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Poder Judiciário da União
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Órgão : 4ª TURMA CÍVEL


Classe : AGRAVO DE INSTRUMENTO
N. Processo : 20150020320719AGI
(0033580-30.2015.8.07.0000)
Agravante(s) : G.R.M.
Agravado(s) : R.F.D.S.
Relator : Desembargador CRUZ MACEDO
Acórdão N. : 954029

EMENTA

CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE


ALIMENTOS. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL.
CÔNJUGE VIRAGO COMO CREDOR. VERBA SEM
NATUREZA ALIMENTAR (EM SENTIDO ESTRITO).
NATUREZA COMPENSATÓRIA/INDENIZATÓRIA. PRISÃO
CIVIL. IMPOSSIBILIDADE.
1. Os alimentos compensatórios, assim denominados pela
Doutrina, são fixados com a finalidade de evitar-se um
desequilíbrio econômico-financeiro decorrente da dissolução
nupcial, possibilitando-se ao ex-cônjuge, que não se encontra
na administração dos bens do casal, a continuidade de sua vida
no padrão até então desfrutado, até que seja realizada a
partilha do patrimônio comum. Não se destinam, portanto, a
satisfazer as necessidades básicas da alimentanda, ou seja,
não se destinam à sua sobrevivência, possuindo nítido caráter
indenizatório.
2. Tendo em vista o caráter indenizatório dos alimentos
compensatórios não se afigura possível que a correspondente
execução se processe pelo meio coercitivo da prisão, que fica
restrita à hipótese de inadimplemento de verba alimentar
propriamente dita, destinada à subsistência do alimentando.
3. Agravo de instrumento não provido.

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ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 4ª TURMA CÍVEL do


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, CRUZ MACEDO - Relator,
FERNANDO HABIBE - 1º Vogal, ARNOLDO CAMANHO - 2º Vogal, sob a
presidência do Senhor Desembargador SÉRGIO ROCHA, em proferir a seguinte
decisão: NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, UNÂNIME, de acordo com a ata
do julgamento e notas taquigráficas.
Brasilia(DF), 2 de Junho de 2016.

Documento Assinado Eletronicamente


CRUZ MACEDO
Relator

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RELATÓRIO

Cuida-se de agravo de instrumento interposto por G. R. M. contra a


decisão proferida pelo douto Juízo da Segunda Vara Cível, de Família e de Órfãos e
Sucessões de Santa Maria/DF (fls. 145/150) que, em sede de execução de
alimentos, ajuizada em desfavor de R. F. S., em julgamento de embargos de
declaração, considerou que a verba alimentícia executada possui nítido caráter
compensatório e, por conseguinte, tornou sem efeito as decisões de fls. 123/125 e
38, que determinavam a prisão civil do devedor, bem como alterou o rito
procedimental para constrição patrimonial, nos moldes do art. 732 do CPC/1973.
Em suas razões, a agravante sustenta, por primeiro, a nulidade da
decisão agravada, ao argumento de que fora proferida, em julgamento de embargos
de declaração, opostos pelo ora agravado, com efeitos infringentes, sem a intimação
da parte contrária para contrarrazoar o recurso, em violação à garantia do
contraditório e da ampla defesa.
Ademais, afirma que os embargos de declaração, que deram causa
à decisão recorrida, estavam intempestivos, uma vez que interpostos 47 (quarenta e
sete) dias após a publicação da decisão que decretou a prisão do executado.
No mérito, aduz, em suma, que, ao contrário da tese sustentada
pelo recorrido, os alimentos foram fixados com fundamento na solidariedade familiar
e no dever de mútua assistência, não possuindo natureza compensatória.
Requer, com essas considerações, o provimento do recurso para
que seja cassada a r. decisão, em virtude de afronta ao contraditório ou, em não
sendo o caso, a sua reforma, para que o processo siga o rito estabelecido no art.
733 do CPC/1973.
Sem preparo, uma vez que a agravante é beneficiária da justiça
gratuita (fl. 38).
Indeferi o pedido liminar à fl. 161.
Embora devidamente intimada, a parte agravada não apresentou
contrarrazões ao recurso, conforme a certidão à fl. 163.
É o relatório.

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VOTOS

O Senhor Desembargador CRUZ MACEDO - Relator


Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.
Em suas razões, a agravante sustenta, por primeiro, a nulidade da
decisão agravada, ao argumento de que fora proferida, em julgamento de embargos
de declaração, opostos pelo ora agravado, com efeitos infringentes, sem a intimação
da parte contrária para contrarrazoar o recurso, em violação à garantia do
contraditório e da ampla defesa.
Com relação a esta insurgência, percebe-se que os embargos de
declaração opostos pelo ora embargado, às fls. 133/143, não possuíam a natureza
típica deste recurso, com fundamentação vinculada, para a correção de eventual
omissão, obscuridade ou contradição, mas sim natureza de pedido de
reconsideração, com a finalidade de perscrutar ao magistrado acerca da
admissibilidade ou não de prisão civil, na hipótese.
De fato, o próprio magistrado a quo reconheceu que a decisão
embargada não padecia de vícios, mas admitiu assistir razão ao embargante, o que
presume que recebeu o recurso como pedido de reconsideração, conforme se
observa do seguinte trecho:

Como marco inicial, calha ressaltar que a decisão embargada não sofre de
vícios de omissão, contradição ou obscuridade, porquanto se encontra
fundamentada em conformidade com a ordem jurídico-constitucional
vigente, muito embora assista razão ao embargante. (fl. 145).

Assim, ao analisar a questão, o juiz de 1º grau, ao perceber eventual


equívoco na decisão anterior (fls. 123/125), considerando o caráter compensatório
dos alimentos, revogou essa decisão, que decretara a prisão do recorrido, e
determinou que a execução tramitaria, a partir daquele momento, sob o rito da
constrição patrimonial, nos moldes do art. 732 do CPC/1973.
Portanto, uma vez que se tratava, na realidade, de pedido de
reconsideração, e não de embargos de declaração, não há falar em necessidade de
prévia intimação da parte contrária para responder ao suposto recurso, diante do

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caráter modificativo da decisão recorrida.


Ademais, é possível receber os embargos de declaração como
pedido de reconsideração, em observância ao princípio da fungibilidade.
Confira-se:

AGRAVO. DECISÃO QUE RECEBEU OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


COMO PEDIDO DE RETRATAÇÃO. INCONFORMISMO DA
RECORRENTE. ALEGADO ERRO MATERIAL. PRODUZIDO PELA
EXEQUENTE. INCLUSÃO DE VALOR NÃO CONSTANTE NA PLANILHA
ORIGINAL. INOCORRÊNCIA DO QUE PREVISTO NO INCISO II DO ART.
535/CPC. 1. Trata-se de agravo de instrumento em face da decisão que
recebeu os embargos de declaração, então manejados pela ora agravante,
como pedido de retratação. 2. Considerando que os embargos foram
manejados sobre a legítima pretensão de sanar omissão relativa à questão
sobre a qual o magistrado deveria ter se pronunciado, qual seja, o erro
material cometido pela própria embargante e, uma vez verificado que houve,
efetivamente, manifestação do Juízo a esse respeito, entendo correto que
aquela autoridade tenha recebido os declaratórios como pedido de
retratação, pois, mascarado sob o rótulo de embargos de declaração, de
fato, se tratava de pedido de reconsideração. 3. Agravo de instrumento
conhecido e improvido. (Acórdão n.873634, 20150020014299AGI, Relator:
GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA, 3ª Turma Cível, Data de Julgamento:
10/06/2015, Publicado no DJE: 16/06/2015. Pág.: 185).

No que concerne à suposta intempestividade, observa-se que não


há, nos autos, a comprovação da data de publicação/intimação da parte contrária da
decisão de fls. 123/125, o que inviabiliza a aferição da tempestividade do pedido de
reconsideração.
No mérito, a agravante se insurge afirmando que, ao contrário da
tese sustentada pelo recorrido, os alimentos foram fixados com fundamento na
solidariedade familiar e no dever de mútua assistência, não possuindo natureza
compensatória.
Ao analisar-se a sentença exequenda de fls. 17/28, entretanto,
infere-se que, ao contrário do entendimento sustentado pela agravante, os alimentos

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possuem nítido caráter compensatório.


Com efeito, a sentença exequenda consignou que a verba
alimentícia fixada em benefício do ex-cônjuge virago teria como finalidade garantir-
lhe a fruição de parcela do patrimônio que estava na administração do cônjuge
varão, até que ultimada a partilha, configurando-se no que a doutrina denomina de
alimentos compensatórios, que possuem a finalidade de "equilibrar os perversos
efeitos decorrentes da ruptura da conjugalidade, diminuindo as perdas do padrão de
vida social e econômico de um dos consortes."1
Nesse sentido, transcrevem-se trechos esclarecedores da r.
sentença:

Não se controverte de acordo com as provas colacionadas aos autos que o


requerido exerce com exclusividade a administração do patrimônio da
empresa, inclusive subscrevendo os documentos contábeis fls. 258/292,
restando clarificado a necessidade de manutenção dos alimentos
compensatórios enquanto não formalizada a partilha dos bens,
especialmente por se afigurar que o divórcio ocorrera sem a promoção da
devida partilha do patrimônio comum na sua integralidade, ficando a
requerente afastada do gozo dos bens que integram a empresa, rompendo
com o equilíbrio econômico provocado pela ruptura da sociedade conjugal.
(...)
Diante da posse exclusiva do patrimônio pelo requerido, devida se mostra a
prestação de alimentos, denominados pela doutrina de alimentos
compensatórios, pois destinados a compensar o desequilíbrio econômico
provocado pela ruptura conjugal, até que seja restabelecido, com a devida
divisão de bens. (...)
(fls. 21 e 27).

Assim, uma vez caracterizada a natureza compensatória dos


alimentos executados, cumpre perquirir acerca da possibilidade de prisão civil do

1
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: famílias, volume 6. - 7 ed. rev.
ampl. E atual. - São Paulo: Atlas, 2015, pg. 700.

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devedor deste tipo de alimentos.


De início, cumpre ressaltar que os alimentos compensatórios
possuem nítido caráter indenizatório, diferente da obrigação alimentar originária do
vínculo familiar. Vale dizer, os alimentos compensatórios são fixados com a
finalidade de evitar-se um desequilíbrio econômico-financeiro decorrente da
dissolução nupcial, possibilitando-se ao ex-cônjuge, que não se encontra na
administração dos bens do casal, a continuidade de sua vida no padrão até então
desfrutado, até que seja realizada a partilha do patrimônio comum. Não se destinam,
portanto, a satisfazer as necessidades básicas da alimentanda, ou seja, não se
destinam à sua sobrevivência.
Assim, uma vez que a prisão civil por dívida alimentar corresponde a
um mecanismo coercitivo destinado a forçar o devedor ao cumprimento da
obrigação, entende a jurisprudência não ser possível a sua adoção, na hipótese dos
denominados alimentos compensatórios, que não têm caráter alimentar, exatamente
em virtude desse caráter coercitivo.
Nesse sentido, já decidiu esta egrégia Corte de Justiça que, os "a
limentos compensatórios objetivam amenizar o desequilíbrio econômico no padrão
de vida de um dos cônjuges por ocasião do fim do casamento. Tendo natureza
compensatória, a eventual inadimplência dessa modalidade de obrigação alimentar
não sujeita o devedor à prisão civil." (Acórdão n.388989, 20090020130788HBC,
Relator: JAIR SOARES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 21/10/2009, Publicado
no DJE: 11/11/2009. Pág.: 106).
De igual modo, o Superior Tribunal de Justiça sedimentou o
entendimento de que os alimentos compensatórios não admitem a possibilidade de
adoção da constrição pessoal, uma vez que correspondem a verba indenizatória,
não possuindo, conforme explicitado alhures, caráter alimentar propriamente dito,
que visa garantir a subsistência do credor. Confiram-se ementas de julgados nesse
sentido:

RECURSO ORDINÁRIO EM FACE DE DECISÃO DENEGATÓRIA DE


HABEAS CORPUS. PRELIMINAR - EXEQUENTE QUE NÃO ELEGE O
RITO DO ARTIGO 733, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL PARA O
PROCESSAMENTO DA EXECUÇÃO - IMPOSSIBILIDADE DE O
MAGISTRADO INSTAR A PARTE SOBRE O RITO A SER ADOTADO -
CONCESSÃO DE ORDEM EX OFFICIO - POSSIBILIDADE. MÉRITO -

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EXECUÇÃO (APENAS) DE VERBA CORRESPONDENTE AOS FRUTOS


DO PATRIMÔNIO COMUM DO CASAL A QUE A AUTORA (EXEQUENTE)
FAZ JUS, ENQUANTO AQUELE SE ENCONTRA NA POSSE EXCLUSIVA
DO EX-MARIDO - VERBA SEM CONTEÚDO ALIMENTAR (EM SENTIDO
ESTRITO) - VIÉS COMPENSATÓRIO/INDENIZATÓRIO PELO PREJUÍZO
PRESUMIDO CONSISTENTE NA NÃO IMISSÃO IMEDIATA NOS BENS
AFETOS AO QUINHÃO A QUE FAZ JUS - RECURSO ORDINÁRIO
PROVIDO. I - A execução de sentença condenatória de prestação
alimentícia, em princípio, rege-se pelo procedimento da execução por
quantia certa, ressaltando-se, contudo, que, a considerar o relevo das
prestações de natureza alimentar, que possuem nobres e urgentes
desideratos, a lei adjetiva civil confere ao exeqüente a possibilidade de
requerer a adoção de mecanismos que propiciem a célere satisfação do
débito alimentar, seja pelo meio coercitivo da prisão civil do devedor, seja
pelo desconto em folha de pagamento da importância devida. Não se
concebe, contudo, que o magistrado, no silêncio da exeqüente, provoque a
parte autora a se manifestar sobre a possibilidade de o processo seguir pelo
rito mais gravoso para o executado, situação que, além de não se coadunar
com a posição eqüidistante que o magistrado deve se manter em relação às
partes, não observa os limites gizados pela própria inicial; II - No caso dos
autos, executa-se a verba correspondente aos frutos do patrimônio comum
do casal a que a autora faz jus, enquanto aquele se encontra na posse
exclusiva do ex-marido. Tal verba, nestes termos reconhecida, não decorre
do dever de solidariedade entre os cônjuges ou da mútua assistência, mas
sim do direito de meação, evitando-se, enquanto não efetivada a partilha, o
enriquecimento indevido por parte daquele que detém a posse dos bens
comuns; III - A definição, assim, de um valor ou percentual correspondente
aos frutos do patrimônio comum do casal a que a autora faz jus, enquanto
aquele encontra-se na posse exclusiva do ex-marido, tem, na verdade, o
condão de ressarci-la ou de compensá-la pelo prejuízo presumido
consistente na não imissão imediata nos bens afetos ao quinhão a que faz
jus. Não há, assim, quando de seu reconhecimento, qualquer exame sobre
o binômio "necessidade-possibilidade", na medida em que esta verba não
se destina, ao menos imediatamente, à subsistência da autora, consistindo,
na prática, numa antecipação da futura partilha; IV - Levando-se em conta o
caráter compensatório e/ou ressarcitório da verba correspondente à parte
dos frutos dos bens comuns, não se afigura possível que a respectiva

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execução se processe pelo meio coercitivo da prisão, restrita, é certo, à


hipótese de inadimplemento de verba alimentar, destinada, efetivamente, à
subsistência do alimentando; V - Recurso ordinário provido, concedendo-se,
em definitivo, a ordem em favor do paciente. (RHC 28.853/RS, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro MASSAMI UYEDA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 12/03/2012)- sublinhado;

HABEAS CORPUS - EXECUÇÃO DE DÉBITO ALIMENTAR - TÍTULO


JUDICIAL QUE FIXA ALIMENTOS DEFINITIVOS EM DEZ SALÁRIOS
MÍNIMOS, ACRESCIDO DA OBRIGAÇÃO DE CUSTEAR A MANUTENÇÃO
DE BEM IMÓVEL COMUM (QUE NÃO SERVE DE MORADIA À
ALIMENTANDA) TAMBÉM NO VALOR DE DEZ SALÁRIOS MÍNIMOS -
PAGAMENTO PARCIAL - EM TESE, A OBRIGAÇÃO DE CUSTEAR
IMÓVEL COMUM QUE NÃO SERVE DE MORADIA À ALIMENTADA NÃO
CONSUBSTANCIA VERBA ALIMENTAR E, POR CONSEGUINTE, AFASTA
A ADOÇÃO DA PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR, COMO MEIO COERCITIVO
- CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM IMPETRADA, PARA AFASTAR A
EFICÁCIA DO DECRETO PRISIONAL TÃO-SOMENTE EM RELAÇÃO AOS
DÉBITOS RELACIONADOS À MANUTENÇÃO DE SÍTIO, COM
ATENDIMENTO À OBSERVAÇÃO EFETUADA. I - Efetivamente, tem-se,
nesse juízo de cognição sumária, que a condenação ao pagamento de 10
(dez) salários mínimos, destinado a suprir as despesas de manutenção do
sítio (que não serve de moradia à alimentada), patrimônio comum, até
posterior partilha, não se reveste de caráter alimentar, sendo certo, por
conseguinte, que o inadimplemento desta verba (e, somente desta) não
confere ao exeqüente a possibilidade de executar o respectivo valor pelo
Rito do artigo 733 do Código de Processo Civil, que, como é de sabença,
elege como meio coercitivo a prisão do alimentante inadimplente; II - A
definição, assim, de verba destinada ao custeio de manutenção de sítio
(patrimônio comum), tem, na verdade, o condão de impedir que a (ex)
esposa, que, ao que parece, ficou incumbida da administração de bem
comum, enquanto não efetivada a partilha, retire da pensão destinada, única
e exclusivamente, a sua subsistência, valor necessário ao custeio de outra
despesa, no caso, a manutenção de bem imóvel da responsabilidade de
ambos os litigantes. O inadimplemento deste valor, ainda que censurável e
passível de execução pelos meios ordinários, não permite, tal como
pretendido, a utilização da prisão civil do devedor, como meio coercitivo ao

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cumprimento da obrigação, porque, de verba alimentar, não se trata; III -


Ordem parcialmente concedida, convalidando-se a liminar anteriormente
deferida, para suspender a eficácia do decreto prisional, com atendimento à
observação. (HC 232.405/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 30/05/2012).

Assim, inadmissível, na hipótese, a prisão civil do devedor de


alimentos tido como compensatórios.
DISPOSITIVO
Ante o exposto, conheço e NEGO PROVIMENTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO, mantendo incólume a r. decisão agravada.
É como voto.

O Senhor Desembargador FERNANDO HABIBE - Vogal


Com o relator.

O Senhor Desembargador ARNOLDO CAMANHO - Vogal


Com o relator.

DECISÃO

NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, UNÂNIME

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