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Supremo Tribunal Federal

Decisão sobre Repercussão Geral

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21/09/2017 PLENÁRIO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO


1.068.514 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


RECTE.(S) : TINTO HOLDING LTDA
ADV.(A/S) : LIDELAINE CRISTINA GIARETTA
RECDO.(A/S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

EMENTA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. IPI.


INCIDÊNCIA PROPORCIONAL. IMPORTAÇÃO DE BENS PARA
UTILIZAÇÃO ECONÔMICA. REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA.
ARTIGO 79 DA LEI Nº 9.430/96. NATUREZA INFRACONSTITUCIONAL
DA CONTROVÉRSIA. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reconheceu a inexistência de


repercussão geral da questão.

Ministro DIAS TOFFOLI


Relator

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21/09/2017 PLENÁRIO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO


1.068.514 SÃO PAULO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. IPI.


INCIDÊNCIA PROPORCIONAL. IMPORTAÇÃO DE BENS PARA
UTILIZAÇÃO ECONÔMICA. REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA.
ARTIGO 79 DA LEI Nº 9.430/96. NATUREZA
INFRACONSTITUCIONAL DA CONTROVÉRSIA. AUSÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL.

MANIFESTAÇÃO

Trata-se de agravo em recurso extraordinário, fundado


na letra a do permissivo constitucional, contra
acórdão do Tribunal Regional Federal da Terceira
Região assim ementado:

ADMINISTRATIVO ADMISSÃO TEMPORÁRIA PAGAMENTO


PROPORCIONAL DOS TRIBUTOS DEVIDOS ARTIGO 79 DA LEI Nº
9.430/96 LEGALIDADE INSTRUÇÕES NORMATIVAS NS. 164/98
E 250/99 APLICABILIDADE.
1- O regime de admissão temporária, conforme
estabelecido pelo art. 79 da Lei nº 9.430/96 prevê o
pagamento de impostos incidentes na importação
proporcional ao tempo de permanência dos bens
admitidos temporariamente no país.
2- A Lei nº 9.430/96 não pretendeu revogar o Decreto
nº 91.030/85, uma vez que o art. 79 remete a sujeição
a impostos ao disposto em regulamento específico, que
no caso presente é o próprio regulamento.
3- O art. 79 da Lei nº 9.430/96 estabelece que não há
suspensão dos tributos, mas pagamento proporcional ao
tempo de permanência no País. Assim, a característica

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distintiva do novo regime consiste na utilização


econômica dos bens.
4- Apelação não provida.

O recorrente articula a existência de repercussão


geral do ponto de vista jurídico, argumentando que o
acórdão recorrido, ao admitir a possibilidade de
incidência do IPI na importação de produtos objetos de
arrendamento mercantil, teria ofendido diversos
dispositivos constitucionais.
No extraordinário, alega afronta aos arts. 153, inciso
IV; 146, inciso III, alínea a; 153, § 3º, inciso I,
II; 156, III; 150, inciso I, todos da Constituição
Federal. Sustenta o recorrente, em síntese: a) não
existir na Constituição Federal a previsão de
competência tributária da União para instituir IPI na
importação de produtos, sendo, portanto,
inconstitucionais os arts. 46, I; 47, I; e 51, I, do
CTN, os quais validam o art. 14, caput, da IN SRF nº
150/99 e toda a legislação infraconstitucional que
eventualmente permita essa exibilidade, por violação
dos art. 153, IV, da Constituição Federal; b)
inexistir a lei complementar exigida no art. 146, III,
a, da CF, sendo que o CTN não supriria a inexistência
de lei prevendo a base de cálculo do IPI e a
materialidade no caso de desembaraço aduaneiro de
produto arrendado; c) ser inconstitucional o art. 79
da Lei nº 9.430/96, que teria instituído uma nova
modalidade de incidência tributária.
É o relatório. Passo a me manifestar.
Ambas as Turmas da Corte vêm decidindo pela natureza
infraconstitucional da controvérsia envolvendo a
incidência proporcional do IPI na importação de bens
para utilização econômica sob o regime de admissão

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temporária, como previsto no art. 79 da Lei nº


9.430/96 e na legislação correlata, especialmente em
instruções normativas da Secretaria da Receita Federal
do Brasil. Nesse sentido, vide:

Agravo regimental em recurso extraordinário. 2.


Direito Tributário. 3. Incidência do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI). Arrendamento
operacional. Aeronave. Importação pelo regime de
admissão temporária. Art. 79 da Lei 9.430/96. 4. O
Tribunal de origem solucionou a controvérsia com base
na interpretação e aplicação da legislação
infraconstitucional. Ofensa reflexa à Constituição
Federal. Precedentes. 5. Ausência de argumentos
capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Agravo
regimental a que se nega provimento (RE nº
785.193/RJAgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes,
DJe de 21/11/16).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. TRIBUTÁRIO. IPI. IMPORTAÇÃO. ARRENDAMENTO
MERCANTIL (LEASING) NA MODALIDADE OPERACIONAL.
ADMISSÃO TEMPORÁRIA DE AERONAVE PARA UTILIZAÇÃO
ECONÔMICA. PAGAMENTO DOS IMPOSTOS INCIDENTES NA
IMPORTAÇÃO DE FORMA PROPORCIONAL AO TEMPO DE
PERMANÊNCIA DO BEM NO TERRITÓRIO NACIONAL. ARTIGO 79
DA LEI Nº 9.430/1996. CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE
INFRACONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO (ARE
nº 932.562/MGAgR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux,
DJe de 11/3/16).

Ainda no mesmo sentido: ARE nº 939.122/MGAgR, Primeira


Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 12/4/16; RE nº
781.339/SPAgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes,

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DJe de 23/9/15; ARE nº 824.310/MGAgR, Segunda Turma,


Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 22/9/14; AI nº
713.421/SPAgR, Primeira Turma, de minha relatoria, DJe
de 30/9/13; RE nº 973.054/PR, Rel. Min. Roberto
Barroso, DJe de 10/8/16; RE nº 700.430/DF, de minha
relatoria, DJe de 2/2/15; ARE nº 855.428/MGAgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de
30/3/15.
Diante do exposto, manifesto-me pela natureza
infraconstitucional da controvérsia relativa à
incidência proporcional do IPI na importação de bens
para a utilização econômica sob o regime de admissão
temporária previsto no art. 79 da Lei nº 9.430/96, e
em seus regulamentos, e pela consequente ausência de
repercussão geral.
Proponho a seguinte tese:

A controvérsia relativa à incidência proporcional do


IPI na importação de bens para utilização econômica
sob o regime de admissão temporária previsto no art.
79 da Lei nº 9.430/96, e em seus regulamentos, não
possui repercussão geral, tendo em vista sua natureza
infraconstitucional.

Brasília, 31 de agosto de 2017.

Ministro Dias Toffoli


Relator
Documento assinado digitalmente

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1.068.514 SÃO PAULO

PRONUNCIAMENTO

REPERCUSSÃO GERAL –
INADEQUAÇÃO.

1. O assessor Dr. Ricardo Borges Freire Junior prestou as seguintes


informações:

Eis a síntese do discutido no recurso extraordinário com


agravo nº 1.068.514/SP, relator o ministro Dias Toffoli, inserido
no sistema eletrônico da repercussão geral em 1º de setembro
de 2017, sexta-feira, com termo final para manifestação no
próximo dia 21 de setembro, quinta-feira.

A Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª


Região, ao desprover a apelação cível nº 0019017-
89.2007.4.03.6100/SP, assentou a incidência do Imposto sobre
Produtos Industrializados quando do desembaraço aduaneiro
de aeronave importada mediante contrato de arrendamento
formalizado com pessoa jurídica estrangeira, considerado o
regime de admissão temporária. Entendeu viável, presente o
artigo 79 da Lei nº 9.430/1996, a cobrança proporcional dos
tributos incidentes sobre a importação durante o período de
permanência do bem no território nacional. Disse ser
característica do sistema implementado pelo citado diploma a
utilização econômica dos bens. Mencionou as Instruções
Normativas nº 150/1999 e nº 164/1998 da Secretaria da Receita
Federal, as quais regulam a aplicação do regime da admissão
temporária. Salientou a previsão do prazo de um ano,
prorrogável por igual período, para a permanência dos bens
admitidos pelo aludido regime. Anotou que a suspensão dos
tributos restringe-se aos casos previstos no Decreto-Lei nº
37/1966 e no Regulamento Aduaneiro, entre os quais não se
incluem os bens destinados à utilização econômica. Citou
jurisprudência do próprio Regional.

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Embargos de declaração foram desprovidos.

No extraordinário, protocolado com alegada base nas


alíneas “a” e “c” do permissivo constitucional, a recorrente
argui transgressão aos artigos 146, inciso III, alínea “a”, 150,
inciso I, 153, incisos I, II e IV e § 3º, e 156, inciso III, da
Constituição Federal.

Aponta não haver, no texto constitucional, atribuição de


competência à União para instituir o Imposto sobre Produtos
Industrializados na importação, dizendo inconstitucionais os
artigos 46, inciso I, 47, inciso I, e 51, inciso I, do Código
Tributário Nacional e 14 da Instrução Normativa nº 150/1999 da
Secretaria da Receita Federal. Tece considerações sobre a
evolução histórica do tributo, destacando a característica de ser
não cumulativo. Afirma, ante o fato de o fornecedor da
aeronave ser empresa domiciliada no exterior, não produzir o
negócio jurídico efeitos fiscais no território nacional.

Ressalta ser o fornecedor o contribuinte de direito do


tributo, não podendo a legislação brasileira alcançar fatos
praticados por estrangeiros nos respectivos países. Diz,
aludindo ao decidido pelo Supremo no recurso extraordinário
nº 203.075, relator o ministro Maurício Corrêa, da
imprescindibilidade de autorização expressa na Constituição
Federal para incidência de tributos na importação, à
semelhança do que ocorre com o Imposto sobre Operações
Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de
Comunicação.

Alega incidir o tributo apenas nos casos envolvendo a


aquisição de produtos industrializados, o que não teria ocorrido
na importação por si realizada, considerado o arrendamento da
aeronave sem opção de compra ao final, ou seja, sem

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possibilidade de transferência do domínio. Reporta-se ao


exame, pelo Supremo, do recurso extraordinário nº 461.968, no
qual assentada a inconstitucionalidade da cobrança do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços na importação de
aeronave mediante contrato de arrendamento. Destaca não ter o
exportador implementado a industrialização do produto.

Consoante argumenta, descabe, por ofender o princípio da


não cumulatividade, a cobrança do Imposto sobre Produtos
Industrializados na importação quando o adquirente não é
contribuinte habitual do imposto e o produto se destina para
uso próprio, dizendo inviabilizada a possibilidade de
aproveitamento do tributo.

Articula com o artigo 146, inciso III, alínea “a”, da


Constituição Federal, aduzindo a falta de lei complementar
para definição da base de cálculo do tributo quando o negócio
jurídico formalizado é o arrendamento, sendo inaplicáveis os
artigos 46, inciso I, 47, inciso I, e 20, inciso II, do Código
Tributário Nacional, ante a inexistência de preço de venda do
produto para apuração da quantia devida no desembaraço
aduaneiro. Menciona o recurso extraordinário nº 210.876, da
relatoria de Vossa Excelência.

Entende inconstitucional, sob o aspecto formal, o artigo 79


da Lei nº 9.430/1996, a prever a tributação de bens admitidos
temporariamente no País, considerada a reserva de lei
complementar para disciplinar o assunto. Segundo afirma, a
importação por si realizada atrai a incidência não do Imposto
sobre Produtos Industrializados, mas do Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza, cuja competência para
instituição é dos Municípios, presente o artigo 156, inciso III, da
Constituição Federal e a Lei Complementar nº 116/2003. Argui
ofensa ao Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – GATT e aos
princípios da seletividade e da legalidade.

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Sob o ângulo da repercussão geral, assevera ultrapassar a


matéria os limites subjetivos da lide, mostrando-se relevante do
ponto de vista jurídico. Frisa haver desrespeito à jurisprudência
do Supremo.

A União, nas contrarrazões, aponta, preliminarmente, a


falta de prequestionamento dos dispositivos constitucionais
veiculados no recurso, bem como a necessidade de análise de
normas infraconstitucionais. No mérito, assinala o acerto do ato
impugnado.

O extraordinário foi inadmitido na origem. Seguiu-se a


formalização de agravo, no qual se busca a sequência do
recurso. Foi apresentada contraminuta.

Eis o pronunciamento do ministro Dias Toffoli, no sentido


da inexistência de questão constitucional e de repercussão
geral, ante a natureza legal da controvérsia:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.


TRIBUTÁRIO. IPI. INCIDÊNCIA PROPORCIONAL.
IMPORTAÇÃO DE BENS PARA UTILIZAÇÃO
ECONÔMICA. REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA.
ARTIGO 79 DA LEI Nº 9.430/96. NATUREZA
INFRACONSTITUCIONAL DA CONTROVÉRSIA.
AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

MANIFESTAÇÃO
Trata-se de agravo em recurso extraordinário,
fundado na letra a do permissivo constitucional, contra
acórdão do Tribunal Regional Federal da Terceira Região
assim ementado:
ADMINISTRATIVO ADMISSÃO TEMPORÁRIA
PAGAMENTO PROPORCIONAL DOS TRIBUTOS
DEVIDOS ARTIGO 79 DA LEI Nº 9.430/96 LEGALIDADE
INSTRUÇÕES NORMATIVAS NS. 164/98 E 250/99

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APLICABILIDADE.
1- O regime de admissão temporária, conforme
estabelecido pelo art. 79 da Lei nº 9.430/96 prevê o
pagamento de impostos incidentes na importação
proporcional ao tempo de permanência dos bens
admitidos temporariamente no país.
2- A Lei nº 9.430/96 não pretendeu revogar o Decreto
nº 91.030/85, uma vez que o art. 79 remete a sujeição a
impostos ao disposto em regulamento específico, que no
caso presente é o próprio regulamento.
3- O art. 79 da Lei nº 9.430/96 estabelece que não há
suspensão dos tributos, mas pagamento proporcional ao
tempo de permanência no País. Assim, a característica
distintiva do novo regime consiste na utilização
econômica dos bens.
4- Apelação não provida.
O recorrente articula a existência de repercussão
geral do ponto de vista jurídico, argumentando que o
acórdão recorrido, ao admitir a possibilidade de
incidência do IPI na importação de produtos objetos de
arrendamento mercantil, teria ofendido diversos
dispositivos constitucionais.
No extraordinário, alega afronta aos arts. 153, inciso
IV; 146, inciso III, alínea a; 153, § 3º, inciso I, II; 156, III; 150,
inciso I, todos da Constituição Federal. Sustenta o
recorrente, em síntese: a) não existir na Constituição
Federal a previsão de competência tributária da União
para instituir IPI na importação de produtos, sendo,
portanto, inconstitucionais os arts. 46, I; 47, I; e 51, I, do
CTN, os quais validam o art. 14, caput, da IN SRF nº
150/99 e toda a legislação infraconstitucional que
eventualmente permita essa exibilidade, por violação dos
art. 153, IV, da Constituição Federal; b) inexistir a lei
complementar exigida no art. 146, III, a, da CF, sendo que
o CTN não supriria a inexistência de lei prevendo a base
de cálculo do IPI e a materialidade no caso de

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desembaraço aduaneiro de produto arrendado; c) ser


inconstitucional o art. 79 da Lei nº 9.430/96, que teria
instituído uma nova modalidade de incidência tributária.
É o relatório. Passo a me manifestar.
Ambas as Turmas da Corte vêm decidindo pela
natureza infraconstitucional da controvérsia envolvendo a
incidência proporcional do IPI na importação de bens para
utilização econômica sob o regime de admissão
temporária, como previsto no art. 79 da Lei nº 9.430/96 e
na legislação correlata, especialmente em instruções
normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Nesse sentido, vide:
Agravo regimental em recurso extraordinário. 2.
Direito Tributário. 3. Incidência do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI). Arrendamento
operacional. Aeronave. Importação pelo regime de
admissão temporária. Art. 79 da Lei 9.430/96. 4. O Tribunal
de origem solucionou a controvérsia com base na
interpretação e aplicação da legislação infraconstitucional.
Ofensa reflexa à Constituição Federal. Precedentes. 5.
Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão
agravada. 6. Agravo regimental a que se nega provimento
(RE nº 785.193/RJAgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe de 21/11/16).
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. IPI.
IMPORTAÇÃO. ARRENDAMENTO MERCANTIL
(LEASING) NA MODALIDADE OPERACIONAL.
ADMISSÃO TEMPORÁRIA DE AERONAVE PARA
UTILIZAÇÃO ECONÔMICA. PAGAMENTO DOS
IMPOSTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO DE
FORMA PROPORCIONAL AO TEMPO DE
PERMANÊNCIA DO BEM NO TERRITÓRIO
NACIONAL. ARTIGO 79 DA LEI Nº 9.430/1996.
CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE
INFRACONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL

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DESPROVIDO (ARE nº 932.562/MGAgR, Primeira Turma,


Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 11/3/16).
Ainda no mesmo sentido: ARE nº 939.122/MGAgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 12/4/16; RE
nº 781.339/SPAgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe de 23/9/15; ARE nº 824.310/MGAgR, Segunda
Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe de 22/9/14; AI nº
713.421/SPAgR, Primeira Turma, de minha relatoria, DJe
de 30/9/13; RE nº 973.054/PR, Rel. Min. Roberto Barroso,
DJe de 10/8/16; RE nº 700.430/DF, de minha relatoria, DJe
de 2/2/15; ARE nº 855.428/MGAgR, Primeira Turma, Rel.
Min. Marco Aurélio, DJe de 30/3/15.
Diante do exposto, manifesto-me pela natureza
infraconstitucional da controvérsia relativa à incidência
proporcional do IPI na importação de bens para a
utilização econômica sob o regime de admissão
temporária previsto no art. 79 da Lei nº 9.430/96, e em seus
regulamentos, e pela consequente ausência de repercussão
geral.
Proponho a seguinte tese:
A controvérsia relativa à incidência proporcional do
IPI na importação de bens para utilização econômica sob o
regime de admissão temporária previsto no art. 79 da Lei
nº 9.430/96, e em seus regulamentos, não possui
repercussão geral, tendo em vista sua natureza
infraconstitucional.

Brasília, 31 de agosto de 2017.


Ministro Dias Toffoli
Relator
Documento assinado digitalmente

2. Tem-se a inadequação do instituto da repercussão geral. Ante o


texto constitucional, está ligado ao recurso extraordinário quando
veiculado tema de envergadura maior e constatada, de início,
transgressão a preceito da Constituição Federal. No caso, o recurso

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extraordinário foi trancado na origem. Tem-se, a rigor, a inserção, no


Plenário Virtual, de agravo para, a seguir, na dicção do Relator, assentar-
se o envolvimento de normas legais.

3. Pronuncio-me no sentido da inadequação da repercussão geral.

4. À Assessoria, para acompanhar a tramitação do incidente.

5. Publiquem.

Brasília – residência –, 5 de setembro de 2017, às 22h20.

Ministro MARCO AURÉLIO

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