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Supremo Tribunal Federal

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.111.035 DISTRITO


FEDERAL

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


RECTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
RECDO.(A/S) : ZULEIDE DE OLIVEIRA MOURA E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : JOSE VIGILATO DA CUNHA NETO
ADV.(A/S) : CAMILA HOSKEN CUNHA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. ADMINISTRATIVO.
ANISTIA. EX-EMPREGADOS DA
EXTINTA EMPRESA BRASILEIRA DE
TRANSPORTES URBANOS – EBTU.
REINTEGRAÇÃO. REGIME
ESTATUTÁRIO. LEI 8.878/1994.
ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE
BASEOU NA COISA JULGADA
PROFERIDA NOS AUTOS DO RECURSO
ESPECIAL 902.127. RAZÕES RECURSAIS
DISSOCIADAS DOS FUNDAMENTOS
DO ACÓRDÃO RECORRIDO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284 DO STF.
AGRAVO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE
DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO
EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
NO JUÍZO RECORRIDO.
IMPOSSIBILIDADE DE MAJORAÇÃO
NESTA SEDE RECURSAL. ARTIGO 85, §
11, DO CPC/2015. AGRAVO
DESPROVIDO.

DECISÃO: Trata-se de agravo nos próprios autos objetivando a


reforma de decisão que inadmitiu recurso extraordinário, manejado com

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ARE 1111035 / DF

arrimo na alínea a do permissivo constitucional, contra acórdão que


assentou, in verbis:

“ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE ACÓRDÃO DO STJ.
OBRIGAÇÃO DE FAZER. SERVIDORES CELETISTAS DA
EXTINTA EMPRESA BRASILEIRA DE TRANSPORTES
URBANOS. REINTEGRAÇÃO. REGIME ESTATUTÁRIO.
CONSECTÁRIOS. POSSIBILIDADE.
1. Por ocasião da fase de execução, deverá o juízo exequente
obedecer ao inteiro teor e aos limites do título judicial exequendo, em
homenagem ao princípio da correspondência.
2. O acórdão exequendo, já transitado em julgado, traz o
seguinte dispositivo: ‘julgar procedente o pedido de reintegração dos
recorrentes em cargos congêneres, no Ministério dos Transportes, com
todas as vantagens decorrentes do exercício do cargo, a partir da
edição da Portaria 69/99. Sobre os atrasados, incidirão juros
moratórios, a contar da citação, à base de 1% ao mês, bem como
correção monetária nos moldes da Lei 6.899/81. Quanto aos
honorários, com fundamento no art. 20, § 4º, do Código de Processo
Civil, fixo-os em 5% sobre o valor da condenação, ficando a recorrida
condenada, ainda, ao ressarcimento das despesas processuais.’
3. Portanto, a reintegração dos autores deve ser efetivada em
cargo público, submetido ao regime jurídico único, conforme o
comando judicial exequendo. Incabível a rediscussão do tema em fase
da execução.
4. Agravo de Instrumento provido.”

Os embargos de declaração opostos foram desprovidos.


Nas razões do apelo extremo, sustenta preliminar de repercussão
geral e, no mérito, aponta violação aos artigos 2º, 37, II, e 61, § 1º, II, c, da
Constituição Federal.
O Tribunal a quo negou seguimento ao recurso extraordinário por
entender que se trataria, na espécie, de matéria infraconstitucional.

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É o relatório. DECIDO.

O agravo não merece prosperar.


O acórdão recorrido deu provimento ao agravo de instrumento
interposto por ZULEIDE DE OLIVEIRA MOURA E OUTROS, sob o
seguinte entendimento:

“Discute-se no presente recurso o exato alcance do comando


judicial expresso no Acórdão proferido no Recurso Especial n. 902.127
- DF (2006/0224271-1) pelo Superior de Justiça, quanto ao direito dos
Agravantes à sua reintegração ao serviço público e os consectários
dessa medida. Entendem os Agravantes, ex-empregados públicos da
extinta Empresa Brasileiro de Transportes Urbanos, que o acórdão em
discussão reconheceu-lhes o direito à reintegração ao serviço público,
com todas as vantagens decorrentes, o que implica o pagamento das
verbas atrasadas.
(…)
De fato, analisando-se o Acórdão RECURSO ESPECIAL
N° 902.127 – DF (2006/0224271-1), transitado em julgado,
constata-se que a matéria foi julgada pelo Colendo Superior
Tribunal de Justiça, sendo dado parcial provimento ao recurso,
reformando a decisão e julgando procedente o pedido de
reintegração dos recorrentes em cargos congêneres, no
Ministério dos Transportes, com todas as vantagens
decorrentes do exercício do cargo, a partir da edição da Portaria
69/99, de conformidade com o voto proferido pela Ministra Jane Silva
(Desembargadora Convocada pelo TJ/MG), in verbis:
(…)” (Grifos meus)

Nada obstante, nas razões do recurso extraordinário, a parte


recorrente não ataca o fundamento do acórdão recorrido relativo à
existência de coisa julgada, limitando-se a afirmar que “a reintegração ao
serviço público concedida através do Recurso Especial de nº. 902.127 deve
guardar conformidade com a legislação que rege a ‘Anistia Collor’” e que o
Tribunal de origem “desconsiderou que, com a extinção da EBTU, os

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empregos públicos nela existentes não foram transformados em cargos públicos


para efeito do retorno ao serviço com base na Lei de Anistia”.
Assim, verifico que as razões do apelo extremo estão dissociadas dos
fundamentos do acórdão impugnado, o que caracteriza a deficiência na
sua fundamentação. Essa deficiência faz incidir o óbice da Súmula 284 do
STF, in verbis: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na
sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”.
Por oportuno, vale destacar preciosa lição de Roberto Rosas sobre a
Súmula 284 do STF, na qual faz referência à Súmula 287 do STF:

“Qualquer recurso deve ter fundamentação razoável para que o


juiz possa apreciá-lo (RE 78.873, RTJ 76/814; 70.143, RTJ 77/467).
Ver Súmula 287.” (Direito Sumular. São Paulo: Malheiros, 2012,
14ª Edição, p. 140)

Por fim, observo que o presente agravo foi interposto sob a égide da
nova lei processual, o que conduziria à aplicação de sucumbência
recursal. Nada obstante, por não ter havido condenação ao pagamento de
honorários advocatícios no Tribunal a quo, fica impossibilitada a sua
majoração, nos termos do artigo 85, § 11, do CPC/2015.
Ex positis, DESPROVEJO o agravo, com fundamento no artigo 932,
VIII, do CPC/2015 c/c o artigo 21, § 1º, do RISTF.
Publique-se.
Brasília, 6 de março de 2018.
Ministro LUIZ FUX
Relator
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