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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL E DE DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE


CONCEIÇÃO DO COITÉ-BAHIA

MARIVANDA DE SOUZA ALMEIDA, brasileira,


lavradora, Cpf nº 299.400.348-14, residente e domiciliada no Povoado de
Cansanção, 9996, Juazeirinho, nesta cidade de Conceição do Coité-Ba
vem, por seu advogado “in fine” assinado, procuração em anexo, com
escritório profissional à Rua Dr. Amâncio Mota, 21º, 1º andar, centro,
nesta cidade, propor a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E
DANOS COM PEDIDO LIMINAR, contra HIPERCARD ADM DE CARTÃO DE
CRÉDITO, situado na Avenida Rui Barbosa, 251, 1 Andar, Graças, Recife –
PE, Cep 52.011-040, Cnpj 03.012.230/0001-69 e SERASA estabelecida na
Alameda dos Quinimuras, 187, Planalto Paulista, São Paulo-SP, Cep-
04.068-000, Cnpj 62.173.620/0001-80, pelos fatos e fundamentos
abaixo demonstrados:

DO PEDIDO DE LIMINAR DE EXCLUSÃO DOS CADASTROS DO SERASA

Requer a concessão Liminar, para


que seja excluída a pendência financeira inscrita no SERASA, pelas
Requeridas, conforme doc. em anexo; uma vez que existe prova
inequívoca das inscrições indevidas, devido a dívidas não existentes
com a primeira acionada.

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Assinado eletronicamente por: CAUE TANAJURA CIRINO;
Código de validação do documento: 75237dbc a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Como V.Exa. pode verificar, está
presente a verossimilhança da alegação, pois a autora juntou provas
inequívocas das inclusões, além do mais, a Requerente jamais possui
divida alguma com a primeira acionada.

A referida inscrição vem causando


transtornos na vida comercial da autora, pois a mesma não conseguiu
mais comprar a crédito, o que dificulta o bom andamento dos seus
negócios.

Vejamos o entendimento dominante


da jurisprudência, sobre o assunto:

169001526 – MEDIDA CAUTELAR – LIMINAR


DEFERIDA PARA EXCLUIR OS NOMES DAS
DEVEDORAS NOS CADASTROS DA SERASA E SPC –
ADMISSIBILIDADE – Relação jurídica discutida em
juízo desautoriza anotações constrangedoras
sobre o devedor em bancos de dados a seu
respeito. Arts. 6º, inciso IV e 42, do Código de
Defesa do Consumidor. Decisão mantida. Agravo
improvido. (1º TACSP – AI 1122935-5 – (47062) –
São Paulo – 11ª C. – Rel. Juiz Vasconcellos Boselli –
J. 10.10.2002) JCDC.6 JCDC.6.IV JCDC.42

Diante os fatos acima, e


demonstrada prova inequívoca da inclusão indevida, como também
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, tendo em
vista que a inscrição indevida vem dificultando o normal andamento
dos negócios da autora, já que a mesma perdeu o crédito, requer a
concessão de Liminar, para que seja determinado às exclusões do
nome da autora do SERASA E DEMAIS ORGÃOS DE SERVIÇO A
PROTEÇÃO AO CRÉDITO, feito pelas Requeridas.

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Assinado eletronicamente por: CAUE TANAJURA CIRINO;
Código de validação do documento: 75237dbc a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
DA LIMINAR DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

O Legislador criou a inversão do ônus


da prova para aquilatar situações como esta de franca disparidade
processual, onde a maior parte das provas, encontra-se sobre a órbita
das Requeridas. Sem a inversão, certamente os Acionados tentará
ocultar seus desmandos.

A inversão do ônus probandi é um


direito básico do consumidor, restando somente está presente no caso,
a verossimilhança das alegações e a hiposuficiência. No presente caso,
estão presentes tais requisitos, uma vez que a Requerente provou com
documentos que houve inscrição indevida no SERASA, referente a divida
não existente com a primeira acionada, por isto presente a
verossimilhança das alegações. O Hiposuficiência também está
presente, pois todas as provas cabíveis para a elucidação dos fatos
encontram-se na órbita dos Requeridos.

Vejamos o entendimento
jurisprudencial sobre o deferimento da inversão do ônus da prova:

PROVA – INVERSÃO DO ÔNUS – “Reconhecimento


da hipossuficiência técnica da autora –
Circustancia que se caracteriza pela diminuição da
capacidade comprobatória, ocasionada pela
completa ausência, ou pela marcada dificuldade
de obtenção de dados, elementos, enfim
informações que possam balizar a avaliação a
respeito da natureza, da materialização, do tempo,
da quantidade, da qualidade, da utilidade, da
extensão, da abrangência, das conseqüências da
relação de consumo que se estabeleceu entre o
consumidor e o fornecedor ou prestador do
serviço – Inteligência da regra do artigo 6º, VIII do
Código de Defesa do Consumidor – Recurso não
provido.(TJSP – AI 147.813-4 – São Paulo – 10ª

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Código de validação do documento: 75237dbc a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
CDPriv. Rel. Des. Souza José – J. 14.03.2000 –
v.u.).

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – “...segundo


ponderável corrente jurisprudencial, é direito
básico do consumidor a facilitação de sua defesa,
inclusive com a inversão do ônus da prova(art.
6º,VIII)...”(TAPR – AC 143185400-(12639) –
Curitiba – 3ª C. Civ. – Rel. Juiz Domingos Ramina –
DJPR 17.03.2000). Grifos do Advogado.

Assim, baseado nos argumentos


preditos, e nos acontecimentos adiante expostos, requer-se o deferimento
liminar da inversão do ônus da prova, como determina o CDC no seu art.
6º VIII. Para tanto, requer que seja cientificado os requeridos da decisão
liminar, determinando ao mesmo que:

a) Apresente provas de que houve aviso prévio para a referida inclusão


no SERASA.
b) Apresente a primeira acionada provas que a requerente apresenta
alguma divida com a mesma referente ao contrato de número
001420439080000 conforme doc. em anexo.
c) Apresente a primeira acionada o “suposto” contrato ou qualquer
outro documento em que comprove que a autora teria firmado
qualquer transação comercial com o mesmo.

DOS FATOS

A Requerente não possui nenhuma


divida com a primeira acionada referente ao contrato de número
001420439080000, conforme doc. em anexo e também comprovaremos
em momento oportuno.

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Ocorre Dra. Juíza que a autora sofreu
o dano irreparável ao ter seu nome negativado indevidamente uma vez
que a mesma jamais possui alguma divida com o primeiro acionado.

Nobre Julgadora a autora, ao tentar


efetuar uma compra no comércio local, quando foi surpreendida pela
inscrição e manutenção da inscrição no SERASA, efetuada pela primeira
acionada, com entrada em 13/09/2019, referente à dividas não existentes
com a mesma cujo número do é 001420439080000, além de fazer-lhe
passar pelo maior constrangimento.

Dra. Juíza, como pode a autora passar


por tantos aborrecimentos e frustações ocasionado por culpa exclusiva
dos requeridos.

A Requerente foi duramente


humilhada, pois a mesma, sempre cumpriu com suas obrigações, e
sempre foi vista por todos, não só da sociedade coiteense, como boa
pagadora e mulher de bem. A atitude desprezível dos Requeridos causou
sérios danos a Requerente, pois feriu a sua imagem de conceito,
autoestima, além de por em cheque a sua credibilidade. Além disso, os
Requeridos colocaram o nome da Requerente no Rol dos mal pagadores,
sem sequer lhe avisar previamente, como determina o CDC.

A requerente, bastante sentida e


humilhada, decidiu ingressar com a presente ação, por entender ser esta a
melhor maneira de amenizar sua dor, e mostrar para a sociedade que a
mesma ainda é possuidora de credibilidade.

DOS DANOS MORAIS

A Requerente foi bastante humilhada


pelas Requeridas, ao ter seu nome inscrito indevidamente no SERASA, sem
qualquer aviso prévio, referente à dívidas não existentes com a primeira

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acionada. Foi bastante constrangedor, não poder realizar compras à
crédito, além de ser vista por todos da sociedade, como mau pagadora e
velhaca, que, pelo contrário, A Requerente sempre teve credibilidade,
perante todos, e a atitude descabida da Requerida manchou a imagem
conquistada há anos de trabalho e dedicação.

Excelência, não há dor e vergonha


maior, de que saber que não deve, e ter seu nome inscrito no SERASA, lhe
impossibilitando de realizar operações de crédito. Além disso, ser exposto
ao ridículo, sem sequer ser avisado previamente.

A dor sofrida pela Requerente não


tem preço, mas uma indenização é um meio eficaz para repreender a
Requerida, a continuar agindo irresponsavelmente, pois só assim, se
organizarão, e não permitirão que situações constrangedoras como estas
voltem a ocorrer.

O fato da inscrição e manutenção


indevida no SERASA, e sem aviso prévio, é fato de violação punível por
danos morais, já que só deve ser inscrito e mantido nesta instituição de
proteção ao crédito, quem realmente é devedor, bem como só é lícita a
inscrição, quando o consumidor é a avisado previamente.

Por se tratar de coisa não tátil,


dispensa-se a comprovação do prejuízo efetivo, bastando apenas à
ocorrência do ato lesivo para caracterizar a obrigação de indenizar.

Vejamos o entendimento do STJ:

“ A responsabilidade do agente
causador do dano moral, opera-se por força do
simples fato da violação; assim, verificando-se o
evento danoso, surge a necessidade de reparação,
não havendo que se cogitar a prova do prejuízo,
se presentes os pressupostos legais, para que haja

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a responsabilidade civil.” (STJ – 4a T. – Resp.
23575)

Vejamos a jurisprudência sobre o


referido fato:

Estando configurado o dano moral no


presente caso, resta agora saber o “quantum” a ser fixado.

DA FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO

No fato demonstrado no presente


processo, não há a menor dúvida quanto o DANO MORAL sofrido,
decorrente da atitude irresponsável dos Requeridos. A questão é o valor a
ser fixado, que é de grande discussão nos Tribunais. Neste passo,
vejamos:

“para aproximar-se do arbitramento que seja


prudente e eqüitativo, a orientação maciça da
jurisprudência, apoiada da melhor doutrina, exige
que o arbitramento judicial seja feito a partir de
dois dados relevantes:

a) o nível econômico do ofendido


b) o porte econômico do ofensor, ambos
cotejados com as condições em que se deu a
ofensa.”(STJ, 4a T Resp. 6048-0/RS)

Em observância ao nível econômico


da Requerente, já que a mesma é lavradora pessoa de bem, uma
indenização de valor irrisório, não seria capaz de amenizar a sua dor, uma
vez que a mesma teve sua credibilidade manchada, e ficou sendo vista por
todos como mal pagadora, além de ferir profundamente a sua autoestima.

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Esta característica deverá ser levada em consideração na fixação do
“quantum” indenizatório.

Além de caráter indenizatório, o


valor fixado, deve ter também caráter repreensivo, para com isto, o agente
não voltar a agir com atitudes irresponsáveis, como aos fatos do aludido
processo, uma vez que os Requeridos são poderosas empresas, devendo
prestar serviços de qualidade a população.

O valor de R$ 41.800,00 (Quarenta e


um mil e oitocentos reais), é bastante equitativo, e aplicado em diversos
casos semelhantes ao atual.

DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer:

a) Que seja deferida as liminares pretendidas, para que seja


determinado a imediata exclusão do nome da Requerente do
cadastro do SERASA E DE QUALQUER ORGÃO DE SERVIÇO DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO sob pena de multa diária de R$
500,00(Quinhentos reais) ou outra quantia que V.Exa., julgue
necessário, e a inversão do ônus da prova nos termos mencionados
sob pena confissão; e ao final lhe seja dado efeito definitivo sob
pena de confissão;

b) Que sejam citadas as Requeridas para comparecerem a audiência


para transigir, ou não querendo, contestar no prazo de lei, sob pena
dos efeitos da revelia e confissão;

c) Que as Requeridas sejam condenadas a pagarem a Requerente a


título de danos morais, o equivalente 40 salários-mínimos, hoje a
R$ 41.800,00 (Quarenta e um mil e oitocentos reais) pelos prejuízos
que deu causa, com juros e correção, desde a inclusão indevida;

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Código de validação do documento: 75237dbc a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
d) Protesta provar o alegado, por todos os meios de prova em direito
admitidos, inclusive o depoimento pessoal dos Réus sob pena de
confesso, oitiva de testemunhas e juntada de novos documentos.

Dá-se a causa o valor de R$ 41.800,00 (Quarenta e


um mil e oitocentos reais).

Nestes Termos,
P. Deferimento.

Conceição do Coité, 12 de Agosto de 2020.

BEL. CAUÊ TANAJURA CIRINO


OAB/BA 26.860

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