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Vistos.

Cuida-se de representação por prisão temporária apresentada pelo Delegado de


Polícia da 3ª Delegacia de Polícia de Repressão a Homicídios Múltiplos.
Narra a Autoridade Policial que, no dia 24/02/2024, às 05h16, na Avenida Nossa
Senhora do Loreto, nº 990, Vila Medeiros, nesta Capital, Alycia Perroni Valentim e Anderson de
Oliveira Valetim, este policial militar, foram vítimas de um latrocínio. Na ocasião, Anderson teria
chegado à Farmácia estabelecida no palco dos fatos, na companhia da sua esposa e da sua filha,
a vítima Alycia, momento em que três indivíduos teriam tentado ingressar no estabelecimento,
sem sucesso, visto que as portas foram fechadas. Percebendo o intento criminoso do trio,
Anderson desembarcou do seu veículo e se aproximou para realizar a abordagem, instante em que
um dos agentes sacou uma arma de fogo e passou a efetuar disparos na direção do veículo das
vítimas, atingindo Anderson e Alycia, que morreram no local. Após os disparos, os agentes
fugiram do local.
Segue a Autoridade Policial narrando que, iniciadas as investigações, descobriu-
se que um veículo com as características daquele utilizado pelos assaltantes teria sido abandonado
em Guarulhos. O veículo foi apreendido e periciado, sendo neles encontradas impressões digitais
de Douglas Henrique Pereira de Jesus, Erivaldo Aparecido de Lima e Diogo Damasceno dos
Santos. Eles não foram encontrados em suas residências, mas Pamela Cristiane Venâncio Souza,
ex-companheira de Douglas, em entrevista informal, disse que tomou conhecimento dos fatos
pela televisão e que reconheceu Douglas nas imagens, através do biotipo e trejeitos; relatou,
ainda, que, no dia anterior ao do crime, viu o ex-companheiro acompanhado de dois indivíduos
em um veículo semelhante ao pertencente à vítima Anderson, mas escuro.
Em razão desses fatos, requer a prisão temporária de Douglas Henrique Pereira
de Jesus, Erivaldo Aparecido de Lima e Diogo Damasceno dos Santos.
O Ministério Público se manifestou pelo acolhimento da representação e
decretação da prisão temporária dos investigados.
Decido.
O pedido comporta deferimento.
Para decretação da prisão temporária, necessária a comprovação, além da prática
de um dos crimes previstos no rol do inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960/89, da imprescindibilidade
da medida para as investigações (inciso I).
Esses requisitos estão presentes na espécie.
Os elementos informativos colhidos até o momento apontam para a autoria
delitiva dos representados.
Com efeito, no veículo em tese utilizado na empreitada criminosa, foram
encontrados datilogramas pertencentes aos investigados, conforme atestado no laudo
papiloscópico que acompanha a representação.
Somado a isso, Pâmela Cristiane Venâncio de Souza, ex-companheira de
Douglas, informou que ela e sua irmã Beatriz reconheceram-no, através das imagens divulgadas
na mídia, como sendo um dos autores do latrocínio, em virtude do biotipo e trejeitos. Disse a
testemunha, ainda, que, estranhou o fato de Douglas não mais ser visto no bairro após os fatos.
Desse modo, a prisão dos representados é imprescindível para a continuidade das
investigações criminais, uma vez que está sendo investigado pela prática de crime grave e há
necessidade do prosseguimento das investigações, especialmente para, como exposto pela
Autoridade Policial, obter-se a realização de reconhecimento formal e confronto de material
genético.
Evidencia-se, assim, a imprescindibilidade da prisão temporária para o regular
andamento das investigações e esclarecimento dos fatos delitivos, visando à garantia da
persecução penal. Ademais, considerando a gravidade concreta do delito praticado, denota-se a
periculosidade do representado, sendo que a manutenção da liberdade, neste momento, poderia
frustrar o intento investigativo.
Ante o exposto, acolho a representação da Autoridade Policial, com a anuência
do Ministério Público, e DECRETO a prisão temporária de Douglas Henrique Pereira de
Jesus (RG nº 48.606.263-6), Erivaldo Aparecido de Lima (RG nº 27.609.028-7) e Diogo
Damasceno dos Santos (RG nº 39.453.668), com fundamento no art. 2º da Lei nº 7.960/89, pelo
prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade e após nova decisão judicial nesse sentido.
Por se tratar de expediente recebido no plantão noturno, esta decisão,
digitalmente assinada, vale como mandado de prisão.
A Autoridade Policial deverá submeter o averiguado a exame de corpo de delito
nos termos do artigo 2º., parágrafo 3º. da Lei nº 7.960/89, e informar os direitos constitucionais
do representado, de acordo com o artigo 2º, parágrafo 6º, do mencionado Diploma Legal, devendo
permanecer obrigatoriamente separado dos demais detentos, segundo o artigo 3º da mesma Lei,
bem como que, decorrido o prazo da detenção temporária, deverá ele ser imediatamente colocado
em liberdade, conforme estabelece o artigo 2º, parágrafo 7º, ainda da referida Lei, se não estiver
preso por outro motivo.

São Paulo, 25 de fevereiro de 2024

ANDRE LUIZ DA Assinado de forma digital


SILVA DA por ANDRE LUIZ DA SILVA
DA CUNHA:31651842833
CUNHA:3165184283 Dados: 2024.02.25 07:26:55
3 -03'00'
ANDRÉ LUIZ DA SILVA DA CUNHA
JUIZ DE DIREITO

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