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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2019.0000500602

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


0002350-75.2012.8.26.0022, da Comarca de Amparo, em que são apelantes FOUAD ALI
SARHAN e AHMAD ALI SARHAN, são apelados ANTONIO DURVALINO
ESTAFOCHER, VALDECI JOSÉ DA SILVA, SONIA MARIA GUIMARÃES
ESTAFOCHER, MARIA RAQUEL DE LIMA E SILVA, EUNICE DA ROSA GOES
ARSSUFFI e BRAS ARSUFFI.

ACORDAM, em 22ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de


São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento aos recursos. V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MATHEUS


FONTES (Presidente) e ROBERTO MAC CRACKEN.

São Paulo, 13 de junho de 2019

ALBERTO GOSSON
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Comarca: Foro de Amparo – 1ª Vara


Processo n°: 0002350-75.2012.8.26.0022
Apelante/Apelado: AHMAD ALI SARHAN E OUTROS
Apelado/Apelante: ANTONIO DURVALINO ESTAFOCHER E
OUTROS
Juiz Prolator: Fernando Leonardi Campanella

VOTO N.º 14.766

EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS CONTRA A DECISÃO


DE INEFICÁCIA DA ALIENAÇÃO DO BEM IMÓVEL,
PROFERIDA NOS AUTOS DA EXECUÇÃO MOVIDA
CONTRA OS SÓCIOS E REPRESENTANTES LEGAIS DA
SOCIEDADE EMPRESÁRIA ALIENANTE.

PRESERVAÇÃO DA SENTENÇA PROFERIDA EM


PRIMEIRO GRAU, QUE ENTENDEU INEXISTIR A
ALEGADA FRAUDE À EXECUÇÃO E POR CONSEQUÊNCIA
JULGOU OS EMBARGOS DE TERCEIRO PROCEDENTES.

EMBARGADOS QUE SE ESCORAM NA MOTIVAÇÃO


JUDICIAL DESENVOLVIDA EM DOIS AGRAVOS DE
INSTRUMENTO, UM EM DECISÃO MONOCRÁTICA DO
RELATOR E NO OUTRO POR DECISÃO COLEGIADA, E
QUE DOS RESPECTIVOS DISPOSITIVOS CONSTOU: NO
PRIMEIRO, O DEFERIMENTO DA SUSPENSÃO DA
EXECUÇÃO EM DECORRÊNCIA DA OPOSIÇÃO DOS
EMBARGOS DE TERCEIRO E NO OUTRO, O
INDEFERIMENTO DO LEVANTAMENTO DA PENHORA
INCIDENTE SOBRE O IMÓVEL EM LITÍGIO.

CONSIDERAÇÃO DE QUE OS MOTIVOS NÃO FIRMAM


COISA JULGADA. APLICAÇÃO DO ART. 504, I, DO CPC/15
E ART. 469, I, DO CPC/73.

ANÁLISE DA PROVA DOS AUTOS CONDUZ AO


ENTENDIMENTO DE QUE A ALIENAÇÃO, AINDA QUE
REALIZADA A PREÇO BAIXO NÃO PODE SER
CARACTERIZADA COMO A PREÇO VIL E, POR
CONSEGUINTE, INVALIDADA.

AUSÊNCIA DE AVERBAÇÃO DA PENHORA DAS QUOTAS


SOCIAIS DOS SÓCIOS / REPRESENTANTES LEGAIS, DA
EXECUÇÃO SOMENTE A ELES PROMOVIDA E QUE
DEVERIA OCORRER À MARGEM DOS REGISTROS
SOCIETÁRIOS NA JUCESP.

Apelação Cível nº 0002350-75.2012.8.26.0022 - Amparo - VOTO Nº 2/12


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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MÁ FÉ DOS


EMBARGANTES.

INSURGÊNCIA DOS EMBARGANTES EM SEDE DE


APELAÇÃO ADESIVA CONTRA A IMPOSIÇÃO DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS AO ADVOGADO DOS
LITIDENUNCIADOS QUE DEVE SER IMPROVIDA.
INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO
ART. 129 DO CPC/15 E DA JURISPRUDÊNCIA SOBRE O
ART. 76 DO CPC/73.

IMPROVIMENTO DE AMBOS OS RECURSOS.

Vistos,

FOUAD ALI SARHAN e AHMAD ALI SARHAN


ingressam com recurso de apelação (fls. 1390/1397) da respeitável sentença
de fls. 1384/1387 fr. e verso, que nos autos dos embargos de terceiro que lhes
move ANTONIO DURVALINO ESTAFOCHER, BRAS ARSUFFI,
VALDECI JOSÉ DA SILVA, SONIA MARIA GUIMARÃES
ESTAFOCHER, EUNICE DA ROSA GOES ARSUFFI e MARIA
RAQUEL DE LIMA E SILVA, figurando como denunciados à lide NGA
ETIQUETAS LTDA. (sucessora de CORTUME TRÊS PONTES LTDA.),
GEORGES KASSOUF, MARIA LIGIA MARRUL ASSOUF, NELSON
SIMÃO ASSOUF e FERNANDES S.A. IND. DE PAPEL julgou a lide
principal procedente, para desconstituir a declaração de ineficácia da
alienação, promovida no bojo dos autos do processo de execução ajuizado
pelos embargados (autos nº 022.01.1992.0000176, ordem nº 203/1992) e, por
consequência reputou eficaz a alienação promovida por NGA ETIQUESTA
LTDA. (CORTUME TRÊS PONTES LTDA.) em 7.8.2007 aos embargantes,
julgando prejudicadas as lides secundárias, nos termos do art. 129, parágrafo
único, do CPC/15.

Apelação Cível nº 0002350-75.2012.8.26.0022 - Amparo - VOTO Nº 3/12


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Acrescentou: “CONDENO os embargados ao pagamento das


custas e demais despesas processuais (exceto quanto aos honorários da perícia conforme
fundamentação supra), bem como, solidariamente, ao pagamento de honorários
advocatícios em favor dos Patronos dos embargantes e de seu assistente litisconsorcial, que
fixo, nos termos do art. 85, §2º, do CPC, em 20% (vinte por cento) sobre o valor atualizado
da causa.

CONDENO, outrossim, os embargantes, não incluindo a assistente


litisconsorcial FERNANDEZ S.A, a ressarcirem as custas e despesas processuais
suportadas pelos litisdenunciados ESPOLIO DE GEORGES KASSOUF,ROSANA
ASSOUF ZOCCHIO e ELIANA ASSOUF DOS SANTOS, bem como, solidariamente, a
pagarem honorários em favor dos Patronos deles, que ora fixo em 10%(dez por cento)
sobre o valor atualizado da causa” (fls. 1387 v e 1388).

Os apelantes narram que os embargos de terceiro foram


opostos em decorrência da decisão de ineficácia da alienação do bem imóvel
proferida nos autos da execução nº 0000017-54.1992.8.26.0022 movida por
eles contra os litisdenunciados Nelson Simão Assouf e Maria Ligia Marrul
Assouf, sócios proprietários da NGA ETIQUETAS LTDA. (CORTUME
TRÊS PONTAS LTDA.), pessoa jurídica esta que efetuou a venda para os
embargantes.

Que o reconhecimento da ineficácia da alienação no


tocante àquela execução teria sido confirmada por esta 22ª Câmara de direito
Privado, nos autos do agravo de instrumento Nº 0108175-74.2012.8.26.0000,
mediante decisão monocrática da lavra do eminente Desembargador
Fernandes Lobo (fls. 1392/1393).

Apelação Cível nº 0002350-75.2012.8.26.0022 - Amparo - VOTO Nº 4/12


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Acrescentam que este entendimento teria sido ratificado


por ocasião do julgamento de outro agravo de instrumento, de nº
0189891-60.2011.8.26.0000 que negou o levantamento da penhora sobre o
imóvel embargado.

Que a sentença que julgou procedentes estes embargos de


terceiro não pode subsistir, uma vez que a alienação se deu a preço vil, que as
certidões sobre a pessoa jurídica estão datadas de 2011, quando a
transferência ocorrera em 2007, que inexiste comprovação de que os
embargantes tivessem efetivamente arcado com os débitos de IPTU que
compuseram o preço de venda.

Acrescem que o imóvel alienado consistia no elemento


patrimonial que embasava o valor das quotas sociais e que os fatores que
teriam resultado na drástica desvalorização do imóvel teriam ocorrido em
momento posterior ao da alienação (fls. 1397).

Pedem, subsidiariamente, a inversão dos ônus


sucumbenciais a eles impostos pela sentença.

Os embargados apelam adesivamente (fls. 1.428/1.436) e


pedem que seja afastada sua condenação para pagamento dos honorários em
favor dos litisdenunciados (fls. 1436).

Recursos tempestivos, preparados (fls. 1398/1400;


1476/1477 e 1479/1484) e respondidos (fls. 1403/1405 pela Fernandes S.A.
Indústria de Papel; fls. 1417/1427 pelos embargantes; fls. 1446/1449 pelo

Apelação Cível nº 0002350-75.2012.8.26.0022 - Amparo - VOTO Nº 5/12


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Espólio de Georges Kassouf; fls. 1456/1461, pelos embargados).

É o relatório do essencial ao qual se acrescenta o da


respeitável sentença.

Cuida-se de embargos de terceiro opostos por ANTONIO


DURVALINO ESTAFOCHER, BRAS ARSUFFI, VALDECI JOSÉ DA
SILVA, SONIA MARIA GUIMARÃES ESTAFOCHER, EUNICE DA
ROSA GOES ARSUFFI e MARIA RAQUEL DE LIMA E SILVA contra a
decisão de ineficácia da alienação do bem imóvel proferida nos autos da
execução nº 0000017-54.1992.8.26.0022 movida por eles contra os
litisdenunciados NELSON SIMÃO ASSOUF e MARIA LIGIA MARRUL
ASSOUF, sócios proprietários da NGA ETIQUETAS LTDA. (CORTUME
TRÊS PONTAS LTDA.), pessoa jurídica esta que efetuou a venda do imóvel
localizado no Distrito de Três Pontes, objeto da matrícula nº 19.517, com a
área total de 5.946,86 m2 (fls. 70/71, fr. e v.) para os embargantes.

Os embargados Fouad e Assad baseiam-se na decisão


que decretou a ineficácia da alienação aos embargados e que resultou na
oposição destes embargos de terceiro, na decisão monocrática de segundo
grau de fls. 957/959 da lavra do Desembargador Fernandes Lobo e no
acórdão de fls. 1016/1019, também da relatoria do Desembargador Fernandes
Lobo.

Primeiramente há que se analisar, se a decisão


monocrática de segundo grau e o acórdão teriam firmado coisa julgada a
respeito da matéria controvertida nestes autos.

Apelação Cível nº 0002350-75.2012.8.26.0022 - Amparo - VOTO Nº 6/12


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E realmente, prevalece a conclusão que não o fizeram.

É certo que, principalmente no segundo recurso teceram-


se argumentos enfáticos em favor da caracterização da fraude de execução de
modo a referendar o quanto decidido na decisão de primeiro grau, mas,
conforme o conhecimento geral, os motivos que levaram ao julgador singular
ou colegiado à determinada decisão não estabelecem coisa julgada: Art. 504,
I, do CPC/15 e art. 469, I, do CPC/73, ambos com a mesma redação: “Não
fazem coisa julgada: I os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da
parte dispositiva da sentença;”.

No primeiro agravo de instrumento, decidido


monocraticamente, o eminente desembargador deferiu a concessão de efeito
suspensivo pretendido pelos embargantes com os seguintes dizeres:

“Assim, evitando-se juízo sobre o mérito dos embargos de terceiro


sob pena de supressão de instância, mas considerando a
possibilidade de inexistir fraude à execução e a consequente
procedência dos embargos, a atribuição de efeito suspensivo para
obstar o prosseguimento da execução somente com relação ao bem
embargado é medida que se impõe, com suporte no art. 1.052 do
CPC. Pelo exposto, com aporte nos precedentes citados e no art.
557, § 1º, do Código de Processo Civil, dou provimento ao
recurso” (fls. 959).

Com relação ao segundo agravo de instrumento, em que


os embargados postulavam o levantamento da penhora sobre o imóvel, o
resultado foi negativo, com a consideração de que “uma vez desfeita, permitirá
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novas alienações a terceiros e esvaziará a garantia da execução”, (...) “Ainda, é de se


pontuar que, não obstante a vendedora do imóvel tenha sido a empresa Cortume Três
Pontes Ltda. e não os sócios executados, estes são representantes legais daquela, que a
administram e dirigem seus atos e negócios jurídicos, inclusive a compra e venda ora em
questão, de forma que os agravantes, enquanto compradores, deveriam ter se acautelado no
sentido de realizar as pesquisas também em nome destes” (fls. 1017).

Nesse acórdão obtemperou-se que o pedido de


suspensão da execução em relação ao bem embargado ficava prejudicado por
conta do que havia sido decidido no outro agravo de instrumento (fls. 1019).

Destarte, nenhum dos dois agravos de instrumento


firmou coisa julgada a respeito da fraude à execução.

Passa-se à análise dos fatos.

Em primeiro lugar pactuo com a sentença que o preço


pago pelos embargantes não pode ser considerado vil, embora entenda que
foi, ao menos pelos dados da escritura, vendido por preço abaixo do que valia
à época: R$ 33.000,00, sendo que o valor venal cadastrado era de R$
31.446,52 (fls. 71 v.) ao qual deve se acrescer o débito de IPTU, algo em
torno de R$ 86.000,00. Ficou incontroverso que as dívidas relacionadas a
esse tributo ficaram a cargo dos embargantes e se foram ou não quitadas
conforme o alegado (fls. 1396) tal não se reveste de significado maior, pois
cede à constatação de que os embargantes efetivamente tiveram que arcar
com tal débito e que este se incorpora ao preço.

É certo que o laudo pericial atribuiu para a área


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remanescente o valor de R$ 404.000,00, base 2007, quando foi feita a


alienação e mesmo assim para a área remanescente que permaneceu com os
embargantes, ou seja, 2.738,17 m2 (fls. 1226).

Há que se considerar, no entanto, que dos 5.946,86 m2


que corresponde à área que então se constatou ser a real do imóvel, os
embargantes venderam para a Fernandes S.A. Indústria de Papel, em 1º.
12.2008, 2.228,17 m2, pela quantia declarada na escritura de venda e compra
de R$ 100.000,00 (cem mil reais) (fls. 51/56, frente e verso e 57), valor esse
que incorpora acréscimo real sem dúvida alguma, mas que não chega, no meu
entender, a caracterizar a compra adquirida da área maior como aviltada.

E por último, não há como se deixar de conjeturar acerca


da redução drástica do valor do imóvel noticiada nos autos.

Por outro lado, os embargados não se desincumbiram do


ônus de averbar a execução das quotas sociais dos sócios representantes
legais da sociedade alienante à margem do registro dos atos societários na
Junta Comercial, quando já em vigor o disposto o artigo 615-A do CPC/73 e
a Súmula nº 375 do Colendo STJ.

Nesse ponto cabe trazer à colação os seguintes tópicos da


sentença:

“Contudo, os exequentes não se desincumbiram de adotar qualquer


providência que apta a dar publicidade, visando garantir o crédito
exequendo, muito menos no que se refere ao imóvel alienado ou a
qualquer bem que pertencesse à sociedade alienante, a qual, aliás,

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sequer havia sido incluída no polo passivo daquela execução.


“Vale lembrar, ainda, que o patrimônio da sociedade alienante não
se confunde com o patrimônio dos seus sócios. Com efeito, a
constrição imposta abrangia exclusivamente as cotas sociais, não
havendo como interpretá-la extensivamente para que fossem
alcançados bens pertencentes à pessoa jurídica” (fls. 1387).

De rigor, portanto, e com a devida venia ao entendimento


contrário, o afastamento da fraude à execução na espécie, devendo ser
mantida a sentença com relação a esse capítulo.

Também não vinga o pedido subsidiário de não


condenação nas verbas de sucumbência, porque o ingresso dos embargos de
terceiro somente ocorreu diante da falta de publicidade da execução, não
havendo dúvida de que foram os apelantes que deram causa ao ajuizamento
da demanda e devem, em razão disso, suportar os custos decorrentes.

Apelação adesiva.

No que diz respeito à apelação adesiva ingressada pelos


embargantes contra a imposição do pagamento de honorários advocatícios
em favor do advogado dos litisdenunciados, verifica-se que falta razão aos
recorrentes.

A hipótese conta com previsão específica no parágrafo


único do artigo 129 do CPC: “Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação
não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao
pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado”.

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Como bem elucida Cassio Scarpinella Bueno em


comentário a esse dispositivo legal:

“Na segunda hipótese, em que a denunciação da lide fica


prejudicada porque o denunciante recebe a tutela jurisdicional
pretendida, é pertinente a lembrança do § 10 do mesmo art. 85,
embora ele seja expresso apenas no que tange aos honorários
advocatícios. Como quem deu causa à denunciação foi o
denunciante que acabou se mostrando desnecessária é ele que
deve suportar aqueles custos. Máxime porque, cabem lembrar, no
CPC de 2015, a obrigatoriedade da denunciação da lide deixou de
existir em qualquer uma das suas hipóteses. É essa a razão de ser
da parte final do parágrafo único do art. 129, assim escrito: (...)
Passando a ser facultativa a denunciação da lide em todas as
hipóteses, não há mais lugar para distinguir hipóteses em que o
denunciante seria, ou não, responsável pelas verbas de
sucumbência, ponto que merecia aceso debate na vigência do CPC
de 1973” (Comentários ao Código de Processo Civil.

Coordenador Cassio Scarpinella Bueno. Arts. 1º a 317


Parte Geral. Volume 1. São Paulo: Saraiva, 2017, p.
562/563 itálicos originais).

Não se está cogitando de perda do direito de regresso em


razão da não denunciação da lide no caso concreto.

E sob a égide do artigo 76, do CPC/73 já se entendia que


“... o discrímen está na obrigatoriedade da denunciação, na perda ou não do direito de
regresso. “Quando se imponha a denunciação da lide, pena de envolver-se a possibilidade
de perda do direito de regresso (art. 70, I), se vencedor o denunciante a parte contrária a

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este arcará com os honorários do denunciado” (Theotonio Negrão et alii. Código de

Processo Civil e legislação processual em vigor. 2014. 46ª edição. São Paulo:
Saraiva, verbete 76:5, p. 211).

Conclusão.

Pelas razões expostas, nego provimento a ambos os


recursos.

É como voto.

Alberto Gosson
Relator

Apelação Cível nº 0002350-75.2012.8.26.0022 - Amparo - VOTO Nº 1 2/12

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