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Supremo Tribunal Federal

Decisão sobre Repercussão Geral

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 17

10/05/2018 PLENÁRIO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO


1.122.122 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


RECTE.(S) : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO
PAULO
RECDO.(A/S) : MARIA NAZARETH DA SILVA
ADV.(A/S) : JESUINA APARECIDA CORAL ANDRADE LINS DE
ALBUQUERQUE

EMENTA

Recurso extraordinário com agravo. ITBI. Base de cálculo. Princípio


da legalidade. Súmula 636/STF. Interpretação da legislação local. Súmula
280/STF. Matéria infraconstitucional. Ausência de repercussão geral.
É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de
repercussão geral, a controvérsia relativa à base de cálculo aplicada ao
ITBI fundada na interpretação da legislação local, no Código Tributário
Nacional e no princípio da legalidade.

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reconheceu a inexistência de


repercussão geral da questão.

Ministro DIAS TOFFOLI


Relator

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REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO


1.122.122 SÃO PAULO

Recurso extraordinário com agravo. ITBI. Base de


cálculo. Princípio da legalidade. Súmula 636/STF.
Interpretação da legislação local. Súmula 280/STF.
Matéria infraconstitucional. Ausência de repercussão
geral.
É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos
da ausência de repercussão geral, a controvérsia
relativa à base de cálculo aplicada ao ITBI fundada na
interpretação da legislação local, no Código
Tributário Nacional e no princípio da legalidade.

MANIFESTAÇÃO

Trata-se de agravo interposto contra decisão mediante


a qual o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
não admitiu o recurso extraordinário fundado na letra
a do permissivo constitucional.
O acórdão foi assim ementado:

APELAÇÃO CÍVEL Mandado de Segurança ITBI Município de


São Paulo Ordem concedida Afastada a tese de
inadequação da via eleita O fato gerador do ITBI é o
registro imobiliário da transmissão da propriedade do
bem imóvel A base de cálculo do ITBI encontra-se
definida sobre dois parâmetros: ou é o valor venal do
qual o contribuinte já tem prévio conhecimento e é
definido pela Fazenda Pública, ou então é o valor
indicado no instrumento de venda e compra, sendo
defeso ao Município surpreender o contribuinte com
outro valor que não reflita nenhuma destas realidades
Recursos oficial e voluntário da Municipalidade não
providos, com observação, nos termos do acórdão.

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O Município de São Paulo articula afronta aos arts.


150, I; e 156, II, da Constituição Federal. Sustenta a
legitimidade da cobrança do ITBI, tomando como base de
cálculo o valor venal de referência (visto que mais
próximo ao valor de mercado). Aduz que a disciplina do
ITBI, notadamente quanto à base de cálculo, estaria
integral e expressamente prevista na Lei Municipal nº
11.154/91, com as alterações das Leis Municipais nºs
14.125/05 e 14.256/06, não se cogitando de afronta ao
princípio da legalidade. Refere que a base de cálculo
do ITBI atenderia os termos do art. 38 do Código
Tributário Municipal e que o Decreto Municipal nº
46.228/2005 apenas cumpriria a sua função regulamentar
de aplicar a norma legal ao caso concreto.
Passo a me manifestar.
O cerne da controvérsia envolve o Decreto Municipal nº
46.228/05, o qual, no entendimento do Tribunal de
origem, teria majorado a base de cálculo do ITBI,
atribuindo aos imóveis valor diverso daquele previsto
no art. 38 do Código Tributário Nacional e na Lei
Municipal nº 11.154/91, com as alterações das Leis
Municipais nºs 14.125/05 e 14.256/06. Para o Tribunal,
a Lei nº 14.256/06 não tornou válida a base de cálculo
ora questionada, já que o valor apurado pelo
recolhimento do ITBI não pode ser superior àquele
fixado para o IPTU.
Ambas as Turmas da Corte já assentaram a natureza
infraconstitucional das controvérsias envolvendo a
composição da base de cálculo do ITBI quando essas
dependem da reanálise das causas segundo as normas
locais, inclusive regulamentares. A afronta ao
princípio da legalidade e à norma constitucional de

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competência do ITBI, caso ocorresse, seria reflexa ou


indireta, o que impede a abertura da via
extraordinária. Em casos tais incidem as Súmulas 280 e
636 da Corte. Delimitando a discussão, vide trecho da
decisão proferida pelo Ministro Luiz Fux nos autos do
ARE nº 1.120.321/SP, DJe de 11/4/18:

No que diz respeito à alegação de ofensa ao princípio


da legalidade, verifica-se que o acórdão ora recorrido
tão somente interpretou o que dispõe a legislação
infraconstitucional em sentido contrário àquele
desejado pela parte agravante, de forma que eventual
ofensa à Constituição Federal seria meramente indireta
e reflexa, o que inviabiliza o exame da controvérsia
na via estreita do recurso extraordinário. Assevere-se
que a jurisprudência desta Suprema Corte se consolidou
no sentido de que por ofensa a direito local não cabe
recurso extraordinário (Súmula 280 do STF) e de que
não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao
princípio da legalidade, quando a sua verificação
pressuponha rever a interpretação dada a normas
infraconstitucionais pela decisão recorrida (Súmula
636 do STF).
Com efeito, embora o acórdão recorrido siga orientação
fixada em arguição de inconstitucionalidade do órgão
especial da Corte de origem, que reconheceu ofensa ao
princípio da legalidade na fixação de procedimento que
estabelece a prévia imposição de valores venais a
serem usados pelos contribuintes no cálculo do
imposto, a conclusão é inferida a partir da afronta ao
disposto sobre o tema em legislação complementar
tributária.

No mesmo contexto:

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Agravo regimental em recurso extraordinário com


agravo. 2. Direito Tributário. 3. Imposto sobre
Transmissão de Bens Imóveis ITBI. 4. Alegação de
afronta aos princípios da legalidade e da
anterioridade. 5. Poder regulamentar. Decreto
municipal 46.228/05 e Lei municipal 11.154/91. 6.
Necessidade de reexame da legislação
infraconstitucional e do conjunto fático-probatório.
7. Incidência das súmulas 279 e 636. 8. Precedentes.
9. Agravo regimental a que se se nega provimento (ARE
nº 790.908/DF-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro
Gilmar Mendes , DJe de 18/11/16).

Embargos de declaração no agravo regimental no agravo


de instrumento. Embargos de declaração recebidos como
agravo regimental. Tributário. Princípios da
legalidade, da anterioridade e da segurança jurídica.
ITBI. Base de cálculo. Poder regulamentar. Decreto
Municipal nº 46.228/05 e Lei Municipal nº 11.154/91.
Necessidade de reexame da legislação
infraconstitucional. Súmula nº 636/STF. 1. Os embargos
de declaração opostos contra decisão monocrática,
embora inadmissíveis, conforme a uníssona
jurisprudência da Suprema Corte, podem ser convertidos
em agravo regimental, tendo em vista o princípio da
fungibilidade recursal. 2. A análise de eventual
extrapolação do poder regulamentar do Decreto
Municipal nº 46.228/05 em relação à Lei Municipal nº
11.154/91 demanda o reexame de tais diplomas. 3.
Inadmissível, em recurso extraordinário, a análise da
legislação infraconstitucional. Incidência da Súmula
nº 636 da Corte. 4. Agravo regimental não provido (AI
n° 834.010/SP-AgR-ED, Primeira Turma, de minha

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relatoria, DJe de 13/2/15).

RECURSO EXTRAORDINÁRIO MATÉRIA FÁTICA E LEGAL. O


recurso extraordinário não é meio próprio ao
revolvimento da prova, também não servindo à
interpretação de normas estritamente legais.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Descabe a fixação de
honorários recursais, previstos no artigo 85, § 11, do
Código de Processo Civil de 2015, quando se tratar de
extraordinário formalizado em processo cujo rito os
exclua. AGRAVO MULTA ARTIGO 1.021, § 4º, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL DE 2015. Se o agravo é
manifestamente inadmissível ou improcedente, impõe-se
a aplicação da multa prevista no § 4º do artigo 1.021
do Código de Processo Civil de 2015, arcando a parte
com o ônus decorrente da litigância protelatória (ARE
nº 1051334/SP -AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro
Marco Aurélio, DJe de 27/11/17).

DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. BASE DE CÁLCULO. ITBI.
ARREMATAÇÃO JUDICIAL. CARÁTER INFRACONSTITUCIONAL DA
CONTROVÉRSIA. 1. A controvérsia relativa à base de
cálculo do ITBI,em caso de arrematação judicial,
demanda o reexame prévio de legislação
infraconstitucional, providência que impede a abertura
da via extraordinário. 2. Agravo regimental a que se
nega provimento (ARE nº 883.352/PR-AgR, Primeira
Turma, Relator o Ministro Roberto Barroso, DJe de
6/8/15).

Ainda no mesmo sentido: ARE nº 940.365/RS-AgR,


Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 27/9/17;
RE nº 644.563/RS-AgR, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de

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26/11/15; ARE nº 772.580/SP-AgR-AgR-segundo, Segunda


Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de
1°/10/14; ARE nº 828.996/RS-AgR, Segunda Turma, Rel.
Min. Cármen Lúcia, DJe de 9/10/14; AI nº 837.858/RS-
AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de
20/6/13; ARE nº 1.118.590/SP, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, DJe de 11/4/18.
Diante do exposto, manifesto-me pela natureza
infraconstitucional da controvérsia envolvendo a base
de cálculo do ITBI, a qual se decide essencialmente
com base na legislação infraconstitucional local, no
Código Tributário Nacional e no princípio da
legalidade. Aplicam-se ao caso os efeitos da ausência
de repercussão geral.
Proponho a seguinte tese:

É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos


da ausência de repercussão geral, a controvérsia
relativa à base de cálculo aplicada ao ITBI fundada na
interpretação da legislação local, no Código
Tributário Nacional e no princípio da legalidade.

Brasília, 17 de abril de 2018.

Ministro Dias Toffoli


Relator
Documento assinado digitalmente

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REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO


1.122.122 SÃO PAULO

PRONUNCIAMENTO

IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL


URBANO – IPTU – BASE DE CÁLCULO –
VALOR VENAL DO IMÓVEL OU DO
NEGÓCIO JURÍDICO DE COMPRA E
VENDA – DEFINIÇÃO NA ORIGEM –
RECURSO EXTRAORDINÁRIO –
MATÉRIA LEGAL – INADEQUAÇÃO.

1. A assessora Dra. Raquel Rodrigues Barbosa de Souza prestou as


seguintes informações:

Eis a síntese do discutido no recurso extraordinário nº


1.122.122/SP, relator ministro Dias Toffoli, inserido no sistema
eletrônico da repercussão geral em 20 de abril de 2018, sexta-
feira, com termo final para manifestação no próximo dia 10 de
maio, quinta-feira.

Maria Nazareth da Silva impetrou mandado de segurança


contra ato do Secretário Municipal de Finanças e
Desenvolvimento Econômico, visando o estabelecimento da
base de cálculo do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis –
ITBI de acordo com o valor venal do bem fixado para fins de
cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU,
aludindo ao artigo 38 do Código Tributário Nacional. Sustentou
ter a Municipalidade instituído, mediante a Lei nº 14.256/2006 e
o Decreto nº 51.627/2010, novo critério para apuração do ITBI,
no que considerada a área total do empreendimento,
majorando-se a base de cálculo, em violação à legalidade e à
proporcionalidade.

O Juízo deferiu a ordem, assentando que o cálculo do ITBI

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deve ser o montante decorrente da aplicação da fração da


impetrante (0,0002711%) sobre o valor venal utilizado como
base de cálculo do IPTU incidente sobre o imóvel indicado na
inicial.

A Décima Quarta Câmara de Direito Público, no


julgamento da apelação do Município de São Paulo, bem como
do reexame necessário nº 1009439-34.2015.8.26.0053/SP,
confirmou o entendimento do Juízo. Ressaltou ser a base de
cálculo do ITBI, presentes os artigos 38 do Código Tributário
Nacional e 7º da Lei municipal nº 11.154/1991, o valor dos bens
ou dos direitos transferidos. Pontuou que o valor apontado
como base de cálculo do IPTU representa o preço de mercado
do imóvel. Daí a legislação de regência estabelecer esse critério
quando da apuração do ITBI, afastando o montante apenas em
situações nas quais o valor da transação pactuada entre as
partes seja mais elevado. Enfatizou a desconformidade da Lei
municipal nº 14.256/2006 com o Código Tributário Nacional,
dizendo que fixa metodologia para cálculo do ITBI que pode
alcançar valor superior ao do utilizado para lançamento do
IPTU. Citou entendimento do Supremo no recurso
extraordinário com agravo nº 710.241, relator ministro Ricardo
Lewandowski. Realçou a incompatibilidade, com a Lei Maior,
dos artigos 7º-A, 7º-B e 12 da Lei nº 11.154/1991, acrescentados
pela Lei nº 14.125/2005, assentada, pelo Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo, no julgamento da arguição de
inconstitucionalidade nº 0056693-19.2014.8.26.0000. Esses
dispositivos criaram a possibilidade de aplicação do conceito de
valor negociado à vista, atribuindo ao Poder Público a apuração
periódica de valores venais de imóveis inseridos em base
cadastral, bem como versaram o dever de o contribuinte
impugnar a avaliação prévia em caso de discordância.

Não foram protocolados embargos de declaração.

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No extraordinário, interposto com alegada base na alínea


“a” do permissivo constitucional, o Município de São Paulo
aponta ofensa ao artigo 156, inciso II, da Constituição Federal.
Sustenta ausente transgressão ao princípio da legalidade, tendo
em vista a disciplina do ITBI, inclusive em relação à base de
cálculo, por meio da Lei municipal nº 11.154/1991, com as
alterações realizadas pelas de nº 14.125/2005 e nº 14.256/2006.
Diz que o cálculo do tributo pelo valor de negociação à vista do
bem ou do direito, em condições normais de mercado, atende
ao comando dos artigos 38 do Código Tributário Nacional e 7º
da Lei municipal nº 11.154/1991, com redação e acréscimos
introduzidos pela de nº 14.256/2006. Tece considerações
doutrinárias sobre o conceito de valor venal.

Salienta inviável a apuração do ITBI no momento da


elaboração da planta genérica de valores para fins de cálculo do
IPTU, presente o caráter volátil do mercado imobiliário. Aduz a
alteração da forma de recolhimento do ITBI com a edição dos
dois diplomas normativos municipais mais recentes,
permitindo ao contribuinte o conhecimento prévio do valor
venal atualizado do imóvel, circunstância a impedir o
recolhimento menor e o lançamento complementar subsequente
da diferença, com imposição de multa sancionatória.

Destaca a competência do Poder Legislativo para dispor


sobre critérios gerais e abstratos direcionados à aplicação da
norma a casos concretos, atividade da Administração
responsável pelo lançamento do tributo. Diz não caracterizada
situação de delegação legislativa, incumbindo ao Executivo
apurar a expressão numérica da base de cálculo. Alega
inadequada a fixação, por meio de diploma normativo dotado
de generalidade e abstração, do valor exato do montante a ser
pago na transação imobiliária, consideradas as flutuações do
mercado imobiliário.

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Sob o ângulo da repercussão geral, afirma ultrapassar o


tema os limites subjetivos da lide, mostrando-se relevante dos
pontos de vista econômico, político, social e jurídico.

A recorrida, nas contrarrazões, assinala o acerto do


acórdão impugnado, reiterando os argumentos apresentados na
inicial do mandado de segurança.

O extraordinário não foi admitido na origem, havendo


sido assentada ofensa reflexa ao texto constitucional. Seguiu-se
a interposição de agravo, no qual se pretendeu a sequência.

O Relator submeteu o processo ao denominado Plenário


Virtual, manifestando-se no sentido da inexistência de
repercussão geral. Eis o teor do pronunciamento:

Recurso extraordinário com agravo. ITBI. Base de


cálculo. Princípio da legalidade. Súmula 636/STF.
Interpretação da legislação local. Súmula 280/STF. Matéria
infraconstitucional. Ausência de repercussão geral.

É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da


ausência de repercussão geral, a controvérsia relativa à
base de cálculo aplicada ao ITBI fundada na interpretação
da legislação local, no Código Tributário Nacional e no
princípio da legalidade.

MANIFESTAÇÃO

Trata-se de agravo interposto contra decisão


mediante a qual o Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo não admitiu o recurso extraordinário fundado na
letra a do permissivo constitucional.

O acórdão foi assim ementado:

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APELAÇÃO CÍVEL Mandado de Segurança


ITBI Município de São Paulo Ordem concedida
Afastada a tese de inadequação da via eleita O fato
gerador do ITBI é o registro imobiliário da
transmissão da propriedade do bem imóvel A base
de cálculo do ITBI encontra-se definida sobre dois
parâmetros: ou é o valor venal do qual o contribuinte
já tem prévio conhecimento e é definido pela
Fazenda Pública, ou então é o valor indicado no
instrumento de venda e compra, sendo defeso ao
Município surpreender o contribuinte com outro
valor que não reflita nenhuma destas realidades
Recursos oficial e voluntário da Municipalidade não
providos, com observação, nos termos do acórdão.

O Município de São Paulo articula afronta aos arts.


150, I; e 156, II, da Constituição Federal. Sustenta a
legitimidade da cobrança do ITBI, tomando como base de
cálculo o valor venal de referência (visto que mais
próximo ao valor de mercado). Aduz que a disciplina do
ITBI, notadamente quanto à base de cálculo, estaria
integral e expressamente prevista na Lei Municipal nº
11.154/91, com as alterações das Leis Municipais nºs
14.125/05 e 14.256/06, não se cogitando de afronta ao
princípio da legalidade. Refere que a base de cálculo do
ITBI atenderia os termos do art. 38 do Código Tributário
Municipal e que o Decreto Municipal nº 46.228/2005
apenas cumpriria a sua função regulamentar de aplicar a
norma legal ao caso concreto.
Passo a me manifestar.

O cerne da controvérsia envolve o Decreto Municipal


nº 46.228/05, o qual, no entendimento do Tribunal de
origem, teria majorado a base de cálculo do ITBI,
atribuindo aos imóveis valor diverso daquele previsto no
art. 38 do Código Tributário Nacional e na Lei Municipal

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nº 11.154/91, com as alterações das Leis Municipais nºs


14.125/05 e 14.256/06. Para o Tribunal, a Lei nº 14.256/06
não tornou válida a base de cálculo ora questionada, já
que o valor apurado pelo recolhimento do ITBI não pode
ser superior àquele fixado para o IPTU.

Ambas as Turmas da Corte já assentaram a natureza


infraconstitucional das controvérsias envolvendo a
composição da base de cálculo do ITBI quando essas
dependem da reanálise das causas segundo as normas
locais, inclusive regulamentares. A afronta ao princípio da
legalidade e à norma constitucional de competência do
ITBI, caso ocorresse, seria reflexa ou indireta, o que
impede a abertura da via extraordinária. Em casos tais
incidem as Súmulas 280 e 636 da Corte. Delimitando a
discussão, vide trecho da decisão proferida pelo Ministro
Luiz Fux nos autos do ARE nº 1.120.321/SP, DJe de 11/4/18:

No que diz respeito à alegação de ofensa ao princípio


da legalidade, verifica-se que o acórdão ora recorrido tão
somente interpretou o que dispõe a legislação
infraconstitucional em sentido contrário àquele desejado
pela parte agravante, de forma que eventual ofensa à
Constituição Federal seria meramente indireta e reflexa, o
que inviabiliza o exame da controvérsia na via estreita do
recurso extraordinário. Assevere-se que a jurisprudência
desta Suprema Corte se consolidou no sentido de que por
ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário
(Súmula 280 do STF) e de que não cabe recurso
extraordinário por contrariedade ao princípio da
legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a
interpretação dada a normas infraconstitucionais pela
decisão recorrida (Súmula 636 do STF).

Com efeito, embora o acórdão recorrido siga


orientação fixada em arguição de inconstitucionalidade do

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órgão especial da Corte de origem, que reconheceu ofensa


ao princípio da legalidade na fixação de procedimento que
estabelece a prévia imposição de valores venais a serem
usados pelos contribuintes no cálculo do imposto, a
conclusão é inferida a partir da afronta ao disposto sobre o
tema em legislação complementar tributária.

No mesmo contexto:

Agravo regimental em recurso extraordinário com


agravo. 2. Direito Tributário. 3. Imposto sobre Transmissão
de Bens Imóveis ITBI. 4. Alegação de afronta aos
princípios da legalidade e da anterioridade. 5. Poder
regulamentar. Decreto municipal 46.228/05 e Lei
municipal 11.154/91. 6. Necessidade de reexame da
legislação infraconstitucional e do conjunto fático-
probatório. 7. Incidência das súmulas 279 e 636. 8.
Precedentes. 9. Agravo regimental a que se se nega
provimento (ARE nº 790.908/DF-AgR, Segunda Turma,
Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 18/11/16).

Embargos de declaração no agravo regimental no


agravo de instrumento. Embargos de declaração recebidos
como agravo regimental. Tributário. Princípios da
legalidade, da anterioridade e da segurança jurídica. ITBI.
Base de cálculo. Poder regulamentar. Decreto Municipal nº
46.228/05 e Lei Municipal nº 11.154/91. Necessidade de
reexame da legislação infraconstitucional. Súmula nº
636/STF. 1. Os embargos de declaração opostos contra
decisão monocrática, embora inadmissíveis, conforme a
uníssona jurisprudência da Suprema Corte, podem ser
convertidos em agravo regimental, tendo em vista o
princípio da fungibilidade recursal. 2. A análise de
eventual extrapolação do poder regulamentar do Decreto
Municipal nº 46.228/05 em relação à Lei Municipal nº
11.154/91 demanda o reexame de tais diplomas. 3.

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Manifestação sobre a Repercussão Geral

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ARE 1122122 RG / SP

Inadmissível, em recurso extraordinário, a análise da


legislação infraconstitucional. Incidência da Súmula nº 636
da Corte. 4. Agravo regimental não provido (AI n°
834.010/SP-AgR-ED, Primeira Turma, de minha relatoria,
DJe de 13/2/15).

RECURSO EXTRAORDINÁRIO MATÉRIA FÁTICA


E LEGAL. O recurso extraordinário não é meio próprio ao
revolvimento da prova, também não servindo à
interpretação de normas estritamente legais.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Descabe a fixação de
honorários recursais, previstos no artigo 85, § 11, do
Código de Processo Civil de 2015, quando se tratar de
extraordinário formalizado em processo cujo rito os
exclua. AGRAVO MULTA ARTIGO 1.021, § 4º, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. Se o agravo é
manifestamente inadmissível ou improcedente, impõe-se a
aplicação da multa prevista no § 4º do artigo 1.021 do
Código de Processo Civil de 2015, arcando a parte com o
ônus decorrente da litigância protelatória (ARE nº
1051334/SP -AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro
Marco Aurélio, DJe de 27/11/17).

DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL


EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
BASE DE CÁLCULO. ITBI. ARREMATAÇÃO JUDICIAL.
CARÁTER INFRACONSTITUCIONAL DA
CONTROVÉRSIA. 1. A controvérsia relativa à base de
cálculo do ITBI, em caso de arrematação judicial, demanda
o reexame prévio de legislação infraconstitucional,
providência que impede a abertura da via extraordinário.
2. Agravo regimental a que se nega provimento (ARE nº
883.352/PR-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro
Roberto Barroso, DJe de 6/8/15).

Ainda no mesmo sentido: ARE nº 940.365/RS-AgR,

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ARE 1122122 RG / SP

Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 27/9/17; RE


nº 644.563/RS-AgR, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de
26/11/15; ARE nº 772.580/SP-AgR-AgR-segundo, Segunda
Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de
1°/10/14; ARE nº 828.996/RS-AgR, Segunda Turma, Rel.
Min. Cármen Lúcia, DJe de 9/10/14; AI nº 837.858/RS-AgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 20/6/13;
ARE nº 1.118.590/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe
de 11/4/18.

Diante do exposto, manifesto-me pela natureza


infraconstitucional da controvérsia envolvendo a base de
cálculo do ITBI, a qual se decide essencialmente com base
na legislação infraconstitucional local, no Código
Tributário Nacional e no princípio da legalidade. Aplicam-
se ao caso os efeitos da ausência de repercussão geral.

Proponho a seguinte tese:

É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da


ausência de repercussão geral, a controvérsia relativa à
base de cálculo aplicada ao ITBI fundada na interpretação
da legislação local, no Código Tributário Nacional e no
princípio da legalidade.

Brasília, 17 de abril de 2018.


Ministro Dias Toffoli
Relator
Documento assinado digitalmente

2. Conforme ressaltado pelo relator, ministro Dias Toffoli, o tema


tem regência estritamente legal, não surgindo quadro a conflitar com os
parâmetros do próprio tributo, previsto na Constituição Federal.

3. Pronuncio-me no sentido da inviabilidade do extraordinário.

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5. À Assessoria, para acompanhar a tramitação do incidente,


inclusive quanto a processos que, versando a matéria, aguardam, no
Gabinete, exame.

6. Publiquem.

Brasília – residência –, 29 de abril de 2018, às 11h30.

Ministro MARCO AURÉLIO

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