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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 11º VARA CÍVEL DA COMARCA DE

CURITIBA – ESTADO DO PARANÁ

Requer que todas as intimações e/ou notificações


sejam endereçadas, exclusivamente em nome do
subscritor, JOSÉ ANTÔNIO CORDEIRO CALVO(OAB-PR 11552)
no endereço abaixo descrito, SOB PENA DE NULIDADE,
anotando-se na autuação e sistema informatizado do
Cartório Distribuidor, procedimento a ser adotado,
tendo em vista ser o único procurador da Calvo
Advocacia & Associados, com poderes exclusivos para
receber intimações e notificações.

Autos n 0052898-15.2013.8.16.0001

NET SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO S/A - FILIAL


PARANÁ/CURITIBA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº
00.108.786/0097-07, sediada à Rua Mamoré, nº340, Bairro Mercês, CEP 80.510-
160, cidade de Curitiba, Estado do Paraná, por intermédio de seus advogados,
instrumento de mandato acostados aos autos, com escritório profissional sito
á Rua José Oiticica, n.º 122, CEP 86.060-360, Londrina, Estado do Paraná,
http: www.calvo.adv.br, e-mail: atendimento@calvo.adv.br, aonde recebe
intimações (art. 39, inc. I, do CPC), vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, apresentar:

CONTESTAÇÃO

em face da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO proposta perante este Juízo, por DIVA SALETE
DOS SANTOS NASCIMENTO, devidamente qualificada nos autos em epígrafe.

Nos termos do art. 5° da Constituição Federal, art.


274 do Código de Processo Civil e Código Civil vigente, passa a aduzir suas
razões de fato e de direito através do seguinte articulado e, ao final,
requer:

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1. BREVE INTRÓITO

Relata a Requerente que era mãe de Brando dos Santos


Nascimento de 09 anos de idade.

Relata que no dia 24/08/2011, por volta das 20:00hrs,


seu filho e os amigos estavam brincando em um gramado entre as ruas Adílio
Ramos com Guglielmo Marconi na cidade de Curitiba-PR, quando o funcionário de
nome MARCOS, dirigindo um veículo Palio da Empresa NET, de placas AQJ-1805,
arrancou com o veículo passando sobre o corpo de seu filho.

Alega que segundo o relato do funcionário, o mesmo


informou que estava parado na preferencial e quando arrancou, sentiu que
havia passado por cima de algo, somente dando conta que se tratava de uma
criança ao parar o veículo.

Relata que o funcionário prestou socorro e permaneceu


no local até a chegada do SIATE para o atendimento da vítima. Relata que a
criança veio a falecer após cerca de uma hora e meia após o ocorrido.

Sustenta que a Empresa Requerida procurou a família da


vítima, auxiliando financeiramente com o funeral e prometendo uma ajuda
financeira em razão do atropelamento, entretanto não houveram mais contatos
da Empresa após o funeral.

Eis a síntese do que importa.

2. DOS DOCUMENTOS JUNTADOS À PRESENTE CONTESTAÇÃO

A ora Requerida junta à presente Contestação Estatuto


Social, Ata do Conselho de Administração, Ata de Incorporação, Procuração e
Substabelecimentos, requerendo sua juntada para regularização da
representação processual.

PRELIMINARMENTE

3. DA DENUNCIAÇÃO A LIDE – LOCADORA DE VEÍCULO

Inicialmente, cumpre esclarecer que a Requerida NET


firmou com Empresa AUTO RICCI LTDA Contrato de Locação de Veículo, conforme
anexo. Assim, imperioso esclarecer os pontos abaixo, os quais são de extrema
relevância para a elucidação do caso em epígrafe, ensejando a denunciação ora
arguida.

Primeiramente, ressalta-se que a AUTO RICCI LTDA é a


real proprietária e seguradora do veículo que se envolverá no acidente, como
pode ser comprovado pelo Contrato de Locação de Veículo anexo.

Conforme previsão contratual, a Empresa AUTO RICCI


LTDA assume toda e qualquer responsabilidade por danos materiais, pessoais

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causados à terceiros em caso de eventual colisão, ou seja, não há que se
imputar à esta Requerida NET qualquer responsabilidade decorrente do acidente
narrado na exordial.

Destarte, com o fito de corroborar as afirmativas


lançadas no parágrafo supra e nos conseguintes, oportuno colacionar a
Cláusula 4 do referido Contrato de Locação de Veículo, onde a AUTO RICCI LTDA
é a LOCADORA e a Requerida NET a LOCATÁRIA:

(RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DA AUTO RICCI LTDA POR DANOS MATERIAIS CAUSADOS À


TERCEIROS)

Deste modo, por força do contrato havido entre esta


Requerida e a AUTO RICCI LTDA, prevê a súmula 492 do STF: “A EMPRESA LOCADORA
DE VEÍCULOS RESPONDE, CIVIL E SOLIDARIAMENTE COM O LOCATÁRIO, PELOS DANOS POR
ESTE CAUSADOS A TERCEIRO, NO USO DO CARRO LOCADO”, bem como, o Código de
Processo Civil em seu artigo 70, incisos II e III, determina ser obrigatória
a denunciação à lide, chamando terceiro ao processo, que no caso é a
Locadora.

No presente caso, é inconteste a denunciação à lide,


bem como, a responsabilidade solidária da denunciada pelos supostos danos em
debate na presente ação.

Dessa forma, com base na súmula 492 do STF e art. 70,


incisos II e III do CPC, requer, preliminarmente, seja citada para integrar a
lide, a denunciada AUTO RICCI S.A, CNPJ: 00.282.862/0001-54, com endereço na
Av. Cerro Azul, nº 2032, Jardim Novo Horizonte III, na Cidade de Maringá/PR.

NO MÉRITO

4. DAS OCORRÊNCIAS FÁTICAS DO ACIDENTE

Inicialmente, quer a Requerida deixar registrado seu


profundo pesar com o trágico evento que resultou no falecimento do filho da
Requerente.

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As argumentações postas em sua defesa, por isso, não
possuem o cunho ou o condão e tampouco almejam banalizar o sofrimento
suportado pela Requerente e muito menos dar insignificância à fatalidade
ocorrida.

Contudo, repetindo, embora trágico, merecem ser feitas


algumas considerações sobre as circunstâncias em que ocorreu o falecimento da
vítima e que deram causa à presente demanda.

No dia 24/08/2011, aproximadamente às 20h30min,


transitava o Sr. Marcos, funcionário desta Requerida pela Rua Adílio Ramos, e
ao chegar no cruzamento da Rua Napoleão Bonaparte, o mesmo parou o veículo,
pois não era sua preferencial, vejamos a imagem do local:

(LOCAL DO ACIDENTE – IMAGEM RETIRADO DO GOOGLE)

Ao sair com o veículo, o condutou sentiu que passou em


cima de algo, o que imediatamente parou e se deparou com uma Criança ferida
no local, o qual com extrema urgência acionou o siate, que demorou
aproximadamente 15 min para chegar.

Cumpre salientar que a vitima brincava no local do


acidente com outras crianças de mesma faixa etária (9 anos), sem
acompanhamento de seus pais ou pessoas maiores de idade.

O atropelamento aconteceu por culpa exclusiva da


vitima, vez que, pelos relatos das crianças que brincavam juntamente com a
vitima, a MESMA ROLOU POR MOTIVO DE BRINCADEIRA PARA DEBAIXO DO VEÍCULO que
aguardava para cruzar a preferencial, neste mesmo sentido, vejamos o que fora
noticiado nos jornais locais:

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(NOTICIA BANDAB – SITE WWW.BANDAB.COM.BR/JORNALISMO/GERAL/MENINODE9ANOSMORRE)

(NOTICIA PARANÁ ONLINE – SITE WWW.PARANA-ONLINE.COM.BR/EDITORIA/POLICIA/NEWS/554149)

Ainda assim, em analise ao Boletim de Ocorrência de


seq. 1.7 do Projudi, A PRÓPRIA MÃO DA VITIMA ALEGOU QUE O MESMO CAIU DEBAIXO
DO VEÍCULO, o que demonstra mais uma vez que a culpa fora única e exclusiva
da vitima, vejamos trecho do B.O:

(BOLETIM DE OCORRENCIA – SEQ. 1.7 DO PROJUDI)

Assim, se culpa houve pelo desastroso infortúnio, esta


deve ser imputada à pobre vítima, que talvez pelo fato de possuir apenas 9
anos de idade, não possuía discernimento suficiente para verificar o tamanho
perigo brincar com veículos automotores em deslocamento pela pista de
rolamento.

Destarte Excelência, percebe-se que não houve qualquer


culpa ou ato ilícito praticado por esta Contestante, afastando assim,
qualquer obrigação de reparação por danos morais ou materiais de sua parte,
devendo ser a presente ação julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE.

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5. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CÍVEL – INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS

Para a configuração da responsabilidade civil,


necessário se faz a demonstração da presença dos seguinte elementos: a
conduta comissiva ou omissiva, o evento danoso, a culpa e nexo de
causalidade. Deve ainda inexistir qualquer causa excludente da
responsabilidade civil.

A responsabilidade civil, tanto objetiva como


subjetiva, deverá sempre conter como elemento essencial uma conduta.

Maria Helena Diniz assim a conceitua: "Ato humano,


comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente
imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa
inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos
do lesado".

Portanto, pode ser entendido que a conduta é um


comportamento humano comissivo ou omissivo, voluntário ou não, e imputável.
Por ser uma atitude humana exclui os eventos da natureza; voluntário no
sentido de ser controlável pela vontade do agente, quando de sua conduta,
excluindo-se aí os atos inconscientes ou sob coação absoluta; imputável por
poder ser-lhe atribuída a prática do ato, possuindo o agente discernimento e
vontade de ser livre para determiná-lo.

No presente caso, restou devidamente demonstrado que o


acidente ocorreu por culpa exclusiva da vítima, dessa forma não haverá dever
de indenizar da demandada, restando totalmente excluída a responsabilidade
civil desta, visto que a Requerida não concorreu para a produção do resultado
danoso da vítima, tendo sido unicamente a própria vitima a causadora do
acidente que resultou em sua morte.

Vejamos o que a jurisprudência diz a respeito do tema


em debate:

APELAÇÃO CÍVEL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO DE


MENOR. CULPA EXCLUSIVA DA VITIMA. IMPROCEDÊNCIA DO
PEDIDO SEM ANALISAR AS PROVAS E DEPOIMENTOS CONSTANTES.
REJEITADO. INEXISTÊNCIA DE CULPA DO APELADO. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO, Á UNANIMIDADE. Há fundamentação
devidamente motivada, sopesando provas documentais,
testemunhais e depoimento das partes. Em momento
nenhum, restou demonstrada a culpa do Recorrido, o que
seria indispensável para condenação deste a qualquer
reparação... (TJ-PA - AC: 200930022906 PA 2009300-
22906, Relator: RICARDO FERREIRA NUNES, Data de
Julgamento: 01/06/2009, Data de Publicação: 08/06/2009)

APELAÇÃO CÍVEL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - AÇÃO


INDENIZATÓRIA JULGADA IMPROCEDENTE - ACERTADO
RECONHECIMENTO DE CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA -

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ATROPELAMENTO - ALEGADO EXCESSO DE VELOCIDADE NÃO
COMPROVADO - PROVAS DOS AUTOS CONCLUSIVAS NO SENTIDO DE
AFASTAR QUALQUER CULPA DO APELADO - ACIDENTE QUE
DECORREU DA FALTA DE OBSERVÂNCIA DE CUIDADO OBJETIVO E
DA POTENCIALIZAÇÃO DO RISCO INERENTE À CONDUTA DA
VÍTIMA - SENTENÇA CONFIRMADA - RECURSO - NEGA
PROVIMENTO. Deixando a instrução probatória de
evidenciar a culpa do réu, e ficando, ao contrário,
demonstrada a culpa da vítima, que efetuou a travessia
da pista de rolamento sem observar as cautelas
necessárias, não resta outra solução senão confirmar a
sentença que repeliu o pedido indenizatório. (TJ-PR,
Relator: Sérgio Luiz Patitucci, Data de Julgamento:
01/07/2010, 9ª Câmara Cível)

Assim, existe a conduta culposa da própria vítima, com


isso não há que se falar em dever de indenizar, ou seja, exclui-se a
responsabilidade da demandada, uma vez que não permitido um sujeito ser
responsabilizado a indenizar alguém por um fato que não deu causa ou que não
concorreu para sua produção.

Logo, quando a vítima, por seu ato, exclusivamente,


por ausência de cautelas essenciais, dá causa ao acidente, tornando
inevitável o resultado e, suprimindo, assim, o vínculo entre a conduta de
outrem e a do dano gerado, faz cessar qualquer direito à indenização.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves: "Para obter a


reparação do dano, a vítima geralmente tem de provar dolo ou culpa stricto
sensu do agente, segundo a teoria subjetiva adotada em nosso diploma civil".

Sendo assim, pela análise do conjunto probatório dos


autos não se infere a culpa imputada a demandada, mas sim à própria vitima
que veia a falecer. O nexo de causalidade consiste na relação de causa e
efeito entre a conduta praticada pelo agente e o dano suportado pela vítima.
Vislumbrou-se no caso em tela uma causa de rompimento do nexo causal, qual
seja: a culpa exclusiva da vítima.

Como se sabe, por culpa exclusiva da vítima, exclui


qualquer responsabilidade do causador do dano, ou seja, o agente que causou o
dano é apenas um instrumento do acidente, não se podendo falar em nexo de
causalidade entre a sua ação e a lesão.

Todavia, a doutrina e jurisprudência assentaram,


definitivamente, que “Um dos pressupostos da responsabilidade civil é a
existência de um nexo causal entre o fato ilícito e o dano por ele produzido.
Sem essa relação de causalidade não se admite a obrigação de indenizar”.

Entretanto, pela própria narração da inicial conclui-


se que a Requerida não teve nenhuma participação direta no evento que deu
origem aos danos experimentados pela Requerente.

Dessas lições, levando em conta as circunstâncias em


que ocorreu o falecimento da vítima, bem como a suposta contribuição
(nenhuma) da Requerida, conclui-se que este último nenhuma responsabilidade
ou culpa teve para com os danos suportados por aquele, pois, não existe nexo
de causalidade ligando a Requerida ao ocorrido com a vítima.

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Mediante o exposto, percebe-se que não houve qualquer
culpa ou ato ilícito praticado por esta Contestante, afastando assim,
qualquer obrigação de reparação por danos morais ou materiais de sua parte,
devendo ser a presente ação julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE.

6. DA CULPA CONCORRENTE DA MÃE

Conforme já demonstrado ao se discutir o mérito dessa


ação, inequívoco a culpa exclusiva da vítima, e também culpa concorrente da
Requerente, mãe da vitima.

Excelência, a vítima com apenas 9 anos, estava


brincando com demais crianças de sua idade, em local inapropriado para tal
“recreação”, vez que se tratava de pista de rolamento de veículos, exatamente
às 20h30min (noite e escuro), sem serem acompanhadas por adultos, pais, mães
ou responsáveis pelas mesmas.

Ora, com o devido respeito aos sentimentos da


Requerente, no entanto, brincar na rua a noite, ainda mais sem acompanhamento
de responsável, certamente, não é a forma correta e adequada para tanto.

Seguramente, se estivesse a Requerente em atenção com


as brincadeiras do seu filho (vitima), certamente não teria ocorrido a
fatalidade ora em debate, vez que, a mesma agiu com desídia no dever de
cuidado de sua prole.

Vejamos o que a jurisprudência diz a respeito do tema


em debate:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANO POR ATO


ILÍCITO PELO RITO SUMÁRIO. ATROPELAMENTO DE MENOR.
CULPA EXCLUSIVA DA VITIMA. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO À UNANIMIDADE. In casu, a Apelante, mãe da
vítima, não apresentou qualquer documento capaz de se
contrapor aos acostados pela Recorrida, que comprovaram
que a criança de três anos de idade, estava
desacompanhada correndo em via pública, o que ocasionou
o acidente. (TJ-PA - AC: 200730094585 PA 2007300-94585,
Relator: RICARDO FERREIRA NUNES, Data de Julgamento:
29/05/2008, Data de Publicação: 04/06/2008)

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE VEÍCULOS. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO. ATROPELAMENTO DE MENOR EM VIA PÚBLICA.
CULPA CONCORRENTE CONFIGURADA. PROCEDÊNCIA RECONHECIDA.
RECURSO DE APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. Por outro
lado, verificando-se que a vítima, de apenas 4 anos de
idade, brincava sozinha na rua, não se pode afastar a
culpa concorrente. A coautora, mãe da vítima, tinha o
dever de orientação, vigilância e segurança do menor.
(TJ-SP - APL: 9229956802007826 SP 9229956-
80.2007.8.26.0000, Relator: Antonio Rigolin, Data de

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Julgamento: 15/05/2012, 31ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 16/05/2012)

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE VEÍCULO. AÇÃO DE


REPARAÇÃO DE DANOS. ATROPELAMENTO EM VIA PÚBLICA.
CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE PARA ATRIBUIR AO
CONDUTOR DO VEÍCULO A CULPA PELO ACIDENTE.
IMPROCEDÊNCIA RECONHECIDA. RECURSO IMPROVIDO. Ausente
suficiente prova que possibilite afirmar a ocorrência
da culpa do condutor do veículo, havendo sérios
indícios de que foi a mãe da vítima menor de idade,
quem agiu de forma imprudente, inegável se apresenta o
reconhecimento da improcedência. (TJ-SP - APL:
00283034920098260506 SP 0028303-49.2009.8.26.0506,
Relator: Antonio Rigolin, Data de Julgamento:
28/01/2014, 31ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 28/01/2014)

INDENIZATÓRIA DANOS MATERIAIS E MORAIS Atropelamento de


menor no meio do leito carroçável Local em obras, com
grande fluxo de caminhões Ausência de prova da culpa do
condutor réu, o qual conduzia seu veículo em baixa
velocidade Dinâmica dos fatos que demonstra que o
menor, desprendendo-se da mãe, que estava na calçada,
veio a atingir o veículo no meio da rua - Não
comprovação do fato constitutivo do direito do autor
Art. 333, inciso I, do CPC Improcedência mantida -
Recurso desprovido. (TJ-SP - APL: 84921620078260590 SP
0008492-16.2007.8.26.0590, Relator: Claudio Hamilton,
Data de Julgamento: 25/09/2012, 27ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 28/09/2012)

Neste sentido, deve ser relevada a negligência da


Requerente ao permitir que a vítima brincasse na rua a noite sem a sua
atenção e supervisão.

Não só a vitima teve culpa no ocorrido, mas também a


mãe, ora Requerente que não acompanhava sua prole brincar na rua a noite, não
dando o menor cuidado possível para se evitar tal fatalidade.

Desta feita, em caso de eventual condenação desta


contestante, o que severamente não se acredita, deve-se v. Excelência levar
em conta o arbitramento de indenização a negligencia da Requerente em manter
cuidado sobre o seu filho menor de idade.

7. DO EXCESSIVO VALOR DOS DANOS MORAIS

A Requerente pleiteia o pagamento de indenização por


danos morais no valor de R$ 100.000,00 (cem mil).

No entanto, não está demonstrado e muito explicado as


razões do pleito de tal quantia.

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Segundo Maria Helena Diniz, "o dano moral vem a ser a
lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada
pelo fato lesivo".

Doutrina e jurisprudência, por maioria, entendem que o


dano moral independe de prova, bastando, para tanto a comprovação do nexo de
causalidade entre o evento danoso e os aborrecimentos, angústias e dissabores
enfrentados pela vítima.

Contudo, ainda que se considere a ocorrência de dano,


e consequente obrigação à reparação, o que se admite apenas por amor ao
argumento, a quantia pleiteada é absolutamente improcedente.

Para que se conserve a credibilidade que deve ter um


possível ressarcimento econômico do dano moral, necessário agir com a
indispensável prudência, não se podendo desprezar, ao estabelecer a
indenização, o comedimento que se recomenda.

Desse modo, ainda que fosse devido algum valor a


título de indenização, o que, novamente, se admite tão somente para
argumentar, não poderia ser o pleiteado, porque excessivo e desprovido de
qualquer fundamento que o justifique.

Aliás, eventual indenização por dano moral deve levar


em conta que o ofendido não pode ficar em situação melhor do que aquela que
se encontrava antes de ter sofrido o pretenso dano.

Também, deve ser considerada a culpa concorrente da


vítima e de terceiro (Mãe – Requerente), nos termos do art. 945 do Código
Civil.

Sempre reiterando, ser lamentável e injustificável a


tragédia enfrentada, entretanto, não deve ser desprezada a participação da
vítima e de sua mãe na geração de todo o ocorrido.

Sem dúvida, tivessem eles atitudes ou comportamentos


mais adequados à situação, não teriam se envolvido em tamanha tragédia.

Ante todo o exposto, requer seja julgado IMPROCEDENTE


“in totum” os pedidos firmados pela Requerente na presente Ação. Entretanto,
caso não seja esse o entendimento do r. Juízo, requer seja a indenização
fixada utilizando-se dos critérios da proporcionalidade e razoabilidade,
sempre tendo em mente a vedação do enriquecimento ilícito e o fomento a
indústria do dano moral.

8. DA IMPOSSIBILIDADE DE RECEBIMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA

Inicialmente, cumpre salientar que a pensão no


presente caso é descabida, vez que, a vitima tinha apenas tinha 9 anos de
idade, o que de fato não laborava e não ajudava no sustento de sua casa, pois
o trabalho de menor é proibido.

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Neste mesmo sentido, não pode ser admitido a pensão
como pleiteado na inicial, pois com o máximo respeito, a mesma trata-se de
apenas expectativas de direito, não podendo concluir que a vitima atingiria
idade para laborar, bem como, não há como atestar que a mesma seria bem
sucedida na vida profissional.

Caso v. Excelência não entenda como exposto acima,


espera-se também que a sentença determine expressamente a cessação da
obrigação em caso de falecimento da beneficiária antes da data fixada como
limite, bem como o abatimento dos valores a que porventura tenha direito à
Requerente junto ao INSS, por força dos benefícios previdenciários
decorrentes de lei.

Isso porque, embora as indenizações previdenciárias e


civis tenham fundamentos diversos, ambas possuem natureza alimentar, e como
tal, não podem ser cumuladas, sob pena de ofensa ao princípio “non bis in
idem”.

Por sua vez, o termo inicial das pensões só poderá ser


a data da citação, e não a do acidente, tendo em vista que as obrigações
ilíquidas só são exigíveis após a manifestação do interessado.

Diante ao exposto, pugna-se pela improcedência do


pedido de pensionamento suscitado pela Requerente.

9. DA DEDUÇÃO DO SEGURO DPVAT

Ainda na remota hipótese de condenação, espera-se pela


dedução dos valores eventualmente recebidos pela Requerente a título de
seguro obrigatório DPVAT, consoante verbete da Súmula 246 do STJ: “O valor do
seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada.”

Portanto, requer que a indenização paga a título de


DPVAT seja deduzida do montante fixado em decisão judicial.

A verificação de tais pagamentos se dará através de


oficio à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), conforme requerimento
que se fará adiante.

10. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Excelência, eventualmente, caso superados todos os


argumentos alinhavados na presente peça de resistência, não há falar em
pagamento de honorários sucumbenciais na presente demanda no importe de 20%,
devendo estes serem estipulados em seu grau mínimo ou em valor a menor
arbitrado pelo juízo.

Outrossim, em caso de procedência parcial, os


honorários sucumbenciais devem ser proporcionais, haja vista a reciprocidade
na sucumbência.

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Em caso de improcedência dos pedidos formulados pela
Requerente, requer seja esta condenada ao pagamento de honorários
sucumbenciais no importe de 20% ou sucessivamente em outro valor a ser
arbitrado por este r. Juízo.

11. DOS PEDIDOS

Ante ao todo até aqui articulado, requer:

a) A junta do Estatuto Social, Ata do Conselho de


Administração, Ata de Incorporação, Procuração e
Substabelecimentos, requerendo sua juntada para
regularização da representação processual;

b) O acolhimento da preliminar suscitada com na súmula


492 do STF e art. 70, incisos II e III do CPC, para
que seja citada a denunciada AUTO RICCI S.A, CNPJ:
00.282.862/0001-54, com endereço na Av. Cerro Azul, nº
2032, Jardim Novo Horizonte III, na Cidade de
Maringá/PR, para compor a presente lide;

c) A junta dos contratos de Locação de Veículos efetuados


com a Denunciada AUTO RICCI S.A;

d) No mérito, requer seja a presente Ação de indenização


julgada improcedente "in totum" os pedidos formulados
pela Requerente, uma vez que o ato que levou a
fatalidade decorreu por culpa exclusiva da vitima e
concorrentemente de sua Mãe;

e) Sucessivamente, caso este r. Juízo entenda pela


ocorrência de danos morais, o que não se espera,
requer que os valores sejam arbitrados, utilizando-se
dos critérios da proporcionalidade e razoabilidade,
além das peculiaridades do caso apontadas supra,
sempre tendo em mente a vedação do enriquecimento
ilícito;

f) A total improcedência do pedido de pensionamento, vez


que o mesmo trata-se de apenas expectativa de direito;

g) Sucessivamente, caso entenda de forma diversa, requer


seja expressamente declarado em sentença a cessação da
obrigação em caso de falecimento da beneficiária antes
da data fixada como limite, bem como o abatimento dos
valores a que porventura tenha direito à Requerente
junto ao INSS, por força dos benefícios
previdenciários decorrentes de lei;

h) Seja o termo inicial das pensões arbitrada da citação


desta Contestante;

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i) Seja a indenização paga a título de DPVAT deduzida da
possível condenação fixada na presente ação, oficio à
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) para que
informe o valor recebido;

j) Caso superados todos os argumentos alinhavados na


presente peça de resistência, não há que se falar em
condenação da Requerida ao pagamento de honorários
advocatícios no importe de 20%, devendo estes serem
estipulados em seu grau mínimo ou em valor a menor
arbitrado pelo Juízo;

k) Sucessivamente, em caso de procedência parcial, os


honorários sucumbenciais devem ser proporcionais aos
patronos das partes, haja vista a reciprocidade na
sucumbência;

l) Em caso de improcedência do feito, requer seja a parte


Autora condenada ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios arbitrados no importe de 20%
sobre o valor da causa, devidamente corrigida com base
na súmula 14 do STJ;

m) Requer provar o alegado, por todos os meios de prova


em direito admitidos especialmente pelo depoimento
pessoal da parte autora, oitiva de testemunhas,
devendo ser designada audiência de instrução para
tanto, juntada de documentos, perícias, vistorias,
desde que exija o controvertido nos autos.

Nestes Termos,
Pede deferimento.

Londrina, 10 de outubro de 2022.

JOSÉ ANTONIO CORDEIRO CALVO GABRIEL ZEMUNER PAIVA ROSSINI


OAB/PR n.º 11.552 OAB/PR n.° 71.139

THIAGO QUEIROZ GUERINO MARAGNO ROGÉRIO FELIPE GOMES DE OLIVEIRA


OAB/PR n.° 67.016 OAB/PR n.° 64.066

RAUL PIERETTI SANTIN


Bacharel em Direito

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