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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro


TRIBUNAL DE JUSTIÇA
9ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO – ANTIGA 2ª CÂMARA CÍVEL
============================================================

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO


AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0022972-90.2022.8.19.0000

EMBARGANTE: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS


CEDAE
EMBARGADO: CONDOMINIO DO EDIFICIO LUCIA MARIA
RELATOR: DES. PAULO SÉRGIO PRESTES DOS SANTOS

ACÓRDÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
DECISÃO QUE ACOLHE EM PARTE A
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA,
RECONHECENDO O EXCESSO, E EXTINGUIU A
EXECUÇÃO. TEMPESTIVADE DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO OPOSTOS PELO CONDOMÍNIO
EMBARGADO. DECISÃO QUE ACOLHEU EM PARTE
A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. EMBARGADO QUE TEM DIREITO AOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM RELAÇÃO AO
VALOR CORRETO DA EXECUÇÃO, MANTENDO-SE
OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS APLICADOS EM
DESFAVOR DO EXEQUENTE (EMBARGADO) EM
RELAÇÃO AO VALOR EXCESSIVO. INTELIGÊNCIA
DO ART.85, §1º DO CPC/15. INEXISTÊNCIA DE
OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESPROVIDOS.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração nos


Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.0000 em que é
Embargante: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE, e
Embargado: CONDOMINIO DO EDIFICIO LUCIA MARIA.

A C O R D A M os Desembargadores da Nona Câmara de Direito


Privado – antiga Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de

Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.00


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PAULO SERGIO PRESTES DOS SANTOS:9661 Assinado em 24/04/2023 18:29:59


Local: GAB. DES PAULO SERGIO PRESTES DOS SANTOS
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Janeiro, por unanimidade de votos, em CONHECER OS EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO E NEGAR-LHES PROVIMENTO, forma do voto do Relator.

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos por COMPANHIA ESTADUAL


DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE em face de acórdão que deu parcial provimento aos
embargos de declaração opostos contra acórdão que negou provimento ao agravo de
instrumento interposto contra decisão que acolheu em parte a impugnação ao cumprimento de
sentença.

Em razões recursais de fls.134/138, a embargante, em resumo, alega a


intempestividade dos embargos declaratórios opostos pelo Condomínio; alega que o juízo
acolheu a impugnação ao cumprimento de sentença; e, por fim, requer o provimento do recurso
a fim de que sejam sanadas as omissões apontadas.

Em contrarrazões, o embargado pugnou pelo desprovimento do recurso.

É o Relatório.

VOTO

Trata-se de embargos de declaração opostos contra o seguinte acórdão:

ACÓRDÃO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. DECISÃO QUE ACOLHE EM PARTE A
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA,
RECONHECENDO O EXCESSO, E EXTINGUIU A
EXECUÇÃO. INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. AGRAVANTE QUE
PRETENDE A MODIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE
CORREÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA. INTELIGÊNCIA DO
ART.467, DO CPC/73, ATUAL ART.502 DO CPC.
APLICA-SE COMO CRITÉRIO DE CORREÇÃO
MONETÁRIA O ÍNDICE ESTABELECIDO PELO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESTE ESTADO, NÃO
PODENDO O EXEQUENTE CRIAR UMA NOVA
PLANILHA, CONTENDO NOVO ÍNDICE DE
CORREÇÃO MONETÁRIA (IGPM), QUE SEQUER FOI

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MENCIONADO NA SENTENÇA E NA DECISÃO


HOMOLOGATÓRIA DO LAUDO PERICIAL.
PRECEDENTES DO C.STJ. EXEQUENTE
(EMBARGANTE) QUE TEM DIREITO AOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM RELAÇÃO AO
VALOR CORRETO DA EXECUÇÃO, MANTENDO-SE OS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS APLICADOS EM
DESFAVOR DA EXEQUENTE EM RELAÇÃO AO
VALOR EXCESSIVO. INTELIGÊNCIA DO ART.85, §1º
DO CPC/15. PARCIAL PROVIMENTO DOS EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-
90.2022.8.19.0000 em que é Embargante: CONDOMINIO DO
EDIFICIO LUCIA MARIA, e Embargado: COMPANHIA
ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTOS CEDAE.

A C O R D A M os Desembargadores da
Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em CONHECER
OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E DAR-LHES
PARCIAL PROVIMENTO, forma do voto do Relator.

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração opostos por


CONDOMINIO DO EDIFICIO LUCIA MARIA contra acórdão
que negou provimento ao Agravo de Instrumento interposto em
face da seguinte decisão que acolheu em parte a impugnação ao
cumprimento de sentença.

Em razões recursais de fls.72/75, o embargante,


em resumo, alega que a executada sucumbiu na maior parte, eis
que ela pretende se exonerar totalmente da obrigação, sendo,
portanto, devedora de honorários sucumbenciais, pugnando ao
final pelo provimento do recurso para sanar a omissão apontada.

Em contrarrazões de fls.81/87, a embargada


pugnou pelo desprovimento do recurso.
É o Relatório.

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VOTO

Trata-se de embargos de declaração opostos


contra o seguinte acórdão:

ACÓRDÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO QUE ACOLHE


EM PARTE A IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA, RECONHECENDO O EXCESSO, E
EXTINGUIU A EXECUÇÃO. INTERPOSIÇÃO DE
AGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE.
AGRAVANTE QUE PRETENDE A MODIFICAÇÃO DO
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA.
INTELIGÊNCIA DO ART.467, DO CPC/73, ATUAL
ART.502 DO CPC. APLICA-SE COMO CRITÉRIO DE
CORREÇÃO MONETÁRIA O ÍNDICE ESTABELECIDO
PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESTE ESTADO, NÃO
PODENDO O EXEQUENTE CRIAR UMA NOVA
PLANILHA, CONTENDO NOVO ÍNDICE DE
CORREÇÃO MONETÁRIA (IGPM), QUE SEQUER FOI
MENCIONADO NA SENTENÇA E NA DECISÃO
HOMOLOGATÓRIA DO LAUDO PERICIAL.
PRECEDENTES DO C.STJ. AGRAVO DE
INSTRUMENTO DESPROVIDO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.0000 em que é
Agravante: CONDOMINIO DO EDIFICIO LUCIA MARIA,
e Agravado: COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E
ESGOTOS CEDAE.

A C O R D A M os Desembargadores da
Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em CONHECER
O AGRAVO DE INSTRUMENTO E NEGAR-LHE
PROVIMENTO, forma do voto do Relator.

RELATÓRIO

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Trata-se de Agravo de Instrumento interposto em


face da seguinte decisão (fls.1.533/1.535 dos autos originários):

“(...)
Conforme concluiu a sentença contida no index 396, transitada
em julgado (índice 780), a ré foi condenada "ao pagamento de
indenização pela utilização do sistema de esgoto da autora e da
correlata tubulação" ante à evidência de ser a parte
demandante "obrigada a arcar com os custos de uma
manutenção bastante frequente por força, em grande
parte, da utilização de seus
equipamentos pelo esgoto lançado pela favela, o que certamente
acarreta despesas maiores do que se o tratamento do esgoto
fosse apenas o do condomínio", cabendo destacar que naquela
oportunidade restou afastada a pretensão de responsabilização
do Município do Rio de Janeiro pela implantação da rede de
esgoto.
O termo de reconhecimento recíproco de obrigações foi
celebrado entre a Impugnante e o
Município do Rio de Janeiro é restrito a essas pessoas jurídicas,
de modo que não altera a coisa julgada deste processo, em que a
obrigação de fazer foi imposta a CEDAE.
Ao contrário do que alega a impugnante, não houve alteração
da matéria de fato, eis que as instalações do impugnado
continuam sendo utilizadas para o escoamento do esgoto
produzido pela comunidade Santo Amaro. Sequer houve pedido
de nova perícia para atestar a alegada alteração.
Ademais, não há controversa a ser dirimida quanto ao período a
ser considerado para fins de indenização, qual seja, julho/2021
(index 1.419) - data de elaboração da planilha cuja prévia
ciência foi dada ao executado -, admitindo o devedor que não
realiza o pagamento pela utilização do sistema de esgoto do
autor.
Em relação ao alegado excesso de execução, na sentença da
fase de conhecimento não houve a determinação de aplicação
do IGPM como índice de atualização da prestação a cargo da
CEDAE.
Não se pode utilizar índice de atualização de contratos de
locação (IGPM) para obrigação de fazer prevista em título
executivo judicial a cargo da impugnante, sem que o referido
título determine expressamente a aplicação do índice IGPM.
Ademais, o impugnado aplicou de forma cumulada o IGPM

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com o índice de correção monetária adotado pelo Tribunal de


Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o que configura bis in
idem.
Desta forma, as parcelas vencidas devem ser atualizadas pelo
índice de correção monetária adotado pelo Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro, além de juros de mora de 1% (um
por cento) ao mês.
Por conseguinte, adota-se a planilha da impugnante
(indexador 1506) e fixa-se o valor da execução em R$
125.549,85 (cento e vinte e cinco mil, quinhentos e quarenta e
nove reais e oitenta e cinco centavos), ou 33.883,8555 UFIRS.
Ante o exposto, acolho em parte a execução apenas para
reconhecer o excesso de execução e fixar o valor do crédito
exequendo em R$ 125.549,85 (cento e vinte e cinco mil,
quinhentos e quarenta e nove reais e oitenta e cinco centavos),
ou 33.883,8555 UFIRS (atualizado até julho de 2021).
Condeno a impugnada em honorários advocatícios em favor
do devedor no equivalente a 10% do valor do excesso.
Uma vez preclusa esta decisão, apresente o credor-impugnado o
valor atualizado, nos termos da presente decisão, para fins de
levantamento do valor depositado. Com a concordância do
devedor ao valor apresentado, expeça-se o mandado de
pagamento em favor do credor impugnado, e do saldo em conta
judicial, se houver, em favor do devedor-impugnante.”

Em razões recursais de fls.02/12, o agravante, em


resumo, alega que as relações de trato continuado, que
perduram no tempo e são de trato sucessivo entre as partes,
podem sofrer modificação no seu estado de fato, ou de
direito, hipótese em que o mencionado dispositivo legal abre
a possibilidade para a modificação do conteúdo da decisão
transitada em julgado; sustenta que o valor da indenização
mensal foi fixado por perícia levando em conta um valor
estipulado tendo por base um percentual sobre o valor do terreno,
em razão da utilização pela CEDAE da propriedade de outrem, e
que o valor da propriedade hoje é muito diferente do apurado à
época do laudo, o que por si só torna razoável pleitear-se o
reajustamento do valor mensal da indenização; aduz que há
também um valor de indenização mensal devido em razão da
coleta do esgoto da favela e seu tratamento nas instalações
do condomínio, dimensionadas para tratar apenas o volume
do Edifício Lucia Maria, sendo certo que o preço da

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prestação de serviço de limpeza e manutenção hidráulica


desse excesso também sofreu forte variação; alega que o laudo
pericial fixou como valor justo para a indenização mensal o
percentual de 2% sobre o custo do terreno, e que o percentual
sobre o custo do terreno, este sim é o parâmetro imutável, e não o
valor fixado à época, pois caso contrário, se fosse o valor
imutável, estar-se-ia causando uma perda progressiva do valor
indenizatório ao proprietário do terreno pela sua utilização pelo
devedor; salienta que a decisão agravada, ao negar o
reajustamento anual pelo IGP-M, não contemplando a revisão
dos valores históricos, mas tão somente a atualização da
prestação mensal no valor histórico pelo período da
inadimplência, acarretou ilegal e injusto empobrecimento do
Agravante, uma vez que implica na total defasagem dos valores
arbitrados judicialmente, seja pela modificação do valor do
terreno, seja pela inflação ocorrida no período; e, por fim, requer
o provimento do recurso para reformar a decisão.

Em contrarrazões de fls.24/33, o agravado


pugnou pelo desprovimento do recurso.
É o Relatório.

VOTO

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto em


face da seguinte decisão (fls.1.533/1.535 dos autos originários):

“(...)
Desta forma, as parcelas vencidas devem ser atualizadas pelo
índice de correção monetária adotado pelo Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro, além de juros de mora de 1% (um
por cento) ao mês.
Por conseguinte, adota-se a planilha da impugnante
(indexador 1506) e fixa-se o valor da
execução em R$ 125.549,85 (cento e vinte e cinco mil,
quinhentos e quarenta e nove reais e oitenta e cinco centavos),
ou 33.883,8555 UFIRS.
Ante o exposto, acolho em parte a execução apenas para
reconhecer o excesso de execução e fixar o valor do crédito
exequendo em R$ 125.549,85 (cento e vinte e cinco mil,

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quinhentos e quarenta e nove reais e oitenta e cinco centavos),


ou 33.883,8555 UFIRS (atualizado até julho de 2021).
Condeno a impugnada em honorários advocatícios em favor
do devedor no equivalente a 10% do valor do excesso.
Uma vez preclusa esta decisão, apresente o credor-impugnado o
valor atualizado, nos termos da presente decisão, para fins de
levantamento do valor depositado. Com a concordância do
devedor ao valor apresentado, expeça-se o mandado de
pagamento em favor do credor impugnado, e do saldo em conta
judicial, se houver, em favor do devedor-impugnante.”

O agravo de instrumento é um recurso cabível


contra decisão interlocutória proferida na fase de cumprimento de
sentença, à luz do disposto no p.u. do art.1.015 do CPC, a seguir:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões


interlocutórias que versarem sobre:
(...)
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra
decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.

A sobredita decisão acolheu em parte a


impugnação ao cumprimento de sentença, fixando o valor da
execução no patamar de R$ 125.549,85 (cento e vinte e cinco mil,
quinhentos e quarenta e nove reais e oitenta e cinco centavos).

A decisão que acolhe em parte a impugnação ao


cumprimento de sentença, não extingue a execução, cabendo a
interposição de agravo de instrumento, à luz do disposto no
art.203 do CPC, verbis:

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças,


decisões interlocutórias e despachos.

§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos


especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução.

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§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de


natureza decisória que não se enquadre no § 1º.

Sobre o tema, trago à colação os precedentes do


C.STJ e deste Tribunal, a seguir:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL. RECURSO EM CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA. CPC/2015. DECISÃO QUE NÃO
ENCERRA FASE PROCESSUAL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO
DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. PRECEDENTES.
1. O acórdão recorrido encontra-se em harmonia com a
orientação firmada por esta Corte Superior de que, "no
sistema regido pelo NCPC, o recurso cabível da decisão que
acolhe impugnação ao cumprimento de sentença e extingue a
execução é a apelação. As decisões que acolherem
parcialmente a impugnação ou a ela negarem provimento, por
não acarretarem a extinção da fase executiva em andamento,
tem natureza jurídica de decisão interlocutória, sendo o
agravo de instrumento o recurso adequado ao seu
enfrentamento" (REsp 1.698.344/MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, DJe 1º/8/2018).
2. Impossibilidade de aplicação do princípio da fungibilidade
recursal, ante a existência de erro grosseiro na interposição do
recurso de apelação, notadamente porque o ato judicial
recorrido na origem não foi denominado de sentença.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no REsp 1901120/MA, Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/04/2021,
DJe 20/04/2021)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


RECURSOS. CPC/2015. DECISÃO QUE ENCERRA FASE
PROCESSUAL. SENTENÇA, CONTESTADA POR
APELAÇÃO. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS
PROFERIDAS NA FASE EXECUTIVA, SEM EXTINÇÃO
DA EXECUÇÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
1. Dispõe o parágrafo único do art.1015 do CPC/2015 que
caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no

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processo de inventário. Por sua vez, o art. 1.009, do mesmo


diploma, informa que caberá apelação em caso de "sentença".
2. Na sistemática processual atual, dois são os critérios para a
definição de "sentença": (I) conteúdo equivalente a uma das
situações previstas nos arts. 485 ou 489 do CPC/2015; e (II)
determinação do encerramento de uma das fases do processo,
conhecimento ou execução.
3. Acerca dos meios de satisfação do direito, sabe-se que o
processo de execução será o adequado para as situações em
que houver título extrajudicial (art. 771, CPC/2015) e, nos
demais casos, ocorrerá numa fase posterior à sentença,
denominada cumprimento de sentença (art. 513, CPC/2015),
no bojo do qual será processada a impugnação oferecida pelo
executado.
4. A impugnação ao cumprimento de sentença se resolverá a
partir de pronunciamento judicial, que pode ser sentença ou
decisão interlocutória, a depender de seu conteúdo e efeito: se
extinguir a execução, será sentença, conforme o citado artigo
203, §1º, parte final; caso contrário, será decisão
interlocutória, conforme art.203, §2º, CPC/2015.
5. A execução será extinta sempre que o executado obtiver,
por qualquer meio, a supressão total da dívida (art. 924,
CPC/2015), que ocorrerá com o reconhecimento de que não
há obrigação a ser exigida, seja porque adimplido o débito,
seja pelo reconhecimento de que ele não existe ou se extinguiu.
6. No sistema regido pelo NCPC, o recurso cabível da decisão
que acolhe impugnação ao cumprimento de sentença e
extingue a execução é a apelação. As decisões que acolherem
parcialmente a impugnação ou a ela negarem provimento, por
não acarretarem a extinção da fase executiva em andamento,
tem natureza jurídica de decisão interlocutória, sendo o
agravo de instrumento o recurso adequado ao seu
enfrentamento.
7. Não evidenciado o caráter protelatório dos embargos de
declaração, impõe-se a inaplicabilidade da multa prevista no §
2º do art. 1.026 do CPC/2015. Incidência da Súmula n.
98/STJ.
8. Recurso especial provido.
(REsp 1698344/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe
01/08/2018)

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Com efeito, diante dos sobreditos julgados,


conheço o recurso e passo a analisar o seu mérito.

No que tange ao pedido de correção monetária


pelo índice IGPM, ao agravante não lhe assiste razão.

A sentença de fls.322/325 condenou a parte ré a


indenizar a parte autora nos termos do item "a" acima, cujo valor
deverá ser apurado em liquidação.

A sentença foi mantida pelo acórdão de


fls.445/450, transitando em julgado, conforme certidão de fls.676.

Iniciada a fase de liquidação de sentença, o expert


anexou o laudo pericial aos autos (fls.694/721, tendo o juízo
proferido decisão homologatória do laudo pericial às fls.744.

O exequente anexou a planilha de fls.829/836,


indicando o valor da execução no patamar de R$ 1.126.059,72, e
o executado concordou com o valor, tendo sido o cálculo
homologado pelo juízo em decisão de fls.967.

O executado efetuou o depósito, no dia


20.07.2018 (fls.973), ou seja, dois dias após a prolação da decisão
de fls.967.

Posteriormente, a exequente anexou aos autos


nova planilha atualizada (fls.1420), contendo novos cálculos,
fixando a dívida no valor de R$ 219.236,68 (duzentos e dezenove
mil, duzentos e trinta e seis reais e sessenta e oito centavos) e,
indicando como índice de correção monetária o IGPM.

O sobredito valor, contendo novo índice, foi


impugnado pelo executado (agravado), e o juízo acolheu em parte
a impugnação, afastando a correção monetária pelo IGPM.

O condomínio (agravante) pretende a aplicação


do IGPM em relação ao valor atualizado da dívida.

A razão ventilada não merece prosperar.

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A aplicação de índice de correção monetária


diverso do anteriormente aplicado viola a coisa julgada, não
podendo o credor estabelecer um novo índice, sem que tenha sido
estipulado na sentença.

Aplica-se como critério de correção monetária o


índice estabelecido pelo Tribunal de Justiça deste Estado, não
podendo o exequente criar uma nova planilha, contendo novo
índice de correção monetária (IGPM), que sequer foi mencionado
na sentença e na decisão homologatória do laudo pericial.

A aplicação de novo índice viola a coisa julgada,


à luz do art.467 do CPC/73, atual art.502 do CPC, razão pela qual,
não merece qualquer reparo a decisão agravada.

Sobre o tema, trago à colação os precedentes do


C.STJ, verbis:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. TÍTULO JUDICIAL.
CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. IGP-M.
ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À COISA
JULGADA. PRECEDENTES. MANUTENÇÃO DA
DECISÃO AGRAVADA.
1. "A substituição, na fase de cumprimento de sentença, dos
índices de correção monetária estabelecidos no título judicial
configura violação à coisa julgada" (AgInt no AREsp
19.530/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, DJe de 19/04/2017).
2. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
(AgInt no REsp n. 1.672.973/RS, relator Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 15/4/2019,
DJe de 25/4/2019.)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ALTERAÇÃO DO
CRITÉRIO ESTABELECIDO NO TÍTULO JUDICIAL
EXEQUENDO PARA A CORREÇÃO MONETÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.

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1. Em cumprimento de sentença não é possível a alteração do


critério de cálculo previamente determinado no título judicial
exequendo para a correção monetária (IGP-M da Fundação
Getúlio Vargas), ao argumento de que o novo índice refletiria
a inflação e evitaria perdas ou ganhos insustentáveis, tendo
em vista o instituto da coisa julgada.
2. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no AREsp n. 486.346/RS, relator Ministro Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, julgado em 6/5/2014, DJe de
19/5/2014.)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. TÍTULO
JUDICIAL. CRITÉRIO ESTABELECIDO. CORREÇÃO
MONETÁRIA. ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
OFENSA À COISA JULGADA.
1. Na fase de liquidação ou cumprimento de sentença é
inviável a alteração do critério estabelecido no título judicial
exequendo para a correção monetária, sob pena de ofensa à
coisa julgada.
Precedentes.
2. Decisão transitada em julgado que expressamente
determinou o pagamento das diferenças monetárias da
reserva de poupança ao associado acrescidas de juros de mora
e de correção pelo IGP-M.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp n. 277.757/RS, relator Ministro Ricardo
Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 8/9/2015, DJe
de 14/9/2015.)

AGRAVO INTERNO. PREVIDÊNCIA. PRIVADA.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. COISA JULGADA.
VIOLAÇÃO. NÃO EXISTÊNCIA. CORREÇÃO
MONETÁRIA. IGPM. IMPOSSIBILIDADE. CRITÉRIO
PARA APURAÇÃO DOS PROVENTOS. 1. A substituição,
na fase de cumprimento de sentença, dos índices de correção
monetária estabelecidos no título judicial configura violação à
coisa julgada. Precedentes da Corte Especial.
2. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 19.530/RS, relatora Ministra Maria
Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 4/4/2017, DJe de
19/4/2017.)

Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.00


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Nesse panorama, não merece qualquer reparo a


decisão agravada, mantendo-se o valor estabelecido na decisão de
fls.1.533.1.535.

Por tais fundamentos, VOTO NO SENTIDO DE


CONHECER O AGRAVO DE INSTRUMENTO E NEGAR-
LHE PROVIMENTO, MANTENDO-SE NA ÍNTEGRA A
DECISÃO DE FLS.1.533/1.535.

Inicialmente, rejeitam-se os embargos de


declaração.

No que tange ao pedido de correção monetária


pelo índice IGPM, ao embargante não lhe assiste razão.

A sentença de fls.322/325 condenou a parte ré a


indenizar a parte autora nos termos do item "a" acima, cujo valor
deverá ser apurado em liquidação.

A sentença foi mantida pelo acórdão de


fls.445/450, transitado em julgado, conforme certidão de fls.676.

Iniciada a fase de liquidação de sentença, o expert


anexou o laudo pericial aos autos (fls.694/721, tendo o juízo
proferido decisão homologatória do laudo pericial às fls.744.

O exequente anexou a planilha de fls.829/836,


indicando o valor da execução no patamar de R$ 1.126.059,72, e
o executado concordou com o valor, tendo sido o cálculo
homologado pelo juízo em decisão de fls.967.

O executado efetuou o depósito, no dia


20.07.2018 (fls.973), ou seja, dois dias após a prolação da decisão
de fls.967.

Posteriormente, a exequente anexou aos autos


nova planilha atualizada (fls.1420), contendo novos cálculos,
fixando a dívida no valor de R$ 219.236,68 (duzentos e dezenove

Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.00


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mil, duzentos e trinta e seis reais e sessenta e oito centavos) e,


indicando como índice de correção monetária o IGPM.

O sobredito valor, contendo novo índice, foi


impugnado pelo executado (embargado), e o juízo acolheu em
parte a impugnação, afastando a correção monetária pelo IGPM.

O condomínio (embargante) pretende a aplicação


do IGPM em relação ao valor atualizado da dívida.

A razão ventilada não merece prosperar.

A aplicação de índice de correção monetária


diverso do anteriormente aplicado viola a coisa julgada, não
podendo o credor estabelecer um novo índice, sem que tenha sido
estipulado na sentença.

Aplica-se como critério de correção monetária o


índice estabelecido pelo Tribunal de Justiça deste Estado, não
podendo o exequente criar uma nova planilha, contendo novo
índice de correção monetária (IGPM), que sequer foi mencionado
na sentença e na decisão homologatória do laudo pericial.

A aplicação de novo índice viola a coisa julgada,


à luz do art.467 do CPC/73, atual art.502 do CPC, razão pela qual,
não merece qualquer reparo a decisão agravada.

Sobre o tema, trago à colação os precedentes do


C.STJ, verbis:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. TÍTULO JUDICIAL.
CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. IGP-M.
ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À COISA
JULGADA. PRECEDENTES. MANUTENÇÃO DA
DECISÃO AGRAVADA.
1. "A substituição, na fase de cumprimento de sentença, dos
índices de correção monetária estabelecidos no título judicial
configura violação à coisa julgada" (AgInt no AREsp
19.530/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, DJe de 19/04/2017).

Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.00


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2. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.


(AgInt no REsp n. 1.672.973/RS, relator Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 15/4/2019,
DJe de 25/4/2019.)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ALTERAÇÃO DO
CRITÉRIO ESTABELECIDO NO TÍTULO JUDICIAL
EXEQUENDO PARA A CORREÇÃO MONETÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
1. Em cumprimento de sentença não é possível a alteração do
critério de cálculo previamente determinado no título judicial
exequendo para a correção monetária (IGP-M da Fundação
Getúlio Vargas), ao argumento de que o novo índice refletiria
a inflação e evitaria perdas ou ganhos insustentáveis, tendo
em vista o instituto da coisa julgada.
2. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no AREsp n. 486.346/RS, relator Ministro Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, julgado em 6/5/2014, DJe de
19/5/2014.)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. TÍTULO
JUDICIAL. CRITÉRIO ESTABELECIDO. CORREÇÃO
MONETÁRIA. ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
OFENSA À COISA JULGADA.
1. Na fase de liquidação ou cumprimento de sentença é
inviável a alteração do critério estabelecido no título judicial
exequendo para a correção monetária, sob pena de ofensa à
coisa julgada.
Precedentes.
2. Decisão transitada em julgado que expressamente
determinou o pagamento das diferenças monetárias da
reserva de poupança ao associado acrescidas de juros de mora
e de correção pelo IGP-M.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp n. 277.757/RS, relator Ministro Ricardo
Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 8/9/2015, DJe
de 14/9/2015.)

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AGRAVO INTERNO. PREVIDÊNCIA. PRIVADA.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. COISA JULGADA.
VIOLAÇÃO. NÃO EXISTÊNCIA. CORREÇÃO
MONETÁRIA. IGPM. IMPOSSIBILIDADE. CRITÉRIO
PARA APURAÇÃO DOS PROVENTOS. 1. A substituição,
na fase de cumprimento de sentença, dos índices de correção
monetária estabelecidos no título judicial configura violação à
coisa julgada. Precedentes da Corte Especial.
2. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 19.530/RS, relatora Ministra Maria
Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 4/4/2017, DJe de
19/4/2017.)

Ademais, o juízo de origem condenou a


embargante ao pagamento dos honorários advocatícios, no
percentual de 10% sobre o valor do excesso na execução, sendo
que a embargante lhe assiste direito ao recebimento dos
honorários advocatícios, inerentes sobre o valor correto da
execução, à luz do disposto no art.85, §1º do CPC.

Por tais fundamentos, VOTO NO SENTIDO DE


CONHECER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E DAR-
LHES PARCIAL PROVIMENTO PARA CONDENAR A
EMBARGADA AO PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS, NO PERCENTUAL DE 10% SOBRE O
VALOR CORRETO DA EXECUÇÃO, MANTENDO-SE OS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, APLICADOS EM
DESFAVOR DA EMBARGANTE, REFERENTES AO
VALOR APURADO EM EXCESSO.

Inicialmente, rejeitam-se os embargos de declaração.

No que tange à assertiva de intempestividade dos embargos declaratórios


opostos pelo Condomínio (embargado), à recorrente não lhe assiste razão.

Compulsando os autos, observa-se que foi expedida a intimação eletrônica para


a patrona do embargado, no dia 20.07.2022 (fls.65).

Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.00


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A contagem de prazo de dez dias iniciou-se no dia 21.07.2022, e terminou, no


dia 30.07.2022 (sábado). Ocorre que a intimação tácita ocorreu no primeiro dia útil, ou seja, no
dia 01.08.2022, começando-se a contagem para oposição dos embargos declaratórios a partir do
dia 02.02.2022.

O último dia para oposição dos embargos declaratórios ocorreu, no dia


06.08.2022 (sábado), tendo sido opostos embargos de declaração, no dia 08.08.2022, ou seja,
no primeiro dia útil.

Assim, não merece acolhimento a assertiva de intempestividade dos embargos


declaratórios opostos às fls.72/75.

No que tange à assertiva de impossibilidade de condenação da embargante ao


pagamento de honorários advocatícios, a assertiva não merece prosperar.

Iniciada a fase de liquidação de sentença, o expert anexou o laudo pericial aos


autos (fls.694/721, tendo o juízo proferido decisão homologatória do laudo pericial às fls.744.

O exequente anexou a planilha de fls.829/836, indicando o valor da execução


no patamar de R$ 1.126.059,72, e o executado concordou com o valor, tendo sido o cálculo
homologado pelo juízo em decisão de fls.967.

O executado efetuou o depósito, no dia 20.07.2018 (fls.973), ou seja, dois dias


após a prolação da decisão de fls.967.

Posteriormente, a exequente anexou aos autos nova planilha atualizada


(fls.1420), contendo novos cálculos, fixando a dívida no valor de R$ 219.236,68 (duzentos e
dezenove mil, duzentos e trinta e seis reais e sessenta e oito centavos), e apontou como índice
de correção monetária o IGPM.

O sobredito valor, contendo novo índice, foi impugnado pelo executado


(embargante), e o juízo acolheu em parte a impugnação, afastando a correção monetária pelo
IGPM.

A aplicação de índice de correção monetária diverso do anteriormente aplicado


viola a coisa julgada, não podendo o credor estabelecer um novo índice, sem que tenha sido
estipulado na sentença.

Aplica-se como critério de correção monetária o índice estabelecido pelo


Tribunal de Justiça deste Estado, não podendo o exequente (embargado) criar uma nova

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planilha, contendo novo índice de correção monetária (IGPM), que sequer foi mencionado na
sentença e na decisão homologatória do laudo pericial.

A aplicação de novo índice viola a coisa julgada, à luz do art.467 do CPC/73,


atual art.502 do CPC, razão pela qual, não merece qualquer reparo a decisão agravada.

Sobre o tema, trago à colação os precedentes do C.STJ, verbis:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. TÍTULO
JUDICIAL. CRITÉRIO DE CORREÇÃO
MONETÁRIA. IGP-M. ALTERAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
PRECEDENTES. MANUTENÇÃO DA DECISÃO
AGRAVADA.
1. "A substituição, na fase de cumprimento de sentença,
dos índices de correção monetária estabelecidos no título
judicial configura violação à coisa julgada" (AgInt no
AREsp 19.530/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, DJe de 19/04/2017).
2. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.
(AgInt no REsp n. 1.672.973/RS, relator Ministro Paulo
de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em
15/4/2019, DJe de 25/4/2019.)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ALTERAÇÃO DO
CRITÉRIO ESTABELECIDO NO TÍTULO JUDICIAL
EXEQUENDO PARA A CORREÇÃO MONETÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
1. Em cumprimento de sentença não é possível a
alteração do critério de cálculo previamente
determinado no título judicial exequendo para a
correção monetária (IGP-M da Fundação Getúlio
Vargas), ao argumento de que o novo índice refletiria a
inflação e evitaria perdas ou ganhos insustentáveis,
tendo em vista o instituto da coisa julgada.
2. Agravo Regimental não provido.

Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.00


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(AgRg no AREsp n. 486.346/RS, relator Ministro Luis


Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 6/5/2014,
DJe de 19/5/2014.)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. TÍTULO JUDICIAL. CRITÉRIO
ESTABELECIDO. CORREÇÃO MONETÁRIA.
ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À
COISA JULGADA.
1. Na fase de liquidação ou cumprimento de sentença é
inviável a alteração do critério estabelecido no título
judicial exequendo para a correção monetária, sob pena
de ofensa à coisa julgada.
Precedentes.
2. Decisão transitada em julgado que expressamente
determinou o pagamento das diferenças monetárias da
reserva de poupança ao associado acrescidas de juros de
mora e de correção pelo IGP-M.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp n. 277.757/RS, relator Ministro
Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em
8/9/2015, DJe de 14/9/2015.)

AGRAVO INTERNO. PREVIDÊNCIA. PRIVADA.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. COISA
JULGADA. VIOLAÇÃO. NÃO EXISTÊNCIA.
CORREÇÃO MONETÁRIA. IGPM.
IMPOSSIBILIDADE. CRITÉRIO PARA APURAÇÃO
DOS PROVENTOS. 1. A substituição, na fase de
cumprimento de sentença, dos índices de correção
monetária estabelecidos no título judicial configura
violação à coisa julgada. Precedentes da Corte Especial.
2. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 19.530/RS, relatora Ministra Maria
Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 4/4/2017, DJe
de 19/4/2017.)

Ademais, o juízo de origem condenou o embargado ao pagamento dos


honorários advocatícios, no percentual de 10% sobre o valor do excesso na execução, sendo
que ao embargado lhe assiste direito ao recebimento dos honorários advocatícios, inerentes
sobre o valor correto da execução, à luz do disposto no art.85, §1º do CPC.

Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.00


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Por tais fundamentos, INEXISTINDO QUALQUER OMISSÃO,


CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER OS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E NEGAR-LHES PROVIMENTO, MANTENDO-SE
NA ÍNTEGRA O ACÓRDÃO RECORRIDO.
Fica o embargante advertido de que eventual recurso protelatório poderá
ensejar a aplicação da pena de litigância de má-fé.

Rio de Janeiro, 24 de abril de 2023.

PAULO SÉRGIO PRESTES DOS SANTOS


Desembargador Relator

Embargos de Declaração nos Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento nº 0022972-90.2022.8.19.00


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