática, tampouco foi derrogado.
3. À luz do princípio da legalidade, "é vedado à Administração levar a termo interpretação extensiva ou res-
tritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma expressa" (AgRg no RMS 44099/ES, Rel. Min.
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2016, DJe 10/03/2016).
4. Inexistindo autorização legislativa, incabível a automática inabilitação de empresas submetidas à Lei n.
11.101/2005 unicamente pela não apresentação de certidão negativa de recuperação judicial, principal-
mente considerando o disposto no art. 52, I, daquele normativo, que prevê a possibilidade de contratação
com o poder público, o que, em regra geral, pressupõe a participação prévia em licitação.
5. O escopo primordial da Lei n. 11.101/2005, nos termos do art. 47, é viabilizar a superação da situação de
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função
social e o estímulo à atividade econômica.
6. A interpretação sistemática dos dispositivos das Leis n. 8.666/1993 e n. 11.101/2005 leva à conclusão de
que é possível uma ponderação equilibrada dos princípios nelas contidos, pois a preservação da empresa, de
sua função social e do estímulo à atividade econômica atendem também, em última análise, ao interesse da
coletividade, uma vez que se busca a manutenção da fonte produtora, dos postos de trabalho e dos interes-
ses dos credores.
7. A exigência de apresentação de certidão negativa de recuperação judicial deve ser relativizada a fim de
possibilitar à empresa em recuperação judicial participar do certame, desde que demonstre, na fase de
habilitação, a sua viabilidade econômica.
8. Agravo conhecido para dar provimento ao recurso especial.
AREsp 309.867/ES, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/06/2018, DJe
08/08/2018

Não fere a igualdade entre os licitantes, tampouco a ampla competitividade entre eles, o condicionamento
editalício referente à experiência prévia dos concorrentes no âmbito do objeto licitado, a pretexto de de-
monstração de qualificação técnica, nos termos do art. 30, inciso II, da Lei n. 8.666/93"
REsp 1.257.886/PE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 11.11.2011

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚ-


BLICO PELO PRAZO DE UM ANO. PENALIDADE IMPOSTA COM BASE NO ART. 7º DA LEI 10.520/02. DETRA-
ÇÃO. TERMO INICIAL. PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO OFICIAL OU REGISTRO NO SICAF. SUFICIÊNCIA DA DIVUL-
GAÇÃO DOS ATOS NO ÓRGÃO OFICIAL DE IMPRENSA PARA PRODUÇÃO DE EFEITOS. SEGURANÇA CONCE-
DIDA.

11
1. Cinge-se a controvérsia em fixar o termo inicial para efeito de detração da penalidade prevista no art. 7º
da Lei 10.520/02: se ele coincide com a publicação da decisão administrativa na imprensa oficial, ou com o
registro das suas conclusões no banco de dados do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores -
SICAF.
2. Embora preveja a sanção, a lei ordinária silencia quanto o início do fluxo do prazo para a contagem da
detração. Coube ao Decreto 5.450/05, ao regulamentá-la, prever, em seus arts. 3º, § 2º, 25, § 1º, e 28, pará-
grafo único, que o credenciamento do licitante condiciona-se ao registro atualizado da sua situação cadastral
no banco de dados do SICAF.
3. Com efeito, se a União impõe uma penalidade por um órgão da sua própria estrutura, a presunção é a de
que o próprio ente federado esteja ciente de que, a partir daquela publicação, foi aplicada à determinada
empresa uma sanção administrativa.
4. Por conseguinte, se a publicação se deu em órgão da imprensa oficial, nos termos do que prevê o art. 37,
caput, da Constituição Federal, seria contraditório e artificial se supor que, a partir dali, não haveria ciência
do ente federal, e, consequentemente, não seria capaz de dar início ao cômputo da detração.
5. A própria Lei 8.666/93, em seu art. 6º, XIII, estabelece, como linha de princípio, que os atos relativos aos
procedimentos licitatórios federais serão divulgados no Diário Oficial da União.
6. A conclusão de que o marco inicial da detração coincidiria com a inscrição no SICAF é extraída de leitura
sistemática do decreto regulamentador. A lei, todavia, ato normativo primário, nada explicitou sobre essa
questão, o que se traduz, se não em violação, em vulneração ao princípio da legalidade estrita.
7. Reconhecimento de tempo total suficiente para declarar cumprida a penalidade imposta à impetrante.
8. Segurança concedida. Agravo regimental prejudicado.
MS 20.784/DF, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 09/04/2014, DJe 07/05/2015

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. LICITAÇÕES. RECURSO ADMINISTRATIVO. HOMOLOGAÇÃO PELA


AUTORIDADE SUPERIOR. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS DO EDITAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS 5 E
7/STJ.
1. Discute-se nos autos a nulidade de procedimento licitatório em decorrência de julgamento de recurso
administrativo por autoridade incompetente.
2. Apesar de o recurso administrativo interposto contra ato que desclassificou a empresa ora recorrente não
ter sido julgado pela autoridade hierarquicamente superior, tal irregularidade foi saneada com a posterior
homologação do procedimento licitatório pela autoridade competente para analisar o recurso.
3. O ato de homologação supõe prévia e detalhada análise de todo o procedimento licitário no que concerne
a sua regularidade. Homologar é confirmar a validade de todos os atos praticados no curso da licitação.
4. Constatada a existência de vício em algum dos atos praticados no procedimento licitatório, cabe à autori-
dade superior, no momento da homologação, a sua convalidação ou anulação. Tratando-se de vício sanável
é perfeitamente cabível a sua convalidação.
5. O vício na competência poderá ser convalidado desde que não se trate de competência exclusiva, o que
não é o caso dos autos. Logo, não há falar em nulidade do procedimento licitatório ante o saneamento do
vício com a homologação.
6. Não cabe ao STJ, em recurso especial, a interpretação de cláusula de edital de licitação. Incidência das
Súmulas 5 e 7 do STJ. Recurso especial conhecido em parte e improvido.
REsp 1348472/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/05/2013, DJe
28/05/2013

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A Lei nº 8.666/93 exige para a realização da licitação a existência de "previsão de recursos orçamentários que
assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício
financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma", ou seja, a lei não exige a disponibilidade
financeira (fato da administração ter o recurso disponível ou liberado), mas, tão somente, que haja previsão
destes recursos na lei orçamentária.
REsp 1141021/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/08/2012,
DJe 30/08/2012

Na concorrência para a venda de bens imóveis, é vedada, à Administração Pública, a fixação de caução em
valor diverso do estabelecido no art. 18 da Lei n. 8.666/1993
Dispõe o art. 18 da Lei n. 8.666/1993: "Na concorrência para a venda de bens imóveis, a fase de habilitação
limitar-se-á à comprovação do recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da avaliação".
Da interpretação teleológica do referido dispositivo legal, depreende-se que o legislador estabeleceu o valor
da caução com intuito de aferir a capacidade econômica da licitante, exigindo-se o depósito da garantia, de
forma a demonstrar a sua aptidão financeira para garantir a execução do contrato.
Consabido é que a Administração está vinculada aos ditames legais, subordinando-se o administrador ao
princípio da legalidade inserido no art. 37 da CF/88. Nesse contexto, verifica-se que o valor da caução esta-
belecido no art. 18 da Lei n. 8.666/1993 visa precipuamente à garantia da execução do contrato, sendo ve-
dada, à Administração Pública, a fixação de caução em valor diverso do estabelecido em lei. (Informativo
669)

TCU, Acórdão 1737/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira) Licita-
ção. Habilitação de licitante. Vistoria. Declaração. Responsável técnico.
A vistoria ao local da prestação dos serviços somente deve ser exigida quando imprescindível, devendo,
mesmo nesses casos, o edital prever a possibilidade de substituição do atestado de visita técnica por decla-
ração do responsável técnico da licitante de que possui pleno conhecimento do objeto, das condições e das
peculiaridades inerentes à natureza dos trabalhos.

TCU, Acórdão 1737/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira) Licita-
ção. Nulidade. Convalidação. Habilitação de licitante. Interesse público. Prejuízo.
O risco de prejuízos para a Administração decorrentes de eventual rescisão de contrato pode justificar a
convalidação de atos irregulares, a exemplo de indevida inabilitação de licitante, de forma a preservar o
interesse público, pois a atuação do Poder Público não pode ocasionar um dano maior do que aquele que
objetiva combater com a medida administrativa.

TCU, Acórdão 9277/2021 Segunda Câmara (Representação, Relator Ministro Aroldo Cedraz) Licitação. Qua-
lificação técnica. Exigência. Declaração. Garantia. Fabricante. Exceção.
A exigência, como condição de habilitação, de declaração ou de atestado de fabricante ou de seu canal oficial
de revenda para assegurar a garantia ofertada pelo licitante, por configurar restrição à competitividade, so-
mente é admitida em casos excepcionais, quando for necessária à execução do objeto contratual, situação
que deverá ser justificada de forma expressa e pública.

13
TCU, Acórdão 1492/2021 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Bruno Dantas) Licitação. Parecer jurídico.
Conteúdo. Competência. Contratação integrada. Fundamentação técnica.
Não é da competência do parecerista jurídico a avaliação de aspectos técnicos para adoção do regime de
contratação integrada (art. 9º da Lei 12.462/2011).

TCU, Acórdão 1498/2021 Plenário (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Vital do Rêgo) Licitação.
Dispensa de licitação. Remanescente de contrato. Proposta. Licitante vencedor.
É ilegal a contratação, mediante a dispensa de licitação prevista no art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993, de
remanescente de contrato com base em condições diversas daquelas oferecidas pelo licitante vencedor

TCU, Acórdão 8290/2021 Segunda Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Raimundo Carreiro) Lici-
tação. Sistema S. Pregão. Serviços comuns.
As entidades do Sistema S devem adotar preferencialmente o pregão para a contratação de serviços de na-
tureza comum, com padrões de desempenho e qualidade objetivamente definidos pelo edital a partir das
especificações usuais de mercado, em sintonia com os princípios da eficiência, celeridade e economicidade,
com vistas a obter a proposta mais vantajosa para a entidade

TCU, Acórdão 4063/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro) Licitação. Julga-
mento. Competitividade. Desclassificação. Materialidade. Princípio da seleção da proposta mais vantajosa.
Princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Proposta de preço.
É indevida a desclassificação, fundada em interpretação extremamente restritiva do edital, de proposta mais
vantajosa para a Administração que contém um único item, correspondente a pequena parcela do objeto
licitado, com valor acima do limite estabelecido, por ofensa ao princípio da seleção da proposta mais vanta-
josa.

TCU, Acórdão 505/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licita-
ção. Qualificação técnica. Conselho de fiscalização profissional. Comprovação. Adimplência.
Não deve ser exigido dos licitantes, para fins de habilitação, prova de quitação de anuidades junto ao conse-
lho de fiscalização profissional ao qual a empresa e os profissionais estejam ligados, pois essa exigência não
está prevista em lei.

TCU, Acórdão 505/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licita-
ção. Qualificação técnica. Conselho de fiscalização profissional. Local. Exigência. Momento.
A exigência de registro na entidade de fiscalização profissional competente do local da execução dos serviços
deve ocorrer no momento da celebração do contrato, não na fase de qualificação técnica, a fim de se evitar
que a participação no certame fique restrita aos já inscritos na localidade e que haja imposição de ônus des-
necessário aos interessados (art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, c/c Súmula TCU 272).

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TCU, Acórdão 505/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Res-
ponsabilidade. Licitação. Homologação. Solidariedade. Vício. Exceção.
A autoridade homologadora é responsável solidariamente pelos vícios identificados nos procedimentos lici-
tatórios, exceto se forem vícios ocultos, dificilmente perceptíveis. A homologação se caracteriza como um
ato de controle praticado pela autoridade competente sobre todos os atos praticados na respectiva licitação.
Esse controle não pode ser tido como meramente formal ou chancelatório, mas antes como um ato de fisca-
lização.

TCU, Acórdão 503/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman). Licita-
ção. Habilitação jurídica. Contrato social. Objeto da licitação. Compatibilidade.
Para fins de habilitação jurídica nas licitações, faz-se necessária a compatibilidade entre o objeto do certame
e as atividades previstas no contrato social das empresas licitantes.

TCU, Acórdão 569/2021 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro-Substituto Augusto Sher-
man). Convênio. Bens imóveis. Regularização fundiária. Comodato. Servidão administrativa.
A regularização fundiária do terreno a ser afetado pelo objeto do convênio pode se dar por meio da imposição
de servidão administrativa ou da celebração de comodato com a cessão da posse ao município.

TCU, Acórdão 1176/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Lici-
tação. Competitividade. Restrição. Escritório. Local. Princípio da isonomia.
É irregular a exigência de que o contratado instale escritório em localidade específica, sem a devida demons-
tração de que tal medida seja imprescindível à adequada execução do objeto licitado, considerando os custos
a serem suportados pelo contratado, sem avaliar a sua pertinência frente à materialidade da contratação e
aos impactos no orçamento estimativo e na competitividade do certame, devido ao potencial de restringir o
caráter competitivo da licitação, afetar a economicidade do contrato e ferir o princípio da isonomia, em
ofensa ao art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 1094/2021 Plenário (Agravo, Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira). Licitação. Ine-
xigibilidade de licitação. Credenciamento. Passagens. Transporte aéreo. Intermediação. Agência de via-
gem.
É regular a aquisição, mediante credenciamento, de passagens aéreas em linhas regulares domésticas, sem
a intermediação de agência de viagem, por ser inviável a competição entre as companhias aéreas e entre
estas e as agências de viagem.

TCU, Acórdão 1114/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman). Licita-
ção. Bens e serviços de informática. Medição. Pagamento. Critério.
Na contratação de serviços de TI, é regular a adoção de modelos remuneratórios híbridos, em que o paga-
mento devido à contratada é fruto da quantidade de postos de trabalho ou de horas trabalhadas, mas tam-
bém, em qualquer dos casos, vinculado ao alcance de níveis de serviços previamente contratados e periodi-
camente mensurados.

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TCU, Acórdão 927/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Augusto Nardes) Licitação. Qualificação
técnica. Atestado de capacidade técnica. Pessoa física. Emissão.
É irregular a aceitação de atestado emitido por pessoa física para fins de comprovação da capacidade técnica
de empresa licitante (art. 30, § 1º, da Lei 8.666/1993).

TCU, Acórdão 927/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Augusto Nardes). Licitação. Qualifica-
ção técnica. Atestado de capacidade técnica. Pessoa jurídica. Capacidade técnico-profissional. Capacidade
técnico-operacional. Pessoa física. Transferência.
Não se admite a transferência do acervo técnico da pessoa física para a pessoa jurídica, para fins de compro-
vação de qualificação técnica em licitações públicas, pois a capacidade técnico-operacional (art. 30, inciso II,
da Lei 8.666/1993) não se confunde com a capacidade técnico-profissional (art. 30, § 1º, inciso I, da Lei
8.666/1993) , uma vez que a primeira considera aspectos típicos da pessoa jurídica, como instalações, equi-
pamentos e equipe, enquanto a segunda relaciona-se ao profissional que atua na empresa.

TCU, Acórdão 898/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler) Licitação. Habilitação
de licitante. Exigência. Fabricante. Garantia. Declaração.
A exigência de declaração de garantia formulada de modo a permitir que participem do certame somente
fabricantes e revendas autorizadas contraria o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 6306/2021 Segunda Câmara (Representação, Relator Ministro-Substituto André de Carva-
lho). Licitação. Qualificação técnica. Licença ambiental. Exigência. Requisito. Momento.
É irregular a exigência de comprovação de licença ambiental como requisito de habilitação, pois tal exigência
só deve ser formulada ao vencedor da licitação. Como requisito para participação no certame, pode ser exi-
gida declaração de disponibilidade da licença ou declaração de que o licitante reúne condições de apresentá-
la quando solicitado pela Administração.
TCU, Acórdão 321/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Augusto Nardes)

Licitação. Proposta. Preço. Taxa de administração. Veículo. Abastecimento. Sistema informatizado.


Em licitações que tenham por objeto o gerenciamento de frota com tecnologia de pagamento por cartão
magnético, não deve ser proibida a apresentação de proposta de preço com taxa de administração zero ou
negativa, porquanto a remuneração das empresas prestadoras desse serviço não se limita ao recebimento
da taxa de administração, mas decorre também da cobrança realizada aos estabelecimentos credenciados e
dos rendimentos das aplicações financeiras sobre os repasses dos contratantes, desde seu recebimento até
o efetivo pagamento à rede conveniada.

TCU, Acórdão 337/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Qualificação
técnica. Certificação. Produto. Inmetro. Equivalência. Exigência. Momento.
Nas licitações para compra de produto de certificação voluntária, é irregular a exigência de que a certificação
seja fornecida exclusivamente por instituição acreditada pelo Inmetro, devendo ser aceitas certificações
equivalentes, como as emitidas por entidades com as quais o Inmetro mantém acordo de reconhecimento

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mútuo, cuja apresentação só pode ser exigida no momento da celebração do contrato ou do fornecimento,
evitando-se, assim, onerar desnecessariamente os licitantes.

TCU, Acórdão 119/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licita-
ção. Dispensa de licitação. Emergência. Requisito. Preço. Justificativa.
Nas contratações diretas fundadas em emergência (art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993), cabe ao gestor de-
monstrar a impossibilidade de esperar o tempo necessário à realização de procedimento licitatório, em face
de risco de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas e de bens públicos ou particulares, além
de justificar a escolha do fornecedor e o preço pactuado.

TCU, Acórdão 250/2021 Plenário (Pedido de Reexame, Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira) Li-
citação. Direito de preferência. Pequena empresa. Limite. Receita bruta. Apuração. Critério.
Para fim de enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte de acordo com os parâme-
tros de receita bruta definidos pelo art. 3º da LC 123/2006, considera-se o período de apuração das receitas
auferidas pela empresa como sendo de janeiro a dezembro do ano-calendário anterior à licitação, e não os
doze meses anteriores ao certame.

TCU, Acórdão 544/2021 Plenário, Pedido de Reexame, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues.
Na contratação integrada do RDC (art. 9º da Lei 12.462/2011), se não houver alocação objetiva de riscos
entre as partes, prevista no edital do certame, o contratado deve assumir eventuais encargos resultantes de
erros, incompletudes e omissões do anteprojeto, identificados quando da elaboração dos projetos básico e
executivo, uma vez que tal situação, inerente a esse regime de contratação, pode ser considerada álea ordi-
nária.

TCU, Acórdão 1494/2020 Plenário(Recurso de Revisão, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. So-
brepreço. Metodologia. Orçamento estimativo. Preço de mercado. Proposta de preço.
A simples divergência entre os valores orçados e os valores adjudicados não serve para evidenciar a ocorrên-
cia de sobrepreço, sendo necessário, para tanto, que a constatação esteja baseada em informações sobre os
preços de mercado vigentes à época da licitação.

TCU, Acórdão 183/2019 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Benjamin Zymler). Respon-
sabilidade. Licitação. Orçamento estimativo. Solidariedade. Licitante. Superfaturamento. Preço de mer-
cado. Proposta de preço.
Os licitantes, sob risco de responderem por superfaturamento em solidariedade com os agentes públicos,
têm a obrigação de oferecer preços que reflitam os paradigmas de mercado, ainda que os valores fixados
pela Administração no orçamento-base do certame se situem além daquele patamar.

TCU, Acórdão 1372/2019 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licita-
ção. Pregão. Pregoeiro. Preço de mercado. Avaliação. Competência.

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Não cabe ao pregoeiro avaliar o conteúdo da pesquisa de preços realizada pelo setor competente do órgão,
pois são de sua responsabilidade, em regra, apenas os atos relacionados à condução do procedimento licita-
tório.

TCU, Acórdão 898/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Proposta.
Desclassificação. Preço unitário. Erro.
Erros no preenchimento da planilha de preços unitários não são motivos para a desclassificação de licitante,
quando a planilha puder ser ajustada sem majoração do preço global ofertado.

TCU, Acórdão 713/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Orçamento
estimativo. Elaboração. Referência. Pesquisa. Preço.
A pesquisa de preços para elaboração do orçamento estimativo da licitação não deve se restringir a cotações
realizadas junto a potenciais fornecedores, devendo ser utilizadas outras fontes como parâmetro, a exemplo
de contratações públicas similares, sistemas referenciais de preços disponíveis, pesquisas na internet em
sítios especializados e contratos anteriores do próprio órgão.

TCU, Acórdão 452/2019 Plenário (Auditoria, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licitação.
Orçamento estimativo. Elaboração. Referência. Preço de mercado. Cotação.
Os sistemas oficiais de referência da Administração Pública reproduzem os preços de mercado, e, por goza-
rem de presunção de veracidade, devem ter precedência em relação à utilização de cotações efetuadas di-
retamente com empresas que atuam no mercado.

TCU, Acórdão 2004/2018 Primeira Câmara (Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues).
Licitação. Proposta. Preço. Exequibilidade. Taxa de administração. Vale refeição. Combustível.
Em licitações para operacionalização de vale-refeição, vale-alimentação, vale-combustível e cartão
combustível, não se deve proibir o oferecimento de proposta de preço com taxa de administração zero ou
negativa. Entretanto, em cada caso, deve ser avaliado se a proposta com taxa de administração negativa ou
de valor zero é exequível, a partir de critérios previamente fixados no edital.

TCU, Acórdão 1244/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Lici-
tação. Proposta. Preço. Exequibilidade. Comprovação.
Antes de ter sua proposta desclassificada por inexequibilidade, ao licitante deve ser franqueada oportunidade
de defendê-la e demonstrar sua capacidade de bem executar os serviços, nos termos e condições exigidos
pelo instrumento convocatório.

TCU, Acórdão 4696/2018 Segunda Câmara (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Aroldo Cedraz).
Responsabilidade. Licitação. Comissão de licitação. Superfaturamento. Orçamento estimativo. Sobre-
preço.

18
Membros de comissão de licitação não devem ser responsabilizados por sobrepreço ou superfaturamento
decorrente de orçamento estimativo com preços acima de mercado, salvo se houver prova de que tenham
participado da elaboração do orçamento.

TCU, Acórdão 1455/2018 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Benjamin Zymler). Res-
ponsabilidade. Licitação. Orçamento estimativo. Solidariedade. Preço de mercado. Superfaturamento. Li-
citante.
Os licitantes, sob risco de responderem por superfaturamento em solidariedade com os agentes públicos,
têm a obrigação de oferecer preços que reflitam os paradigmas de mercado, ainda que os valores fixados pela
Administração no orçamento-base do certame se situem além daquele patamar.

TCU, Acórdão 1548/2018 Plenário (Denúncia, Relator Ministro Augusto Nardes). Licitação. Orçamento es-
timativo. Elaboração. Referência. Pesquisa. Preço.
A pesquisa de preços para elaboração do orçamento estimativo da licitação não deve se restringir a cotações
realizadas junto a potenciais fornecedores, devendo ser utilizadas outras fontes como parâmetro, a exemplo
de contratações públicas similares, sistemas referenciais de preços disponíveis, pesquisas na internet em
sítios especializados e contratos anteriores do próprio órgão.

TCU, Acórdão 1973/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira). Licita-
ção. Competitividade. Restrição. Especificação técnica. Justificativa.
Especificações com potencial de restringir o caráter competitivo da licitação devem ser adequadamente fun-
damentadas, com base em estudos técnicos que indiquem a sua essencialidade para atender as necessidades
do órgão ou da entidade contratante.

TCU, Acórdão 214/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Aroldo Cedraz). Licitação. Projeto bá-
sico. Planejamento. Equipamentos. Especificação técnica. Preço. Cotação. Marca. Modelo.
Em licitações para aquisição de equipamentos, havendo no mercado diversos modelos que atendam às ne-
cessidades da Administração, deve o órgão licitante identificar um conjunto representativo desses modelos
antes de elaborar as especificações técnicas e a cotação de preços, de modo a evitar o direcionamento do
certame para marca ou modelo específicos e a caracterizar a realização de ampla pesquisa de mercado.

TCU, Acórdão 2847/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. Partici-
pação. Restrição. Entidade sem fins lucrativos. Associação civil.
A participação de associações civis sem fins lucrativos em licitações somente é admitida quando o objeto da
avença estiver em conformidade com os objetivos estatutários específicos da entidade.

TCU, Acórdão 2265/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Qualifica-
ção econômico-financeira. Exigência. Habilitação de licitante. Recuperação judicial. Certidão. Diligência.
A certidão negativa de recuperação judicial é exigível por força do art. 31, inciso II, da Lei 8.666/1993, porém
a apresentação de certidão positiva não implica a imediata inabilitação da licitante, cabendo ao pregoeiro ou
19
à comissão de licitação diligenciar no sentido de aferir se a empresa já teve seu plano de recuperação conce-
dido ou homologado judicialmente (Lei 11.101/2005).

TCU, Acórdão 1201/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Vital do Rêgo). Licitação. Qualificação
econômico-financeira. Exigência. Habilitação de licitante. Recuperação judicial.
Admite-se a participação, em licitações, de empresas em recuperação judicial, desde que amparadas em
certidão emitida pela instância judicial competente afirmando que a interessada está apta econômica e fi-
nanceiramente a participar de procedimento licitatório.

TCU, Acórdão 1321/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Qualifica-
ção econômico-financeira. Exigência. Patrimônio líquido. Limite mínimo. Justificativa.
A fixação, para fins de habilitação, de percentual de patrimônio líquido mínimo em relação ao valor estimado
da contratação (art. 31, §§ 2º e 3º, da Lei 8.666/1993) deve ser justificada nos autos do processo licitatório,
realizando-se estudo de mercado com vistas a verificar o seu potencial restritivo, sob pena de violação ao
art. 3º, § 1º, inciso I, do Estatuto de Licitações.

TCU, Acórdão 1101/2020 Plenário(Auditoria, Relator Ministro Vital do Rêgo). Licitação. Qualificação eco-
nômico-financeira. Exigência. Habilitação de licitante. Capital social. Capital social integralizado. Limite mí-
nimo.
É ilegal a exigência, como condição de habilitação em licitação, de capital social integralizado mínimo. Tal
exigência extrapola o comando contido no art. 31, §§ 2º e 3º, da Lei 8.666/1993, que prevê tão somente a
comprovação de capital social mínimo como alternativa para a qualificação econômico-financeira dos licitan-
tes.

TCU, Acórdão 2185/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. Habili-
tação de licitante. Exigência. Regularidade fiscal.
O art. 29 da Lei 8.666/1993 não exige prova da regularidade fiscal perante a fazenda municipal quando a
licitação é realizada por órgão federal e com recursos da União.

TCU, Acórdão 2032/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licita-


ção. Qualificação técnica. Exigência. Capacidade técnico-profissional. Quantidade. Limite mínimo.
É legal, para a comprovação da capacidade técnico-profissional de licitante, a exigência de quantitativos mí-
nimos, executados em experiência anterior, compatíveis com o objeto que se pretende contratar, cabendo
à Administração demonstrar que tal exigência é indispensável à garantia do cumprimento da obrigação a ser
contratada.

TCU, Acórdão 1101/2020 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Vital do Rêgo). Licitação. Qualificação téc-
nica. Atestado de capacidade técnica. Limite máximo. Soma. Justificativa.

20
É irregular, quando não tecnicamente justificada, a limitação do número de atestados para fins de compro-
vação dos quantitativos mínimos exigidos para demonstrar a capacidade técnico-operacional da empresa na
execução dos serviços de maior complexidade e relevância do objeto licitado (Súmula TCU 263).

TCU, Acórdão 1498/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. Edital
de licitação. Vedação. Combustível. Terceiro. Alvará.
Nos editais de licitação e nas minutas do contrato, não devem constar obrigações alheias à relação jurídica
entre o órgão contratante e a futura contratada, a exemplo da exigência, para a prestação de serviços de
gerenciamento, controle e fornecimento de combustível, de alvarás dos postos da rede credenciada.

TCU, Acórdão 3018/2020 Plenário (Auditoria, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman). Licitação.
Qualificação técnica. Exigência. Carta de solidariedade. Exceção.
A exigência de carta de solidariedade do fabricante, ainda que para fins de assinatura do contrato, por con-
figurar restrição à competitividade, somente é admitida em casos excepcionais, quando for necessária à
execução do objeto contratual, situação que deve ser adequadamente justificada nos autos do processo
licitatório.

TCU, Acórdão 914/2019 Plenário (Representação, Relator Ministra Ana Arraes). Licitação. Qualificação téc-
nica. Atestado de capacidade técnica. Quantidade. Prazo. Referência.
É obrigatório o estabelecimento de parâmetros objetivos para análise da comprovação (atestados de capa-
cidade técnico-operacional) de que a licitante já tenha fornecido bens pertinentes e compatíveis em carac-
terísticas, quantidades e prazos com o objeto da licitação (art. 30, inciso II, da Lei 8.666/1993).

TCU, Acórdão 2326/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Qualifi-
cação econômico-financeira. Exigência. Habilitação de licitante. Capital social. Capital social integralizado.
Limite mínimo.
É ilegal a exigência, como condição de habilitação em licitação, de capital social integralizado mínimo. Tal
exigência extrapola o comando contido no art. 31, §§ 2º e 3º, da Lei 8.666/1993, que prevê tão somente a
comprovação de capital mínimo como alternativa para a qualificação econômico-financeira dos licitantes.

TCU, Acórdão 3699/2019 Segunda Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Augusto Nardes). Licita-
ção. Consórcio. Habilitação de licitante. Cartório.
Não deve ser exigido, na licitação, registro em cartório do compromisso de constituição de consórcio, uma
vez que tal exigência não consta no rol dos instrumentos sujeitos obrigatoriamente ao registro de títulos e
documentos para surtir efeitos perante terceiros (art. 129 da Lei 6.015/1973) e o Estatuto das Licitações
somente o exige para fim de celebração do contrato (art. 33, inciso I e § 2º, da Lei 8.666/1993).

TCU, Acórdão 914/2019 Plenário (Representação, Relator Ministra Ana Arraes). Licitação. Qualificação téc-
nica. Atestado de capacidade técnica. Quantidade. Prazo. Referência.

21
É obrigatório o estabelecimento de parâmetros objetivos para análise da comprovação (atestados de capa-
cidade técnico-operacional) de que a licitante já tenha fornecido bens pertinentes e compatíveis em carac-
terísticas, quantidades e prazos com o objeto da licitação (art. 30, inciso II, da Lei 8.666/1993).

TCU, Acórdão 825/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman). Licita-
ção. Qualificação técnica. Atestado de capacidade técnica. Quantidade. Limite mínimo.
É irregular a exigência de número mínimo de atestados de capacidade técnica para fins de habilitação, a não
ser que a especificidade do objeto a recomende, situação em que os motivos de fato e de direito deverão
estar explicitados no processo licitatório.

TCU, Acórdão 628/2019 Plenário (Representação, Relator Ministra Ana Arraes). Licitação. Habilitação de
licitante. Exigência. Regularidade trabalhista. Sócio. Certidão negativa.
É ilegal a exigência, para fim de habilitação, da apresentação de Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas
(CNDT) em nome do sócio majoritário da empresa licitante, por não estar prevista no art. 29 da Lei
8.666/1993.

TCU, Acórdão 2098/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Habilitação
de licitante. Vistoria. Declaração. Responsável técnico.
A vistoria ao local da prestação dos serviços somente deve ser exigida quando imprescindível, devendo,
mesmo nesses casos, o edital prever a possibilidade de substituição do atestado de visita técnica por decla-
ração do responsável técnico da licitante de que possui pleno conhecimento do objeto, das condições e das
peculiaridades inerentes à natureza dos trabalhos.

TCU, Acórdão 170/2018 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Habilitação de
licitante. Vistoria. Declaração. Substituição. Justificativa.
A vistoria ao local das obras somente deve ser exigida quando imprescindível para a perfeita compreensão
do objeto e com a necessária justificativa da Administração nos autos do processo licitatório, podendo ser
substituída pela apresentação de declaração de preposto da licitante de que possui pleno conhecimento do
objeto. A visita deve ser compreendida como direito subjetivo da empresa licitante, não como obrigação
imposta pela Administração.

TCU, Acórdão 447/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro José Múcio Monteiro). Licitação. Qua-
lificação econômico-financeira. Garantia da proposta. Antecipação. Ilegalidade.
É ilegal a exigência de recolhimento da garantia de participação dos licitantes em data anterior à apresentação
das propostas, pois contraria os arts. 31, inciso III, e 43, inciso I, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 710/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Aroldo Cedraz). Licitação. Qualificação
econômico-financeira. Garantia da proposta. Capital social. Simultaneidade. Vedação.

22
Para fim de qualificação econômico-financeira, é vedada a exigência cumulativa de capital social mínimo e
garantia de proposta, prevista no art. 31, inciso III, da Lei 8.666/1993(garantia de participação).

TCU, Acórdão 891/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro José Múcio Monteiro). Licitação. Habi-
litação de licitante. Exigência. Obrigatoriedade. Documentação. Qualificação técnica. Qualificação econô-
mico-financeira.
A exigência de documentos que comprovem a qualificação técnica e a capacidade econômico-financeira das
licitantes, desde que compatíveis com o objeto a ser licitado, não é apenas uma faculdade, mas um dever da
Administração, devendo ser essa exigência a mínima capaz de assegurar que a empresa contratada estará
apta a fornecer os bens ou serviços pactuados.

TCU, Acórdão 594/2020 Plenário (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Vital do Rêgo). Licitação.
Comissão de licitação. Princípio da segregação de funções. Orçamento estimativo. Avaliação. Competên-
cia.
Não cabe à comissão de licitação avaliar o conteúdo da pesquisa de preços realizada pelo setor competente
do órgão, pois são de sua responsabilidade, em regra, apenas os atos relacionados à condução do procedi-
mento licitatório.

TCU, Acórdão 2656/2019 Plenário (Representação, Relator Ministra Ana Arraes). Licitação. Ato adminis-
trativo. Revogação. Anulação. Princípio da ampla defesa. Princípio do contraditório. Adjudicação.
Somente é exigível a observância das disposições do art. 49, § 3º, da Lei 8.666/1993 (contraditório e ampla
defesa) quando o procedimento licitatório, por ter sido concluído com a adjudicação do objeto, gera direitos
subjetivos ao licitante vencedor, ou em casos de revogação ou de anulação em que o licitante seja apontado,
de modo direto ou indireto, como o causador do desfazimento do certame.

TCU, Acórdão 1368/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Licitação.
Proposta. Desclassificação. Prazo. Reabertura. Preço global. Preço máximo. Inexequibilidade. Entendi-
mento.
A reabertura de prazo para apresentação de novas propostas, com fulcro no art. 48, § 3º, da Lei 8.666/1993,
permite a ampla reformulação das propostas anteriores, observados os ajustes necessários a afastar as causas
ensejadoras da desclassificação, cujo resultado não poderá ultrapassar o valor global máximo da proposta
anterior de cada licitante, com exceção dos casos em que a desclassificação tenha ocorrido por
inexequibilidade.

TCU, Acórdão 120/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Serviços con-
tínuos. Serviço de manutenção e reparos. Veículo. Justificativa. Intermediação.
A adoção do modelo de quarteirização do serviço de manutenção da frota, por se encontrar no âmbito de
discricionariedade do gestor, exige justificativa específica, elaborada com base em estudos técnicos, os quais
demonstrem aspectos como a adequação, a eficiência e a economicidade de utilização do modelo, tudo
devidamente registrado no documento de planejamento da contratação.

23
TCU, Acórdão 1534/2020 Plenário(Agravo, Relator Ministro-Substituto André de Carvalho). Licitação. Sis-
tema S. Pregão. Regulamento. Pregão eletrônico. Serviços comuns de engenharia. Facilities.
Os regulamentos de licitações e contratos das entidades do Sistema S devem prever o uso obrigatório do
pregão eletrônico para a contratação de serviços comuns de engenharia, a exemplo da contratação conjunta
de serviços de conservação e manutenção de infraestrutura predial (facilities).

TCU, Acórdão 674/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Licitação.
Pregão. Proposta. Inexequibilidade. Desclassificação. Requisito.
O juízo do pregoeiro acerca da aceitabilidade da proposta deve ser feito APÓS a etapa competitiva do cer-
tame (fase de lances), devendo o licitante ser convocado para comprovar a exequibilidade da sua proposta
antes de eventual desclassificação. Apenas em situações extremas, quando os lances ofertados configurarem
preços simbólicos, irrisórios ou de valor zero, gerando presunção absoluta de inexequibilidade, admite-se a
exclusão de lance durante a etapa competitiva do pregão.

TCU, Acórdão 1278/2020 Primeira Câmara(Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues).
Licitação. Pregão. Princípio da segregação de funções. Princípio da moralidade. Pregoeiro. Equipe de apoio.
A participação de servidor na fase interna do pregão eletrônico (como integrante da equipe de planejamento)
e na condução da licitação (como pregoeiro ou membro da equipe de apoio) viola os princípios da moralidade
e da segregação de funções.

TCU, Acórdão 534/2020 Primeira Câmara (Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Li-
citação. Pregão. Negociação. Obrigatoriedade.
Na modalidade pregão, a negociação com o licitante vencedor visando obter melhor proposta para a Admi-
nistração deve ser realizada mesmo se o valor ofertado for inferior àquele orçado pelo órgão ou entidade
promotora do certame.

TCU, Acórdão 2801/2019 Plenário (Denúncia, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licitação.
Pregão. Obrigatoriedade. Consultoria. Exceção. Justificativa.
Os serviços de consultoria devem ser contratados mediante pregão, ressalvadas situações excepcionais, de-
vidamente justificadas, em que tais serviços não se caracterizem como comuns.

TCU, Acórdão 1372/2019 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licita-
ção. Pregão. Pregoeiro. Preço de mercado. Avaliação. Competência.
Não cabe ao pregoeiro avaliar o conteúdo da pesquisa de preços realizada pelo setor competente do órgão,
pois são de sua responsabilidade, em regra, apenas os atos relacionados à condução do procedimento licita-
tório.

TCU, Acórdão 713/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Pregão. Obras
e serviços de engenharia. Consultoria de engenharia.

24
São considerados serviços comuns, tornando obrigatória a utilização do pregão, preferencialmente em sua
forma eletrônica, os serviços de engenharia consultiva com padrões de desempenho e qualidade que possam
ser objetivamente definidos no edital de licitação, por meio de especificações usuais no mercado (art. 1º da
Lei 10.520/2002 c/c art. 4º do Decreto 5.450/2005).

TCU, Acórdão 2276/2019 Primeira Câmara (Prestação de Contas, Relator Ministro-Substituto Augusto
Sherman). Licitação. Sistema S. Pregão. Pregão eletrônico. Pregão presencial. Justificativa.
É recomendável que as entidades do Sistema S adotem, sempre que possível, a forma eletrônica do pregão.
A adoção da forma presencial deve ser justificada, pois pode caracterizar ato de gestão antieconômico.

TCU, Acórdão 505/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Augusto Nardes). Licitação. Pregão.
Obras e serviços de engenharia. Serviços comuns de engenharia. Obrigatoriedade. Pregão eletrônico.
Na aquisição de serviços comuns de engenharia, a Administração deve utilizar obrigatoriamente a
modalidade pregão, preferencialmente em sua forma eletrônica, devendo justificar a inviabilidade dessa
forma caso adote o pregão presencial.

TCU, Acórdão 602/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Vital do Rêgo). Licitação. Pregão. Inten-
ção de recurso. Admissibilidade. Mérito. Antecipação.
No pregão, eletrônico ou presencial, o juízo de admissibilidade das intenções de recurso deve avaliar tão
somente a presença dos pressupostos recursais (sucumbência, tempestividade, legitimidade, interesse e
motivação), sem adentrar, antecipadamente, no mérito da questão.

TCU, Acórdão 1333/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Registro
de preços. Vedação. Normalização.
É indevida a utilização do sistema de registro de preços para contratação de serviço que não seja padronizável
e replicável, por ser incompatível com o art. 3º, inciso III, do Decreto 7.892/2013.

TCU, Acórdão 224/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Vital do Rêgo). Licitação. Registro de
preços. Adesão à ata de registro de preços. Princípio da motivação.
A possibilidade de adesão a ata de registro de preços por órgãos ou entidades não participantes (“caronas”)
deve estar devidamente justificada no processo licitatório.

TCU, Acórdão 2537/2020 Plenário (Pedido de Reexame, Relator Ministro Benjamin Zymler). Responsabili-
dade. Licitação. Registro de preços. Ata de registro de preços. Declaração de inidoneidade. Contratação.
Vedação.
É irregular a utilização de ata de registro de preços para contratação de empresa que foi, por decisão transi-
tada em julgado, declarada inidônea pelo TCU (art. 46 da Lei 8.443/1992) durante a vigência da referida ata,
pois a contratada deixou de atender aos requisitos do art. 55, inciso XIII, da Lei 8.666/1993. A penalidade
acarreta o cancelamento do registro do fornecedor inidôneo.

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TCU, Acórdão 1238/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Lici-
tação. Registro de preços. Obras e serviços de engenharia. Obra pública. Vedação.
O sistema de registro de preços não é aplicável à contratação de obras, pelo fato de não haver demanda por
itens isolados, uma vez que os serviços não podem ser dissociados uns dos outros.

TCU, Acórdão 1381/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Licitação.
Registro de preços. Obras e serviços de engenharia. Serviço de manutenção e reparos.
É cabível o registro de preços para a contratação de serviços de engenharia em que a demanda pelo objeto é
repetida e rotineira, a exemplo dos serviços de manutenção e conservação de instalações prediais, não
podendo ser utilizado para a execução de obras.

TCU, Acórdão 1357/2018. Licitação. Qualificação técnica. Conselho de fiscalização profissional. CREA. Anui-
dade. Quitação.
É ilegal a exigência de quitação de anuidades do Crea para fins de habilitação, pois o art. 30, inciso I, da Lei
8.666/1993 exige apenas o registro na entidade.

TCU, Acórdão 2021/2020 Plenário(Auditoria, Relator Ministra Ana Arraes). Licitação. Obras e serviços de
engenharia. Empreitada integral. Subcontratação. Relevância. Atestado de capacidade técnica.
Em contratação sob o regime de empreitada integral, admite-se a previsão de subcontratação de parte rele-
vante do objeto licitado quando, de antemão, a Administração sabe que existem poucas empresas no mer-
cado aptas à sua execução, devendo, em tais situações, se exigir a comprovação de capacidade técnica, rela-
tivamente a essa parte do objeto, apenas da empresa que vier a ser subcontratada.

5. Contratação Direta

É constitucional o art. 2º da Lei nº 5.615/70, com redação dada pela Lei nº 12.249/2010, que dispensa a
licitação a fim de permitir a contratação direta do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), pela
União, para prestação de serviços de tecnologia da informação considerados estratégicos, assim especifica-
dos em atos de ministro de Estado, no âmbito do respectivo ministério.
Há evidente interesse público a justificar que serviços de tecnologia da informação a órgãos como a Secreta-
ria do Tesouro Nacional e a Secretaria da Receita Federal, integrantes da estrutura do Ministério da Econo-
mia, sejam prestados com exclusividade por empresa pública federal criada para esse fim, como é o caso do
Serpro.
STF. Plenário. ADI 4829/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 20/3/2021 (Info 1010).

Correios podem ser contratados sem licitação, com fundamento no art. 24, VIII, da Lei 8.666/93, para a
prestação de serviços de logística.
MS 34939 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 19/03/2019, PROCESSO ELE-
TRÔNICO DJe-069 DIVULG 04-04-2019 PUBLIC 05-04-2019

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ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ECT. FRANQUIAS POSTAIS. LEI
11.668/2008. NECESSIDADE DE LICITAÇÃO. ENCERRAMENTO DE CONTRATOS VIGENTES ANTES DAS NOVAS
CONTRATAÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. DECRETO 6.639/2008. EXTRAPOLAÇÃO DO PODER REGULAMENTAR.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
1. Discute-se a possibilidade de manutenção dos contratos de franquia dos Correios em vigor, ainda que
firmados sem prévia licitação, até que sejam formalizados os contratos precedidos de regular procedimento
licitatório.
2. Cotejando as normas que regem a matéria, verifica-se que o Decreto 6.639/2008, ao prever a extinção
automática dos contratos firmados com agências franqueadas após o prazo fixado no parágrafo único do art.
7º da Lei n. 11.668/2008, extrapolou o disposto nesta legislação, que se limitou a fixar prazo para o encerra-
mento da licitação das novas agências, tendo assentado, expressamente, a validade dos contratos antigos
até a entrada em vigor dos novos.
2. Sendo assim, é de se reconhecer o direito das agências franqueadas de continuarem em atividade até que
os novos contratos, devidamente licitados, sejam firmados. Nesse sentido, já se manifestou a Segunda Turma
desta Corte, no bojo do AgRg no REsp 1.393.593/SC, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 14/8/2015.
3. Agravo conhecido para negar provimento ao recurso especial.
AREsp 613.239/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/11/2017, DJe
16/11/2017

O estabelecimento de critérios de classificação para a escolha de licitantes em credenciamento é ilegal.


O credenciamento é hipótese de inexigibilidade de licitação não prevista no rol exemplificativo do art. 25 da
Lei n. 8.666/1993, amplamente reconhecida pela doutrina especializada e pela jurisprudência do Tribunal de
Contas da União. Segundo a doutrina, o sistema de credenciamento, como forma de inexigibilidade de licita-
ção, torna inviável a competição entre os credenciados, que não disputam preços, posto que, após selecio-
nados, a Administração pública se compromete a contratar todos os que atendam aos requisitos de pré-
qualificação. Segundo o TCU, para a utilização do credenciamento devem ser observados requisitos como: i)
contratação de todos os que tiverem interesse e que satisfaçam as condições fixadas pela Administração,
não havendo relação de exclusão; ii) garantia de igualdade de condições entre todos os interessados hábeis
a contratar com a Administração, pelo preço por ela definido; iii) demonstração inequívoca de que as neces-
sidades da Administração somente poderão ser atendidas dessa forma. Com efeito, sendo o credenciamento
modalidade de licitação inexigível em que há inviabilidade de competição, ao mesmo tempo em que se ad-
mite a possibilidade de contratação de todos os interessados em oferecer o mesmo tipo de serviço à Admi-
nistração Pública, os critérios de pontuação exigidos em edital para desclassificar a contratação de empresa
já habilitada mostra-se contrário ao entendimento doutrinário e jurisprudencial esposado. (Informativo 662)

TCU, Acórdão 4051/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Augusto Nardes) Licitação. Dispensa
de licitação. Emergência. Requisito. Comprovação. Qualificação técnica.
A contratação emergencial de empresa que não comprovou previamente capacidade técnica para a execução
do objeto do contrato contraria o disposto no art. 26, parágrafo único, inciso II, da Lei 8.666/1993.

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TCU, Acórdão 2761/2020 Plenário. Contratação direta. Escritório de Advocacia.
A contratação direta de escritório de advocacia por empresa estatal encontra amparo no art. 30, inciso II,
alínea “e”, da Lei 13.303/2016, desde que presentes os requisitos concernentes à especialidade e à singula-
ridade do serviço, aliados à notória especialização do contratado.

TCU, Acórdão 436/2020 Plenário(Denúncia, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. Inexigibilidade
de licitação. Credenciamento. Chamamento público. Princípio da isonomia.
O credenciamento, entendido como espécie de inexigibilidade de licitação, é ato administrativo de chama-
mento público de prestadores de serviços que satisfaçam determinados requisitos, constituindo etapa prévia
à contratação, devendo-se oferecer a todos igual oportunidade de se credenciar.

TCU, Acórdão 2186/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Lici-
tação. Contratação direta. Justificativa. Proposta de preço. Quantidade. Dispensa de licitação.
No caso de dispensa de licitação, a legislação não impõe regras objetivas quanto à quantidade de empresas
chamadas a apresentarem propostas e à forma de seleção da contratada, mas determina que essa escolha
seja justificada (art. 26, parágrafo único, da Lei 8.666/1993).

TCU, Acórdão 1473/2019 Plenário (Agravo, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. Dispensa de
licitação. Prisão. Serviços contínuos.
É ilegal a contratação de serviços de prestação continuada com base na hipótese de dispensa de licitação
prevista no art. 24, inciso XXXV, da Lei 8.666/1993, pois tais serviços não constituem aprimoramento
intrínseco das instituições penais.

TCU, Acórdão 1710/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Lici-
tação. Inexigibilidade de licitação. Fornecedor exclusivo. Comprovação. Representante comercial. Fabri-
cante. Exclusividade.
Na contratação por inexigibilidade de licitação com fulcro no art. 25, inciso I, da Lei 8.666/1993, é obrigatória
a demonstração de que o objeto somente pode ser fornecido por produtor, empresa ou representante
comercial exclusivo.

TCU, Acórdão 2280/2019 Primeira Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Benjamin Zymler). Lici-
tação. Contratação direta. Justificativa. Preço. Cotação. Inexigibilidade de licitação.
A realização de cotação de preços junto a potenciais prestadores dos serviços demandados, a fim de justificar
que os preços contratados estão compatíveis com os praticados no mercado, afasta a hipótese de
inexigibilidade de licitação, por restar caracterizada a viabilidade de competição.

TCU, Acórdão 1130/2019 Primeira Câmara (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Dis-
pensa de licitação. Emergência. Requisito. Preço. Justificativa.
Nas contratações diretas fundadas em emergência (art. 24, inciso IV, da Lei 8.666/1993), cabe ao gestor
demonstrar a impossibilidade de esperar o tempo necessário à realização de procedimento licitatório, em
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face de risco de prejuízo ou comprometimento da segurança de pessoas e de bens públicos ou particulares,
além de justificar a escolha do fornecedor e o preço pactuado.

TCU, Acórdão 2993/2018 Plenário (Denúncia, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Contratação di-
reta. Justificativa. Preço. Inexigibilidade de licitação.
A justificativa de preço em contratação decorrente de inexigibilidade de licitação (art. 26, parágrafo único,
inciso III, da Lei 8.666/1993) pode ser feita mediante a comparação do valor ofertado com aqueles praticados
pelo contratado junto a outros entes públicos ou privados, em avenças envolvendo o mesmo objeto ou objeto
similar.

TCU, Acórdão 1191/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Inexigibi-
lidade de licitação. Credenciamento. Folha de pagamento. Instituição financeira.
É possível a utilização do credenciamento para a contratação de instituições financeiras visando à prestação
do serviço de pagamento da remuneração de servidores públicos, desde que demonstrado que a adoção
desse modelo é mais vantajosa para a Administração Pública.

TCU, Acórdão 784/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licita-
ção. Inexigibilidade de licitação. Credenciamento. SUS. Entidade de direito privado.
É possível a utilização de credenciamento –hipótese de inviabilidade de competição não relacionada
expressamente no art. 25 da Lei 8.666/1993– para contratar prestação de serviços privados de saúde no
âmbito do SUS, que tem como peculiaridades preço pré-fixado, diversidade de procedimentos e demanda
superior à capacidade de oferta pelo Poder Público, quando há o interesse da Administração em contratar
todos os prestadores de serviços que atendam aos requisitos do edital de chamamento.

TCU, Acórdão 1443/2018 Plenário (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licita-
ção. Dispensa de licitação. Remanescente de contrato. Preço global. Preço unitário.
A contratação direta de remanescente de obra, serviço ou fornecimento decorrente de rescisão contratual
(art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993) requer a manutenção das condições oferecidas pelo licitante vencedor,
inclusive quanto aos preços unitários, devidamente corrigidos, e não apenas a adoção do mesmo preço global.

6. Contratos Administrativos

O Código de Defesa do Consumidor é inaplicável ao contrato de fiança bancária acessório a contrato admi-
nistrativo.
No caso em análise, a controvérsia diz respeito a um contrato de fiança bancária, acessório a um contrato
administrativo, tendo como beneficiário da fiança um ente da administração pública. Esse contrato adminis-
trativo não está sujeito ao Código de Defesa do Consumidor, uma vez que a lei já assegura às entidades da
Administração Pública inúmeras prerrogativas nas relações contratais com seus fornecedores, não havendo
necessidade de aplicação da legislação consumerista.
Deveras, a fiança bancária, quando contratada no âmbito de um contrato administrativo, também sofre in-
cidência do regime publicístico, uma vez que a contratação dessa garantia não decorre da liberdade de
29
contratar, mas da posição de supremacia que a lei confere à Administração Pública nos contratos adminis-
trativos. Pode-se concluir, portanto, que a fiança bancária acessória a um contrato administrativo também
não encerra uma relação de consumo, o que impossibilita a aplicação da Súmula n. 297/STJ.
Informativo n. 649

TCU, Acórdão 9277/2021 Segunda Câmara (Representação, Relator Ministro Aroldo Cedraz) Contrato Ad-
ministrativo. Formalização do contrato. Obrigatoriedade. Nota de empenho de despesa. Garantia. Forne-
cimento. Bens.
A formalização de contratação de fornecimento de bens para entrega imediata e integral (art. 62, § 4º, da Lei
8.666/1993) não pode ser realizada por meio de nota de empenho quando forem necessários serviços de
garantia e de suporte técnico, que caracterizam obrigação futura para a contratada

TCU, Acórdão 1678/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro) Contrato Admi-
nistrativo. Execução de contrato. Regularidade fiscal. Comprovação. Momento. Filial. Subcontratação.
Não é irregular a previsão, no edital, de que a comprovação da regularidade fiscal de filiais ou de subcontra-
tadas seja ônus da empresa contratada, no decurso da execução contratual, e não exigida da licitante na fase
de habilitação.

TCU, Acórdão 1427/2021 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Bruno Dantas) Responsa-
bilidade. Contrato administrativo. Superfaturamento. Solidariedade. Proposta de preço. Orçamento esti-
mativo.
As empresas que oferecem propostas com valores acima dos praticados pelo mercado, tirando proveito de
orçamentos superestimados elaborados pelos órgãos públicos contratantes, contribuem para o superfatura-
mento dos serviços, sujeitando-se à responsabilização solidária pelo dano evidenciado.

TCU, Acórdão 1361/2021 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Benjamin Zymler) Con-
trato Administrativo. Obras e serviços de engenharia. Superfaturamento. Referência. Fornecedor. Nota
fiscal.
Para apuração de superfaturamento em contratos de obras públicas, admite-se a utilização de valores obti-
dos em notas fiscais de fornecedores das contratadas como parâmetro de mercado (acrescidos do BDI),
quando não existirem preços registrados nos sistemas referenciais.

TCU, Acórdão 1377/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Jorge Oliveira) Contrato Administra-
tivo. Superfaturamento. Metodologia. Preço global. Preço unitário. Subpreço. Sobrepreço. Compensação.
Não é possível imputar débito com base em sobrepreço de itens isolados da planilha contratual. A aferição
quanto à adequabilidade do preço contratado deve perpassar por uma avaliação mais abrangente da avença,
permitindo-se, em geral, compensações de itens com sobrepreço e itens com subpreço. Ao final, se os preços
globais contratados estiverem aderentes às práticas de mercado, deve-se sopesar se as distorções pontuais
identificadas representam risco para a Administração (potencial jogo de planilha, por exemplo), e se adotar
medidas para mitigá-las.

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TCU, Acórdão 66/2021 Plenário (Consulta, Relator Ministro Augusto Nardes) Contrato Administrativo. Adi-
tivo. Limite. Orçamento. Restrição. Supressão. Acréscimo. Compensação. Consulta.
O restabelecimento total ou parcial de quantitativo de item anteriormente suprimido por aditivo contratual
amparado no art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993, em razão de restrições orçamentárias, desde que
observadas as mesmas condições e preços iniciais pactuados, não configura a compensação vedada pela
jurisprudência do TCU, consubstanciada nos acórdãos 1.536/2016-Plenário e 2.554/2017-Plenário, visto que
o objeto licitado fica inalterado, sendo possível, portanto, além do restabelecimento, novos acréscimos sobre
o valor original do contrato, observados os limites estabelecidos no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 4040/2020 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Walton Alencar Rodri-
gues). Contrato Administrativo. Superfaturamento. Compensação financeira. Dano ao erário.
Constatado superfaturamento, é legítima a compensação de débitos e créditos existentes entre a Adminis-
tração Pública e a empresa contratada, diante de indiscutível existência de dívidas recíprocas e das dificulda-
des inerentes ao processo de reparação de dano ao erário, com fundamento no art. 54 da Lei 8.666/1993,
que prevê a aplicação supletiva de normas do direito privado aos contratos administrativos, como é o caso
do instituto da compensação, constante do art. 368 da Lei 10.406/2002 (Código Civil).

TCU, Acórdão 715/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Contrato Adminis-
trativo. Sanção administrativa. Inadimplência. Multa. Limite máximo.
É lícita a fixação de multa no valor de 20% sobre a parcela inadimplida do contrato. O limite de 10% para a
cláusula penal previsto no art. 9º do Decreto 22.626/1933 (Lei da Usura) não é aplicável aos contratos admi-
nistrativos, e sim o estabelecido no art. 412 do Código Civil – aplicado supletivamente às contratações públi-
cas por força do art. 54, caput, da Lei 8.666/1993 –, segundo o qual o limite para a estipulação da penalidade
é o valor da obrigação principal.

TCU, Acórdão 781/2021 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Contrato Admi-
nistrativo. Aditivo. Limite. Vedação. Compensação. Acréscimo. Supressão.
As reduções ou supressões de quantitativos decorrentes de alteração contratual devem ser consideradas de
forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados
sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum
tipo de compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 781/2021 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Contrato Admi-
nistrativo. Aditivo. Limite. Extrapolação. Exceção. Requisito. Alteração por acordo. Aditivo qualitativo.
A extrapolação excepcionalíssima dos limites estabelecidos no art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993 para
alterações consensuais qualitativas de contratos de obras e serviços somente é possível se satisfeitas cumu-
lativamente as seguintes exigências estabelecidas na Decisão 215/1999-Plenário: a) não acarretar para a Ad-
ministração encargos contratuais superiores àqueles oriundos de uma eventual rescisão contratual por ra-
zões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de um novo procedimento licitatório; b) não
possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e econômico-financeira do con-
tratado; c) decorrer de fatos supervenientes que impliquem dificuldades não previstas ou imprevisíveis por
31
ocasião da contratação inicial; d) não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em ou-
tro de natureza e propósito diversos; e) ser necessária para a completa execução do objeto original do con-
trato, para a otimização do cronograma de execução e para a antecipação dos benefícios sociais e econômi-
cos decorrentes; f) restar demonstrado, na motivação do ato de alteração do contrato, que as consequências
da rescisão contratual, seguida de nova licitação e contratação, importariam sacrifício insuportável ao inte-
resse público a ser atendido pela obra ou serviço, inclusive quanto à sua urgência e emergência.

TCU, Acórdão 2619/2019 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Benjamin Zymler). Con-
trato Administrativo. Aditivo. Requisito. Justificativa. Parecer. Superveniência.
As modificações do projeto licitado devem ser precedidas de procedimento administrativo no qual fique
adequadamente consignada a justificativa das alterações tidas por necessárias, que devem estar embasadas
em pareceres e estudos técnicos pertinentes, bem como deve restar caracterizada a natureza superveniente,
em relação ao momento da licitação, dos fatos ensejadores das alterações.

TCU, Acórdão 3576/2019 Primeira Câmara (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Benjamin Zymler).
Contrato Administrativo. Aditivo. Requisito. Obras e serviços de engenharia. Planilha orçamentária. Omis-
são.
É irregular alteração contratual para incluir, no instrumento pactuado, serviços já previstos no edital como
obrigação da futura contratada, mas que foram omitidos na planilha orçamentária da obra. Só se admite
alteração, quantitativa ou qualitativa, decorrente de fato superveniente à celebração do contrato, e desde
que haja interesse público no aditamento.

TCU, Acórdão 50/2019 Plenário (Auditoria, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Contrato Ad-
ministrativo. Aditivo. Limite. Acréscimo. Supressão. Compensação. Vedação.
As reduções ou supressões de quantitativos decorrentes de alteração contratual devem ser consideradas de
forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados
sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum
tipo de compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 1234/2018 Plenário (Administrativo, Relator Ministro José Múcio Monteiro). Contrato Ad-
ministrativo. Formalização do contrato. Obrigatoriedade. Compra. Valor. Modalidade de licitação. Nota de
empenho de despesa. Entendimento.
É possível a formalização de contratação de fornecimento de bens para entrega imediata e integral, da qual
não resulte obrigações futuras, por meio de nota de empenho, independentemente do valor ou da
modalidade licitatória adotada, nos termos do art. 62, § 4º, da Lei 8.666/1993 e à luz dos princípios da
eficiência e da racionalidade administrativa. Entende-se por “entrega imediata” aquela que ocorrer em até
trinta dias a partir do pedido formal de fornecimento feito pela Administração, que deve ocorrer por meio da
emissão da nota de empenho, desde que a proposta esteja válida na ocasião da solicitação.

TCU, Acórdão 1953/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Contrato Adminis-
trativo. Formalização do contrato. Conteúdo. Cláusula abusiva. Administração Pública. Parte processual.
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Nos contratos celebrados entre entidades pertencentes à Administração Pública, são inaplicáveis as cláusulas
exorbitantes, previstas nos arts. 58 e 59 da Lei 8.666/1993, porquanto se trata de avenças acordadas por
entidades detentoras de prerrogativas de Poder Público, onde há situação de igualdade entre as partes. Assim,
qualquer alteração em contratos da espécie somente pode ocorrer por acordo das partes, não havendo
espaço, ainda, para anulação ou rescisão pela via administrativa.

TCU, Acórdão 51/2018 Plenário (Monitoramento, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman). Contrato
Administrativo. Aditivo. Limite. Extrapolação. Dano ao erário.
Embora a celebração de aditivo em percentual superior a 25% do valor original do contrato seja irregularidade
grave, por infringência direta à Lei 8.666/1993, o que deveria implicar a nulidade do ato e de suas
consequências jurídicas, não há dano se o objeto do aditivo tiver sido executado adequadamente, sob pena
de enriquecimento ilícito da Administração.

TCU, Acórdão 9749/2020 Primeira Câmara (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro-Substituto Au-
gusto Sherman). Contrato Administrativo. Formalização do contrato. Contrato verbal. Vigência. Extinção.
A continuidade da execução de serviços após esgotado o prazo de vigência contratual caracteriza contratação
verbal, situação vedada pelo art. 60, parágrafo único, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 12280/2019 Segunda Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministra Ana Arraes). Contrato
Administrativo. Prorrogação. Requisito. Direito líquido e certo. Ato discricionário.
Não há direito líquido e certo à prorrogação de contrato celebrado com o Poder Público, mas sim mera
expectativa de direito, uma vez que a decisão sobre a prorrogação do ajuste se insere no âmbito da
discricionariedade da Administração Pública.

TCU, Acórdão 1464/2019 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Contrato Admi-
nistrativo. Prorrogação de contrato. Serviços contínuos. Preço. Vantagem. Pesquisa.
A demonstração da vantagem de renovação de contrato de serviços de natureza continuada deve ser
realizada mediante ampla pesquisa de preços, priorizando-se consultas a portais de compras governamentais
e a contratações similares de outros entes públicos, utilizando-se apenas subsidiariamente a pesquisa com
fornecedor.

TCU, Acórdão 2770/2018 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Vital do Rêgo). Contrato Administrativo.
Propaganda e publicidade. Patrocínio. Contrato de patrocínio. Prorrogação de contrato.
É irregular a prorrogação de contratos de patrocínio com base no art. 57, inciso II, da Lei 8.666/1993, uma
vez que não se constituem em serviço de natureza contínua.

TCU, Acórdão 10138/2017 Segunda Câmara (Representação, Relator Ministra Ana Arraes). Contrato Admi-
nistrativo. Prorrogação de contrato. Serviços contínuos. Caracterização.
O caráter contínuo de um serviço (art. 57, inciso II, da Lei 8.666/1993) é determinado por sua essencialidade
para assegurar a integridade do patrimônio público de forma rotineira e permanente ou para manter o
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funcionamento das atividades finalísticas do ente administrativo, de modo que sua interrupção possa
comprometer a prestação de um serviço público ou o cumprimento da missão institucional.

TCU, Acórdão 120/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Contrato Administra-
tivo. Prorrogação de contrato. Serviços contínuos. Preço de mercado.
A definição do preço de referência constitui etapa fundamental da prorrogação, uma vez que a manutenção
de condições vantajosas para a Administração é requisito para prorrogação de contratos de prestação de
serviços contínuos (art. 57, inciso II, da Lei 8.666/1993e art. 31, caput, da Lei 13.303/2016).

TCU, Acórdão 83/2020 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Bruno Dantas). Contrato Administrativo. Rea-
juste. Prazo. Marco temporal. Proposta. Orçamento estimativo.
O reajuste de preços contratuais é devido após transcorrido um ano, contado a partir de dois possíveis ter-
mos iniciais mutuamente excludentes: a data-limite para apresentação da proposta ou a data do orçamento
estimativo a que a proposta se referir (art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993; art. 3º, § 1º, da Lei 10.192/2001;
e art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal).

TCU, Acórdão 2265/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Contrato Adminis-
trativo. Reajuste. Prazo. Marco temporal. Proposta. Orçamento estimativo. Obras e serviços de engenha-
ria.
Embora a Administração possa adotar, discricionariamente, dois marcos iniciais distintos para efeito de rea-
justamento dos contratos de obras públicas, (i) a data limite para apresentação das propostas ou (ii) a data
do orçamento estimativo da licitação (art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993 e art. 3º, § 1º, da Lei 10.192/2001),
o segundo critério é o mais adequado, pois reduz os problemas advindos de orçamentos desatualizados em
virtude do transcurso de vários meses entre a data-base da estimativa de custos e a data de abertura das
propostas.

TCU, Acórdão 2530/2020 Plenário (Pedido de Reexame, Relator Ministro Bruno Dantas). Contrato Admi-
nistrativo. Equilíbrio econômico-financeiro. Encargos sociais. Encargos trabalhistas. Folha de pagamento.
Desoneração. Revisão contratual. Obrigatoriedade.
Independentemente do regime de execução, é necessária a revisão de contrato firmado com empresa que
tenha sido beneficiada pela desoneração da sua folha de pagamento durante a execução contratual, devendo
o órgão ou a entidade contratante atentar para os efeitos retroativos à data de início da desoneração e para
o ressarcimento dos valores pagos a maior.

TCU, Acórdão 2901/2020 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Benjamin Zymler). Con-
trato Administrativo. Equilíbrio econômico-financeiro. Preço. Preço unitário. Inexequibilidade. Termo adi-
tivo.
A constatação de inexequibilidade de preço unitário durante a execução do contrato não é motivo, por si
só, para ensejar o reequilíbrio econômico-financeiro da avença, uma vez que não se insere na álea econô-
mica extraordinária e extracontratual exigida pelo art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993. A oferta de

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preço inexequível na licitação deve onerar exclusivamente o contratado, mesmo diante de aditivo contra-
tual, em face do que prescreve o art. 65, § 1º, da mencionada lei.

TCU, Acórdão 712/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Contrato Administra-
tivo. Repactuação. Obrigatoriedade. Cessão de mão de obra. Jornada de trabalho. Feriado. Adicional no-
turno. Prorrogação. Convenção coletiva de trabalho. Acordo coletivo de trabalho. Acordo individual de
trabalho. Revisão contratual.
Os órgãos e entidades da Administração Pública devem promover revisão ou repactuação, conforme o caso,
dos contratos de serviços prestados mediante dedicação exclusiva de mão de obra com jornada em regime
de 12x36 horas, tendo em vista as alterações trazidas pelo art. 59-A do Decreto-lei 5.452/1943 (CLT), incluído
pela Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista), por não serem mais devidos o pagamento em dobro pelo trabalho
realizado em feriados e o adicional noturno nas prorrogações de trabalho noturno, salvo se previstos em
acordo, convenção coletiva ou contrato individual de trabalho.

TCU, Acórdão 7184/2018 Segunda Câmara (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Augusto Nardes).
Contrato Administrativo. Formalização do contrato. Cláusula obrigatória. Reajuste. Prazo. Reequilíbrio
econômico-financeiro.
O estabelecimento do critério de reajuste de preços, tanto no edital quanto no contrato, não constitui
discricionariedade conferida ao gestor, mas sim verdadeira imposição, ante o disposto nos arts. 40, inciso XI,
e 55, inciso III, da Lei 8.666/1993, ainda que a vigência contratual prevista não supere doze meses. Entretanto,
eventual ausência de cláusula de reajuste de preços não constitui impedimento ao reequilíbrio econômico-
financeiro do contrato, sob pena de ofensa à garantia inserta no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
bem como de enriquecimento ilícito do erário e consequente violação ao princípio da boa-fé objetiva.

TCU, Acórdão 1624/2018 Plenário (Pedido de Reexame, Relator Ministro Benjamin Zymler). Contrato Ad-
ministrativo. Aditivo. Sobrepreço. Serviço novo. Equilíbrio econômico-financeiro. Subpreço.
É vedada a compensação de eventual subpreço na planilha contratual original com sobrepreço verificado em
termo aditivo resultante da inclusão de serviço não previsto inicialmente, uma vez que isso implicaria a
alteração do equilíbrio econômico-financeiro em desfavor da Administração.

TCU, Acórdão 2274/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Contrato Admi-
nistrativo. Sanção administrativa. Inadimplência. Multa. Limite máximo.
A multa contratual decorrente da inexecução total do objeto está limitada a 10% do valor do contrato (art.
9º do Decreto 22.626/1933, revigorado pelo Decreto s/nº de 29/11/1991).

TCU, Acórdão 1757/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. Sanção
administrativa. Suspensão temporária. Ação preventiva. Encargos trabalhistas. Encargos sociais.
É irregular a desclassificação de licitante, como medida preventiva ou de prudência, em razão da existência
de penalidade de suspensão temporária prevista no art. 87, inciso III, da Lei 8.666/1993, que lhe foi aplicada
por outro órgão ou entidade da Administração Pública pelo descumprimento de obrigações trabalhistas e

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previdenciárias. Os efeitos dessa penalidade restringem-se à participação em licitações junto ao ente que
imputou a sanção.

TCU, Acórdão 2883/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Competência do
TCU. Contrato administrativo. Abrangência. Interesse privado. Sanção administrativa.
Não compete ao TCU rever penalidades aplicadas pelos seus jurisdicionados a empresas por eles contratadas.
Eventual incorreção de medida punitiva deve ser apreciada pelo Poder Judiciário, a quem cabe a tutela de
interesses privados.

TCU, Acórdão 2183/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman). Licita-
ção. Sanção administrativa. Suspensão temporária. Contratação. Impedimento. Efeito ex nunc.
A penalidade de suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a
Administração produz efeitos ex nunc, não alcançando automaticamente os contratos celebrados antes da
aplicação da sanção.

TCU, Acórdão 5168/2020 Segunda Câmara(Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Aroldo Cedraz).
Contrato Administrativo. Sub-rogação. Vedação. Cláusula.
É ilegal e inconstitucional a sub-rogação da contratada, mesmo havendo previsão contratual e anuência da
Administração, por contrariar os princípios da moralidade e da eficiência, o princípio da supremacia do inte-
resse público, o dever geral de licitar (art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal) e os arts. 2º, 72 e 78, inciso
VI, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 6189/2019 Segunda Câmara (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro-Substituto Mar-
cos Bemquerer). Contrato Administrativo. Subcontratação. Requisito. Justificativa. Autorização. Sub-roga-
ção. Vedação.
É vedada a subcontratação integral em contratos administrativos, sendo possível a subcontratação parcial
quando não se mostrar viável, sob a ótica técnico-econômica, a execução integral do objeto por parte da
contratada e desde que tenha havido autorização formal do contratante.

TCU, Acórdão 799/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Responsa-
bilidade. Contrato administrativo. Subcontratação. Quantidade. Preço. Licitação. Fraude.
A subcontratação em patamar superior ao permitido contratualmente, à revelia do contratante e por preços
significativamente inferiores aos fixados no instrumento pactuado com a Administração Pública, desnatura
as condições estabelecidas no procedimento licitatório, caracterizando fraude à licitação.

TCU, Acórdão 1674/2014-Plenário. Contratos administrativos. Contratos por escopo.


Nos contratos por escopo, inexistindo motivos para sua rescisão ou anulação, a extinção do ajuste somente
se opera com a conclusão do objeto e o seu recebimento pela Administração, diferentemente dos ajustes
por tempo determinado, nos quais o prazo constitui elemento essencial e imprescindível para a consecução
ou a eficácia do objeto avençado.
36
TCU, Acórdão 10829/2020 Primeira Câmara (Prestação de Contas, Relator Ministro Walton Alencar Rodri-
gues). Contrato Administrativo. Garantia contratual. Exigência. Fiança bancária. Instituição financeira.
Banco Central do Brasil. Autorização.
É irregular a prestação de garantia contratual na modalidade fiança bancária, prevista no art. 56, § 1º, inciso
III, da Lei 8.666/1993, emitida por empresa que não seja instituição financeira autorizada a operar pelo Banco
Central do Brasil.

TCU, Acórdão 1216/2019 Plenário(Consulta, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Contrato Administra-
tivo. Garantia contratual. Seguro garantia. Corrupção. Consulta.
Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal podem aceitar apólice de seguro - apresentada por
empresa vencedora de certame licitatório para garantir o fiel cumprimento das obrigações assumidas no
contrato - que contenha cláusula que exclua de cobertura prejuízos e demais penalidades causados ou
relacionados a atos ou fatos violadores de normas de anticorrupção que tenham sido provocados pelo
segurado ou seu representante, seja isoladamente, seja em concurso com o tomador ou seu representante.
Por outro lado, devem recusar apólice de seguro que contenha cláusula que exclua de cobertura prejuízos e
demais penalidades causados ou relacionados a atos ou fatos violadores de normas de anticorrupção que
tenham sido provocados exclusivamente pelo tomador ou seu representante, sem o concurso do segurado
ou seu representante.

TCU, Acórdão 1033/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Aroldo Cedraz). Contrato Administra-
tivo. Liquidação da despesa. Atestação. Equipamentos. Recebimento. Especificação técnica. Divergência.
Princípio da vinculação ao instrumento convocatório.
A aceitação de equipamento diferente daquele constante da proposta do licitante e com características téc-
nicas inferiores às especificações definidas no termo de referência afronta o princípio da vinculação ao ins-
trumento convocatório (arts. 3º e 41 da Lei 8.666/1993) e o princípio da isonomia, diante da possibilidade de
as diferenças técnicas entre os bens influenciar não só no valor das propostas, como também na intenção de
potenciais licitantes em participar do certame.

TCU, Acórdão 2856/2019 Primeira Câmara (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Walton Alencar
Rodrigues). Contrato Administrativo. Pagamento antecipado. Requisito. Justificativa. Garantia contratual.
Edital de licitação. Previsão.
São requisitos para a realização de pagamentos antecipados: i) previsão no ato convocatório; ii) existência,
no processo licitatório, de estudo fundamentado comprovando a real necessidade e economicidade da me-
dida; e iii) estabelecimento de garantias específicas e suficientes que resguardem a Administração dos riscos
inerentes à operação.

TCU, Acórdão 356/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. RDC.
Contratação integrada. Obras e serviços de engenharia. Metodologia. Enquadramento.
Para o enquadramento de obra ou serviço de engenharia no regime de contratação integrada do RDC, con-
soante a hipótese do art. 9º, inciso II, da Lei 12.462/2011, a “possibilidade de execução com diferentes
37
metodologias” deve corresponder a diferenças metodológicas em ordem maior de grandeza e de qualidade,
capazes de ensejar efetiva concorrência entre propostas, de forma a propiciar soluções vantajosas e ganhos
reais para a Administração e a justificar os maiores riscos repassados ao particular.

TCU, Acórdão 10829/2020 Primeira Câmara (Prestação de Contas, Relator Ministro Walton Alencar Rodri-
gues). Licitação. RDC. Contratação integrada. Vantagem. Justificativa. Obrigatoriedade.
É irregular a adoção da contratação integrada do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) sem
a efetiva demonstração das vantagens técnicas e econômicas auferidas pela sua utilização, comparativa-
mente com os outros regimes de execução previstos em lei (art. 9º da Lei 12.462/2011).

TCU, Acórdão 3066/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Ato ad-
ministrativo. Revogação. RDC. Interesse público. Fato superveniente.
A revogação de certame licitatório, nos termos do art. 49 da Lei 8.666/1993, aplicável ao Regime Diferenciado
de Contratações Públicas (RDC) por força do art. 44 da Lei 12.462/2011, só pode ocorrer diante de fatos
supervenientes que demonstrem que a contratação pretendida tenha se tornado inconveniente e inopor-
tuna ao interesse público.

TCU, Acórdão 3474/2018 Segunda Câmara (Representação, Relator Ministro-Substituto André de Carva-
lho). Contrato Administrativo. Emergência. Vigência. Cláusula obrigatória. Extinção.
O contrato emergencial deve conter expressa cláusula resolutiva que estabeleça a sua extinção logo após a
conclusão do processo licitatório para nova contratação dos correspondentes serviços.

TCU, Acórdão 1182/2018 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Benjamin Zymler). Contrato Administrativo.
Obras e serviços de engenharia. Obra paralisada. Contratação emergencial. Indenização.
Despesas em contrato emergencial celebrado em decorrência de abandono de obra, e que não existiriam
caso houvesse o adimplemento regular do contrato anterior, devem ser incluídas no encontro de contas da
rescisão (art. 80, inciso III, da Lei 8.666/1993), a título de indenização por perdas e danos da Administração.

TCU, Acórdão 1855/2018 Plenário (Acompanhamento, Relator Ministro Augusto Nardes). Contrato Admi-
nistrativo. Princípio da publicidade. Forma. Internet. Acesso à informação.
Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal devem promover a publicação do inteiro teor de
todos os seus contratos administrativos, inclusive anexos e aditivos, em seus sítios oficiais na Internet, em
atendimento ao art. 8º, §1º, inciso IV, da Lei 12.527/2011(LAI), preferencialmente em formato aberto(art.
8º, §3º, inciso III, da mesma lei) e que permita a pesquisa de texto.

TCU, Acórdão 10572/2017 Primeira Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Benjamin Zymler). Lici-
tação. RDC. Orçamento estimativo. Orçamento sigiloso. Desclassificação. Proposta.
No âmbito do RDC, a violação do sigilo do orçamento base da licitação por um dos licitantes motiva a des-
classificação da sua proposta, podendo a licitação prosseguir caso não haja indícios de que os demais licitan-
tes tenham tido acesso ao orçamento sigiloso.
38
TCU, Acórdão 830/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto André de Carvalho). Licita-
ção. RDC. Intenção de recurso. Preclusão. Ato ilegal. Revisão.
A preclusão do direito de recurso de licitante, por motivo de não apresentação da intenção recursal no prazo
devido (art. 45, § 1º, da Lei 12.462/2011), não impede a Administração de exercer o poder-dever de rever
os seus atos ilegais, nos termos do art. 63, § 2º, da Lei 9.784/1999 e da Súmula STF 473.

TCU, Acórdão 1093/2021 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Vital do Rêgo). Contrato
Administrativo. Superfaturamento. Preço. Licitante. Proposta de preço. Referência.
O parâmetro para a avaliação da conformidade dos preços ofertados são os valores de mercado, e não as
propostas apresentadas por outros licitantes.

TCU, Acórdão 1057/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman). Con-
trato Administrativo. Aditivo. Requisito. Parecer jurídico. Obrigatoriedade.
O art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, segundo o qual as minutas de editais e contratos devem ser
examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração, também se aplica aos termos aditivos, pois
são ajustes aos contratos.

TCU, Acórdão 4072/2020 Plenário, Auditoria, Relator Ministro Bruno Dantas.


O mero descolamento do índice de reajuste contratual dos preços efetivamente praticados no mercado não
é suficiente, por si só, para a concessão de reequilíbrio econômico-financeiro fundado no art. 65, inciso II,
alínea d, da Lei 8.666/1993, devendo estar presentes a imprevisibilidade ou a previsibilidade de efeitos incal-
culáveis e o impacto acentuado na relação contratual (teoria da imprevisão).

7. Tribunal de Contas e Pessoal

Registro do ato de concessão de aposentadoria


Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos
ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma
ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral - Tema 445)
(Info 967)

Os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.506.932/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 02/03/2021 (Info 687)

A exigência feita por atos normativos do Tribunal sobre a remessa prévia do edital, sem nenhuma solicitação,
invade a competência legislativa distribuída pela Constituição Federal, já exercida pela Lei federal nº
8.666/93, que não contém essa exigência.
RE 547063, Relator(a): MENEZES DIREITO, Primeira Turma, DJE 12/12/2008
39
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL. EXECUÇÃO FUNDADA EM ACÓRDÃO PROFE-
RIDO PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. ART. 37, § 5º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRESCRITIBILIDADE. 1. A regra de prescritibilidade no Direito brasileiro é exigência
dos princípios da segurança jurídica e do devido processo legal, o qual, em seu sentido material, deve garantir
efetiva e real proteção contra o exercício do arbítrio, com a imposição de restrições substanciais ao poder do
Estado em relação à liberdade e à propriedade individuais, entre as quais a impossibilidade de permanência
infinita do poder persecutório do Estado. 2. Analisando detalhadamente o tema da “prescritibilidade de
ações de ressarcimento”, este SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL concluiu que, somente são imprescritíveis as
ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato de improbidade administrativa doloso tipificado
na Lei de Improbidade Administrativa – Lei 8.429/1992 (TEMA 897). Em relação a todos os demais atos ilíci-
tos, inclusive àqueles atentatórios à probidade da administração não dolosos e aos anteriores à edição da Lei
8.429/1992, aplica-se o TEMA 666, sendo prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública. 3. A
excepcionalidade reconhecida pela maioria do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL no TEMA 897, portanto, não
se encontra presente no caso em análise, uma vez que, no processo de tomada de contas, o TCU não julga
pessoas, não perquirindo a existência de dolo decorrente de ato de improbidade administrativa, mas, espe-
cificamente, realiza o julgamento técnico das contas à partir da reunião dos elementos objeto da fiscalização
e apurada a ocorrência de irregularidade de que resulte dano ao erário, proferindo o acórdão em que se
imputa o débito ao responsável, para fins de se obter o respectivo ressarcimento. 4. A pretensão de ressar-
cimento ao erário em face de agentes públicos reconhecida em acórdão de Tribunal de Contas prescreve na
forma da Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal). 5. Recurso Extraordinário DESPROVIDO, mantendo-se a
extinção do processo pelo reconhecimento da prescrição. Fixação da seguinte tese para o TEMA 899: “É
prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas”. (STF, RE
636.886)

A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão funcional, vedada pelo
art. 37, II, da Constituição Federal (STF, ADI 6355)

A teor do disposto no artigo 37, inciso XIII, da Carta da República, é vedada a vinculação remuneratória de
seguimentos do serviço público. (STF, ADPF 328)

É inconstitucional norma que preveja que o teto remuneratório se aplica para todas as empresas públicas e
sociedades de economia mista, ou seja, mesmo aquelas que não recebam recursos da Administração Pública.
(STF, ADI 6584)

Nas situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório
é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.
(STF, RE 612975)

40
“Até a edição da Emenda Constitucional nº 103/2019, o direito à conversão, em tempo comum, do prestado
sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física de servidor público decorre da pre-
visão de adoção de requisitos e critérios diferenciados para a jubilação daquele enquadrado na hipótese
prevista no então vigente inciso III do § 4º do art. 40 da Constituição da República, devendo ser aplicadas
as normas do regime geral de previdência social relativas à aposentadoria especial contidas na Lei 8.213/1991
para viabilizar sua concretização enquanto não sobrevier lei complementar disciplinadora da matéria. Após
a vigência da EC n.º 103/2019, o direito à conversão em tempo comum, do prestado sob condições especiais
pelos servidores obedecerá à legislação complementar dos entes federados, nos termos da competência
conferida pelo art. 40, § 4º-C, da Constituição da República”. (STF, RE 1014286)

“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar qualquer verba de servidores pú-
blicos de carreiras distintas sob o fundamento de isonomia, tenham elas caráter remuneratório ou indeniza-
tório” (STF, RE 710293)

Ocorrida a morte do instituidor da pensão em momento posterior ao da Emenda Constitucional nº 19/1998,


o teto constitucional previsto no inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal incide sobre o somatório de
remuneração ou provento e pensão percebida por servidor (STF, RE 602.584)

O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao Poder Executivo a apresentação de projeto
de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, tampouco para
fixar o respectivo índice de correção. (STF, RE 843112)

Os pagamentos indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo (operacional ou de cál-
culo), não embasado em interpretação errônea ou equivocada da lei pela Administração, estão sujeitos à
devolução, ressalvadas as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé obje-
tiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido. (STJ, Tema
1009)

Quando a Administração Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao
servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim,
que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público. (STJ, Tema 531)

TCU, Acórdão 8660/2021 Primeira Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Vital do Rêgo) Pessoal.
Ato sujeito a registro. Registro tácito. STF. Repercussão geral. Prazo. Decadência. Interrupção. Suspensão.
O prazo de cinco anos estabelecido pelo STF para a apreciação definitiva de atos sujeitos a registro, contado
da data de entrada do ato no TCU (RE 636.553 – Tema 445 da Repercussão Geral), possui natureza decaden-
cial, não se sujeitando a marcos suspensivos ou interruptivos.

41
TCU, Acórdão 8596/2021 Primeira Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Jorge Oliveira) Pessoal.
Ato sujeito a registro. Registro tácito. Repercussão geral. Efeito ex tunc. Prazo. Termo inicial.
A tese fixada pelo STF sobre registro tácito de atos de pessoal (RE 636.553 – Tema 445 da Repercussão Geral)
tem aplicação imediata e efeitos retroativos (ex tunc), de modo a incidir sobre processos que tenham atin-
gido o limite de cinco anos, contados de sua entrada no TCU, sem apreciação definitiva, mesmo antes da
publicação da tese pelo Supremo.

TCU, Acórdão 740/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro-Substituto Weder de Oliveira). Pessoal.
Teto constitucional. Acumulação de cargo público. Cargo em comissão. Aposentadoria. Proventos.
Na hipótese de acumulação de proventos de aposentadoria com remuneração decorrente do exercício de
cargo em comissão, considera-se, para fins de incidência do teto previsto no art. 37, inciso XI, da Constituição
Federal, cada rendimento isoladamente.

TCU, Acórdão 7591/2021 Primeira Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Vital do Rêgo). Pessoal.
Acumulação de cargo público. Professor. Cargo técnico. Nível médio.
É irregular a acumulação de cargo de professor com de técnico de nível médio para o qual não se exige
qualquer formação específica. O cargo técnico ou científico (art. 37, inciso XVI, alínea b, da Constituição Fe-
deral) é aquele cujas atribuições não possuem natureza eminentemente burocrática ou repetitiva e para cujo
exercício são exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não necessariamente em nível
superior. A expressão “técnico” em nome de cargo não é suficiente, por si só, para classificá-lo na categoria
de cargo técnico ou científico a que se refere aquele dispositivo constitucional.

TCU, Acórdão 6842/2021 Segunda Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Pes-
soal. Ato sujeito a registro. Registro tácito. Revisão de ofício. Decadência. Prazo. Termo inicial.
A possibilidade de revisão de ofício pelo TCU de ato de pessoal tacitamente registrado (RE 636.553 – Tema
445 da Repercussão Geral) subordina-se ao prazo decadencial quinquenal do art. 54 da Lei 9.784/1999, con-
tado a partir da data em que se deu o registro tácito.

TCU, Acórdão 5851/2021 Segunda Câmara (Admissão, Relator Ministro-Substituto André de Carvalho). Ato
sujeito a registro. Registro tácito. Admissão de pessoal. Revisão de ofício. Prazo. STF. Repercussão geral.
Aplica-se aos atos de admissão de pessoal, por analogia, a decisão do STF no RE 636.553 (Tema 445 da Re-
percussão Geral), segundo a qual passados cinco anos, contados de forma ininterrupta, a partir da entrada
de ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão no TCU, sem sua apreciação, o ato será
considerado registrado tacitamente, abrindo-se, a partir daí, a possibilidade de revisão, nos termos do art.
54 da Lei 9.784/1999 c/c o art. 260, § 2º, do Regimento Interno do TCU.

TCU, Acórdão 5913/2021 Segunda Câmara (Aposentadoria, Relator Ministro Augusto Nardes). Ato sujeito
a registro. Registro tácito. Pagamento indevido. Supressão. Determinação.
O reconhecimento do registro tácito do ato de concessão não obsta a expedição de determinação à unidade
jurisdicionada para supressão de vantagem ilegal que não consta do ato submetido a registro.

42
TCU, Acórdão 1770/2021 Primeira Câmara (Admissão, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Pes-
soal. Acumulação de cargo público. Regime jurídico. Fundação pública. Entidade de direito privado. Enti-
dade filantrópica.
A proibição de acumular cargos, empregos e funções públicas abrange fundações de direito privado com fins
filantrópicos instituídas pelo Poder Público (art. 37, inciso XVII, da Constituição Federal).

TCU, Acórdão 122/2021 Plenário (Pensão Militar, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Pessoal. Ato
sujeito a registro. Princípio da segurança jurídica. Apreciação. Prazo. Revisão de ofício.
Passados cinco anos, contados de forma ininterrupta, a partir da entrada de ato de concessão inicial de apo-
sentadoria, reforma ou pensão no TCU, sem sua apreciação, o ato será considerado registrado tacitamente,
abrindo-se, a partir daí, a possibilidade de revisão, nos termos do art. 54 da Lei 9.784/1999 (RE 636.553 –
Tema 445 da Repercussão Geral) c/c art. 260, § 2º, do Regimento Interno do TCU.

TCU, Acórdão 307/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Competência do
TCU. Administração federal. Abrangência. Advogado público. Honorários advocatícios. Sucumbência. En-
tendimento.
Os valores pagos a título de honorários advocatícios de sucumbência nos termos da Lei 13.327/2016 consti-
tuem recursos de natureza pública, cuja gestão submete-se aos princípios da Administração Pública, especi-
almente no que tange às exigências de transparência e controle.

TCU, Acórdão 307/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Pessoal. Teto cons-
titucional. Base de cálculo. Honorários advocatícios. Sucumbência. Advogado público. Entendimento.
O pagamento de valores a título de honorários advocatícios de sucumbência nos termos da Lei 13.327/2016
constitui modelo de remuneração por performance, compatível com o regime de subsídio, visando à eficiên-
cia do serviço público, e sujeita-se à incidência do teto remuneratório estabelecido pelo art. 37, inciso XI, da
Constituição Federal.

TCU, Acórdão 311/2021 Plenário (Denúncia, Relator Ministra Ana Arraes). Gestão Administrativa. Admi-
nistração federal. Honorários advocatícios. Natureza jurídica. Direito público. Advogado público. CCHA.
O Conselho Curador dos Honorários Advocatícios se submete ao regime jurídico de direito público, devendo
observar, portanto, as regras de direito público na realização de suas aquisições de bens e contratações de
serviços. As normas infralegais e pareceres que atribuem ao CCHA personalidade jurídica de direito privado
contrariam princípios constitucionais, em especial os da legalidade, impessoalidade, moralidade e suprema-
cia do interesse público sobre o privado.

8. Empresas Estatais

É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista ou de empresa
pública em programa de desestatização.
Para a desestatização é suficiente a autorização genérica prevista em lei que veicule programa de desestati-
zação. A autorização legislativa genérica não corresponde a delegação discricionária e arbitrária ao Chefe do
Poder Executivo. Essa autorização é pautada em objetivos e princípios que devem ser observados nas
43
diversas fases deliberativas do processo de desestatização. A atuação do chefe do Poder Executivo vincula-
se aos limites e condicionantes legais previstos.
A retirada do Poder Público do controle acionário de uma empresa estatal, ou a extinção dessa empresa pelo
fim da sua personalidade jurídica, é consequência de política pública autorizada pelo Congresso Nacional, em
previsão legal pela qual se cria o Programa de Desestatização, objetivando a redução da presença do Estado
na economia e fixando-se, objetivamente, os parâmetros a serem seguidos para a efetivação de eventual
desestatização pelo Poder Executivo.
No entanto, com relação às empresas estatais cuja lei instituidora tenha previsto, expressamente, a necessi-
dade de lei específica para sua extinção ou privatização, é necessário que o administrador público observe a
norma legal.
ADI 6241/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 6.2.2021 (INF 1004)

É dispensável a autorização legislativa para a alienação de controle acionário de empresas subsidiárias


No julgamento da ADI 5624 MC-Ref/DF, prevaleceu o entendimento de que a lei que autoriza a criação da
empresa estatal matriz é suficiente para viabilizar a criação de empresas controladas e subsidiárias, não ha-
vendo se falar em necessidade de autorização legal específica para essa finalidade.
Assim, se é compatível com a CF a possibilidade de criação de subsidiárias quando houver previsão na lei
que cria a respectiva empresa estatal, por paralelismo, não há como obstar, por suposta falta de autoriza-
ção legislativa, a alienação de ações da empresa subsidiária, ainda que tal medida envolva a perda do con-
trole acionário do Estado.
ADPF 794/DF, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 21.5.2021 (sexta-feira), às
23:59

O teto constitucional remuneratório não incide sobre os salários pagos por empresas públicas e sociedades
de economia mista, e suas subsidiárias, que não recebam recursos da Fazenda Pública
Consoante o disposto no § 9o do art. 37 da Constituição Federal (CF), a regra do teto remuneratório, previsto
no inciso XI do art. 37 da CF, aplica-se às empresas estatais que recebam recursos da Fazenda Pública para
pagamento de despesas de pessoal e de custeio em geral.
Nesse sentido, porquanto não se pretenda que a imposição restritiva — prevista no inciso XI do art. 37 da CF
— seja estendida além da razão jurídica de ser da norma e da finalidade da definição constitucional, a juris-
prudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a limitação remuneratória se restringe
aos servidores das empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiarias, que recebam
recursos da Fazenda Pública (2).
ADI 6584/DF, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 21.5.2021 (sexta-feira), às 23:59

A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista exige autorização
legislativa e licitação. Por outro lado, não se exige autorização legislativa para a alienação do controle de suas
subsidiárias e controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de licitação, desde
que siga procedimentos que observem os princípios da administração pública inscritos no art. 37 da CF/88,
respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade.
STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019 (Info 943)

44
TCU, Acórdão 1744/2021 Plenário (Desestatização, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues) Licitação.
Empresa estatal. Contratação direta. Inaplicabilidade de licitação. Serviço técnico especializado. Consulto-
ria.
Na contratação de consultores técnicos especializados, é juridicamente possível às empresas estatais a utili-
zação do instituto de inaplicabilidade de licitação (art. 28, § 3º, da Lei 13.303/2016) para adoção de rito
próprio de competição, com fundamento no inciso I do dispositivo legal; mas juridicamente inviável funda-
mentar a contratação no inciso II do mesmo dispositivo.

TCU, Acórdão 1621/2021 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Benjamin Zymler) Licitação. Qualificação
técnica. Atestado de capacidade técnica. Comprovação. Capacidade técnico-operacional. Quantidade. Li-
mite máximo. Empresa estatal.
Nas licitações realizadas por empresas estatais, é irregular a exigência de atestados de qualificação técnico-
operacional com previsão de quantitativos desproporcionais ao objeto do certame, que não se atenham ao
limite percentual de 50% do quantitativo do serviço licitado (art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, c/c
art. 58 da Lei 13.303/2016)

TCU, Acórdão 701/2021 Plenário (Pedido de Reexame, Relator Ministro Bruno Dantas). Gestão Adminis-
trativa. Administração federal. Acesso à informação. Empresa estatal. Alta administração. Agenda de com-
promissos públicos. Divulgação.
É obrigatória a divulgação da agenda de compromissos públicos dos cargos da alta administração das empre-
sas estatais, em obediência ao art. 11 da Lei 12.813/2013 e conforme requisitos estipulados na Resolução
11/2017 da Comissão de Ética Pública.

TCU, Acórdão 1175/2021 Plenário (Auditoria, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licitação.
Empresa estatal. Obras e serviços de engenharia. Contratação semi-integrada. Justificativa.
A ausência de justificativa para adoção de regime de execução de obras diverso da contratação semi-inte-
grada em procedimento licitatório conduzido por empresa estatal contraria o art. 42, § 4 º , da Lei
13.303/2016 (Lei das Estatais).

TCU, Acórdão 739/2020 Plenário(Pedido de Reexame, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Qua-
lificação técnica. Conselho de fiscalização profissional. Empresa estatal.
No âmbito das empresas estatais, a exigência, para fins de habilitação, de que a licitante comprove possuir
inscrição ou visto no conselho regional profissional da unidade federativa em que será executado o objeto
afronta o disposto nos arts. 37, inciso XXI, e 173, § 1º, inciso III, da Constituição Federal c/c o art. 58 da Lei
13.303/2016.

TCU, Acórdão 1952/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Desestati-
zação. Licitação. Contratação direta. Alienação. Empresa subsidiária integral. Controle acionário. Transfe-
rência. Empresa controlada.

45
A transferência do controle de subsidiárias e controladas de empresa estatal não exige a anuência do Poder
Legislativo e pode ser operacionalizada sem licitação, desde que garantida a competitividade entre os poten-
ciais interessados e observados os princípios da Administração Pública (art. 37 da Constituição Federal).

TCU, Acórdão 3143/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Registro
de preços. Obras e serviços de engenharia. Empresa estatal. Ata de registro de preços. Vedação.
Embora a Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais) não vede expressamente o uso do sistema de registro de preços
(SRP) para a contratação de obras, é indevido o emprego de ata de registro de preços como contrato do tipo
“guarda-chuva”, com objeto incerto e indefinido, sem a prévia elaboração dos projetos básico e executivo
das obras a serem realizadas.

TCU, Acórdão 9353/2020 Primeira Câmara (Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Pregão. Sanção
administrativa. Impedimento. Contratação. Abrangência. Empresa estatal.
Os efeitos da sanção de impedimento de licitar e contratar prevista no art. 7º da Lei 10.520/2002 se esten-
dem a toda a esfera de governo do órgão ou da entidade que aplicou a penalidade, incluindo as empresas
estatais.

TCU, Acórdão 269/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Licitação. Sanção admi-
nistrativa. Suspensão temporária. Contratação. Impedimento. Abrangência. Empresa estatal.
O impedimento de participar de licitações em razão do art. 38, inciso II, da Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais)
se refere tão somente a sanções aplicadas pela própria entidade, e não a sanções aplicadas por outra empresa
pública ou sociedade de economia mista.

TCU, Acórdão 89/2020 Plenário (Consulta, Relator Ministro Bruno Dantas). Finanças Públicas. Despesa pú-
blica. Empresa estatal. Empresa estatal não dependente. Empresa estatal dependente. Responsabilidade
fiscal. Consulta.
Quando houver mudança da situação de empresa estatal não dependente para a de empresa estatal
dependente (art. 2º, inciso III, da Lei Complementar 101/2000 - LRF), deve esta ser incluída no orçamento
fiscal e da seguridade social, não havendo óbice a que o Poder Executivo, ao definir os procedimentos de
transição para essa inclusão no caso concreto, pondere os princípios norteadores da Administração Pública,
em especial o que dispõe a parte inicial do art. 1º, § 1º, da LRF, mormente quando decidir sobre aspectos
sem plena regulamentação, como no caso de empresas dependentes de capital aberto. Com vistas a conferir
maior segurança jurídica ao processo, o Poder Executivo poderá regulamentar os procedimentos de inclusão
de forma que os efeitos da transição se deem ao longo de um período pré-determinado, fundamentado e de
razoável duração. No período entre a caracterização da dependência de fato da empresa estatal e a sua efetiva
inclusão no orçamento fiscal e da seguridade social, o espaço normativo deixado pela LRF não autoriza o
gestor a violar diretrizes do ordenamento jurídico que imponham restrições às estatais dependentes, a
exemplo do art. 37, inciso XI e § 9º, da Constituição Federal, referente ao teto remuneratório constitucional,
e da proibição do art. 2º, inciso III, da LRF, que desautoriza empresas públicas federais não dependentes de
receberem aportes da União nas hipóteses que especifica. (RESPOSTA A CONSULTA ALTERADA, VIDE TCU,
ACÓRDÃO 1274/2020 PLENÁRIO)

46
Acórdão 284/2020 Plenário (Consulta, Relator Ministro José Mucio Monteiro). Desestatização. Ação de
classe especial. Competência. Extinção. Poder Legislativo. Consulta.
Não existe previsão legal para a extinção de direitos conferidos à União por meio de ações de classe especial
(golden shares) criadas quando da desestatização de companhias federais, tampouco competência definida
para quem poderá extinguir esses direitos, de modo que tal matéria deve ser tratada no âmbito do Poder
Legislativo, inclusive com relação a eventual necessidade de compensação financeira à União.

TCU, Acórdão 290/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Augusto Nardes). Desestatização. Con-
cessão pública. Revisão tarifária. Legislação. Alteração. Equilíbrio econômico-financeiro. Princípio da mo-
tivação.
Para fins de reajuste tarifário de contrato de concessão, é obrigatória a demonstração objetiva do impacto
que eventuais alterações legislativas produzam na equação econômico-financeira da relação contratual.

TCU, Acórdão 2032/2020 Plenário(Representação, Relator Ministro-Substituto Marcos Bemquerer). Licita-


ção. Qualificação técnica. Atestado de capacidade técnica. Prazo. Limite. Empresa estatal.
A limitação temporal de atestados para comprovação de qualificação técnica em licitação promovida por
empresa estatal restringe o caráter competitivo do certame, com afronta ao art. 31 da Lei 13.303/2016.

TCU, Acórdão 2930/2019 Plenário (Consulta, Relator Ministro Benjamin Zymler) . Contrato Adminis-
trativo. Contratado. Transformação de empresa. Empresa estatal. Desestatização. Dispensa de licitação.
Prorrogação de contrato. Consulta.
Em caso de desestatização de empresa estatal, os contratos administrativos firmados com entes públicos
federais com base no art. 24, incisos VIII e XVI, da Lei 8.666/1993 podem permanecer em execução até o
término de sua vigência, desde que ausente a situação de prejudicialidade especificada no art. 78, inciso XI,
da referida lei, bem como mantidas as demais condições estabelecidas originalmente no ajuste,
especialmente as que digam respeito ao objeto contratual, à prestação de garantia e aos requisitos de
habilitação (art. 55, inciso XIII, da Lei 8.666/1993). É também facultada à administração contratante a
prorrogação desses contratos, desde que prevista no instrumento convocatório e demonstrados o interesse
público e a vantajosidade da medida.

TCU, Acórdão 739/2020 Plenário(Pedido de Reexame, Relator Ministro Benjamin Zymler). Licitação. Qua-
lificação técnica. Conselho de fiscalização profissional. Empresa estatal.
No âmbito das empresas estatais, a exigência, para fins de habilitação, de que a licitante comprove possuir
inscrição ou visto no conselho regional profissional da unidade federativa em que será executado o objeto
afronta o disposto nos arts. 37, inciso XXI, e 173, § 1º, inciso III, da Constituição Federal c/c o art. 58 da Lei
13.303/2016.

TCU, Acórdão 2616/2020 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Vital do Rêgo). Licitação. Empresa estatal.
Edital de licitação. Matriz de risco. Empreitada por preço global.

47
É recomendável a utilização de matriz de riscos em contratações derivadas da Lei 13.303/2016 (Lei das
Estatais) que envolvam incertezas significativas, ainda que sob regime de empreitada por preço global, por se
tratar de elemento que agrega segurança jurídica aos contratos.

TCU, Acórdão 2761/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Licitação. Inexi-
gibilidade de licitação. Serviços advocatícios. Empresa estatal. Requisito.
A contratação direta de escritório de advocacia por empresa estatal encontra amparo no art. 30, inciso II,
alínea “e”, da Lei 13.303/2016, desde que presentes os requisitos concernentes à especialidade e à
singularidade do serviço, aliados à notória especialização do contratado.

TCU, Acórdão 2770/2018 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Vital do Rêgo). Contrato Administrativo.
Propaganda e publicidade. Patrocínio. Princípio da motivação. Justificativa. Patrocínio esportivo. Modali-
dade esportiva. Esporte.
A celebração, por empresas estatais, de contratos de patrocínio com entidades esportivas exige o
detalhamento das razões que motivaram a escolha: i) do patrocínio entre as demais ações de comunicação;
ii) do setor esportivo entre os demais setores existentes; e iii) da modalidade ou da entidade a ser patrocinada,
de modo a se atender o disposto no art. 26, inciso II, da Lei 8.666/1993.

TCU, Acórdão 1502/2018 Plenário (Representação, Relator Ministro Aroldo Cedraz). Licitação. Empresa es-
tatal. Edital de licitação. Orçamento estimativo. Divulgação. Princípio da publicidade.
Nas licitações realizadas pelas empresas estatais, sempre que o orçamento de referência for utilizado como
critério de aceitabilidade das propostas, sua divulgação no edital é obrigatória, e não facultativa, em
observância ao princípio constitucional da publicidade e, ainda, por não haver no art. 34 da Lei 13.303/2016
(Lei das Estatais) proibição absoluta à revelação do orçamento.

TCU, Acórdão 728/2019 Plenário (Levantamento, Relator Ministro Vital do Rêgo). Pessoal. Empresa estatal.
Remuneração. Princípio da publicidade.
As empresas estatais, organizadas sob todas as formas e independentemente de se inserirem no regime de
livre concorrência, estão obrigadas a divulgar as despesas relacionadas à remuneração dos seus empregados
e dirigentes, entre as quais incluem-se gastos com cartões de crédito corporativos, participações nos lucros,
gastos com viagens, além de outras correlatas (art. 12 da Lei 13.303/2016 c/c o art. 19 do Decreto 8.945/2016).

TCU, Acórdão 176/2017-Plenário


É regular o custeio pelas empresas estatais de despesas relacionadas à defesa de seus dirigentes, desde que
não envolva atos manifestamente ilegais, contrários aos interesses da entidade, praticados com dolo ou culpa,
cabendo à estatal escolher a opção que se revele mais vantajosa ao interesse público: utilizar advogados de
seu quadro, contratar escritório de advocacia ou fazer seguro de responsabilidade civil.

9. Direito Financeiro

48
É inconstitucional emenda à constituição estadual que confere autonomia financeira e orçamentária pró-
prias de órgãos de Poder à universidade estadual
A ampliação da autonomia de universidade estadual, vinculada ao Poder Executivo, para além da autonomia
conferida pelo art. 207 da Constituição Federal (CF) viola o princípio da separação dos Poderes.
A CF confere autonomia financeira e orçamentária aos entes federados e aos Poderes instituídos, ao Minis-
tério Público e à Defensoria Pública. Por outro lado, ao tratar das universidades, no texto constitucional (CF,
art. 207) menciona-se apenas “autonomia de gestão financeira e patrimonial”, que consiste em liberdade
para administrar os recursos e patrimônio que recebe, ou seja, a partir do momento em que “o dinheiro
entra na sua conta
ADI 5946/RR, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 21.5.2021 (sexta-feira), às 23:59

É constitucional o repasse de recursos orçamentários para universidade estadual na forma de duodécimos


A previsão de repasse dos recursos na forma de duodécimos, embora não prevista pela CF para as universi-
dades, está dentro da margem de discricionariedade do Chefe do Poder Executivo na construção da enge-
nharia institucional mais adequada às necessidades e opções do estado ou município.
ADI 5946/RR, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 21.5.2021 (sexta-feira), às 23:59

Bloqueio e sequestro de verbas por decisão judicial


Os recursos públicos vinculados ao orçamento de estatais prestadoras de serviço público essencial, em re-
gime não concorrencial e sem intuito lucrativo primário não podem ser bloqueados ou sequestrados por
decisão judicial para pagamento de suas dívidas, em virtude do disposto no art. 100 da CF/1988, e dos prin-
cípios da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), da separação dos poderes (arts. 2°, 60, § 4°, III, da CF)
e da eficiência da administração pública (art. 37, caput, da CF).
ADPF 588/PB

Decisões judiciais que determinam o bloqueio, penhora ou liberação, para satisfação de créditos trabalhistas,
de receitas públicas oriundas do Fundo Estadual de Saúde objeto de contratos de gestão firmados entre o
Estado-membro e entidades de terceiro setor, violam o princípio da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da
CF/88), o preceito da separação funcional de poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III, da CF/88), o princípio da
eficiência da Administração Pública (art. 37, caput, da CF/88) e o princípio da continuidade dos serviços
públicos (art. 175 da CF/88).
STF. Plenário. ADPF 664/ES, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 16/4/2021 (Info 1013)

É inconstitucional o bloqueio ou sequestro de verba pública, por decisões judiciais, de empresa estatal
prestadora de serviço público em regime não concorrencial e sem intuito lucrativo primário
A jurisprudência da Corte tem reconhecido a inconstitucionalidade de bloqueios e sequestros de verbas pú-
blicas de estatais por decisões judiciais por estender o regime constitucional de precatórios às estatais pres-
tadoras de serviço público em regime não concorrencial e sem intuito lucrativo primário.
Ademais: (a) a Constituição veda a transposição, o remanejamento ou transferência de recursos de progra-
mação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; (b) a ordem constitucional

49
rechaça a interferência do Judiciário na organização orçamentária dos projetos da Administração Pública,
salvo, excepcional- mente, como fiscalizador; e (c) os atos jurisdicionais constritivos, ao bloquearem verbas
orçamentárias para o pagamento de dívidas, atentam contra o princípio da eficiência da administração pú-
blica e subvertem o planejamento e a ordem de prioridades na execução de obras de infraestrutura do Poder
Executivo.
ADPF 616/BA, relator Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 21.5.2021 (sexta-feira), às
23:59

O controle judicial da exigência de aplicação de um percentual mínimo de recursos orçamentários em


ações e serviços públicos de saúde, previsto no art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT), é compatível com a Constituição Federal (CF) desde a edição da Emenda Constitucional (EC)
29/2000
Apesar de o Plenário do STF já ter se manifestado pela impossibilidade de aplicação, antes do advento da Lei
Complementar (LC) 141/2012, da sanção de restrição de transferência voluntária federal a estado-membro
em razão do descumprimento do percentual mínimo de gastos em saúde, isso não conduz à impossibilidade
do controle judicial do cumprimento dos percentuais mínimos de aplicação de recursos, previstos no art.
198, § 2o, II, da Constituição c/c o art. 77, § 1º, do ADCT.
A regra instituidora da sanção imputável ao ente federativo que descumpre o mínimo constitucional só so-
breveio com a edição da LC 141/2012, mas a exigência de aplicação de um percentual mínimo em ações e
serviços públicos de saúde decorre direta- mente da Constituição, desde a edição da EC 29/2000. Com efeito,
o art. 77, III e § 1º, do ADCT indica expressamente os percentuais mínimos a serem observados pelos muni-
cípios desde o ano 2000, deixando claro o caráter autoaplicável da previsão, que deveria ser obedecida desde
a sua promulgação.
RE 858075/RJ, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgamento virtual fina-
lizado em 14.5.2021 (sexta-feira), às 23:59

Pertence aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do Imposto de Renda incidente sobre
os rendimentos, quando pagos, por si, respectivas autarquias e fundações.
Nos termos do que disposto no art. 157, I, da Constituição Federal (CF), depreende-se haver o constituinte
estabelecido distinção considerados o ente competente e o beneficiado pela receita tributária. Embora a
competência impositiva tenha sido atribuída à União (CF, art. 153, III), cabe aos Estados e ao Distrito Federal
a arrecadação, na fonte, do tributo sobre os rendimentos pagos. No ato de retenção dos valores, dá-se a
incorporação, ao patrimônio estadual ou distrital, do produto arrecadado.
Frise-se que, ao disciplinar a entrega de recursos a ser realizada pela União, considerada fração do montante
arrecadado a título de Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e Imposto de Renda - IR, o constituinte
decotou, para efeito de cálculo, o importe versado no art. 157, I, da CF, o que revela a disponibilidade origi-
nária e efetiva dos valores pelos estados e Distrito Federal.
Por fim, sendo as unidades federativas destinatárias do tributo retido, cumpre reconhecer-lhes a capacidade
ativa para arrecadar o imposto. Por esse motivo, na linha de precedente da Corte (3), cabe à Justiça comum
estadual julgar controvérsia envolvendo Imposto de Renda retido na fonte, na forma do art. 157, I, da CF,
ante a ausência do interesse da União sobre ação de repetição de indébito relativa ao tributo.
RE 607886/RJ, relator Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 4.5.2021 (sexta-feira) às 23:59

50
Emendas impositivas no âmbito estadual
Presentes os requisitos do “fumus boni iuris” e do “periculum in mora”, cabível a concessão de medida cau-
telar para afastar a aplicação de norma estadual que estabeleça limites para aprovação de emendas parla-
mentares impositivas em patamar diferente do imposto pelo art. 166 da Constituição Federal (CF).
Ao prever emendas individuais impositivas também na esfera estadual, mas com percentuais distintos do
modelo federal, destinando apenas 25% dos recursos para ações e serviços públicos de saúde e educação,
conforme previsto no art. 136-A, § 7o, da Constituição do estado de Rondônia, o constituinte estadual parece
violar os arts. 24, I e §1º; 25, caput; 163, I; 165, §9º, e 166, §§ 9º a 12, da CF, uma vez que a norma estadual
estabelece limites em patamar diferente do imposto pelo art. 166, § 9°, da CF. Não é permitido ao legislador
estadual dispor em sentido contrário ao determinado pela Constituição Federal na matéria.
ADI 6670 MC/DF, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 30.4.2021 (sexta- -feira), às
23:59

É constitucional lei estadual que destine parcela da arrecadação de emolumentos extrajudiciais a fundos
dedicados ao financiamento da estrutura do Poder Judiciário ou de órgãos e funções essenciais à Justiça
Com efeito, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) acena positivamente para leis estaduais que
destacam percentual dos emolumentos cobrados pelos registradores e notários em benefício de órgãos ou
fundos públicos. Isso porque a Corte enxerga, na hipótese, puro e simples desconto dos valores devidos ao
estado-membro a título de taxa em razão do exercício regular de poder de polícia, e não propriamente uma
distribuição automática e linear, em benefício de órgãos estatais, das receitas arrecadadas com a cobrança
de emolumentos extrajudiciais. Por se tratar de taxa de poder de polícia, não incide a vedação da vinculação
de impostos a qualquer órgão, fundo ou despesa pública, prevista no art. 167, IV, da Constituição Federal
(CF).
Decorre da própria CF a qualificação da Advocacia Pública como função essencial à Justiça. Dessa forma,
atende aos desígnios constitucionais de universalização e aperfeiçoamento da própria jurisdição como ativi-
dade básica do Estado o fornecimento de recursos suficientes e adequados ao aparelhamento da Advocacia
Pública, cujos membros exercem relevante múnus constitucional de defesa dos interesses titularizados pelas
pessoas jurídicas de direito público. No caso, considerada a nota de essencialidade que traduz as atribuições
exercidas pela Advocacia Pública, nada justifica a imposição de tratamento desigual e mais restritivo à Pro-
curadoria do estado do Rio de Janeiro, privando-lhe de recursos que, de acordo com jurisprudência pacífica
do STF, podem ser reservados, por lei, às instituições que desempenham funções essenciais à Justiça.
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra o inciso III do artigo 31 da Lei Complementar
111/2006 do estado do Rio de Janeiro que destina ao Fundo Especial da Procuradoria-Geral estadual (FUN-
PERJ) percentual das receitas arrecada- das com recolhimento de custas e emolumentos extrajudiciais.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado. Vencidos
os ministros Marco Aurélio (relator), Edson Fachin e Rosa Weber que julgaram o pleito procedente.
ADI 3704/RJ, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finali-
zado em 26.4.2021 (segunda-feira), às 23:59

São inconstitucionais as decisões judiciais que determinam a constrição de verbas públicas oriundas de
Fundo Estadual de Saúde (FES) — que devem ter aplicação compulsória na área de saúde — para atendi-
mento de outras finalidades específicas

51
A jurisprudência da Corte não admite a constrição indiscriminada de verbas públicas por meio de decisões
judiciais, sob pena de afronta ao preceito contido no art. 167, VI, da Constituição Federal (CF), e ao modelo
constitucional de organização orçamentária das finanças públicas. Além disso, essas decisões afrontam o
preceito da separação funcional de Poderes [art. 2º c/c art. 60, § 4º, III, da CF], o princípio da eficiência da
Administração Pública [art. 37, caput, da CF] e o princípio da continuidade dos serviços públicos [art. 175 da
CF].
Com efeito, a possibilidade de constrição judicial de receita pública é absolutamente excepcional. O texto
constitucional o permite apenas em hipóteses que envolvem o pagamento de dívidas do Poder Público me-
diante o sistema de precatórios, conforme o art. 100, § 6o, da CF, ao tratar da possibilidade de sequestro de
verbas em caso de preterição da ordem de pagamento. Conforme apreciado pelo Supremo Tribunal Fede-
ral, é inconstitucional a ampliação dessas hipóteses constitucionais de sequestro, tal como pretendido na
hipótese.
Portanto, não pode o Poder Judiciário, por mera comodidade da execução, determinar medida que acarreta
gravame para as atividades administrativas e financeiras do Estado. Se nem ao próprio Poder Executivo é
dado remanejar receitas públicas ao seu livre arbítrio, quanto mais se mostra temerário que o Poder Judici-
ário o faça, pois lhe falta capacidade institucional para avaliar os impactos desses bloqueios e sequestros de
verbas sobre a atividade administrativa e a programação financeira do ente.
ADPF 664/ES, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 16.4.2021 (sexta- -feira),
às 23:59

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 743. DIREITO FINANCEIRO. SEPARAÇÃO
DOS PODERES. AUTONOMIA FINANCEIRA. INSCRIÇÃO CADASTROS DE INADIMPLENTES. PRINCÍPIO DA INS-
TRANSCENDÊNCIA DE SANÇÕES.
1. A autonomia financeira dos Poderes veda limitação de despesas por outro Poder conforme decisão profe-
rida na ADI n.2238, DJe 15 set. 2020.
2. A jurisprudência da Corte está orientada no sentido de que a imposição de sanções ao Executivo estadual
em virtude de pendências dos Poderes Legislativo e Judiciário locais constitui violação do princípio da intrans-
cendência, na medida em que o Governo do Estado não tem competência para intervir na esfera orgânica
daquelas instituições, que dispõem de plena autonomia institucional a elas outorgadas por efeito de expressa
determinação constitucional. Precedentes. (RE 1.254.102 - AgR, de minha relatoria, Segunda Turma, DJe 17
jun. 2020; RE 1263840 AgR, Relator Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, DJe 14 ago. 2020; RE 1263645 AgR,
Relator Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 06 ago. 2020; RE 1214919 AgR-segundo, Relator
Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 11.10.19).
3. Tese fixada em repercussão geral (Tema n.743): “É possível ao Município obter certidão positiva de débitos
com efeito de negativa quando a Câmara Municipal do mesmo ente possui débitos com a Fazenda Nacional,
tendo em conta o princípio da intranscendência subjetiva das sanções financeiras.”
4. Recurso Extraordinário a que se nega provimento.

DIREITO COSTITUCIONAL E FINANCEIRO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. REFERENDO EM ME-


DIDA CAUTELAR. NORMAS ESTADUAIS QUE TRATAM DE EMENDAS PARLAMENTARES IMPOSITIVAS EM MA-
TÉRIA ORÇAMENTÁRIA.
1. Ação direta de inconstitucionalidade contra dispositivos da Constituição do Estado de Roraima, da Lei de
Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual (para o exercício de 2020) desse mesmo ente federado.
As normas impugnadas estabelecem, em síntese, limites para aprovação de emendas parlamentares
52
impositivas em patamar diferente do imposto pelo art. 166, §§ 9º e 12, da CF/1988, com a redação dada
pelas Emendas Constitucionais nº 86/2015 e nº 100/2019, e pelo art. 2º da EC nº 100/2019.
2. Caracterização do perigo na demora. Riscos à gestão e ao planejamento públicos, que são agravados pelo
quadro de calamidade em saúde pública gerado pela pandemia de COVID-19.
3. Plausibilidade do direito alegado. Competência da União para editar normas gerais de direito financeiro
(art. 24, I, e § 1º, da CF/1988). Reserva de lei complementar federal para a edição de normas gerais sobre
elaboração da lei orçamentária anual, gestão financeira e critérios para execução das programações de cará-
ter obrigatório (art. 165, § 9º, da CF/1988).
4. A figura das emendas parlamentares impositivas em matéria de orçamento público, tanto individuais como
coletivas, foi introduzida no Estado de Roraima antes de sua previsão no plano federal, que só ocorreu com
as ECs nº 86/2015 e 100/2019. Legislação estadual que dispôs em sentido contrário às normas gerais federais
então existentes sobre o tema, o que não é admitido na seara das competências concorrentes. Inexistência
de constitucionalidade superveniente no Direito brasileiro.
5. Não bastasse isso, apesar de a Constituição Federal ter passado a prever as emendas parlamentares im-
positivas em matéria orçamentária, fixou limites diferentes daqueles que haviam sido adotados pelo Estado
de Roraima. As normas da CF/1988 sobre o processo legislativo das leis orçamentárias são de reprodução
obrigatória pelo constituinte estadual. Aplicabilidade do princípio da simetria na espécie. Precedentes.
6. Medida cautelar deferida, para que, até o julgamento definitivo da presente ação direta, as previsões
constantes dos §§ 3º, 3º-A, 4º, 6º, 7º, 8º e 9º, do art. 113, da Constituição do Estado de Roraima, acrescidos
pelas Emendas Constitucionais nº 41/2014 e nº 61/2019, dos §§ 1º, 2º, 4º, 5º e 6º, do art. 24, da Lei nº
1.327/2019 (Lei de Diretrizes Orçamentárias), e do art. 8º da Lei nº 1.371/2020 (Lei Orçamentária Anual, para
o exercício de 2020), ambas do Estado de Roraima, observem os limites impostos pela Constituição Federal
para as emendas parlamentares impositivas, individuais e coletivas, com as alterações introduzidas pelas
Emendas Constitucionais nº 86/2015 e nº 100/2019 (art. 166, §§ 9º e 12, da CF/1988, e art. 2º da EC nº
100/2019).
7. Aplicação do art. 11, § 1º, da Lei nº 9.868/1999, para fixar como termo inicial de produção dos efeitos da
presente medida cautelar o dia 1º de agosto de 2019, data de entrada em vigor da Lei nº 1.327/2019 (Lei de
Diretrizes Orçamentárias), do Estado de Roraima.

O Governador do Estado é obrigado a efetuar o repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20 de cada
mês, da integralidade dos recursos orçamentários destinados à Defensoria Pública estadual pela Lei de Dire-
trizes Orçamentárias (LDO) para o exercício financeiro, inclusive quanto às parcelas já vencidas, assim tam-
bém em relação a eventuais créditos adicionais destinados à instituição.
STF. Plenário. ADPF 384 Ref-MC/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/8/2020 (Info 985)

É dever constitucional do Poder Executivo o repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês
(art. 168 da CRFB/88), da integralidade dos recursos orçamentários destinados a outros Poderes e órgãos
constitucionalmente autônomos, como o Ministério Público e a Defensoria Pública, conforme previsão da
respectiva Lei Orçamentária Anual.
STF. Plenário. ADPF 339/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016 (Info 826)

Os limites da despesa total com pessoal e as vedações à concessão de vantagens, reajustes e aumentos re-
muneratórios previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal somente podem ser afastados quando a despesa
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for de caráter temporário, com vigência e efeitos restritos à duração da calamidade pública, e com propósito
exclusivo de enfrentar tal calamidade e suas consequências sociais e econômicas.
STF. Plenário. ADI 6394/AC, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).

A repartição de receitas prevista no art. 157, II, da Constituição Federal não se estende aos recursos prove-
nientes de receitas de contribuições sociais desafetadas por meio do instituto da Desvinculação de Receitas
da União (DRU) na forma do art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
STF. Plenário. ADPF 523/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/2/2021 (Info 1004).

TCU, Acórdão 1641/2021 Plenário (Denúncia, Relator Ministro Aroldo Cedraz) Finanças Públicas. Despesa
pública. Festividade. Requisito.
As despesas à conta de recursos públicos com festividades e eventos comemorativos devem observar os
seguintes requisitos, sob pena de responsabilização dos agentes que autorizarem a sua realização: i) vincu-
lação às finalidades e objetivos da entidade; ii) moderação dos valores despendidos; iii) natureza excepcional;
e iv) submissão aos princípios da legalidade, moralidade, legitimidade e economicidade

TCU, Acórdão 56/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Aroldo Cedraz). Finanças Públicas. Res-
ponsabilidade fiscal. Operação de crédito. Título da dívida pública. Emissão. Banco público.
É irregular a emissão direta de títulos da dívida pública em favor das instituições financeiras federais, ressal-
vadas as destinadas ao Banco Central do Brasil e as demais situações expressamente previstas em lei.

TCU, Acórdão 2198/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Vital do Rêgo). Finanças Públicas. Re-
núncia de receita. Requisito. Meta fiscal. Eficácia da lei. Responsabilidade fiscal. Entendimento.
As leis e demais normativos que instituírem benefícios tributários e outros que tenham o potencial de
impactar as metas fiscais somente podem ser aplicados se forem satisfeitas as condicionantes constitucionais
e legais, considerando o disposto no art. 167, inciso II, da Constituição Federal, no art. 113 do ADCT e nos
arts. 14 a 16 da LRF.

TCU, Acórdão 6145/2020 Segunda Câmara(Tomada de Contas Especial, Relator Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer). Responsabilidade. Contrato administrativo. Liquidação da despesa. Atestação.
O atesto de despesa efetuado sem a efetiva verificação do direito do contratado ao crédito é ato grave,
sujeitando o responsável ao ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, porquanto dá margem à ocorrência
de pagamentos sem a devida contraprestação por parte do credor.

TCU, Acórdão 1274/2020 Plenário(Embargos de Declaração, Relator Ministro Bruno Dantas). Finanças Pú-
blicas. Despesa pública. Empresa estatal. Empresa estatal não dependente. Empresa estatal dependente.
Responsabilidade fiscal. Consulta.
Quando houver mudança da situação de empresa estatal não dependente para a de empresa estatal
dependente (art. 2º, inciso III, da Lei Complementar 101/2000 – LRF), deve esta ser incluída no orçamento

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fiscal e da seguridade social, não havendo óbice a que o Poder Executivo, ao definir os procedimentos de
transição para essa inclusão no caso concreto, pondere os princípios norteadores da Administração Pública,
em especial o que dispõe a parte inicial do art. 1º, § 1º, da LRF, mormente quando decidir sobre aspectos
sem plena regulamentação, como no caso de empresas dependentes de capital aberto. Com vistas a conferir
maior segurança jurídica ao processo, o Poder Executivo poderá regulamentar os procedimentos de inclusão
de forma que os efeitos da transição se deem ao longo de um período pré-determinado, fundamentado e de
razoável duração. No período entre a caracterização da dependência de fato da empresa estatal e a sua efetiva
inclusão no orçamento fiscal e da seguridade social, o espaço normativo deixado pela Lei Complementar
101/2000 não autoriza o gestor a violar diretrizes do ordenamento jurídico que imponham restrições às
estatais dependentes, a exemplo do art. 37, inciso XI e § 9°, da Constituição Federal, referente ao teto
remuneratório, e do disposto no art. 2°, inciso III, da LRF, nas hipóteses que especifica. (ALTERA RESPOSTA A
CONSULTA CONTIDA NO ACÓRDÃO 89/2020 PLENÁRIO)

TCU, Acórdão 62/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Bruno Dantas). Finanças Públicas. Re-
núncia de receita. Requisito. Eficácia da lei. Responsabilidade fiscal. LDO.
A produção de efeitos de medidas legislativas que cuidem de concessão ou ampliação de incentivo ou
benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita depende do atendimento prévio, pelo
Poder Executivo, das condições estabelecidas no ordenamento jurídico, em especial na Lei de
Responsabilidade Fiscal e na respectiva Lei de Diretrizes Orçamentárias.

TCU, Acórdão 2832/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Finanças Públi-
cas. Renúncia de receita. Requisito. Incentivo fiscal. Ato normativo. Poder Executivo. Responsabilidade
fiscal.
A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária dos quais decorram renúncias de
receitas, por ato normativo do Poder Executivo, deve obedecer aos requisitos previstos no art. 14 da LRF,
ressalvadas as hipóteses do art. 14, § 3º, inciso I, da referida lei, bem como ao art. 113 do ADCT e aos
dispositivos pertinentes da LDO em vigor, aplicando-se, no que couber, a resposta à consulta julgada por meio
do Acórdão 1907/2019-TCU-Plenário.

TCU, Acórdão 2904/2020 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Finanças Públi-
cas. Fundeb. Aplicação. Fundef. Precatório. Alimentação escolar. Farda. IDH.
Admite-se, excepcionalmente, quando se tratar de municípios pequenos e de baixo IDH, a aplicação de
recursos oriundos dos precatórios do extinto Fundef em despesas com merenda, uniforme e instrumentos
musicais, não enquadradas como de manutenção e desenvolvimento do ensino, mas importantes para o
processo de ensino e aprendizagem.

TCU, Acórdão 2435/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Finanças Públi-
cas. Instituição financeira. Garantia. Fundo de Participação dos Municípios. Fundo de Participação dos Es-
tados. Operação de crédito.
Os bancos estatais federais podem conceder empréstimos ou financiamentos a entes subnacionais sem
garantia da União e com vinculação de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ou do Fundo
de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE), uma vez que tais recursos, após transferidos para os
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entes federativos, no procedimento de repartição de receitas tributárias, passam a ser considerados como
receitas próprias, não se subsumindo à regra geral de não afetação de impostos inserta no art. 167, inciso IV,
da Constituição Federal.

TCU, Acórdão 2184/2019 Plenário (Monitoramento, Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman). Finan-
ças Públicas. Conselho de fiscalização profissional. Responsabilidade fiscal. LRF. Abrangência.
Os conselhos de fiscalização profissional, apesar de não estarem sujeitos às limitações de despesa impostas
pela LC 101/2000 (LRF), devem observar as normas gerais e os princípios que norteiam a gestão pública
responsável, com destaque para a ação planejada e transparente, com vistas a prevenir riscos e corrigir
desvios capazes de afetar o equilíbrio de suas contas (art. 1°, § 1º, da LRF).

TCU, Acórdão 2033/2019 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Vital do Rêgo). Finanças Públicas. Restos a
pagar. Vedação. Princípio da anualidade orçamentária. Princípio da razoabilidade.
A prática recorrente de elevada inscrição e rolagem de recursos orçamentários na rubrica de restos a pagar
ofende os princípios da anualidade orçamentária e da razoabilidade, sendo incompatível com o caráter de
excepcionalidade dos restos a pagar, contrariando o disposto no art. 165, inciso III, da Constituição Federal,
c/c o art. 2° da Lei 4.320/1964.

TCU, Acórdão 1839/2019 Plenário(Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues). Finanças
Públicas. Orçamento da União. Receita orçamentária. Título da dívida pública. Conta única. Proposta orça-
mentária.
Na proposta orçamentária encaminhada ao Congresso Nacional, ressalvadas as situações expressamente
previstas em lei, deve constar a estimativa das receitas obtidas mediante emissões diretas de títulos da dívida
pública destinadas a financiar despesas públicas, ainda que não acarretem recolhimento de recursos à conta
única do Tesouro Nacional, bem como a fixação de todas as despesas que se pretende realizar com tais
recursos.

TCU, Acórdão 1793/2019 Plenário (Solicitação do Congresso Nacional, Relator Ministro Raimundo Car-
reiro). Finanças Públicas. Restos a pagar. Vedação. Nota de empenho de despesa. Crédito orçamentário.
Licitação. Obra paralisada.
É irregular a utilização de nota de empenho cuja despesa foi inscrita em restos a pagar como crédito
orçamentário para realização de nova licitação, com vistas à conclusão de obra abandonada pela contratada,
por ofensa ao princípio da anualidade orçamentária, bem como ao art. 61 da Lei 4.320/1964 e ao art. 21 do
Decreto 93.872/1986.

TCU, Acórdão 1187/2019 Plenário (Embargos de Declaração, Relator Ministro Bruno Dantas). Finanças Pú-
blicas. Responsabilidade fiscal. Terceirização. Despesa com pessoal. Limite. Organização social.
O valor referente ao pagamento da remuneração do pessoal que exerce atividade-fim de ente público nas
organizações sociais deve, de acordo com o Manual de Demonstrativos Fiscais da STN (8ª e 9ª edições) e com
a Portaria 233/2019 do Ministério da Economia, ser incluído no total apurado para verificação dos limites de
gastos com pessoal estipulados na LRF (Lei Complementar 101/2000).
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TCU, Acórdão 1071/2019 Plenário (Auditoria, Relator Ministro Aroldo Cedraz). Finanças Públicas. Supri-
mento de fundos. Cartão de crédito corporativo. Saque em espécie. Exceção.
O cartão de pagamentos do governo federal deve ser usado na modalidade saque somente em situações
excepcionais em que, justificadamente, não seja possível utilizá-lo na função crédito, a exemplo de
indisponibilidade de rede credenciada e pagamento de despesas sigilosas.

TCU, Acórdão 937/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Vital do Rêgo). Finanças Públicas. Des-
pesa pública. Empresa estatal. Empresa estatal dependente. Despesa de custeio. Despesa de capital. En-
tendimento.
Para fins de aplicação de regras de finanças públicas, a conceituação de empresa estatal federal dependente
é aquela tratada no art. 2º, inciso III, da LRF, cuja dependência resta caracterizada pela utilização de aportes
de recursos da União para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, desde
que, neste último caso, os recursos não sejam provenientes do aumento da participação acionária da União
na respectiva estatal.

TCU, Acórdão 894/2019 Plenário (Representação, Relator Ministro Vital do Rêgo). Finanças Públicas. Res-
ponsabilidade fiscal. Despesa com pessoal. Cargo público. Função pública. Criação. Requisito.
A criação de cargos e funções somente poderá ocorrer se houver prévia dotação orçamentária suficiente para
atender as projeções de despesa de pessoal e os acréscimos dela decorrentes (art. 169, § 1º, inciso I, da
Constituição Federal) e, ainda, se estiver acompanhada de declaração do ordenador da despesa de que o
aumento do gasto público tem adequação orçamentária e financeira com a Lei Orçamentária Anual e
compatibilidade com o plano plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (art. 16, inciso II, da Lei
Complementar 101/2000).

TCU, Acórdão 908/2019 Plenário (Pedido de Reexame, Relator Ministro Aroldo Cedraz). Finanças Públicas.
Suprimento de fundos. Requisito. Licitação fracassada. Licitação deserta.
Eventual dificuldade em realizar procedimentos licitatórios, bem como a existência de certames fracassados
ou desertos, não autorizam a realização de despesas mediante suprimento de fundos.

TCU, Acórdão 831/2018 Plenário (Solicitação do Congresso Nacional, Relator Ministro-Substituto André de
Carvalho). Finanças Públicas. Execução orçamentária. Emenda parlamentar. Convênio. Orçamento imposi-
tivo.
Não há irregularidade quando a execução financeira de recursos orçamentários oriundos de emendas
parlamentares individuais não ocorre por fatos alheios à vontade do órgão ou da entidade repassadora. Os
recursos oriundos dessas emendas, embora possuam relativa obrigatoriedade de execução orçamentária e
financeira (EC 86/2015), não constituem transferências obrigatórias, tais como as relativas aos fundos de
participação dos estados e municípios e outras afins, mas sim transferências voluntárias, pois sua execução
depende de condicionantes (inexistência de impedimentos de ordem técnica e de contingenciamento).

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TCU, Acórdão 1618/2018 Plenário (Consulta, Relator Ministro Vital do Rêgo). Finanças Públicas. Orçamento
da União. Concurso público. Taxa. Consulta.
As receitas decorrentes da arrecadação de taxa de inscrição em concurso público promovido por órgão estatal,
e também as despesas necessárias à sua concretização, devem, mesmo sob a égide da EC 95/2016, ser
integralmente registradas no Orçamento da União, em deferência aos princípios da universalidade, do
orçamento bruto e da transparência na gestão fiscal.

10. LINDB e Responsabilidade

TCU, Acórdão 5850/2021 Segunda Câmara (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Augusto Nardes).
Responsabilidade. Débito. Culpa. Requisito. Dolo. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
O dever de indenizar os prejuízos ao erário permanece sujeito à comprovação de dolo ou culpa, sem qualquer
gradação, como é de praxe no âmbito da responsabilidade aquiliana, inclusive para fins do direito de regresso
(art. 37, § 6º, da Constituição Federal). As alterações promovidas na Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (Lindb) pela Lei 13.655/2018, em especial a inclusão do art. 28, não provocaram modificação nos
requisitos necessários para a responsabilidade financeira por débito

TCU, Acórdão 610/2021 Plenário (Representação, Relator Ministro Aroldo Cedraz). Responsabilidade.
Culpa. Erro grosseiro. Cooperativa. Contratação. Mão de obra. Intermediação.
Para fins do exercício do poder sancionatório do TCU, pode ser tipificada como erro grosseiro (art. 28 do
Decreto-lei 4.657/1942 – Lindb) a contratação de cooperativa nos casos em que, pelas características do
serviço a ser executado, atue como mera intermediadora de mão de obra.

TCU, Acórdão 724/2021 Plenário (Denúncia, Relator Ministro Bruno Dantas). Responsabilidade. Multa. Cir-
cunstância atenuante. Dosimetria. Parecer jurídico.
A existência de parecer jurídico não é suficiente para afastar a responsabilidade do agente público pela prá-
tica de ato irregular, entretanto pode ser considerada circunstância atenuante na dosimetria da pena.

TCU, Acórdão 3213/2019 Primeira Câmara (Pedido de Reexame, Relator Ministro Benjamin Zymler). Res-
ponsabilidade. Licitação. Comissão de licitação. Pregoeiro. Habilitação de licitante. Exigência.
Exigências para habilitação são inerentes à etapa de planejamento da contratação, razão pela qual irregula-
ridades apuradas nessa fase não devem ser imputadas a pregoeiro ou a membros de comissão de licitação,
designados para a fase de condução do certame.

TCU, Acórdão 3083/2020 Plenário (Representação, Relator Ministro Raimundo Carreiro). Responsabili-
dade. Licitação. Contratação direta. Dispensa de licitação. Bens imóveis. Aquisição.
A aquisição de imóvel por dispensa de licitação (art. 24, inciso X, da Lei 8.666/1993) sem estar fundamen-
tada em pareceres de avaliação técnica e econômica que condicionem a sua escolha sujeita o responsável à
aplicação de penalidade pelo TCU.

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TCU, Acórdão 10830/2020 Primeira Câmara (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Vital do Rêgo).
A emissão de parecer jurídico sem abordar a inviabilidade de conceder a empresa contratada pela Adminis-
tração reajuste de preço por desconformidade com o art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993 c/c os arts. 2º e 3º
da Lei 10.192/2001 caracteriza erro grosseiro e acarreta a aplicação de multa ao seu autor.

TCU, Acórdão 8220/2020 Primeira Câmara(Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Bruno Dantas).
Responsabilidade. Contrato administrativo. Subcontratação. Débito. Quantificação.
A subcontratação total do objeto, em que se evidencia a mera colocação de interposto entre a Administra-
ção Pública contratante e a empresa efetivamente executora (subcontratada), é irregularidade ensejadora
de débito, o qual corresponde à diferença entre os pagamentos recebidos pela empresa contratada e os
valores por ela pagos na subcontratação integral.

TCU, Acórdão 6486/2020 Primeira Câmara (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Vital do Rêgo).
Responsabilidade. Convênio. Plano de trabalho. Alteração. Débito. Multa.
A execução do objeto em desconformidade com o plano de trabalho aprovado não conduz, por si só, à ne-
cessidade de devolução dos recursos federais transferidos, desde que se possa comprovar o cumprimento
do propósito do convênio, sem prejuízo de aplicação de multa aos responsáveis que promoveram a altera-
ção do plano de trabalho sem a anuência do concedente.

TCU, Acórdão 6143/2020 Segunda Câmara(Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Augusto Nardes).
Responsabilidade. Convênio. Gestor sucessor. Omissão no dever de prestar contas. Comunicação. Rede de
Controle da Gestão Pública.
A comunicação do prefeito sucessor a instâncias de controle dando ciência da impossibilidade de realizar a
prestação de contas de recursos geridos por seu antecessor, em razão da insuficiência de documentos que
comprovem a aplicação dos recursos públicos transferidos, para fins de adoção das providências de alçada
daquelas instâncias, pode ser considerada medida pertinente e suficiente para o resguardo do patrimônio
público (Súmula TCU 230).

TCU, Acórdão 4382/2020 Segunda Câmara (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro-Substituto Mar-
cos Bemquerer). Responsabilidade. Convênio. Gestor sucessor. Conduta omissiva. Obra paralisada. Solida-
riedade.
A omissão do prefeito sucessor em concluir obra paralisada em gestão anterior, havendo recursos financei-
ros do convênio disponíveis para tal finalidade, ou em adotar as medidas pertinentes para resguardar o erá-
rio enseja sua responsabilização solidária por eventual débito decorrente da não conclusão do objeto con-
veniado.

TCU, Acórdão 4066/2020 Segunda Câmara(Tomada de Contas Especial, Relator Ministra Ana Arraes). Res-
ponsabilidade. Convênio. Desvio de objeto. Plano de trabalho. Alteração. Dano ao erário.

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A alteração do plano de trabalho sem a anuência do órgão repassador, mas que resulte na aplicação dos
recursos na finalidade pactuada e na consecução dos objetivos do convênio, configura desvio de objeto,
insuficiente, por si só, para caracterizar a ocorrência de dano ao erário.

TCU, Acórdão 2496/2020 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer). Convênio. Sistema S. Prestação de contas. Patrocínio. Obrigatoriedade.
As entidades do Sistema S, por gerirem recursos públicos e estarem sujeitas, portanto, aos princípios consti-
tucionais inerentes à atividade administrativa, estão obrigadas a exigir prestação de contas, física e finan-
ceira, dos valores transferidos a entidades privadas por meio de contratos de patrocínio; bem como os ter-
ceiros patrocinados estão obrigados a prestá-las, por força do art. 70 da Constituição Federal.

TCU, Acórdão 11302/2020 Primeira Câmara (Recurso de Reconsideração, Relator Ministro Bruno Dantas).
Responsabilidade. Convênio. Subconvênio. Inadimplência. Estado-membro. Município. Débito. Solidarie-
dade.
A celebração de subconvênios com municípios não afasta a responsabilidade do estado signatário do convê-
nio pela execução do objeto pactuado e pela prestação de contas dos recursos federais transferidos. A ocor-
rência de dano ao erário pelo inadimplemento do subconvenente conduz à responsabilização solidária do
estado que celebrou o ajuste com a União e do gestor do município inadimplente.

TCU, Acórdão 931/2019 Plenário (Embargos de Declaração, Relator Ministro Benjamin Zymler). Responsa-
bilidade. Débito. Agente privado. Contrato administrativo. Contrato social. Procurador.
A responsabilização de administradores de empresa contratada pela Administração Pública, quando cabí-
vel, alcança tanto aqueles que agiram por força do contrato social quanto os que atuaram na condição de
mandatários.

TCU, Acórdão 121/2021 Plenário (Tomada de Contas Especial, Relator Ministro Bruno Dantas). Responsa-
bilidade. Débito. Agente privado. Desconsideração da personalidade jurídica. Sócio. Gestor. Empregado.
O vínculo contratual entre a entidade privada e o Poder Público não permite a responsabilização dos agen-
tes da empresa contratada (administradores, sócios ou empregados) por prejuízos causados ao erário. Na
hipótese de estarem presentes os requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica, os sócios e
os administradores da empresa contratada podem ser alcançados, mas não os empregados (art. 50 do Có-
digo Civil).

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