Você está na página 1de 13

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 7ª JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA

COMARCA DE LONDRINA – ESTADO DO PARANÁ

Requer que todas as intimações e/ou notificações


sejam endereçadas, exclusivamente em nome do
subscritor, JOSÉ ANTÔNIO CORDEIRO CALVO(OAB-PR
11552) no endereço abaixo descrito, SOB PENA DE
NULIDADE, anotando-se na autuação e sistema
informatizado do Cartório Distribuidor,
procedimento a ser adotado, tendo em vista ser o
único procurador da Calvo Advocacia & Associados,
com poderes exclusivos para receber intimações e
notificações.

Autos n 0008388-19.2014.8.16.0182

NET SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO S/A - FILIAL


PARANÁ/CURITIBA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº
00.108.786/0097-07, sediada à Rua Mamoré, nº340, Bairro Merces, CEP 80.510-
160, cidade de Curitiba, Estado do Paraná, por intermédio de seus advogados,
instrumento de mandato acostados aos autos, com escritório profissional sito
á Rua José Oiticica, n.º 122, CEP 86.060-360, Londrina, Estado do Paraná,
http: www.calvo.adv.br, e-mail: atendimento@calvo.adv.br, aonde recebe
intimações (art. 39, inc. I, do CPC), vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, apresentar:

CONTESTAÇÃO

em face da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO proposta perante este Juízo, por GEAZI CEZAR
RETTE IBANE, devidamente qualificada nos autos em epígrafe.

Nos termos do art. 5° da Constituição Federal, art.


274 do Código de Processo Civil e Código Civil vigente, passa a aduzir suas
razões de fato e de direito através do seguinte articulado e, ao final,
requer:

1. BREVE INTRÓITO

Relata o Reclamante que na data de 01/08/2013,


trafegava com sua motocicleta pela Av. Comendador Franco, quando ao adentrar
na Rua Pergentina Silva Soares, se deparou com um cabo de aço no meio da rua
preso em um poste.

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 1
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
Aduziu o Requerente que não teve tempo de desviar do
cabo, o qual enroscou em seu pé e no pedal da moto, ocasionando assim, a
queda, com lesões corporais e danos materiais.

Diante do exposto, requereu: I) Indenização por danos


materiais; II) Indenização por danos morais.

Atribuiu à causa o valor de R$ 22.000,00 (vinte e dois


mil reais).

Eis a síntese do que importa.

PRELIMINARMENTE

2. ILEGITIMIDADE PASSIVA

Convém trazer à tona um ponto de extrema relevância


para a elucidação do caso em epigrafe, o qual, concomitantemente, enseja a
ilegitimidade passiva, ora pleiteada.

Como narrado pelo próprio Autor, o acidente ocorrido


com o mesmo, se deu pelo fato de um cabo de aço preso em um poste e solto no
meio da rua.

Importante ressaltar, que nada foi provado nos autos


sobre o fato do cabo arrebentado pertencer a Empresa Ré (NET).

Ora Excelência, o boletim de ocorrência acostado na


inicial, apenas traz que o acidente ocorreu por causa de um “cabo de aço do
poste de luz”, não menciona de qual empresa pertencia o cabo solto, e de
outro lado, impossível que qualquer cidadão possa identificar um cabo na rua,
pois tal distinção caberia somente a um técnico da área, o que necessitaria
de pericia especializada para apurar tal fato.

De outra sorte, se analisado pormenorizadamente os


pedidos da inicial, vemos que o Autor aponta de forma desesperada a culpa das
Rés, sem ao menos fazer prova de que o cabo pertence a alguma.

Neste mesmo sentido, esta Reclamada Net, não possui os


seus serviços disponibilizados na região do acidente, muito menos, possui
qualquer obra no local para a instalação dos seus cabos, vejamos abaixo e em
anexo a imagem do perímetro que abrange os serviços desta:

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 2
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
(ÁREA NÂO CABEADA DA EMPRESA NET)

Assim, verifica-se que a culpa por eventual dano


causado ao Autor é de inteira responsabilidade de terceiros, ante a
inexistência de cabo desta no local, não devendo recair sobre esta
contestante qualquer ônus decorrente da suposta atitude de outros.

Há que se dizer que a atuação da Ré Net não


contribuiu, de forma alguma, para causar os supostos danos que o Requerente
pretende reparar, vez que, conforme se demonstrará, carece de fundamentos as
alegações deste, nos moldes do artigo 333, do CPC, bem como carece de
legitimidade esta Ré, e no caso, não é possível vislumbrar nenhuma coisa e
nem outra.

Excelência, evidentemente que esta Ré nada tem haver


com a situação narrada na exordial, razão pela qual imperiosa é a declaração
e reconhecimento de ilegitimidade passiva desta Contestante.

Sendo assim, inexistente, portanto, o dever de


sujeição da ora Ré ao direito alegado pelo Autor na inicial, vez que os
supostos danos, caso sejam comprovados, foram causados exclusivamente por
terceiros, carecendo a ora Ré legitimidade passiva, o que, onde quer que se
veja, não há motivos ensejadores para tanto, devendo o feito ser extinto, sem
resolução de mérito, por carência de ação, a teor do disposto no art. 267,
inc. VI, do CPC.

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 3
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
3. DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO

Excelência, ainda que se entenda ser passível de


apreciação a presente ação, mesmo que desacompanhada de qualquer prova que a
fundamente, não há como comprovar de quem é a responsabilidade pelo cabo de
aço solto, pois só poderia ser comprovado por pericia especializada.

Neste mesmo sentido, deve-se v. Excelência se atentar


para a incompetência absoluta do Juizado Especial para apreciação de ações
que demandem perícia técnica (art. 51, inc. II, da Lei nº 9.099/95), já que
em sede de Juizados Especiais limitam-se as ações de menor complexidade,
conforme entendimento consolidado da jurisprudência:

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. AÇÃO COMINATÓRIA...MATÉRIA


CONTROVERTIDA SOMENTE PASSÍVEL DE SER ELUCIDADA ATRAVÉS
DE PERÍCIA TÉCNICA. COMPLEXIDADE CARACTERIZADA.
INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO. EXTINÇÃO DA AÇÃO. RECURSO
IMPROVIDO.
I -...o equacionamento da matéria controvertida e do
conflito de interesses estabelecido reclama a
efetivação de prova pericial. II - Envolvendo matéria
complexa, porquanto sua elucidação reclama a efetivação
de prova pericial...o juizado especial cível não está
municiado com competência para processar e julgar a
demanda manejada, impondo-se sua extinção, sem a
apreciação do mérito, consoante recomendam os artigos
3º e 51, inciso II, da sua lei de regência (Lei n.
9.099/95). III. Recurso conhecido e improvido. Sentença
confirmada. Unânime." (ACJ nº 2004.01.1.024218-5. Órgão
Julgador: Primeira Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Distrito Federal.
Relator: Teófilo Rodrigues Caetano Neto. Publicação no
DJU em 14/06/2004. p. 107)

"...IMPRESCINDIBILIDADE DE PERÍCIA TÉCNICA. PROVA


COMPLEXA. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS
ESPECIAIS CÍVEIS ACOLHIDA. SENTENÇA CASSADA. PROCESSO
EXTINTO.
1. ...revela a óbvia necessidade de perícia técnica
formal... 2. E, se indispensável se torna a perícia
técnica formal para se chegar ao correto e justo
deslinde da causa, por se tratar de prova complexa,
afastada está a competência do Juizado Especial Cível.
3. Recurso conhecido, acolhendo-se a preliminar de
incompetência absoluta dos Juizados Especiais Cíveis
para conhecer, processar e julgar o feito, dada a
complexidade da prova, que depende de prova pericial,
com a cassação da sentença e extinção do processo sem
conhecimento do mérito, com fulcro no art. 51, II, da
Lei nº. 9099/95." (ACJ nº 2003.01.1.064835-0. Órgão
Julgador: Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Distrito Federal. Relator: Benito
Augusto Tiezzi. Publicação no DJU em 27/11/2003. p.
52).

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA - RECONHECIMENTO - PONTO


CONTROVERSO A EXIGIR REALIZAÇÃO DE PERÍCIA PARA SER
ELUCIDADO - EXTINÇÃO DO PROCESSO - SENTENÇA REFORMADA.

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 4
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
1. Revelando-se a causa ser de maior complexidade, no
sentido de exigir prova pericial para se elucidar o
ponto controverso, e não podendo ser ela substituída
por cálculo da Contadoria, que não respeita o amplo
princípio do contraditório, não pode ser ela processada
no Juizado Especial, devendo o feito ser extinto, sem
julgamento do mérito, em obediência ao artigo 51,
inciso II, da Lei 9099/95. 2. Não deve o recorrido
pagar as custas processuais e honorários advocatícios,
porque esta é penalidade que só se impõe a recorrente
vencido.(20020110764376ACJ, Relator LUCIANO
VASCONCELLOS, Segunda Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do D.F., julgado em
07/05/2003, DJ 29/05/2003 p. 68)
Assim, por entender que o litígio em tela envolve
questão de fato que implica na realização de intrincada
prova, impõe-se a extinção do processo, sem julgamento
do mérito, nos termos do artigo 51, inciso II, da Lei
Federal nº 9.099/95.
Ante o exposto, julgo extinto o processo, sem
julgamento do mérito, apoiado no artigo 51, inciso II
da Lei Federal nº 9.099/95.
Restituam-se à parte requerente os documentos que
instruíram a inicial, mediante certidão.
Sem custas e honorários advocatícios, conforme disposto
no artigo 55, "caput" da Lei Federal n° 9.099/95.
Publique-se. Registre-se. Intime-se a parte requerente.
Brasília - DF, segunda-feira, 11/06/2007 às 19h24 hora.

Destarte, requer seja acolhida a preliminar de


incompetência absoluta do juízo para consequente extinção do processo sem
julgamento do mérito, vez que, é imprescindível a produção de prova pericial
no presente feito.

Caso superadas as preliminares arguidas, o que


serenamente não se acredita, confiante no levado saber jurídico de Vossa
Excelência, por apego aos Princípios da Concentração dos Atos Processuais e
da Eventualidade, sucessivamente adentra-se no mérito para contestar
pontualmente os pedidos do Autor, pelos motivos de fato e razões de direito
adiante articulados:

NO MÉRITO

4. DA INEXISTÊNCIA DE CULPA OU DOLO DA REQUERIDA

Conforme acima explicitado, não houve qualquer conduta


por parte da Ré Net para que desse ensejo aos supostos danos que diz o Autor
ter suportado.

Não se pode condenar a indenização por ato ilícito a


Contestante, uma vez que não há dolo, culpa ou qualquer nexo de causalidade,
já que não estão presentes os requisitos legais constantes do art. 186 do
Código Civil.

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 5
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
Ademais, não podemos olvidar o fato de que no caso em
epígrafe não há nexo de causalidade entre os danos sofridos pelo Autor e
eventual conduta causadora para o dano que advieram desta Contestante.

Outrossim, é cediço que a inexistência de nexo de


causalidade afasta o dever de indenizar, senão vejamos a voz do respeitável
Silvo Rodrigues1 sobre o assunto:

PARA QUE SURJA A OBRIGAÇÃO DE REPARAR, MISTER SE FAZ A PROVA


DA EXISTÊNCIA DE UMA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ENTRE A AÇÃO OU
OMISSÃO CULPOSA DO AGENTE E O DANO EXPERIMENTADO PELO VÍTIMA.
SE A VÍTIMA EXPERIMENTAR UM DANO, MAS SE NÃO EVIDENCIAR QUE O
MESMO RESULTOU DO COMPORTAMENTO OU ATITUDE DO RÉU, O PEDIDO DE
INDENIZAÇÃO FORMULADO POR AQUELE, DEVERÁ SER JULGADO
IMPROCEDENTE. (GRIFAMOS)

A Requerida lamenta o episódio ocorrido com o Autor,


contudo, legalmente, ante a ausência dos requisitos legais, não pode ser
estendida eventual responsabilidade pelos danos causados ao Autor resultantes
do infortúnio ocorrido por terceiro à esta Contestante.

Destarte, percebe-se que não houve qualquer culpa ou


ato ilícito praticado por esta Contestante, afastando qualquer obrigação de
reparação por danos morais ou materiais de sua parte, devendo ser a presente
ação julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE.

5. DA INEXISTÊNCIA DO DEVER INDENIZAR

Por conta do acidente, o Autor alega que sofreu várias


lesões, as quais não reduziram sua capacidade física, razão pela qual se acha
no direito de ver-se indenizado moral e materialmente.

Deste modo, passemos doravante, com base na


perfunctória análise do caso concreto analisar os seguintes pontos:

5.2 Do Dano Moral - Inexistência

O Autor em sua peça inaugural deseja indenização de


ordem moral. No entanto, a pretensão não observa os requisitos ensejadores da
responsabilidade civil, quais sejam:

I) o evento danoso;
II) o dano; e.
III) o nexo causal entre o primeiro e o segundo.

Sendo assim, faltante um dos pressupostos para


caracterização da responsabilização civil, não há direito à indenização ou
qualquer outro tipo de reparação a ser paga ao Autor, senão vejamos:

5.2.1 Da Inexistência do Nexo Causal

1
“Direito Civil”. Vol. 4, p. 18

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 6
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
Contrariamente ao alegado pelo Autor, a empresa Ré não
tem qualquer ligação com o acidente.

Ademais conforme já explanado em sede de preliminar,


sequer foi provado nos autos, que o cabo solte pertencia a Ré NET.

Deste modo, por onde quer que se veja, não há no


presente caso nexo de causalidade entre o Autor e a ora Ré. Veja ainda, que o
Autor não se desincumbira do ônus de traçar o nexo de causalidade entre o
dano suportado e o evento danoso por parte da Ré Net.

Colaciona-se o escólio do eminente Desembargador do


Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Sérgio Cavalieri Filho2:

“(...) Causa, para ela [teoria da causalidade


adequada de von Kries], é o antecedente não só
necessário mas, também, adequado à produção do
resultado. Logo, nem todas as condições serão causa,
mas apenas aquela que for a mais apropriada a
produzir o evento.
(...) Não basta, como observa Antunes Varela, que o
fato tenha sido, em concreto uma condição sine qua
non do prejuízo. É preciso, ainda, que o fato
constitua, em abstrato, uma causa adequada do dano”.

Não há conduta tomada pela Net que seja adequada a


produzir o resultado danoso que o Autor pretende servir de lastro à reparação
à sua moral. Ora, necessário que se demonstre que o ato praticado pela
Requerida seja adequado para produzir o evento danoso passível de provocar
tal dano.

Oportuna à citação da autorizada jurisprudência do


Tribunal de Justiça de Santa Catarina que com maestria esclarece a questão:

AGRAVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE


TRÂNSITO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. VEÍCULO QUE
CONFIADO À GUARDA DE OFICINA MECÂNICA PARA REPARO,
CAUSA ACIDENTE DE TRÂNSITO. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA
PROPRIETÁRIA DO VEÍCULO. CORREÇÃO. RECURSO
IMPROVIDO. A PROPRIETÁRIA DO VEÍCULO COMPROVOU QUE O
ACIDENTE OCORREU ENQUANTO O VEÍCULO ESTAVA SOB A
RESPONSABILIDADE DA OFICINA MECÂNICA PARA REPARO, FATO ADMITIDO
PELO AUTOR. LOGO, INEXISTINDO NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE O DANO
E SUA CONDUTA, A PROPRIETÁRIA É PARTE ILEGÍTIMA PARA FIGURAR
NO POLO PASSIVO DA AÇÃO.
(1862798020128260000 SP 0186279-80.2012.8.26.0000,
RELATOR: ADILSON DE ARAUJO, DATA DE JULGAMENTO: 16/10/2012,
31ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, DATA DE PUBLICAÇÃO:
17/10/2012).

Meras afirmações destituídas de suporte probatório,


não podem e não deve dar azo à aplicação da teoria do dano moral, vez que não
se demonstra onde e como os direitos de personalidade do Autor foram
verdascados por esta Contestante. Nesse sentido, suas débeis afirmações são

2
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo, SP: Malheiros, 2005.
p.72-73.

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 7
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
forma sem conteúdo, não possuem matéria que as sustente e, portanto, devem
ser desconsideradas.

Nesse sentido, oportuna é a citação da jurisprudência,


quanto sua posição acerca do assunto:

RECURSO DO AUTOR CONTRATO DE EMPREITADA. DONA DA


OBRA. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA CONTRATANTE.
OJ N. 191 DA SBDI-1 DO TST.NOS TERMOS DA OJ N. 191 DA
SBDI-1 DO TST, O DONO DA OBRA QUE CONTRATA EMPRESA OU PESSOA
FÍSICA PARA A EXECUÇÃO DE OBRA CERTA, SOB A MODALIDADE DE
EMPREITADA, NÃO TEM RESPONSABILIDADE PELAS OBRIGAÇÕES
DECORRENTES DOS CONTRATOS DE TRABALHO FIRMADOS ENTRE OS
TRABALHADORES E O EMPREITEIRO CONTRATADO. RECURSO DO AUTOR NÃO
PROVIDO. RECURSO DE AMBAS AS PARTES ACIDENTE DE
TRABALHO. ÔNUS DA PROVA. EM CONFORMIDADE COM OS ARTIGOS
818 DA CLT E 333, I, DO CPC, PARA A CARACTERIZAÇÃO DO
DEVER DE REPARAR, CABE AO TRABALHADOR PROVAR, ALÉM DA
EXISTÊNCIA DO EVENTO ACIDENTÁRIO, OS DANOS ADVINDOS DO ACIDENTE
OU DA MOLÉSTIA, O NEXO CAUSAL ENTRE O DANO E A ATIVIDADE
LABORATIVA E A CULPA DO EMPREGADOR, DISPENSADO ESSE ÚLTIMO
REQUISITO NOS CASOS EM QUE A RESPONSABILIDADE É OBJETIVA (ART.
927, § ÚNICO). NÃO TENDO O AUTOR LOGRADO PROVAR O NEXO DE
CAUSALIDADE ENTRE AS LESÕES NOTICIADAS E A ATIVIDADE LABORAL
PRESTADA EM FAVOR DA RÉ, HÁ QUE SE REJEITAR OS PLEITOS
REPARATÓRIOS. RECURSO DO AUTOR NÃO PROVIDO E RECURSO DA RÉ AO
QUAL SE DÁ PROVIMENTO.818CLT333ICPC.
(903201002223002 MT 00903.2010.022.23.00-2, RELATOR:
DESEMBARGADORA BEATRIZ THEODORO, DATA DE JULGAMENTO:
13/06/2012, 2ª TURMA, DATA DE PUBLICAÇÃO: 14/06/2012).

Por final, dessume-se que, através das afirmações


colacionadas pelo Autor e o quadro probatório apontado nos autos, não houve
por parte da empresa Net qualquer ato ilícito capaz de provocar dano de ordem
moral àquele, devendo serem julgados os pleitos da presente Ação TOTALMENTE
IMPROCEDENTES.

5.3. Dos Danos Morais

Novamente aqui a pretensão encontra óbice na ausência


de culpa desta Ré no acidente. Ainda em observância aos princípios da
eventualidade e da concentração da defesa, impugna-se o pedido reparatório
por danos morais.

Respeita-se profundamente o sofrimento experimentado


pelo Autor em decorrência das mínimas lesões geradas pelo acidente. Porem,
não é possível concordar que a mesma caracterizou dano extrapatrimonial,
muito menos uma exorbitante condenação como pleiteia o Reclamante na inicial.

A peça inicial não apresentou qualquer fundamento


jurídico para o arbitramento de danos morais, muito menos em tão elevado
patamar.

Ora, a simples alegação de abalo moral, sem a análise


percuciente da postura, da posição social, cultural e econômica do Autor, não
pode ensejar o acolhimento do pleito.

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 8
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
A professora Maria Helena Diniz, com a sapiência e
erudição costumeiras, ensina:

“Grande é o papel do magistrado na reparação do


dano moral, competindo, a seu prudente arbítrio,
examinar cada caso, podendo os elementos
probatórios e medindo as circunstâncias,
preferindo o desagravo direito ou compensação
não-econômica à pecúnia, sempre que possível, ou
se não houver risco de novos danos”.

Bem por isso, deverá ser aquilatado o grau de culpa da


alegada ofensora (se houver, será mínimo no presente caso), sem perder de
vista que o padrão moral das pessoas é formado por uma série de elementos
variáveis, decorrentes de múltiplos fatores de ordem pessoal. Da mesma forma,
o nível intelectual, social e econômico de um individuo delimita padrões de
comportamento que influem na edificação de suas regras de moralidade pessoal
e social.

É por todos esses motivos que o pedido constante na


peça vestibular jamais poderá ser admitido, ao menos que sejam vilipendiadas,
data vênia, todas as diretrizes sociológicas, psicológicas e culturais
exigíveis para a delimitação da indenização.

Neste ponto, é absolutamente necessário também


ponderar as circunstâncias do acidente, que apesar das lesões, deve ser
considerado como um sinistro convencional, onde não se verificou dolo ou
culpa grave, muito menos condutas reprováveis.

O acidente noticiado na peça vestibular decorreu de


uma fatalidade, o que deve ser considerado na fixação de eventual quantum
indenizatório (se houver).

No caso, não há qualquer conduta extremamente


reprovável da Ré que possa dar ensejo aos valores postulados, sendo ainda
certo que a reparação por danos morais não deve servir como fonte de
enriquecimento da vitima.

Feitas tais considerações, espera-se que esse douto


Juízo, se deferir a indenização, o que severamente não se espera, o faça com
extrema moderação, porque não haveria qualquer razão para a punição exemplar
da Ré, nem caberá enriquecimento indevido. Neste sentido, a indenização, se
devida, não poderá ultrapassar os limites observados pelas jurisprudências em
casos similares.

6. DO DANO MATERIAL

Em sua peça de abertura, o Reclamante requer de forma


totalmente genérica, indenização a título de dano material, sem sequer
esclarecer quais foram os danos por ele suportados e pagos, que teriam o
condão de gerar indenização a este título.

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 9
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
Excelência, não há que se falar em dano material, uma
vez que, como se pode observar, não houve no presente caso qualquer
comprovação de que o acidente ocorrido com o Reclamante tivesse participação
da Reclamada Net, vez que ocorre apenas suposições.

Ainda assim, caso se entenda pela existência de dano


material, em consonância ao já explanado, e ainda, fundando-se nos preceitos
da boa-fé, se admitiria, a título de argumentação, utilizando-se do Princípio
da Eventualidade, apenas, se de a restituição dos valores pagos comprovados
pelo Reclamante nos autos.

Insta salientar que o Reclamante não entrou em contato


com a Reclamada NET informando o ocorrido, bem como não comprovou a culpa ou
o dolo desta, inexistindo, assim, dever de indenizar.

Ademais, por sua natureza, evidentemente, a


demonstração da extensão do dano material deve ser precisa também quanto ao
valor da indenização pretendida, pois o que se visa através da ação judicial
é a recomposição da efetiva situação patrimonial que se tinha antes da
ocorrência do dano. Neste sentido se manifesta a jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AUTOR QUE FICOU MAIS DE 29 HORAS SEM LUZ.


PEDIDO QUE VERSA EXCLUSIVAMENTE SOBRE DANO MATERIAL.
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO VALOR DESPENDIDO. AUSÊNCIA
SENTENÇA QUE DETERMINOU O REEMBOLSO DA QUANTIA CONSTANTE DO
ÚNICO COMPROVANTE APRESENTADO PELO AUTOR. BENEFICIÁRIO DA
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. CONDENAÇÃO MANTIDA PORÉM
SUSPENSA DIANTE DA APLICAÇÃO DO ARTIGO 12 DA LEI 1060/50.
PROVIMENTO PARCIAL.
(TJPR - 8ª C.Cível - AC 0635231-6 - Cambé - Rel.: Des. João
Domingos Kuster Puppi - Unânime - J. 10.06.2010).
(Grifos acrescidos).

Portanto, caso se entenda pela existência de dano


material, o que serenamente não se acredita, não se pode simplesmente
conceder a restituição do valor pleiteado pelo Reclamante. Neste caso,
haveria que se calcular quais os valores efetivamente pagos e comprovados nos
autos pelo Reclamante, que foram fruto do suposto ocorrido.

O Reclamante requer indenização a título de dano


material, porém, não comprova nos autos qualquer pagamento suportado em
decorrência do acidente ocorrido exclusivamente por sua culpa, sem que a
Reclamada participasse para tanto.

Logo, por onde quer que se veja, não há qualquer


quantia a ser pago ao Reclamante, pois não há qualquer comprovação de culpa
ou dolo da Reclamada NET que justificasse tal condenação.

Por tudo isso, o pedido de danos materiais, deve ser


julgado totalmente improcedente.

7. DA DEDUÇÃO DO SEGURO OBRIGATÓRIO

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 10
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
Ainda na remota hipótese de condenação, espera-se pela
dedução dos valores eventualmente recebidos pelo Autor a título de seguro
obrigatório DPVAT, consoante verbete da Súmula 246 do STJ.

“O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da


indenização judicialmente fixada.”

A verificação de tais pagamentos se dará através de


oficio à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), desde já requer sua
expedição.

8. DA IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS APRESENTADOS PELO RECLAMANTE

Oportunamente, impugnam-se todos os documentos


apresentados pelo Reclamante nos autos, pois, a presunção de veracidade das
declarações e/ou conteúdo dos documentos é relativa ao signatário e/ou sua
formação, mas não com relação ao conteúdo que carece de provas por parte do
interessado (o Autor), nos termos doa art. 368 do Código de Processo Civil,
vejamos:

“Art. 368.  As declarações constantes do documento particular,


escrito e assinado, ou somente assinado, presumem-se
verdadeiras em relação ao signatário.
Parágrafo único.  Quando, todavia, contiver declaração de
ciência, relativa a determinado fato, o documento particular
prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao
interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato.”

Impugna-se ainda os orçamentos de evento 22.2 22.3,


vez que, em análise a foto da motocicleta juntada no evento 1.6 as fls. 02,
verifica-se que a mesma não apresenta nenhuma avaria que se configure reparo,
muito por pior, tal foto não comprova que realmente seja esta a moto do fato
em questão.

Igualmente, impugnam-se os recibos e/ou notas fiscais


de supostas despesas com remédios acostados aos autos no evento 1.12, pois
através dos aludidos documentos não se pode concluir que os valores
consignados foram suportados pelo Reclamante e que tenham relação com a lide.

Ex positis, requer seja julgado improcedente “in


totum” os pedidos firmados pelo Reclamante em sua peça de abertura, bem como
seja o mesmo condenado em litigância de má-fé, valores que devem incidir
sobre o valor dado à causa.

9. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Excelência, eventualmente, caso superados todos os


argumentos alinhavados na presente peça de resistência, não há falar em
pagamento de honorários sucumbenciais na presente demanda no importe de 20%,
devendo estes serem estipulados em seu grau mínimo ou em valor a menor
arbitrado pelo juízo.

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 11
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
Outrossim, em caso de procedência parcial, os
honorários sucumbenciais devem ser proporcionais, haja vista a reciprocidade
na sucumbência.

Em caso de improcedência dos pedidos formulados pelo


Reclamante, requer seja este condenado ao pagamento de honorários
sucumbenciais no importe de 20% ou sucessivamente em outro valor a ser
arbitrado por este r. Juízo.

10. DOS PEDIDOS

Ante ao todo até aqui articulado, requer:

a) O acolhimento da preliminar de ilegitimidade passiva


da Ré Net, extinguindo-se o processo sem julgamento de
mérito por carência de ação, tendo em vista a
ilegitimidade passiva desta Ré, a teor do disposto no
artigo 267, inciso VI, do CPC;
b) seja acolhida a preliminar de incompetência absoluta
do juízo, ante a necessidade de pericia especializada
para comprovar de quem seria a culpa de eventual dano,
consequente extinção do processo sem julgamento do
mérito;

c) Sucessivamente, em entendendo Vossa Excelência de


forma diversa, seja a presente Ação de indenização
julgada improcedente "in totum" pelos pedidos
formulados pelo Autor, uma vez que não trouxe nos
autos qualquer prova do alegado em sua peça de
abertura;

d) Sucessivamente, caso este r. Juízo entenda pela


ocorrência de danos morais e materiais, o que não se
espera, requer que os valores sejam arbitrados,
utilizando-se dos critérios da proporcionalidade e
razoabilidade, além das peculiaridades do caso
apontadas supra, sempre tendo em mente a vedação do
enriquecimento ilícito;

e) A expedição de ofício à Superintendência de Seguros


Privados (SUSEP), para que confirme o recebimento de
indenização pelo segura DPVAT;

f) Caso superado os todos argumentos alinhavados na


presente peça de resistência, não há que se falar em
pagamento de honorários sucumbenciais no importe de
20%, devendo estes serem estipulados em seu grau
mínimo ou em valor a menor arbitrado pelo juízo;

g) Sucessivamente, em caso de procedência parcial, os


honorários sucumbenciais devem ser proporcionais aos
patronos das partes, haja vista a reciprocidade na
sucumbência;

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 12
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br
h) Diante da total improcedência do feito, requer seja a
parte Autora condenada ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios arbitrados no
importe de 20% sobre o valor da causa, devidamente
corrigida com base na súmula 14 do STJ.

i) Requer provar o alegado, por todos os meios de prova


em direito admitidos especialmente pelo depoimento
pessoal da parte autora, oitiva de testemunhas,
juntada de documentos, perícias, vistorias, desde que
exija o controvertido nos autos.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Londrina, 10 de outubro de 2022.

JOSÉ ANTONIO CORDEIRO CALVO BARBARA ALVES GERHARDT


OAB/PR n.º 11.552 OAB/PR n.° 62.983

THIAGO QUEIROZ GUERINO MARAGNO ROGÉRIO FELIPE GOMES DE OLIVEIRA


OAB/PR n.° 67.016 OAB/PR n.° 64.066

RAUL PIERETTI SANTIN


Bacharel em Direito

Rua José Oiticica, 122 • Jd. Quebec • CEP 86060-360 • Londrina – Paraná 13
Fone/Fax: (43) 3025-3313 • http://www.calvo.adv.br • e-mail: atendimento@calvo.adv.br

Você também pode gostar