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PRÁTICA I

PROFª GISELA BRUM ISAACSSON

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE PELOTAS.

JOÃO DOS ANZOIS, brasileiro, casado, pintor, residente e domiciliado


na Rua das Flores nº 20, bairro Jardim, nesta comarca, endereço
eletrônico joaodosanzois@gmail.com, portador da carteira de identidade
nº (número da carteira de identidade) e CPF nº (número do CPF) , vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu procurador
firmatário (doc. nº. 01), propor com fundamento no artigo 186 do Código
Civil a presente

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E LUCROS


CESSANTES DECORRENTES DE ACIDENTE DE VEÍCULO

contra PEDRO DA PESCA, brasileiro, casado, bancário, residente e


domiciliado na Rua da Montanha, nº 10, ap.01, bairro Serra, Pelotas,
portador da carteira de identidade nº (número da carteira de identidade) e
CPF nº (número do CPF), endereço eletrônico
pedrodapesca@gmail.com, com base nos fatos e fundamentos que passa
a expor:

I) DOS FATOS:
O autor relata que no dia 09 de novembro de 2020, aproximadamente às
18h30min, dirigindo seu automóvel marca FORD FOCUS 2015 S 1.6 16V FLEX 140
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CV, placas AXV0000, pela Rua Gonçalves Chaves, direção bairro-centro, ao passar
pela Rua Major Cícero, teve seu veículo fortemente abalroado na lateral direita pelo
veículo de propriedade do réu e conduzido por este, um automóvel RENAULT CLIO
2016 AUTHENTIQUE 1.0 16V FLEX 2P 77 CV, placas XXX0000 que invadiu a
preferencial, em velocidade incompatível para o local, lançando o veículo do autor
sobre o passeio (doc. nº 02).
O acidente ocasionou fratura no braço direito do autor que foi socorrido e
encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro de Pelotas para atendimento (doc. nº 03),
tendo recomendação de afastamento para o trabalho pelo período de dois meses.
Mesmo tendo assumido a culpa do acidente perante o requerente e
comprometendo-se a arcar com os prejuízos, o postu, após ter sido procurado diversas
vezes, negou-se a pagar os danos por ele causados.
Em razão do acidente, sofreu o autor, os seguintes danos materiais:
a) R$ 2.580,00 (dois quinhentos e oitenta reais), relativos ao conserto e
pintura da lateral do veículo, adotando-se o menor valor levantado em consulta a três
oficinas diferentes, orçamentos em anexo (docs. nºs. 04/06);
b) R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais) relativos ao atendimento médico,
recibo em anexo (doc. nº 07);
c) R$ 486,00 (quatrocentos e oitenta e seis reais) decorrentes de
medicamentos, notas fiscais e receituário médico em anexo (doc. nºs. 08/09);
d) R$ 5.500,00(cinco mil e quinhentos reais) iPhone XR Apple, 128GB,
Tela 6.1'', iOS 12, 12MP, 4G em uso e em perfeitas condições, de propriedade do autor,
o qual se encontrava em cima do banco do carona no momento da colisão e que com o
impacto, deixou de funcionar. No entanto afirma que não há meios de provar que o
mesmo funcionava adequadamente, antes do acidente, porém aduz que o nexo de
causalidade fica perfeitamente evidenciado (doc. nº 10).
Dessa forma, o incidente, causado por culpa exclusiva do réu, causou
danos materiais no valor total de R$ 8.946,00 (oito mil, novecentos e quarenta e seis
reais) para o autor sendo devido o total ressarcimento.
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II) PRELIMINARMENTE: DO BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA GRATUITA

O autor requer de pronto o benefício da Gratuidade da Justiça, vez que


não possui condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu
próprio sustento e de sua família. Cabe aqui mencionar que o artigo 5º da CF/88 em
seu inciso LXXIV garante assistência jurídica integral aos necessitados que
comprovarem essa situação.
Para tanto, junta neste ato a Declaração de Hipossuficiência para que o
juiz possa lhe conceder os benefícios da justiça gratuita.
Ante ao exposto, o requerente é pessoa pobre na verdadeira acepção
jurídica do termo, razão pela qual requer os benefícios da justiça gratuita nos termos
do artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal de 1988 c/c artigo 98 com seus incisos e
parágrafos e seguintes do Código de Processo Civil.

II ) DO DIREITO:

1) DA RESPONSABILIDADE CIVIL

O veículo conduzido pelo réu invadiu uma rua preferencial, de intenso


fluxo, em alta velocidade.
Conforme o artigo 44, do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº
9.503/97), verbis: “Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do
veículo deve demonstrar prudência especial, transitando em velocidade moderada, de
forma que possa deter seu veículo com segurança para dar passagem a pedestre e a
veículos que tenham o direito de preferência.”
Com base nos fatos narrados na ocorrência policial (doc. nº 02), bem
como de acordo com o que se pretende provar ao longo da presente demanda através de
prova testemunhal e pericial, o requerido infringiu a determinação da legislação de
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trânsito pois, além de ter invadido uma preferencial, o fez em alta velocidade, agindo
assim de forma totalmente imprudente, negligente e imperita.
Em nenhum momento demonstrou “prudência especial” ao adentrar o
cruzamento, que se sabe, para aqueles que residem no Município, é movimentado,
sobretudo neste horário em decorrência do trânsito de chegada à universidade e à escola
que se localizam nesta via.
Ainda, determina o artigo 186, do Código Civil: “Aquele que, por ação
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”.
Clara a adequação da norma ao fato concreto narrado. Ocorreu dano, por
exclusiva culpa do réu, que adentrou uma preferencial, de forma abrupta, em horário de
intenso fluxo, em velocidade incompatível para a situação, devendo-lhe ser imputada a
responsabilidade de reparação do ato ilícito que, por sua exclusiva conduta negligente,
imprudente e imperita, causou ao requerente.
Leciona Caio Mário da Silva Pereira (in Responsabilidade Civil, 5ªed.
Rio de Janeiro:Forense, 1994, p. 75): “Para que se concretize a responsabilidade é
indispensável se estabeleça uma interligação entre a ofensa à norma e o prejuízo
sofrido, de tal modo que se possa afirmar ter havido o dano ‘porque’ o agente procedeu
contra o direito.”
No caso em tela, clara está a interligação entre a ofensa à norma e o
prejuízo sofrido, pois o acidente ocorreu por culpa exclusiva do requerido que
comportou-se totalmente contrário às condutas previstas e esperadas de um condutor de
veículo consciente, concretizando-se, assim, a responsabilidade civil do postulado na
indenização ora pleiteada.
Determina, por fim, a jurisprudência que:
“ APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM
ACIDENTE DE TRÂNSITO. Comprovada a imprudência da apelante ao
desrespeitar norma elementar de trânsito, o que ocasionou o sinistro. Para
efetuar manobra de ingresso em via preferencial é preciso cautela e
prudência por parte do motorista, que deve verificar a possibilidade de
realização do movimento com segurança para si e para os demais
usuários. Minorada a verba indenizatória por danos morais. APELO
CONHECIDO EM PARTE E PARCIALMENTE PROVIDO.
UNÂNIME.” (Apelação Cível Nº 70051527190, Décima Primeira
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Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Maria


Rodrigues de Freitas Iserhard, Julgado em 13/11/2013).

Dessa forma, não resta dúvida que o requerido, por imprudência,


infringiu as mais elementares normas de trânsito, tendo sido a sua ação culposa a causa
exclusiva do evento danoso, motivo pelo qual deve ele ser compelido a reparar os danos
decorrentes do acidente.

2) DOS DANOS MATERIAIS E LUCROS CESSANTES:

A atitude imprudente do réu em adentrar em uma via preferencial de


intenso fluxo em alta velocidade ocasionando o abalroamento do veículo do autor torna-
o responsável a indenizar os danos materiais daí decorrentes.
Além dos danos ocorridos no veículo e com despesas hospitalares, já
comprovados mediante os documentos acostados, existe o fato de que o autor encontra-
se afastado do trabalho.
O requerente é pessoa pobre e com dificuldade sustenta a si próprio e a
sua família, composta de esposa e dois filhos, exercendo a função de pintor, conforme
recibos de serviços em anexo (docs. nºs.11/13).
Como teve o braço quebrado em decorrência do acidente causado de
forma imprudente pelo réu terá que passar dois meses sem trabalhar, atestado médico
em anexo (doc. nº 14).
Conforme o artigo 402, do Código Civil: “Salvo as exceções
expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além
do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.”
Ainda segundo o mesmo diploma legal, artigo 949: “No caso de lesão ou
outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos
lucros cessantes até o fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o
ofendido prova haver sofrido”.
Ensina Sérgio Cavalieri Filho (in “Programa de Responsabilidade Civil.
8ª Ed. São Paulo:Atlas, 2008, p. 72) que: “o lucro cessante na perda do ganho
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esperável, na frustração da expectativa de lucro, na diminuição potencial do


patrimônio da vítima”.
Dessa forma e levando em consideração os recibos acostados referentes
ao mês anterior ao acidente, estima-se que o autor deixará de auferir desde o evento
danoso até o final do tratamento médico a ser concluído em dois meses o valor de R$
2.000,00 (dois mil reais), quantia essa que deverá ser ressarcida pelo causador do
acidente a título de lucros cessantes.

III – DO PEDIDO:

Isto posto requer:

a) a citação do réu no endereço constante no preâmbulo por carta AR,


para comparecer à audiência de conciliação a ser designada e
querendo contestar a presente no prazo legal, sob pena de revelia e
confissão;

b) a procedência da presente ação para condenar o réu ao pagamento da


quantia de R$ 8.946,00 (oito mil, novecentos e quarenta e seis reais) a
título de ressarcimento de prejuízos materiais no veículo e despesas
hospitalares e com medicamentos devidamente comprovados; e R$
2.000,00 (dois mil reais) a título de lucros cessantes pelo período que
ficará sem trabalhar; totalizando o valor de R$ 10.946,00 (dez mil,
novecentos e quarenta e seis reais), acrescido de juros e correção
monetária a contar da data do acidente;

c) a condenação do réu ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios que deverão ser fixados em 20% do total da
condenação;
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d) que seja concedido o benefício da justiça gratuita, com base na Lei nº


1.060/50 c/c o artigo 98 do Código de Processo Civil por ser pessoa
pobre e não ter condições de suportar as custas e demais despesas
processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial, perícia, depoimento pessoal do réu sob pena de revelia, oitiva
de testemunhas e ainda, juntada de novos documentos.

Dá à causa o valor de R$ 10.946,00

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Pelotas, 04 de fevereiro de 2021

ASSINATURA DO ADVOGADO
OAB/RS Nº

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