Você está na página 1de 4

PROJUDI - Recurso: 0003741-66.2019.8.16.0000 - Ref. mov. 27.

1 - Assinado digitalmente por Jorge Wagih Massad:3126


10/05/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ57V VDZE9 LHEZN HY94R


Estado do Paraná

REVISÃO CRIMINAL N 0003741-66.2019.8.16.0000 DA


VARA CRIMINAL DA COMARCA DE APUCARANA
REQUERENTE: ESTIVES DE SOUZA BUENO
REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
PARANÁ
RELATOR: DES. JORGE WAGIH MASSAD

AÇÃO DE REVISÃO CRIMINAL – LATROCÍNIOS –


RECEBIMENTO DA DENÚNCIA – FUNDAMENTAÇÃO –
PRESCINDIBILIDADE – NULIDADE NÃO CONFIGURADA –
PEDIDO IMPROCEDENTE.
O acolhimento da denúncia ou queixa prescinde de
fundamentação concreta por se tratar de despacho
desprovido de cunho decisório, ressalvados os casos em 1
que a lei exige justificativa do juiz, após a defesa preliminar
que antecede o recebimento da peça acusatória.
Pedido improcedente.

Trata-se de ação de revisão criminal ajuizada por Estives de


Souza Bueno, em face do venerando acórdão proferido pela 4ª Câmara Criminal
desta Corte no Recurso de Apelação n.º 1258884-8 que manteve integralmente a
pena de 40 (quarenta) anos de reclusão, a ser cumprida em regime fechado,
e o pagamento de 20 (vinte) dias-multa, pela prática do crime previsto no 157,
§ 3º, parte final, do Código Penal.

Cód. 1.07.030
PROJUDI - Recurso: 0003741-66.2019.8.16.0000 - Ref. mov. 27.1 - Assinado digitalmente por Jorge Wagih Massad:3126
10/05/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ57V VDZE9 LHEZN HY94R


Estado do Paraná

A condenação transitou em julgado em 11/08/2016 (fl. 723 –


mov. 8.103 – RC).
A defesa pugna pela nulidade integral do processo ante a
ausência de fundamentação da decisão que recebeu a denúncia (fls. 11.1 – Revisão
Criminal).
Em parecer ofertado, o digno representante da Procuradoria-
Geral de Justiça se manifestou pelo indeferimento da ação revisional (mov. 14.1 –
Revisão Criminal).

É o relatório.

A pretensão não procede.


Preliminarmente, a nulidade arguida não se verifica, no caso.
A ausência de fundamentação da decisão que recebe a
denúncia é tema considerado insipiente e até mesmo obsoleto, pois enfrentado e 2
pacificado há muito tempo pelas Cortes Superiores, as quais manifestaram
entendimento uníssono por sua completa dispensabilidade.
Nesse sentido aponta a remansosa jurisprudência:

“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE


RECURSO ORDINÁRIO. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE
DROGAS. ARTIGO 2º, § § 2º E 4º, I E IV, DA LEI N. 12.850/2013.
ARTIGO 35, CAPUT, COMBINADO COM ARTIGO 40, IV E VI,
AMBOS DA LEI N. 11.343/2006. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
DE ENVOLVIMENTO DA PACIENTE COM O CRIME.
REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE NA VIA
ELEITA. RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA.
DESNECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PROFUNDA OU

Cód. 1.07.030
PROJUDI - Recurso: 0003741-66.2019.8.16.0000 - Ref. mov. 27.1 - Assinado digitalmente por Jorge Wagih Massad:3126
10/05/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ57V VDZE9 LHEZN HY94R


Estado do Paraná

EXAURIENTE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INOCORRÊNCIA.


PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
(...) VII - Conforme reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, consagrou-se o entendimento de inexigibilidade de
fundamentação complexa no recebimento da denúncia, em virtude
de sua natureza interlocutória, não se equiparando à decisão judicial
a que se refere o art. 93, IX, da Constituição Federal.”
(STJ, Quinta Turma, HC 458908/SC, Rel. Min. Felix Fischer,
Julgamento em 16.10.2018).

“PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO EM HABEAS CORPUS. PRINCÍPIO DA
COLEGIALIDADE. INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTOS HÁBEIS A
DESCONSTITUIR A DECISÃO IMPUGNADA. HOMICÍDIO NO 3
TRÂNSITO. DECISÃO QUE RATIFICA O RECEBIMENTO DA
DENÚNCIA. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. TESES DE MÉRITO
QUE NECESSITAM DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
(...) 3. Não obstante os esforços do agravante, conforme outrora
consignado, e na esteira do registrado pelo Tribunal a quo, a decisão
de recebimento da denúncia constitui mero juízo de admissibilidade e
possui natureza interlocutória, sendo, portanto, inviável ao
magistrado nesta fase inicial adentrar no mérito da causa, a fim de
antecipar o julgamento e, por conseguinte, provocar uma nulidade
insanável.”
(STJ, Quinta Turma, RHC 74527/ES, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
Julgamento em 02.10.2018).

Cód. 1.07.030
PROJUDI - Recurso: 0003741-66.2019.8.16.0000 - Ref. mov. 27.1 - Assinado digitalmente por Jorge Wagih Massad:3126
10/05/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ57V VDZE9 LHEZN HY94R


Estado do Paraná

É de se ressaltar a exigência de fundamentação para o


despacho de rejeição da denúncia ou queixa (art. 516 do Código de Processo
Penal), silenciando a lei, contudo, no tocante ao recebimento da inicial acusatória, o
qual não deve conter incursões sobre o teor da incriminação, para evitar emissão de
juízo prévio de valor, antecipando, erroneamente, eventual condenação.
Portanto, o acolhimento da inicial acusatória prescinde de
fundamentação concreta por se tratar de despacho desprovido de cunho decisório,
ressalvados os casos em que a lei exige justificativa do Juiz, após a defesa
preliminar que antecede o recebimento da denúncia.
Diante do exposto, voto no sentido de julgar improcedente a
pretensão revisional com base neste argumento.
É como decido.

ACORDAM os integrantes da Quinta Câmara Criminal em


Composição Integral do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade, 4
em JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO DE REVISÃO CRIMINAL, nos termos do
voto do relator.
Participaram do julgamento os Desembargadores Renato
Naves Barcellos, Luiz Osório Moraes Panza, Marcus Vinicius de Lacerda Costa e
Maria José de Toledo Marcondes Teixeira.

Curitiba, 09 de maio de 2019.

JORGE WAGIH MASSAD


Relator

Cód. 1.07.030

Você também pode gostar