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Supremo Tribunal Federal

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 902.085 RIO DE JANEIRO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


RECTE.(S) : MAKRO ATACADISTA S/A
ADV.(A/S) : MARCOS DE VICQ DE CUMPTICH E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S) : ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO

DECISÃO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. TRIBUTÁRIO. ICMS. ESTORNO
DE CRÉDITO. MERCADORIA FURTADA,
ROUBADA, EXTRAVIADA OU
DETERIORADA. IMPOSSIBILIDADE DE
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO DO PROCESSO: SÚMULA
N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. AGRAVO AO QUAL SE NEGA
SEGUIMENTO.

Relatório

1. Agravo nos autos principais contra inadmissão de recurso


extraordinário interposto com base na al. a do inc. III do art. 102 da
Constituição da República contra o seguinte julgado do Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro:

“AGRAVO INTERNO NA APELAÇÃO CÍVEL.


EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. ICMS. AUTO DE
INFRAÇÃO EXIGINDO ESTORNO DE CRÉDITOS
DECORRENTES DE PERDAS PRESUMIDAS DE
MERCADORIAS NOS MESES DE FEVEREIRO A NOVEMBRO
DE 2001. AUSÊNCIA DE ESTORNO DO IMPOSTO POR
FURTO, ROUBO, EXTRAVIO, PERECIMENTO OU

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ARE 902085 / RJ

DETERIORAÇÃO DAS MERCADORIAS. ALEGAÇÃO DE


VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE E
ARBITRAMENTO IRREGULAR BASEADO EM NOTÍCIAS DE
JORNAL, VEZ QUE OS LIVROS CONTÁBEIS ESTIVERAM À
DISPOSIÇÃO DO EMBARGADO. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO AO
DIREITO DE DEFESA AFASTADA. JUÍZO DESTINATÁRIO DA
PROVA. FALTA DE PROVA CONSTITUTIVA DO DIREITO DO
EMBARGANTE. AUSÊNCIA DE PROVA MÍNIMA. ARTIGO
333, INCISO I, DO CPC. ÔNUS QUE LHE CABIA.
PRECEDENTES DO STJ E DESTA CORTE. DESPROVIMENTO
DO RECURSO”.

Os embargos de declaração opostos foram rejeitados.

2. O Agravante assevera contrariado o art. 155, § 2º, inc. I, da


Constituição da República, argumentando que

“o v. acórdão recorrido manteve a sentença que entendeu ser


obrigatório o estorno de créditos de ICMS lançados em relação às
mercadorias perdidas por furto, roubo, extravio, perecimento ou
deterioração.
No entanto, ao assim decidir, o v. acórdão recorrido violou o
princípio da não-cumulatividade do ICMS.
(…)
É por esse motivo que o Recorrido não tem razão em exigir o
estorno dos créditos de ICMS nos casos presumidos de perdas de
mercadorias por furto, roubo, extravio perecimento ou deterioração,
uma vez que, se a Recorrente pagou o imposto devido quando da
entrada em seu estabelecimento, tem o inegável direito de aproveitar-
se do crédito do imposto pelo mesmo valor.
Assim, não pode prosperar o entendimento do E. Tribunal a quo
de que o estorno exigido pelo Recorrido seria válido. Afinal, não há
que se falar no estorno dos respectivos créditos de ICMS nos casos de
perdas, pois seria o mesmo que equiparar essas situações de
deterioração, extravio, furto ou roubo de mercadoria à saída isenta ou

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não tributada, apenas para se exigir o estorno dos créditos lançados


por ocasião de sua aquisição, em patente lesão ao princípio da não-
cumulativadade”.

3. O recurso extraordinário foi inadmitido ao fundamento de


incidência das Súmulas ns. 279, 283 e 284 do Supremo Tribunal Federal.

Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO.

4. No art. 544 do Código de Processo Civil, com as alterações da Lei


n. 12.322/2010, estabeleceu-se que o agravo contra inadmissão de recurso
extraordinário processa-se nos autos do recurso, ou seja, sem a
necessidade de formação de instrumento, sendo este o caso.

Analisam-se, portanto, os argumentos postos no agravo, de cuja


decisão se terá, na sequência, se for o caso, exame do recurso
extraordinário.

5. Razão jurídica não assiste ao Agravante.

6. A apreciação do pleito recursal demandaria o reexame do conjunto


fático-probatório do processo, procedimento inviável nesta via recursal.
Incide, na espécie, a Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal:

“Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


ICMS. Aproveitamento indevido de crédito. Lançamento fiscal.
Compensação. Matéria infraconstitucional. Afronta reflexa. Multa.
Efeito confiscatório. Ausência de demonstração. Incidência da Súmula
279/STF. 1. Para ultrapassar o entendimento do Tribunal de origem e
acolher a pretensão da agravante, seria necessário analisar a
controvérsia à luz da legislação infraconstitucional pertinente. Desse
modo, a alegada violação dos dispositivos constitucionais invocados
seria, se ocorresse, indireta ou reflexa, o que não enseja reexame da
questão em recurso extraordinário. 2. A análise do eventual efeito
confiscatório da multa somente seria aferível mediante exame do

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quadro fático-probatório, o que é vedado na via estreita do recurso


extraordinário (Súmula nº 279 da Corte). 3. Agravo regimental não
provido” (ARE 848.862-AgR, Relator o Ministro Dias Toffoli,
Segunda Turma, DJe 19.6.2015).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. ICMS.
VERIFICAÇÃO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIA.
ALEGAÇÃO DE IMPORTAÇÃO DE BENS MÓVEIS SOB
REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA COM OBJETIVO DE
LOCAÇÃO, SEM TRANSFERÊNCIA DE TITULARIDADE.
ANÁLISE DE NORMA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA
REFLEXA. INCURCIONAMENTO NO CONTEXTO FÁTICO-
PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA Nº 279 DO STF” (ARE
850.396-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
15.5.2015).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS. SUBSTITUIÇÃO
TRIBUTÁRIA. REMESSA DE MERCADORIAS A OUTRO
ESTABELECIMENTO: NATUREZA DA OPERAÇÃO.
AUSÊNCIA DE OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA.
SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
MULTA DE REVALIDAÇÃO. PRINCÍPIOS DO NÃO CONFISCO
E DA RAZOABILIDADE. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. MULTA ISOLADA. AUSÊNCIA DE
OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. SÚMULA N. 279 DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ACÓRDÃO
SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADO. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (RE
823.886-AgR, de minha relatoria, Segunda Turma, DJe
29.4.2015).

Nada há, pois, a prover quanto às alegações do Agravante.

7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo (art. 544, § 4º, inc. II, al.

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a, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do


Supremo Tribunal Federal).

Publique-se.

Brasília, 20 de agosto de 2015.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

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