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RE nos EDcl no AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1769050 - RN (2017/0298594-3)

RELATOR : MINISTRO JORGE MUSSI


RECORRENTE : RAILSON SERGIO DANTAS DA SILVA
RECORRENTE : JOÃO FEITOSA NETO
ADVOGADOS : DINNO IWATA MONTEIRO - RN006167
THYAGO AMORIM SILVA CÂNDIDO DE ARAÚJO - RN007288
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
NORTE
INTERES. : JOAO MARIA XAVIER GONCALVES
ADVOGADO : FLAVIANO DA GAMA FERNANDES - RN003623
INTERES. : NEWTON BRASIL DE ARAUJO JUNIOR
ADVOGADO : FLAVIANO DA GAMA FERNANDES E OUTRO(S) - RN003623
INTERES. : JOSÉ WELLINGTON DE SOUZA
INTERES. : JOAO MARIA XAVIER GONCALVES
ADVOGADO : THYAGO AMORIM SILVA CÂNDIDO DE ARAÚJO E OUTRO(S) -
RN007288
INTERES. : GILDIVAL FERNANDES DE OLIVEIRA

EMENTA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO


DO ACÓRDÃO RECORRIDO. NÃO OCORRÊNCIA. TEMA
339/STF. TEMA 895 DO STF. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO
GERAL. SEGUIMENTO NEGADO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO
DO PROMOTOR NATURAL. ART. 5º, INCISO XXXVII, DA CON
STITUIÇÃO FEDERAL. QUESITAÇÃO. OFENSA REFLEXA.
MATÉRIAS INFRACONSTITUCIONAIS. RECURSO NÃO
ADMITIDO.

DECISÃO

Trata-se de recurso extraordinário interposto por RAILSON SERGIO


DANTAS DA SILVA e JOÃO FEITOSA NETO, com fundamento no art. 102, inciso III,
alínea "a", da Constituição Federal, contra acórdão deste Superior Tribunal de Justiça,
assim ementado (e-STJ Fl. 3302):

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.


PRELIMINARES. NULIDADE DO DECISUM, POR
OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE.
IMPROCEDÊNCIA. FUNDAMENTO SUBSIDIÁRIO.
EXAME DA INSURGÊNCIA PELO ÓRGÃO COLEGIADO.
PREJUDICIALIDADE. SUPOSTA OMISSÃO ACERCA DA
TESE DE ILEGITIMIDADE DO ÓRGÃO MINISTERIAL
SUBSCRITOR DO RECURSO ESPECIAL.
DESCABIMENTO. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE.
FUNDAMENTO SUBSIDIÁRIO. LEGITIMIDADE
RECONHECIDA. TESE DE QUE O RECURSO ESPECIAL

Edição nº 0 - Brasília, Publicação: quinta-feira, 17 de dezembro de 2020


Documento eletrônico VDA27510651 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MINISTRO Vice-Presidente do STJ Assinado em: 16/12/2020 13:30:16
Publicação no DJe/STJ nº 3049 de 17/12/2020. Código de Controle do Documento: 95f5df1a-a726-4e50-925b-42c5f5d145a7
ENCONTRA ÓBICE NA SÚMULA 7/STJ.
IMPROCEDÊNCIA. QUESTÕES SUSCITADAS DE
ÍNDOLE JURÍDICA. MÉRITO. MANUTENÇÃO DA
DECISÃO AGRAVADA. VIOLAÇÃO DO ART. 619 DO
CPP. CONTRADIÇÃO. CONSTATAÇÃO. QUESTÃO DE
RELEVÂNCIA AO DESLINDE DO PROCESSO,
SUSCITADA OPORTUNAMENTE. INCIDÊNCIA DO ART.
1.025 DO CPC (PREQUESTIONAMENTO FICTO).
VIOLAÇÃO DO ART. 482, PARÁGRAFO ÚNICO, DO
CPP. PROCEDÊNCIA. RESTABELECIMENTO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA.
Agravo regimental improvido.

Opostos embargos de declaração, foram rejeitados (e-STJ Fls. 3344-3345).


Sustentam os recorrentes a existência de repercussão geral e a violação aos
artigos 5º, incisos XXXV, XXXVII e XXXVIII, alínea “a”; e 93, incisos IX e X, ambos da
Constituição Federal.
Defendem que "o titular da 3ª Procuradoria de Justiça é o legítimo
representante para atuar no feito – Princípio do Promotor Natural -, no entanto, após
publicação de Embargos de Declaração, pelo TJ/RN, os autos foram remetidos para
representante ministerial ilegítimo para atuar neste processo (Procurador de Justiça
[...]), que interpôs Recurso Especial", aduzindo, também, que, "Admitir a usurpação de
atribuição de membro do Ministério Público para interpor Recursos à Cortes Superiores
é admitir “acusador de exceção”, na mesma esteira do “juízo ou Tribunal de exceção”,
proibido expressamente por texto constitucional (art. 5º, inciso XXXVII)" (e-STJ Fl.
3367).
Mencionam que "ao manter válido a decisão do Conselho de Sentença, o
STJ, por meio da decisão recorrida, maculou a plenitude da defesa dos Recorrentes,
em claro e direto ataque ao art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “a”, da CF" (e-STJ Fl. 3372).
Destacam "que houve ausência de análise e fundamentação de mais de
uma tese jurídica da defesa que, se aceita, seria capaz de anular o julgamento" (e-STF
Fl. 3373).
Contrarrazões apresentadas às e-STJ Fls. 3429/3434.
É o relatório.
Ao interpretar o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, o Supremo
Tribunal Federal firmou o entendimento de que, para que uma decisão judicial seja
considerada motivada, não se exige o exame pormenorizado de cada alegação ou
prova trazida pelas partes, tampouco que sejam corretos os seus fundamentos.
Nesse sentido é o Tema 339/STF, segundo o qual "o artigo 93, IX, da
Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que
sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das
alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão" (QO no Ag
nº 791.292/PE).
Confira-se, por oportuno, a ementa do acórdão:

Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão em


recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3° e 4°). 2.
Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao
inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência.
3. O a rt. 93, IX, da Constituição Federal exige que o
acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que
sucintamente, sem determinar, contudo, o exame
pormenorizado de cada uma das alegações ou provas,
nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4.
Questão de ordem acolhida para reconhecer a
repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal,
negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos
procedimentos relacionados à repercussão geral.
(AI 791.292 QO-RG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES,

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julgado em 23/06/2010, REPERCUSSÃO GERAL –
MÉRITO DJe-149 DIVULG 12-08-2010 PUBLIC 13-08-
2010 EMENT VOL-02410-06 PP-01289 RDECTRAB v. 18,
n. 203, 2011, pp. 113-118.)

Na espécie, da leitura da decisão questionada, constata-se que foram


declinadas as razões pelas quais o colegiado negou provimento ao agravo regimental,
valendo destacar o seguinte excerto do julgado (e-STJ Fls. 3306/3312):

No tocante à suposta nulidade do decisum agravado,


decorrente da análise do mérito do recurso especial,
não assiste razão à defesa dos agravantes.
O julgamento monocrático do recurso especial, com
base em verbete sumular ou na jurisprudência
dominante do Superior Tribunal de Justiça, não
constitui ofensa ao princípio da colegialidade, nos
termos do art. 932, IV, a, do CPC/2015, e da Súmula
568/STJ (AgInt no REsp n. 1.586.240/SP, Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, DJe 13/3/2018).
E, no caso, a decisão agravada está calcada em
precedentes desta Corte, circunstância apta a
justificar o julgamento monocrático.
Ainda que assim não fosse, a simples submissão do
exame da decisão agravada ao órgão colegiado, por
meio do julgamento do agravo regimental sob exame,
prejudica, por si só, tal alegação.
[...]
Com relação à tese de ilegitimidade do órgão
ministerial subscritor da peça recursal (recurso
especial), cumpre destacar que a defesa dos
agravantes aduziu que a decisão agravada teria sido
omissa na análise desse argumento, suscitado,
ainda, em sede contrarrazões ao recurso especial.
Sucede que é absolutamente descabido alegar, em
sede de agravo regimental, suposta omissão na
decisão agravada, ainda que por ausência de análise
dos requisitos de admissibilidade do recurso, pois, em
se tratando de vício (omissão) na decisão combatida,
seria adequado a oposição de aclaratórios (art. 619
do CPP) – recurso cabível, inclusive, em face de
decisão unipessoal –, em obediência ao princípio da
taxatividade recursal.
[...]
Assim, ante a utilização de recurso inadequado, a
omissão suscitada não deve nem sequer ser
conhecida.
Ainda que fosse possível analisar a referida
alegação, não há dúvida acerca da sua manifesta
improcedência, pois com base no exame conjugado
da Lei Complementar Estadual n. 141/1996 e da
Resolução PGJ/RN 344/2014, verifica-se que os
Procuradores de Justiça têm atribuição para interpor
recursos apenas quando o Ministério Público atuar
como fiscal da ordem jurídica, enquanto o
Procurador-Geral de Justiça mantém a sua atribuição
recursal nos casos em que o Parquet figura como
parte no processo, circunstância verificada na

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hipótese.
Com relação ao enunciado sumular n. 7/STJ, não
procede a alegação de que o recurso especial
demandaria o reexame de provas, pois as teses
veiculadas no reclamo são de índole eminentemente
jurídica, como bem explanado pelo agravado (fls.
3.172/3.173):
[...]
No mérito, a decisão deve ser mantida sob seus
próprios fundamentos.
No julgamento da apelação defensiva, a Corte de
origem vislumbrou dissonância entre a dinâmica dos
fatos – que apontava em um sentido de um desígnio
único na conduta delitiva – e o veredicto condenatório
que, ao acolher integralmente a pronúncia, acabou
por reconhecer desígnios distintos (animus necandi e
animus laedendi). Confira-se (fls. 2.927/2.928):
[...]
Conclusão essa que ensejou a anulação do veredicto
e a determinação de que outro julgamento fosse
realizado.
Em sede de aclaratórios, o órgão ministerial suscitou
questão relevante, qual seja, de que seria inviável
rediscutir a unidade de desígnios em relação aos três
resultados alcançados, pois já houve a estabilização
da imputação a partir da decisão de pronúncia, não
sendo juridicamente possível elaborar quesitação em
desalinho com esta imputação e, mais impossível
ainda, que os jurados fujam da quesitação
apresentada (nos termos do art. 482, parágrafo único,
do CPP) – fl. 2.945.
[...]
O vício apontado, no entanto, não foi debatido no
acórdão que rejeitou os aclaratórios (fls. 2.978/2.984).
Nesse contexto, há afronta ao art. 619 do Código de
Processo Penal, pois o acórdão hostilizado deixou de
se manifestar sobre tese essencial ao deslinde da
controvérsia, suscitada oportunamente.
[...]
Reconhecida a existência de vício no julgamento dos
aclaratórios, afigura-se viável adentrar no exame da
matéria de fundo suscitada no recurso especial
(violação do art. 482, parágrafo único, do CPP), ainda
que o referido preceito normativo não tenha sido
debatido na instância ordinária, ante a incidência do
art. 1.025 do Código de Processo Civil
(prequestionamento ficto).
[...]
E, nesse aspecto, também assiste razão ao órgão
ministerial.
Ora, a conclusão exarada no acórdão da apelação
efetivamente viola o disposto no dispositivo em
comento, pois, considerando que a acusação já está
delimitada – sendo que dela constam desígnios
distintos na conduta delitiva imputada aos recorridos
– é inviável ao Conselho de Sentença concluir pela

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existência de um desígnio único na conduta,
notadamente porque a quesitação não pode destoar
da pronúncia.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo
regimental.

E, do acórdão dos embargos de declaração, destaca-se o seguinte trecho


(e-STJ Fls. 3350/3356):

No que se refere aos aclaratórios opostos pela


defesa de João Maria Xavier Gonçalves, não há
dúvida de que o reclamo é manifestamente
improcedente.
Como circunstanciado no acórdão embargado, a
submissão da decisão monocrática ao órgão
colegiado (Sexta Turma), por ocasião do julgamento
do agravo regimental, prejudicou o suposto vício
aventado pelos agravantes decorrente do julgamento
monocrático (fl. 3.306):
[...]
Não há, pois, nenhuma omissão nem qualquer outro
vício no acórdão embargado, sobretudo considerando
a orientação do Supremo Tribunal Federal, firmada
em julgado com repercussão geral, no sentido de que
as decisões judiciais não precisam ser
necessariamente analíticas, bastando que contenham
fundamentos suficientes para justificar suas
conclusões (QO no AI n. 791.292, julgado sob a
relatoria do Ministro Gilmar Mendes), circunstância
verificada no caso, eis a ementa do julgado:
[...]
Eventuais inconformismos decorrentes do julgamento
devem ser veiculado por meio de recurso adequado,
sendo descabido o uso de aclaratórios para esse fim,
pois esse recurso não se destina a rediscussão,
tampouco ao exame de violação de normas
constitucionais (arts. 5º, LIV e LV, e 93, IX e X,
ambos da Constituição Federal).
De outra parte, com relação aos aclaratórios opostos
por João Feitosa Neto e por Railson Sérgio Dantas da
Silva, não há dúvida de que o reclamo também é
manifestamente improcedente.
Não há nenhuma ambiguidade na análise do tópico
referente à suposta nulidade decorrente do
julgamento monocrático, pois o acórdão embargado
concluiu que a decisão monocrática agravada estava
calcada em precedentes desta Corte, circunstância
apta a justificar o julgamento monocrático (fl. 3.306):
[...]
Cumpre destacar, ainda, que o acórdão embargado
lançou fundamento autônomo e independente para
firmar a prejudicialidade da questão suscitada, ante a
submissão do agravo regimental ao julgamento
perante o órgão colegiado (fl. 3.306):
[...]
Com relação à suposta omissão, o que se verifica é

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tão somente o inconformismo dos embargantes com
o resultado do julgamento.
Ora, o aresto embargado lançou fundamentação
suficiente para rechaçar a tese de ilegitimidade do
subscritor do recurso especial (fls.
3.306/3.307):
[...]
A esse respeito, cumpre destacar a orientação do
Supremo Tribunal Federal, firmada em julgado com
repercussão geral, no sentido de que as decisões
judiciais não precisam ser necessariamente
analíticas, bastando que contenham fundamentos
suficientes para justificar suas conclusões (QO no AI
n. 791.292, julgado sob a relatoria do Ministro Gilmar
Mendes), circunstância verificada no caso, eis a
ementa do julgado:
[...]
De outra parte, no que se refere à suposta
obscuridade, os aclaratórios também são
manifestamente improcedentes, pois o acórdão
embargado concluiu, de forma fundamentada, pelo
prequestionamento ficto (art.
1.025 do CPC) da questão federal veiculada no
recurso especial (fl. 3.312):
[...]
Não há, pois, nenhuma obscuridade no acórdão, mas
apenas inconformismos dos embargantes com o
resultado do julgamento.
Por fim, tampouco há falar em contradição no aresto
embargado.
A contradição que dá ensejo à oposição de embargos
de declaração é aquela interna ao julgado, ou seja,
entre as premissas e as conclusões da própria
decisão, sendo absolutamente descabido suscitar o
vício, com base em algum parâmetro externo ao
julgado embargado.
[...]
No caso, não há nenhuma contradição no aresto
combatido, ao contrário, as premissas e conclusões
estabelecidas guardam perfeita coerência entre si.
De fato, o que se verifica das razões dos embargos é
a tentativa dos embargantes de, por via oblíqua,
rediscutir a conclusão do acórdão embargado,
providência descabida na via eleita.
[...]
Ante o exposto, rejeito os embargos de declaração.

Conclui-se, portanto, que o acórdão encontra-se em consonância com a


jurisprudência fixada pela Suprema Corte em repercussão geral, no Tema 339/STF.
Nesse sentido:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO


AGRAVO INTERNO. (...) FUNDAMENTAÇÃO
SUFICIENTE. QUESTÃO DE ORDEM NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO 791.292 – TEMA 339. AGRAVO A QUE
SE NEGA PROVIMENTO. (...) 5. A jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de que

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cumpre a regra do art. 93, IX, da CF a decisão judicial
que seja fundamentada, ainda que de modo sucinto,
sendo desnecessário o exame pormenorizado de cada
uma das alegações ou provas dos autos (AI 791.292 -
Tema 339 da sistemática da repercussão geral). (...) 7.
Agravo a que se nega provimento.
(Rcl 41510 ED, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira
Turma, julgado em 18/08/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-218 DIVULG 31-08-2020 PUBLIC 01-
09-2020.)

No mesmo diapasão:

AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO


COM AGRAVO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. TEMA 339 DA
REPERCUSSÃO GERAL. DECISÃO RECORRIDA EM
CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF. 1.
No julgamento do AI 791.292-QO-RG/PE (Rel. Min.
GILMAR MENDES, Tema 339), o Supremo Tribunal
Federal assentou que o inciso IX do art. 93 da CF/1988
exige que o acórdão ou decisão sejam
fundamentados, ainda que sucintamente. 2. Decisão
recorrida em conformidade com a jurisprudência do
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 3. Agravo interno a que
se nega provimento. Na forma do art. 1.021, §§ 4º e 5º, do
Código de Processo Civil de 2015, em caso de votação
unânime, fica condenado o agravante a pagar ao
agravado multa de um por cento do valor atualizado da
causa, cujo depósito prévio passa a ser condição para a
interposição de qualquer outro recurso (à exceção da
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da
justiça, que farão o pagamento ao final).
(ARE 1266033 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE
MORAES, Primeira Turma, julgado em 05/08/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-204 DIVULG 14-08-2020
PUBLIC 17-08-2020.)

Quanto à alegada violação ao art. 5°, inciso XXXV, da Constituição Federal,


de acordo com o Tema 895/STF, "a questão da ofensa ao princípio da inafastabilidade
de jurisdição, quando há óbice processual intransponível ao exame de mérito, ofensa
indireta à Constituição ou análise de matéria fática, tem natureza infraconstitucional, e a
ela se atribuem os efeitos da ausência de repercussão geral".
Essa tese foi estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do
RE n. 956.302/GO, que restou assim ementado:

PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO.


ÓBICES PROCESSUAIS INTRANSPONÍVEIS.
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE
MÉRITO. QUESTÃO INFRACONSTITUCIONAL.
MATÉRIA FÁTICA. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO
GERAL. Não há repercussão geral quando a controvérsia
refere-se à alegação de ofensa ao princípio da
inafastabilidade de jurisdição, nas hipóteses em que se
verificaram óbices intransponíveis à entrega da prestação
jurisdicional de mérito.
(RE 956.302/GO RG, Relator(a): Min. EDSON FACHIN,
julgado em 19/05/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
124 DIVULG 15-06-2016 PUBLIC 16-06-2016)

Edição nº 0 - Brasília, Publicação: quinta-feira, 17 de dezembro de 2020


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Quanto à aventada violação ao art. 5º, inciso XXXVII, da Constituição
Federal, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que a
discussão sobre eventual ofensa ao princípio do promotor natural tem natureza
infraconstitucional, não legitimando a interposição do apelo extremo.
Com efeito, em tais casos a afronta à Constituição Federal, se existente,
seria indireta ou reflexa, consoante tem decidido a Suprema Corte:

EMENTA: DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL.


AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO
COM AGRAVO. JÚRI. PRONÚNCIA. HOMICÍDIOS
QUALIFICADOS TENTADOS. ALEGADA OFENSA AO
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. AUSÊNCIA DE
QUESTÃO CONSTITUCIONAL. CONTROVÉRSIA
DECIDIDA COM BASE NA LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL E NO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA 279/STF. 1. O
Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou preliminar de
repercussão geral relativa à controvérsia sobre suposta
violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa,
dos limites da coisa julgada e do devido processo legal
(ARE 748.371-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes - Tema 660).
2. O STF também já decidiu tratar-se de matéria
infraconstitucional a questão relativa à afronta aos
princípios do promotor e do juiz natural. Precedentes.
3. A parte recorrente postula a análise da legislação
infraconstitucional pertinente e uma nova apreciação dos
fatos e do material probatório constante dos autos, o que
não é possível nesta fase processual (Súmula 279/STF).
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(ARE 1215228 AgR-segundo, Relator(a): ROBERTO
BARROSO, Primeira Turma, julgado em 27/09/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-221 DIVULG 10-10-2019
PUBLIC 11-10-2019)

No mesmo sentido:

EMENTA: DIREITO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR
NATURAL. LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL.
AUSÊNCIA DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL.
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 93, IX, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal
Federal assentou tratar-se de matéria
infraconstitucional a questão relativa à afronta ao
princípio do promotor natural. Precedentes. 2. A
decisão está devidamente fundamentada, embora em
sentido contrário aos interesses da parte agravante. 3.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(ARE 819474 AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO,
Primeira Turma, julgado em 26/05/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-115 DIVULG 16-06-2015 PUBLIC 17-
06-2015)

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário com


agravo. Matéria criminal. Alegada ofensa aos princípios
do promotor natural e do devido processo legal (CF,
art. 5º, incisos LII e LIV). Ofensa reflexa à Constituição.

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Precedentes. Agravo regimental não provido. 1. O exame
de legislação infraconstitucional é inadmissível em recurso
extraordinário, por configurar ofensa reflexa à
Constituição. 2. Agravo regimental ao qual se nega
provimento.
(ARE 1058256 AgR, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Segunda
Turma, julgado em 29/09/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-241 DIVULG 20-10-2017 PUBLIC 23-
10-2017)

No tocante à alegada violação do art. 5º, inciso XXXVIII, letra "a", da


Constituição Federal, compulsando-se os autos, verifica-se que a controvérsia cinge-se
à questão acerca dos limites da quesitação em relação à pronúncia, estando o acórdão
recorrido assim fundamentado (e-STJ Fls. 3309/3312):

Em sede de aclaratórios, o órgão ministerial suscitou


questão relevante, qual seja, de que seria inviável
rediscutir a unidade de desígnios em relação aos três
resultados alcançados, pois já houve a estabilização
da imputação a partir da decisão de pronúncia, não
sendo juridicamente possível elaborar quesitação em
desalinho com esta imputação e, mais impossível
ainda, que os jurados fujam da quesitação
apresentada (nos termos do art. 482, parágrafo único,
do CPP) – fl. 2.945.
[...]
O vício apontado, no entanto, não foi debatido no
acórdão que rejeitou os aclaratórios (fls. 2.978/2.984).
Nesse contexto, há afronta ao art. 619 do Código de
Processo Penal, pois o acórdão hostilizado deixou de
se manifestar sobre tese essencial ao deslinde da
controvérsia, suscitada oportunamente.
[...]
Reconhecida a existência de vício no julgamento dos
aclaratórios, afigura-se viável adentrar no exame da
matéria de fundo suscitada no recurso especial
(violação do art. 482, parágrafo único, do CPP), ainda
que o referido preceito normativo não tenha sido
debatido na instância ordinária, ante a incidência do
art. 1.025 do Código de Processo Civil
(prequestionamento ficto).
[...]
E, nesse aspecto, também assiste razão ao órgão
ministerial.
Ora, a conclusão exarada no acórdão da apelação
efetivamente viola o disposto no dispositivo em
comento, pois, considerando que a acusação já está
delimitada – sendo que dela constam desígnios
distintos na conduta delitiva imputada aos recorridos
– é inviável ao Conselho de Sentença concluir pela
existência de um desígnio único na conduta,
notadamente porque a quesitação não pode destoar
da pronúncia.

Desse modo, a análise da matéria ventilada depende do exame do art. 482,


parágrafo único, do Código de Processo Penal, razão pela qual eventual ofensa à
Constituição Federal, se houvesse, seria reflexa ou indireta, não legitimando a

Edição nº 0 - Brasília, Publicação: quinta-feira, 17 de dezembro de 2020


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Signatário(a): MINISTRO Vice-Presidente do STJ Assinado em: 16/12/2020 13:30:16
Publicação no DJe/STJ nº 3049 de 17/12/2020. Código de Controle do Documento: 95f5df1a-a726-4e50-925b-42c5f5d145a7
interposição do apelo extremo.
A propósito, confira-se o seguinte julgado do Supremo Tribunal Federal:

ARE 1142474 - Relator(a): Min. LUIZ FUX Julgamento:


7/06/2018 Publicação: 29/06/2018 Decisão 279/STF.
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.” (AI 796.846-AgR, Rel. Min. Teori
Zavascki, Segunda Turma, DJe de 27/5/2014) “DIREITO
PENAL E PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO
REGIMENTAL. TRIBUNAL DO JÚRI. EVENTUAL VÍCIO
NOS DEBATES OU NA FORMULAÇÃO DOS
QUESITOS. OFENSA REFLEXA À CONSTITUIÇÃO.
Embargos de declaração recebidos como agravo
regimental, consoante iterativa jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal. Supostos vícios durante os debates no
Tribunal do Júri ou na formulação dos quesitos aos
jurados constituem matéria infraconstitucional e não
implicam ofensa, salvo, se o caso, reflexa, ao princípio da
soberania dos veredictos consagrado no inciso XXXVIII do
art. 5º da Constituição Federal. O Recurso Extraordinário é
incabível quando a alegada ofensa à Constituição Federal,
se existente, ocorrer de forma reflexa, a depender da
prévia análise da legislação infraconstitucional. Embargos
de declaração conhecidos e recebidos como agravo
regimental, ao qual se nega provimento.” (AI 837.155-ED,
Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe de 4/5/2012,
grifei) Sob esse enfoque, ressoa inequívoca a vocação
para o insucesso.

Ante o exposto, quanto aos artigos 5º, inciso XXXV, e 93, inciso IX, ambos
da Constituição Federal, com fundamento no art. 1.030, inciso I, alínea "a", do Código
de Processo Civil, nega-se seguimento ao recurso extraordinário; e em relação
ao artigo 5º, incisos XXXVII e XXXVIII, da Lei Maior, nos termos do art. 1.030, inciso V,
do Código de Processo Civil, não se admite o recurso extraordinário.
Prejudicada a petição n. 00902047 de fls. 3453-3455.
Publique-se.
Intime-se.
Brasília, 16 de dezembro de 2020.

JORGE MUSSI
Vice-Presidente

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