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MÓDULO: EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

SEMINÁRIO I - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7ª ed. São Paulo:
Noeses, 2018, Capítulo 5 da segunda parte.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Segurança jurídica no novo CARF. In: ROSTAGNO,
Alessandro (Org.). Contencioso administrativo tributário: questões polêmicas. São Paulo:
Noeses, 2011.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol. I. 2
Ed. São Paulo: Noeses, 2014, Tema VII (A ordem processual brasileira: limites
competenciais para a reforma das decisões administrativas tributárias).

Leitura complementar
• ARAUJO, Juliana Furtado Costa. O precedente no novo CPC e suas implicações
tributárias. In: CONRADO, Paulo César; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. O novo CPC e
seu impacto no direito tributário. São Paulo: Thomson Reuters, 2016.
• CONRADO, Paulo Cesar. Processo tributário. São Paulo: Quartier Latin. Capítulos 5 e
6.
• CONRADO, Paulo César; DALLA PRIA, Rodrigo. Aplicação do Código de Processo Civil
ao processo administrativo tributário. In: CONRADO, Paulo César; ARAUJO, Juliana
Furtado Costa. O Novo CPC e seu impacto no direito tributário. São Paulo: Thomson
Reuters, 2016.
• DARZÉ, Andréa Medrado. Preclusão da prova no processo administrativo tributário:
um falso problema. In: ROSTAGNO, Alessandro (Coord.). Contencioso administrativo
tributário: questões polêmicas. São Paulo: Noeses, 2011.
• FALEIRO, Kelly Magalhães. Procedimento de consulta fiscal. São Paulo: Noeses, 2005.
Capítulo VI.
• GONÇALVES, Carla de Lourdes. A possibilidade de concomitância entre ações
antiexacionais preventivas e o processo administrativo tributário. In: CARVALHO,
Paulo de Barros (Coord.). In: CARVALHO, Paulo de Barros (Coord.). Direito tributário
entre a forma e o conteúdo. São Paulo: Noeses, 2014.
• LUNARDELLI, Pedro Guilherme Acorse. O voto de qualidade no processo
administrativo tributário e o art. 112 do Código Tributário Nacional. In: CARVALHO,
Paulo de Barros (Coord.). Racionalização do sistema tributário. São Paulo: Noeses,
2017.
• RIBEIRO, Diego Diniz. O CPC e seus reflexos no processo administrativo tributário. In:
XIV Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
• SANTI, Eurico Marcos Diniz de; ZUGMAN, Daniel Leib. Decisões administrativas
definitivas não devem ser rediscutidas no Poder Judiciário. In: X CONGRESSO

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pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.
NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS DO IBET. São Paulo: Noeses, 2013.
• TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário. São Paulo: Noeses, 2016.
Capítulo I, itens 1.6 a 1.10; Capítulo 6, item 6.6 e Capítulo 8, itens 8.7 e 8.8.
• TORRES, Heleno Taveira. Programa de regularização de ativos lícitos no exterior e
direitos à proteção da propriedade privada. In: PAULO JUNIOR, Aldo de; SALUSSE,
Eduardo Perez; ESTELLITA, Heloísa. Regime especial de regularização cambial e
tributária (RERCT): aspectos práticos. São Paulo: Noeses, 2016.

Questões
1. Recurso administrativo protocolado intempestivamente tem o
condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário?
Fundamentar sua decisão observando o que dispõe o art. 35 do
Decreto Federal n. 70.235/72: “Art. 35. O recurso, mesmo
perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que
julgará a perempção.”
Dá literalidade do exposto no artigo 35 “mesmo perempto,
será encaminhado ao órgão de segunda instância...”, sabe-se que diante do
protocolo haverá análise do respectivo recurso. A análise é uma resultante da
legalidade objetiva, devido processo e contraditório.

Assim sendo, haverá suspensão da exigibilidade do crédito


tributário diante da necessidade de análise para verificar se haverá ou não
aceitação do recurso em segunda instância.

2. Considerando a presunção de legitimidade dos atos administrativos, a quem


compete o ônus da prova nos recursos e impugnações? Até que momento o
contribuinte (recorrente) pode juntar aos autos do processo administrativo
provas documentais? Diante do que dispõem os arts. 9º e 10 do CPC/15,
apresentadas novas provas pelo contribuinte o julgador administrativo deverá
dar oportunidade ao Fisco para se manifestar a respeito antes de afetar o
processo para julgamento? (Vide anexo I, II e III).
3. Os tribunais administrativos exercem “jurisdição”? Justifique sua resposta,
definindo “jurisdição”. Podem, no ato de julgar, afastar a aplicação de Decreto
sob a alegação de sua ilegalidade para com a Lei. Pode a decisão
administrativa inovar o feito, agravando o lançamento por ocasião do
julgamento da defesa do contribuinte?
4. Qual a aplicabilidade do CPC/15 ao processo administrativo tributário? Os
enunciados das súmulas vinculantes devem ser observados pela
Administração Pública? E os demais enunciados das súmulas do STF em
matéria constitucional e do STJ em matéria infraconstitucional? E os acórdãos
em incidente de resolução de demandas repetitivas (vide art. 928, II, do
CPC/15)?
5. A lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro é aplicada ao

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procedimento/processo administrativo fiscal? Quais as implicações da
aplicação da LINDB no PAF? Analisar especificamente os artigos 24 1 e 282 da
referida lei (vide ACÓRDÃOS DO CARF Nª 9202-006.996, 1301-003.284, 9101-
003.839). A desconsideração de negócios jurídicos para requalificação dos
efeitos tributários por consideração de inexistência de propósito negocial pode
ensejar a aplicação do artigo 28 da LINDB?
6. A existência de processo judicial e administrativo concomitantes implica
renúncia às instâncias administrativas? (Vide anexos IV, V e VI).
7. A Administração lavra contra determinado contribuinte auto de infração
imputando duas condutas que resultaram em ausência de recolhimento de
imposto. Em face do auto, o contribuinte se insurge contra apenas uma das
imputações, mantendo-se inerte em relação à remanescente. Pode o Fisco
segregar o auto de infração para cobrança da parte não expressamente
impugnada?
8. Analise os acórdãos lavrados no RE nº 601.314 e na ADIN 2859 e responda,
em relação à quebra de sigilo bancário:
a) Há diferença entre envio de Declaração de Movimentação Financeira
(DIMOF), atual e-FINANCEIRA, pelos bancos à RFB, e a obtenção de extratos
bancários pela RFB junto aos bancos, sem autorização judicial. (Vide anexos VII
e VIII).
b) A declaração efetuada para fins de aproveitamento do Programa que
recebeu o nome de “Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária” –
RERCT, criado pela Lei n. 13.254/16 está protegida pelo sigilo fiscal?

Sugestão para pesquisa suplementar

• Parte 5 do livro Do lançamento: teoria geral do ato, do procedimento e do processo


tributário, de Alberto Xavier. Rio de Janeiro: Forense.
• Artigo: “A prova no procedimento administrativo tributário”, de Paulo de Barros
Carvalho, Revista Dialética de Direito Tributário n. 34, pp. 104 a 116.
• Artigo: “Princípio da eficiência, nulidade e o processo administrativo federal”, de
Fabio Soares de Melo. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET,
v. 7, 2010, São Paulo. Direito Tributário e os conceitos de direito privado. São Paulo:
Noeses.
• Artigo: “Processo Administrativo Tributário – Discussões envolvendo provas no
contexto normativo da Lei Ordinária Paulista n. 10.941/2001”, de Argos Campos
Simões. In: CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS IBET, v. 5, 2008, São
Paulo: Noeses.
1
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em
conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de
orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. 
2
Art. 28.  O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro. 

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• Artigo: “‘Verdade material’ versus preclusão”, traçando limites, de José Alberto
Oliveira Macedo. Revista de Direito Tributário (São Paulo), Ed. Malheiros, v. 109, p.
145-157, 2010.
• Artigo: “Protocolo intempestivo e suspensão da exigibilidade do crédito tributário”, de
Íris Vânia Santos Rosa, in VIII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São
Paulo: Noeses.
• Artigo: “Efeitos da concomitância entre processo judicial e administrativo – análise
do parágrafo único do art. 38 da Lei n. 6830/80”, de Ana Clarissa Masuko dos Santos
Araújo, in Processo tributário analítico, volume I. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Princípio da verdade material e o processo administrativo fiscal de
compensação”, de Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, in Processo tributário
analítico, volume II. São Paulo: Noeses.
• Artigo: “Processo administrativo tributário estadual”, de Marcelo Viana Salomão, in
Segurança jurídica na tributação e Estado de Direito. São Paulo: Noeses.
• BONILHA, Paulo Celso. Da prova no processo administrativo fiscal. São Paulo:
Oliveira Rocha.
• MUSSOLINI, Luiz Fernando, Jr. Processo administrativo tributário – Das decisões
terminativas contrárias à Fazenda Pública. Barueri/SP: Manole.

Anexo I
CARF - Acórdão n. 9202-002.626
Publicação: 06/06/2014
NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO
APRESENTAÇÃO. APÓS RECURSO VOLUNTÁRIO.
Tanto o princípio da verdade material como o princípio da preclusão são
princípios aplicáveis ao processo administrativo fiscal.
Os princípios, em específico, não estão submetidos, tão-somente, a um
juízo de validade, mas especialmente a uma ponderação, a um
balanceamento; não se declara válido ou não válido um princípio, não há
uma norma de exceção. A solução é diversa: as circunstâncias concretas
motivadoras da aplicação dos princípios conflitantes devem ser
analisadas, observando-se qual o princípio prevalecerá no caso concreto,
uma vez que eles têm peso diferente. Na escolha do princípio a incidir
deverá ser utilizada a máxima da proporcionalidade.
Não há verdadeira hierarquia entre os princípios, uma vez que ora
poderá prevalecer um ora outro, deve ser feito o teste de
proporcionalidade, para decidir qual regerá o caso concreto. Há, pois, uma
hierarquização em função do caso concreto.

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É abusiva a juntada da prova após o trintídio do recurso voluntário, que
se referia à cópia de cheques de emissão do recorrente, buscando
comprovar que os débitos nas contas auditadas tinham favorecido pessoa
jurídica, já que a infração estava associada aos créditos na conta corrente,
os quais não tiveram suas origens comprovadas, e não a eventuais débitos,
o que acarreta a restrição prevista no art. 16, § 4º, do Decreto n° 70.235/72.

Anexo II
CARF - Acórdão n. 1201-000.820

Julgamento: 11/06/2013

PROVAS APRESENTADAS APÓS IMPUGNAÇÃO E ANTES DA DECISÃO DE


PRIMEIRA INSTÂNCIA. PRECLUSÃO NÃO É ABSOLUTA E DEVE SER
INTERPRETADA SISTEMATICAMENTE COM AS DEMAIS NORMAS E
PRINCÍPIOS NORTEADORES PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVAS
ESSENCIAIS À GARANTIA DE PRINCÍPIOS. AUSÊNCIA DE ANÁLISE.
NULIDADE. Em respeito ao princípio da verdade material, o julgador
deverá valorar as provas a ele apresentadas livremente, sempre buscando
a verdade material dos fatos. Sendo apresentadas provas após a
impugnação e antes da decisão de primeira instância, a preclusão deverá
ser interpretada sistematicamente com as demais normas e princípios
norteadores do processo administrativo fiscal. Se as provas apresentadas
após a impugnação, mas antes da decisão em primeira instância, forem
essenciais à garantia dos princípios norteadores do PAF, esta deverá ser
analisada pele órgão julgador de primeiro grau. A análise das provas por
órgão de segundo grau, sem a apreciação da câmara “a quo”, resultaria
em decisões proferidas em razão de uma mesma situação fática, partindo
de fundamentos probatórios diversos. Tal situação configura evidente
afronta ao princípio do duplo grau de jurisdição. g.a

Anexo III
CARF - Acórdão n. 1102-000.940

Julgamento: 08/10/2013

Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004


NULIDADE. LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. Não é nulo o procedimento fiscal
que glosou despesas com juros após lavrar diversas intimações com
pedidos de esclarecimentos sobre a matéria, aguardando prazo razoável

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para apresentação de documentos antes da lavratura do auto de infração.
PRODUÇÃO DE PROVAS NO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE PARA SE
CONTRAPOR ÀS RAZÕES DO JULGAMENTO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA.
PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Como regra geral, a prova documental
deve ser apresentada na impugnação, precluindo do direito de fazê-lo em
outro momento processual. Contudo, tendo o contribuinte trazido os
documentos que julgava aptos a comprovar seu direito, ao não ser
bem sucedido no julgamento de 1a instância, razoável se admitir
a juntada das provas no voluntário, pois é exceção à regra geral
de preclusão a produção de novos documentos destinados a
contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos
autos. Ademais, seria por demais gravoso, e contrário ao princípio da
verdade material, a manutenção da glosa de deduções sem a análise das
provas constantes nos autos. E ainda, sendo esta a última instância
administrativa, tal postura exigiria do contribuinte a busca da tutela do
seu direito no Poder Judiciário, o que exigiria do Fisco a análise das provas
apresentadas em juízo, e ainda condenaria a União pelas custas do
processo. DESPESAS COM JUROS. COMPROVAÇÃO PARCIAL. Restabelecem-
se as deduções relativas a despesas com juros devidamente
comprovadas. DESPESAS FINANCEIRAS. JUROS PAGOS EM EMPRÉSTIMOS
JUNTO A TERCEIROS EM CONCOMITÂNCIA COM EMPRÉSTIMOS FEITO A
SÓCIOS SEM ÔNUS. DESNECESSIDADE. Somente são dedutíveis as
despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da
respectiva fonte produtora, nos termos do art. 299 do RIR/99. Não é
possível se admitir como necessária a despesa relativa a pagamento de
juros relativos a empréstimos tomados com terceiros, quando ao mesmo
tempo se realiza empréstimo a sócio sem a cobrança de juros, ou ainda
com juros abaixo da taxa de captação. Assim, correta a glosa das
despesas de juros passivos relativos a contratos de mútuo firmados com
terceiros em valor equivalente aos juros ativos que seriam devidos sobre o
valor emprestado ao sócio calculados pela taxa média dos empréstimos
tomados pela empresa. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO.
INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do
fato gerador e tem por objeto o pagamento tanto do tributo quanto da
penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento. O crédito
tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta,
e, portanto, envolve tanto o tributo quanto a penalidade pecuniária. Como
consequência, é legítima a incidência de juros de mora, à taxa Selic, sobre
todo o crédito tributário, o que inclui o valor da multa de ofício
proporcional, não paga no vencimento. LANÇAMENTO REFLEXO DE CSLL.
MESMA MATÉRIA FÁTICA Aplica-se ao lançamento da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido - CSLL o decidido em relação ao lançamento do
tributo principal, por decorrer da mesma matéria fática. Preliminar
Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte. g.a.

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Anexo IV
Súmula n. 1 do CARF
“Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo
sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes
ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo
administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de
julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo
judicial.”

Anexo V
AI n. 358.785
DJ 01/10/2010

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ART. 227, DL


05/75, RIO DE JANEIRO. ART. 38, P.U., LEI 6.830/80. MANDADO DE
SEGURANÇA E PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. TRAMITAÇÃO
SIMULTÂNEA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. ENUNCIADOS 282 E
356 DA SÚMULA/STF. OFENSA À ECONOMIA PROCESSUAL. INUTILIDADE DE
PROVIMENTO ADMINISTRATIVO ANTE COMANDO JURISDICIONAL EM
SENTIDO CONTRÁRIO. PRECEDÊNCIA CRONOLÓGICA DO PROCESSO
JUDICIAL. IRRELEVÂNCIA.
A questão constitucional invocada no recurso não foi devidamente
prequestionada, razão pela qual incidem os enunciados 282 e 356 da
Súmula/STF.
Ainda que superado tal óbice, não mereceria prosperar o presente
recurso, uma vez que, ao apreciar o RE 233.582 (rel. p/ o acórdão min.
Joaquim Barbosa), esta Corte entendeu que a tramitação simultânea de
processos administrativo e judicial é antieconômica e ignora a prevalência
dos atos jurisdicionais.
Note-se, por fim, que no referido leading case discutia-se situação
semelhante à presente. Irrelevante, portanto, o argumento de que a
instauração do feito judicial precedeu à do processo administrativo.
Agravo interno a que se nega provimento.

Anexo VI
Parecer Normativo Cosit n. 7/2014

Data 27/08/2014

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CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E
PROCESSO JUDICIAL COM O MESMO OBJETO. PREVALÊNCIA DO PROCESSO
JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. DESISTÊNCIA DO
RECURSO ACASO INTERPOSTO. A propositura pelo contribuinte de ação
judicial de qualquer espécie contra a Fazenda Pública com o mesmo objeto
do processo administrativo fiscal implica renúncia às instâncias
administrativas, ou desistência de eventual recurso de qualquer espécie
interposto. Quando contenha objeto mais abrangente do que o judicial, o
processo administrativo fiscal deve ter seguimento em relação à parte que
não esteja sendo discutida judicialmente. A decisão judicial transitada em
julgado, ainda que posterior ao término do contencioso administrativo,
prevalece sobre a decisão administrativa, mesmo quando aquela tenha sido
desfavorável ao contribuinte e esta lhe tenha sido favorável. A renúncia
tácita às instâncias administrativas não impede que a Fazenda Pública dê
prosseguimento normal a seus procedimentos, devendo proferir decisão
formal, declaratória da definitividade da exigência discutida ou da decisão
recorrida. É irrelevante que o processo judicial tenha sido extinto sem
resolução de mérito, na forma do art. 267 do CPC, pois a renúncia às
instâncias administrativas, em decorrência da opção pela via judicial, é
insuscetível de retratação. A definitividade da renúncia às instâncias
administrativas independe de o recurso administrativo ter sido interposto
antes ou após o ajuizamento da ação.

Anexo VII
RE 601.314/SP
DJ 16/09/2016

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO


TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS.
REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS
FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS
DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA
TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em
um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos,
ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se
refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de
realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o
autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo
bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz
em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou

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ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja,
inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Entende-se que a
igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do
pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do
contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido
com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verifica-se que
o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao
exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na
medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de
informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim
como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do
contribuinte, observando-se um translado do dever de sigilo da esfera
bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei
10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis
tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência
administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter
instrumental da norma em questão. Aplica-se, portanto, o artigo 144, §1º,
do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do
Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei
Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a
igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade
contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do
dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em
relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A
Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis
tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do
artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.

Anexo VIII
ADI 2859
DJ 21/10/2016

EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Julgamento conjunto das


ADI nº 2.390, 2.386, 2.397 e 2.859. Normas federais relativas ao sigilo das
operações de instituições financeiras. Decreto nº 4.545/2002. Exaurimento
da eficácia. Perda parcial do objeto da ação direta nº 2.859. Expressão “do
inquérito ou”, constante no § 4º do art. 1º, da Lei Complementar nº
105/2001. Acesso ao sigilo bancário nos autos do inquérito policial.
Possibilidade. Precedentes. Art. 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/2001
e seus decretos regulamentadores. Ausência de quebra de sigilo e de
ofensa a direito fundamental. Confluência entre os deveres do contribuinte

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(o dever fundamental de pagar tributos) e os deveres do Fisco (o dever de
bem tributar e fiscalizar). Compromissos internacionais assumidos pelo
Brasil em matéria de compartilhamento de informações bancárias. Art. 1º
da Lei Complementar nº 104/2001. Ausência de quebra de sigilo. Art. 3º, §
3º, da LC 105/2001. Informações necessárias à defesa judicial da atuação
do Fisco. Constitucionalidade dos preceitos impugnados. ADI nº 2.859.
Ação que se conhece em parte e, na parte conhecida, é julgada
improcedente. ADI nº 2.390, 2.386, 2.397. Ações conhecidas e julgadas
improcedentes. 1. Julgamento conjunto das ADI nº 2.390, 2.386, 2.397 e
2.859, que têm como núcleo comum de impugnação normas relativas ao
fornecimento, pelas instituições financeiras, de informações bancárias de
contribuintes à administração tributária. 2. Encontra-se exaurida a eficácia
jurídico-normativa do Decreto nº 4.545/2002, visto que a Lei n º 9.311, de
24 de outubro de 1996, de que trata este decreto e que instituiu a CPMF,
não está mais em vigência desde janeiro de 2008, conforme se depreende
do art. 90, § 1º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias -ADCT.
Por essa razão, houve parcial perda de objeto da ADI nº 2.859/DF,
restando o pedido desta ação parcialmente prejudicado. Precedentes. 3. A
expressão “do inquérito ou”, constante do § 4º do art. 1º da Lei
Complementar nº 105/2001, refere-se à investigação criminal levada a
efeito no inquérito policial, em cujo âmbito esta Suprema Corte admite o
acesso ao sigilo bancário do investigado, quando presentes indícios de
prática criminosa. Precedentes: AC 3.872/DF-AgR, Relator o Ministro Teori
Zavascki, Tribunal Pleno, DJe de 13/11/15; HC 125.585/PE-AgR, Relatora a
Ministra Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 19/12/14; Inq 897-AgR,
Relator o Ministro Francisco Rezek, Tribunal Pleno, DJ de 24/3/95. 4. Os
artigos 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/2001 e seus decretos
regulamentares (Decretos nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, e nº 4.489,
de 28 de novembro de 2009) consagram, de modo expresso, a
permanência do sigilo das informações bancárias obtidas com espeque em
seus comandos, não havendo neles autorização para a exposição ou
circulação daqueles dados. Trata-se de uma transferência de dados
sigilosos de um determinado portador, que tem o dever de sigilo, para
outro, que mantém a obrigação de sigilo, permanecendo resguardadas a
intimidade e a vida privada do correntista, exatamente como determina o
art. 145, § 1º, da Constituição Federal. 5. A ordem constitucional
instaurada em 1988 estabeleceu, dentre os objetivos da República
Federativa do Brasil, a construção de uma sociedade livre, justa e
solidária, a erradicação da pobreza e a marginalização e a redução das
desigualdades sociais e regionais. Para tanto, a Carta foi generosa na
previsão de direitos individuais, sociais, econômicos e culturais para o
cidadão. Ocorre que, correlatos a esses direitos, existem também deveres,
cujo atendimento é, também, condição sine qua non para a realização do
projeto de sociedade esculpido na Carta Federal. Dentre esses deveres,

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pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.
consta o dever fundamental de pagar tributos, visto que são eles que,
majoritariamente, financiam as ações estatais voltadas à concretização
dos direitos do cidadão. Nesse quadro, é preciso que se adotem
mecanismos efetivos de combate à sonegação fiscal, sendo o instrumento
fiscalizatório instituído nos arts. 5º e 6º da Lei Complementar nº 105/ 2001
de extrema significância nessa tarefa. 6. O Brasil se comprometeu,
perante o G20 e o Fórum Global sobre Transparência e Intercâmbio de
Informações para Fins Tributários (Global Forum on Transparency and
Exchange of Information for Tax Purposes), a cumprir os padrões
internacionais de transparência e de troca de informações bancárias,
estabelecidos com o fito de evitar o descumprimento de normas
tributárias, assim como combater práticas criminosas. Não deve o Estado
brasileiro prescindir do acesso automático aos dados bancários dos
contribuintes por sua administração tributária, sob pena de
descumprimento de seus compromissos internacionais. 7. O art. 1º da Lei
Complementar 104/2001, no ponto em que insere o § 1º, inciso II, e o § 2º
ao art. 198 do CTN, não determina quebra de sigilo, mas transferência de
informações sigilosas no âmbito da Administração Pública. Outrossim, a
previsão vai ao encontro de outros comandos legais já amplamente
consolidados em nosso ordenamento jurídico que permitem o acesso da
Administração Pública à relação de bens, renda e patrimônio de
determinados indivíduos. 8. À Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,
órgão da Advocacia-Geral da União, caberá a defesa da atuação do Fisco
em âmbito judicial, sendo, para tanto, necessário o conhecimento dos
dados e informações embasadores do ato por ela defendido. Resulta,
portanto, legítima a previsão constante do art. 3º, § 3º, da LC 105/2001. 9.
Ação direta de inconstitucionalidade nº 2.859/DF conhecida parcialmente
e, na parte conhecida, julgada improcedente. Ações diretas de
inconstitucionalidade nº 2390, 2397, e 2386 conhecidas e julgadas
improcedentes. Ressalva em relação aos Estados e Municípios, que
somente poderão obter as informações de que trata o art. 6º da Lei
Complementar nº 105/2001 quando a matéria estiver devidamente
regulamentada, de maneira análoga ao Decreto federal nº 3.724/2001, de
modo a resguardar as garantias processuais do contribuinte, na forma
preconizada pela Lei nº 9.784/99, e o sigilo dos seus dados bancários.

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