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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOOUTOR DESEMBARGADOR

PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO


DO RIO DE JANEIRO

Processo n° 0800733-90.2023.8.19.0043

CARLOS ALBERTO SAMPAIO BRITES PINHEIRO,


brasileiro, solteiro, advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil do
Rio de Janeiro, sob o número 204.942, com escritório profissional na Rua
Coronel João Rufino, Edifício Panorama, 11, sala 309, Centro, CEP: 27600-
000, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado que esta subscreve, com fulcro no artigo 5°, inciso LXVIII
da Constituição Federal e artigos 647 e ss. do Código Penal, impetrar o
presente

HABEAS CORPUS

Em favor NATHANIEL HENRIQUE DA SILVA FURTADO


TORRES, brasileiro, solteiro, metalúrgico, portador da Cédula de Identidade
de n° 279895478, residente e domiciliado na cidade de Valença – RJ, na Rua
Marciano de Almeida Souza, 362, São Francisco, CEP: 27600-000, recolhido
na Cadeia Pública Cotrim Neto, contra ato de Juiz de Direito da Vara Única
da Comarca de Piraí - RJ
SÍNTESE DOS FATOS
O Pacitente, juntamente VITOR DA SILVA APRÍGIO, foram
denunciados pelo Ministério Público, em 16 de maio de 2023, como incurso
nos tipos penais previstos nos artigos 33 c/c 35 da Lei 11.343/2006, pela
suposta prática das condutas delituosas abaixo descritas.
Segundo consta a peça acusatória, por volta das 23 horas e 50
minutos, na Rodovia Presidente Dutra, Km 241, sentido SP, Centro, Piraí/RJ,
os denunciados de forma livre, consciente e voluntária, em comunhão de
ações e desígnios, sem autorização legal e em desacordo com a norma legal
ou regulamentar, traziam consigo ou transportavam, para fins comerciais,
306,0g (trezentos e seis gramas) de COCAÍNA distribuídos e acondicionados
em 297 sacolés plásticos ostentando etiqueta adesiva com os dizeres “TCP
100% Prazer Mulher do Brabo R$ (20,00)”, conforme auto de apreensão e
laudos de exame de entorpecentes acostados aos autos.
Na mesma oportunidade e em momento anterior, os
DENUNCIADOS, agindo de forma livre e consciente, se associaram com o
fim de praticar o crime de tráfico de drogas. Os DENUNCIADOS, ambos
residentes da cidade de Valença, partiram juntos em uma motocicleta marca
Honra modelo XRE 300 de cor azul e placas LTZ7H17, sendo certo que
juntos adquiriram o material entorpecente e o transportavam de volta para a
cidade de Valença, onde a droga seria comercializada.
Conforme se extrai do APF, no dia dos fatos, agentes da polícia
militar atuavam em patrulhamento de rotina quando, ao passarem pela
Rodovia Presidente Dutra, altura do Km 231, tiveram a atenção voltada para
dois elementos que seguiam na motocicleta descrita, razão pela qual, deram
ordem de parada aos mesmos. Estes entretanto não acataram a determinação
legal e empreenderam em fuga.
Os agentes então, ante o comportamento suspeito dos elementos,
iniciaram uma perseguição que perdurou por cerca de 10 m, até que, na altura
do Km 241, conseguiram efetuar a abordagem aos indivíduos.
Enquanto perseguiam os DENUNCIADOS, os agentes visualizaram
quando o carona da moto se desfez de uma sacola, a qual foi devidamente
arrecadada e, após vistoria em seu interior, foi encontrado o entorpecente
apreendido.
Os DENUNCIADOS foram devidamente identificados, sendo o
DENUNCIADO NATHANIEL o condutos e o DENUNCIADO VITOR o
carona.
Estes admitiram a propriedade do entorpecente, informando que
estavam levando o material para a cidade de Valença, onde residem,
entretanto se negaram a informar onde a droga havia sido adquirida.
Na posse de Nathaniel ainda foi encontrada e apreendida a quantia
de R$ 35,00 em espécie.
Ante os fatos, foi feita a condução dos DENUNCIADOS bem como
do material apreendido à presença da autoridade policial para a adoção das
medidas cabíveis, oportunidade em que os DENUNCIADOS receberam voz
de prisão em flagrante.
Diante disto, foi apresentada Defesa Prévia pela defesa técnica no
prazo legal, pugnando, preliminarmente, pela Revogação da Prisão
Preventiva decretada pelo juiz de custódia, pedido este que foi negado nos
seguintes termos:
“Trata-se de pedido de revogação de prisão
preventiva, formulado pela defesa técnica do réu
NATHANIEL HENRIQUE DA SILVA FURTADO
TORRES na Defesa Prévia, alegando, em síntese,
ausência dos requisitos autorizadores da prisão.
Ouvindo o Parquet, este opinou desfavoravelmente
ao pedido defensivo.
Decido.
O acusado supostamente foi preso em flagrante, junto
com Vitor da Silva Aprício, transportando 306,0g
(trezentos e seis gramas) de cocaína acondicionadas
em 297 (duzentos e noventa e sete) sacolés plásticos,
conforme laudo juntado, o que deverá ser analisado
após a instrução criminal. Ocorre que, não se pode
negar os fortes indícios de autoria e materialidade
presentes no feito, além do fato de o denunciado
residir em outra Comarca, e a droga conter
inscrições de facção criminosa, fatores que, somados
ao contexto em que ocorrido o flagrante, evidenciam
que a liberdade do denunciado neste momento,
certamente colocará em risco não apenas a ordem
pública, já que é notório a perda de expressiva
quantidade de entorpecentes pode gerar retaliações
e cobranças de outros supostos envolvidos na
traficância, além de certo risco à instrução criminal
e à aplicação da lei penal.
Ademais, compulsando aos autos, verifico que
permanecem inalteradas as razões que ensejaram a
constrição preventiva, não tendo a defesa logrado
êxito em provar qualquer alteração fática e/ou
jurídica em seus pleito liberatório, estando presentes
os requisitos dos artigos 312 e 313, I, do CPP, pelo
que não há falar, nesse momento, em substituição por
medidas cautelares diversas, sendo certo que estas,
por si só, não são suficientes, tendo em vista que não
afastados, de forma segura, o fumus boni iuris e o
periculum libertatis, impondo-se a manutenção da
custódia para garantir dos meios e dos fins da
presente ação penal.
Diante do exposto, indefiro o pleito defensivo, e
mantenho o decreto prisional cautelar, por seus
próprios fundamentos.”
QUANTO À IMPUTAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO
INOCORRÊNCIA – AUSÊNCIA DE ANIMUS ASSOCIATIVO (Art.
35, caput, da Lei 11.343/2006)
Narra a denúncia, que os Acusados, supostamente, associaram-se
para o tráfico de drogas, com o intuito de revender a droga em sua posse na
cidade de Valença à terceiros, na forma que reza o artigo 35, caput, da Lei n°
11.343/2006.
Não assiste razão ao Ministério Público, mormente quanto a
imprecisão e absurda narrativa fática contida na peça exordial.
Ora, para que se cogite a conduta delitiva prevista no artigo 35,
caput, da Lei 11.343/2006, faz-se mister que o quadro fático encontrado seja
de sorte a demonstrar o ânimo associativo dos integrantes do delito em
espécie. Desta feita, cabia ao Ministério Público evidenciar, com clareza e
precisão, a eventual convergência de interesses do Acusado em unirem-se
para o tráfico, de modo estável e permanente.
Todos os depoimentos colhidos na fase inquisitória traduzem que os
Acusados tão-somente compraram drogas, sem um terceiro ou outro
propósito de traficar.
Abordando o tema aqui trazido à baila, professa Luiz Flávio Gomes
que:
“O art. 35 traz modalidade especial de quadrilha ou
bando (art. 288 do CP). Contudo, diferentemente da
quadrilha, a associação para o tráfico exige apenas
duas pessoas (e não quatro), agrupados de forma
estável e permanente, para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
previstos nos artigos 33, caput (tráfico de drogas), e
34 (tráfico de maquinário) desta Lei. (...) Tipo
Subjetivo – É o dolo (animus associativo), aliado ao
fim específico de traficar drogas ou maquinário. (...)
‘Para o reconhecimento do crime previsto no art. 14
da Lei 6.368/76 (atual 35), não basta a convergência
de vontades para a prática das infrações constantes
dos arts. 12 e 13 (atuais arts. 33 e 34). Necessário,
também, a intenção associativa com a finalidade de
cometê-las, o dolo específico’ (...) (Lei de Drogas
Comentada. 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais,
2007, p. 204/205)”
Com a mesma sorte de entendimento leciona Guilherme de Soua
Nucci que:
“Exige-se elemento subjetivo do tipo específico,
consistente no ânimo de associação, de caráter
duradouro e estável. Do contrário, seria um mero
concurso de agentes para a prática do crime de
tráfico. Para a configuração do delito do art. 35
(antigo art. 14 da Lei 6.368/75) é fundamental que os
ajustes se reúnam com o propósito de manter uma
meta comum.” (Leis Penais e Processuais Penais
Comentadas. 6°. ed. São Paulo: RT, 2012, vol. I, p.
273)”
Para que se legitima a imposição da sanção correspondente pelo
cometimento do delito em questão (art. 35), a lei exige mais do que o
exercício do tráfico em integração pelos criminosos, porquanto em tal
situação, a conduta de cada qual, sem um animus específico e duradouro de
violar os artigos 33 e 34 da Lei de Tóxicos, evidencia, em tese, unicamente a
co-autoria.

DA ILEGALIDADE DO INFEDERIMENTO DO PEDIDO DE


REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA
Via de regra, tem entendido alguns Tribunais que, quando tratar-se
da hipótese de crime de tráfico de drogas, como é a hipóteses ora imputada
ao Paciente, a liberdade provisória há de ser negada, sob o ângulo do art. 44,
caput, da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) e, mais, para alguns, sob o manto do
art. 5°, inciso XLIII, da Carta Magna.
Um grande equívoco que, ademais, vem sendo reiteradamente
alterado este raciocínio. Vejamos, a propósito, considerações acerca da
impertinência daquelas decisões denegatórias da Liberdade Provisória, aos
crimes ora em debate.
Saliente-se, primeiramente, que o Paciente demonstrara, nos autos
do processo criminal em relevo, que é primário (apesar de possuir um
processo em trâmite na Comarca de Valença – RJ por posse e uso de drogas),
de bons antecedentes, com ocupação lícita e residência fixa (apesar de não ser
no distrito da culpa, trata-se de cidade vizinha, a menos de cinquenta
quilômetros de distância), o que, como provas, acostou-se àqueles, ofuscando,
pois, quaisquer dos parâmetros da segregação cautelar prevista no art. 312 da
Legislação Adjetiva Penal. Torna-se, pois, a acostar-se tais documentos.
Segundo as lições consagradas do ilustre renomado jurista italiano
Noberto Bobbio:
“A situação de normas incompatíveis entre si é uma
dificuldade tradicional frente à qual se encontram os
juristas de todos os tempos, e teve uma denominação
própria: antinomia.
(...)
Definimos antinomia como aquela situação na qual
são colocados em existência duas normas, das quais
uma obriga e a outra permite, ou uma proíbe e a
outra permite o mesmo comportamento.” (Bobbio,
Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. 4° Ed.
Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1994, Pág.
81-86)”
Dentro do tema de antinomia de regras, com mais precisão sob o
ensejo do critério da cronologia de regras, no tocante ao crime de tráfico de
entorpecentes, já sob a vigência da Lei n° 8.072/90 (Lei de Crimes
Hediondos), exista comando legal de sorte a não permitir a concessão de
liberdade provisória (art. 2°, inciso II), a qual foi reiterada pela Lei n°
11.343/06 (Lei de Drogas), em seu art. 44. Tal vedação fora suprimida,
entrementes, pela Lei n° 11.464, de 29 de março de 2007, que alterou o citado
dispositivo da Lei n°. 8.072/90, deixando de existir a proibição da liberdade
provisória nos crimes hediondos e equiparados, mas tão somente tratando da
fiança.
É consabido que uma lei posterior, de mesma hierarquia, revoga
(expressa ou tacitamente) a lei anterior, naquilo que for colidente.
Novamente colhemos as lições de Norberto Bobbio, quando, sob
trato de colisão de leis no tempo, professa que:
“As regras fundamentais para a solução de
antinomias são três: a) o critério cronológico; b) o
critério hierárquico; c) o critério da especialidade;
O critério cronológico, chamado também de Lex
posterior, é aquela com base no qual, entre duas
normas incompatíveis, prevalece a norma posterior:
Lex posterior derogat priori. Esse critério não
necessita de comentário particular. Existe uma regra
geral do Direito que a vontade posterior revoga a
precedentes, e que de dois atos de vontade da mesma
pessoa vale o último no tempo. Imagine-se a Lei como
a expressão da vontade do legislador e não haverá
dificuldade em justificar a regra. A regra contrária
obstaria o progresso jurídico, a adaptação gradual
do Direito às exigências sociais. Pensemos, por
absurdo, nas consequências que derivariam de regra
que prescrevesse ater-se à norma precedente. Além
disso, presume-se que o legislador não queria fazer
coisa inútil e sem finalidade: se devesse prevalecer a
norma precedente, a lei sucessiva seria um ato inútil
e sem finalidade.” (ob. e aut., cits., pag 92-93).”
Na hipótese em estudo, como se percebe, uma lei geral posterior, in
casu a Lei n° 11.464/2007, que trata dos crimes hediondos e equiparados,
revogou uma lei anterior especial que trata do crime hediondo de tráfico de
drogas (art. 44, da Lei 11.343/2006).
Vejamos, mais, as colocações de Norberto Avena, quando, citando
o pensamento do Professor Luis Flávio Gomes, destaca que:
“1° Posição: A Lei 11.464/2007, ao excluir dos
crimes hediondos e equiparados a vedação à
liberdade provisória, sendo posterior à nova Lei de
Drogas, revogou, tacitamente, o art. 44 desta lei que
proibia o benefício aos crimes lá relacionados.
Adepto deste entendimento, Luis Flávio Gomes
utiliza o critério da cronologia das leis no tempo para
concluir no sentido da previdência da normatização
inserta à Lei dos Crimes Hediondos. Refere, pois:
‘A Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8.072/1990), em
sua redação original, proibia, nesses crimes e nos
equiparados, a concessão de liberdade provisória
(essa é a liberdade que acontece logo após a prisão
em flagrante, quando injustificada, a prisão cautelar
do sujeito). Tráfico de drogas sempre foi considerado
crime equiparado (desde 1990). A mesma proibição
foi reiterada na nova Lei de Drogas (Lei
11.343/2006), em seu art. 44. A partir de 08.10.2006
(data em que entrou em vigor esta última lei), a
proibição achava-se presente tanto na lei geral (Lei
de Crimes Hediondos) como na lei especial (Lei de
Drogas). Esse cenário foi completamente alterado
com o advento da Lei 11.464/2007 (vigente desde
29.03.07), que suprimiu a proibição da liberdade
provisória nos crimes hediondos e equiparados
(previa então no art. 2°, inciso II, da Lei
8..072/1990). Como se vê, houve uma sucessão de leis
processuais materiais. O princípio regente (da
posterioridade), destarte, é o seguinte: a lei posterior
revoga a lei anterior (essa revogação, como sabemos,
pode ser expressa ou tácita; no caso, a Lei
11.464/2007, que é geral, derrogou em parte o art. 44
da Lei 11.343/2006, que é especial). Em outras
palavras, despareceu o citado art. 44 a proibição da
liberdade provisória, porque a lei nova revogou
(derrogou) a antiga, seja porque com ela é
incompatível, seja porque cuidou inteiramente da
matéria.” (Avena, Norberto Cláudio Pâncaro.
Processo Penal: Esquematizado. 4° Ed. São Paulo:
Método, 2012. Pág. 975)”
Na mesma sorte de entendimento, vejamos o que leciona Nestor
Távora e Rosmar Rodrigues Alencar:
“a) Crimes hediondos e assemelhados (tráfico,
tortura e terrorismo): estas infrações, como já
relatado, não admitem a prestação de fiança (art. 5°,
inc. XLIII, CF). Contudo, por força da Lei n°
11.464/2007, alterando o art. 2°, inc. II, da Lei n°.
8.072/1990, passaram a admitir a liberdade
provisória sem fiança.
O interessante é que o crime de tortura, que é
assemelhado a hediondo, já comportava liberdade
provisória sem fiança, em razão do art. 1°, § 6° da
Lei n° 9.455/1997.
Já quanto ao tráfico de drogas, a questão exige bom
senso. É que a Lei n° 11.343/2006, lei especial que
disciplina o tráfico e condutas assemelhadas, no
caput do art. 44 veda a fiança e a liberdade
provisória sem fiança a tais infrações. Ora, mesmo
sendo lei especial, acreditamos que houve revogação
tácita com o advento da Lei n° 11.464/2007 alterando
a lei de crimes hediondos. Se todos os hediondos e
assemelhados comportam liberdade provisória sem
fiança, o tráfico não foge à regra. A razoabilidade
justifica a medida. Afinal, onde há a mesma razão,
deve haver o mesmo direito.” (Távora, Nestor;
Alencar, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito
Processual Penal. 7° Ed. Bahia: JusPodvm, 2012,
Pág. 652)
Seguindo todas as óticas supra evidenciadas, vejamos os seguintes
julgados:
“PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.
TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33, CAPUT, DA LEI
N° 11.343/2006) UTILIAÇÃO DO REMÉDIO
CONSTITUCIONAL COMO SUCEDÂNEO DE
RECURO. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT.
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL E DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. PRISÃO EM FLAGRANTE,
CONVERTIDA EM PREVENTIVA. PEDIDO DE
REVOGAÇÃO DA CUSTÓDIA OU DE LIBERDADE
PROVISÓRIA. INDEFERIMENTO, COM BASE NA
VEDAÇÃO LEGAL (ART. 44 DA LEI N°
11.343/2006) E NA GRAVIDADE ABSTRATA DO
DELITO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. MANNIFESTA IEGALIDADE.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. 1. Dispõe o
art. 5°, LXVII, da Constituição Federal que será
concedido habeas corpus “sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder”, não cabendo a sua utilização como
substituto de recurso ordinário, tampouco de
Recurso Especial, nem como sucedâneo da revisão
criminal. II. A Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal, ao julgar, recentemente, os HCs 109.956/PR
(DJe de 11/09/2012) e 104.045/RJ (DJe de
06/09/2012), considerou inadequado o writ, para
substituir recurso ordinário constitucional, em
Habeas corpus julgado pelo Superior Tribunal de
Justiça, reafirmando que o remédio constitucional
não pode ser utilizado, indistintamente, sob pena de
banalizar o seu precípuo objetivo e desordenar a
lógica recursal. III. O Superior Tribunal de Justiça
também tem reforçado a necessidade de se cumprir
as regras do sistema recursal vigente, sob pena de
torna-la inócuo desnecessário (art. 105, II, a, e III,
da CF/88), considerando o âmbito restrito do habeas
corpus, previsto constitucionalmente, no que diz
respeito ao STJ, sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder, nas hipóteses do art. 105, I, c, e II, a,
da Carta Magna. IV. Nada impede, contudo, que, na
hipótese de habeas corpus substitutivo de recursos
especial e ordinário ou de revisão criminal – que não
merece conhecimento -, seja concedido habeas
corpus de ofício, em caso de flagrante ilegalidade,
abuso de poder ou decisão teratológica. V. Na
hipótese, constata-se o constrangimento ilegal, na
medida em que o benefício da liberdade provisória
foi negado, convertida a prisão em flagrante em
preventiva, com base unicamente, na gravidade
abstrata do delito e na vedação do art. 44 da Lei n°
11.343/2006, o que, de acordo com a atual
jurisprudência do STJ, não se admite. Precedentes.
VI. A vedação legal à concessão da liberdade
provisória aos processados pelos delitos de tráfico de
drogas, prevista no art. 44 da Lei n° 11.343/2006, foi,
recentemente, declarada inconstitucional, pelo
Plenário do Supremo Tribunal Federal (HC
104.339/SP), incidentalmente. Informativo 665, do
STF. VII. Habeas corpus não conhecido. VIII.
Concedida a ordem, de ofício, para revogar a prisão
preventiva, deferindo-se, ao paciente o benefício da
liberdade provisória, sem prejuízo da imposição,
pelo Juízo de 1° Grau, de medidas cautelares
alternativas, nos termos do art. 319 do Código de
Processo Penal. (STJ – HC 251.502; Proc.
2012/0169966-1; SP; Sexta Turma; Rel° Min°
Assusete Magalhães; Julg. 04/12/2012; DJE
18/12/2012)
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. ART. 44 DA LEI
N. 11.343/2006, INCONSTITUCIONALIDADE
DECLARADA PELO STF. IMPOSSIBILIDADE DE
O TRIBUNAL A QUO COMPLEMENTAR OS
ARGUMENTOS DO DECRETO DE PRISÃO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
POUCA QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA
(2.71G DE CRAC E 6.97G DE MACONHA). 1. A
prisão preventiva constitui medida excepcional ao
princípio da não culpabilidade, cabível, mediante
decisão devidamente fundamentada e com base em
dados concretos, quando evidenciada a existência de
circunstâncias que demonstrem a necessidade da
medida extrema, nos termos do art.312 e seguintes do
Código de Processo Penal. 2. Na espécie, o Juízo a
quo não trouxe nenhum elemento concreto que
demonstrasse o preenchimento dos requisitos
autorizadores da prisão cautelar, mas fez uso de
ilações abstratas acerca da gravidade do delito, além
de fundamentar a decisão na vedação legal à
liberdade provisória prevista na Lei n. 11.343/2006.
3. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no
julgamento do HC n. 104.339/SP, declarou a
inconstitucionalidade da expressão “e liberdade
provisória”, constante do art. 44 da Lei n.
11.343/2006, conforme noticiado no Informativo de
Jurisprudência, n. 665, de 7 a 11/5/2012, daquela
Corte. 4. Novas razões aduzidas pelo Tribunal de
origem para justificar a custódia cautelar, por
ocasião do julgamento do writ originário, não
suprem a falta de fundamentação observada no
Decreto prisional. 5. Ordem concedida para deferir
ao paciente a liberdade provisória, salvo prisão por
outro motivo ou superveniência de fatos novos e
concretos que autorizem a sua decretação. (STJ – HC
248776; Proc. 2012/0148049-1; DF; Sexta Turma;
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; Julg. 09/10/2012;
DJE 30/11/2012)
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.
QUANTIDADE. 1,92 G DE MASSA LÍQUIDA DE
COCAÍNA E 0,62G DE MASSA ÍQUIDA DE
MACONHA. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. ART. 44 DA
LEI N. 11.343/2006. INCONSTITUCIONALIDADE
DECLARADA PELO STF. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA
DE OFÍCIO. 1. O habeas corpus não pode ser
utilizado como substitutivo do recurso ordinário
previsto nos arts. 105, II, a da Constituição Federal
e 30 da Lei n. 8.038/1990, consoante atual
entendimento adotado no Supremo Tribunal Federal
e no Superior Tribunal de Justiça, que não tem mais
admitido o habeas corpus como sucedâneo do meio
processual adequado, seja o recurso ou a revisão
criminal, salvo em situações excepcionais. 2. No
julgamento do HC n. 104.339/SP, em 10/5/2012,
conforme noticiado no Informativo de Jurisprudência
n. 665/STF, de 7 a 11/5/2012, o Supremo Tribunal
Federal declarou, incidentalmente, a
inconstitucionalidade de parte do art. 44 da Lei n.
11.343/2006, que proibia a concessão de liberdade
provisória nos crimes de tráfico de entorpecentes. 3.
As instâncias ordinária não indicaram fatos
concretos aptos a justificar a segregação cautelar da
paciente, estando as decisões fundamentadas
simplesmente na gravidade abstrata do crime, o que
configura nítido constrangimento ilegal. 4. Habeas
corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício,
para deferir a liberdade provisória à paciente (STJ –
HC 252.435; Proc. 2021/0178212-1 DF; Sexta
Turma; Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; Julg.
07/11/2012; DJE 26/11/2012).

Como nas linhas inaugurais desta peça, foi demonstrado que o


Paciente não ostenta quaisquer uma das hipóteses contidas no artigo 312 da
Legislação Adjetiva Penal, as quais, neste ponto, poderiam inviabilizar o
pleito de liberdade provisória.
Como se vê, o Paciente, antes negando a prática dos delitos que lhes
restaram imputados pelo parquet, demonstrou em sua defesa preliminar que
é réu primário e de bons antecedentes, comprovando, mais, possuir residência
fixa e ocupação lícita.
Neste diapasão, mesmo em se tratando de crime de tráfico de drogas,
à luz dos ditames contrários previstos no art. 44 da Lei de Drogas, o Paciente
faz jus à liberdade provisória, sem a implicação de pagamento de fiança.
Não há nos autos do processo criminal em comento – nem assim
ficou demonstrado no decisum prolatado pela Autoridade Coatora -, por outro
ângulo, quaisquer motivos que implicassem na decretação da prisão
preventiva o Paciente.

DO INDEFERIMENTO DO PLEITO SEM A NECESSÁRIA


FUNDAMENTAÇÃO
O decisório limitou-se a apreciar a gravidade abstrata do delito.
Extrai-se, mais, da decisão combatida que a mesma fundamentou-se
unicamente em uma gravidade abstrata do delito de tráfico de entorpecentes
e, mais, sob o enfoque da pretensa inviabilidade do pleito, a luz do que contém
na Lei de Drogas. Nada ostentou, portanto, quanto ao enquadramento em uma
das hipóteses que fundamenta a prisão cautelar, nos moldes do artigo 312 do
Código de Processo Penal.
Neste ínterim, a Autoridade Coatora, nobre Juiz(a) de Direito Titular
da Vara Única da Comarca de Piraí-RJ, não cuidou de estabelecer qualquer
liame entra a realidade dos fatos colhida dos autos e alguma das hipóteses
previstas no artigo 312 da Legislação Adjetiva Penal.
Não é preciso muitas delongas para saber-se que é regra
fundamental, extraída da Carta Magna, que é dever de todo e qualquer
magistrado motivas suas decisões judiciais, à luz do que reza o art. 93, inciso
IX da Constituição Federal. Urge asseverar que é direito de todo e qualquer
cidadão, atrelando-se aos princípios da inocência e da não-culpabilidade, o
que reclama, por mais estes motivos, uma decisão devidamente fundamentada
acerca dos motivos da permanência do Paciente no cárcere, sob a forma de
segregação cautelar.
Neste azo, o Julgador, ao indeferir o pleito de liberdade provisória,
mesmo que se trate de crime hediondo ou equiparado, deverá motivar sua
decisão, de sorte a verificar se a rejeição do pleito conforta-se com as
hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo Penal, ou seja: a
garantia da ordem pública ou da ordem econômica, a conveniência da
instrução criminal e a aplicação da Lei Penal, quando houver prova da
existência do crime e indício suficiente da autoria.
Outrossim, inexiste qualquer registro de que o Paciente cause algum
óbice à conveniência da instrução criminal, nem muito menos fundamentou
sobre a necessidade a aplicação da lei penal, não decotando também,
quaisquer dados concretos de que o Paciente, solto, poderá evadir-se do
distrito da culpa.
Destarte, o fato tratar-se de imputação de crime grave, equiparado a
hediondo, não possibilita, por si só, o indeferimento da liberdade provisória.
Desta feita, a decisão em comento, a qual indeferiu o pleito de
liberdade provisória é ilegal, também por mais este motivo, sobretudo quando
vulnera a concepção trazida no bojo do artigo 93, inciso IX, da Carta Magna.
Vejamos, a propósito, os seguintes julgados, próprios a viabilizar a
concessão da ordem, mais especificamente pela ausência de fundamentação
idônea:
“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE
RECURSO ORDINÁRIO. DESCABIMENTO.
RECENTE ORIENTAÇÃO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. CRIME CONTRA O
PATRIMÔNIO. ROUBO. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. PLEITO DE
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
DECRETO PRISIONAL COM FUNDAMENTAÇÃO
INIDÔNEA. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO FÁTICA
CONCRETA. PRECEDENTES. 1. Buscando dar
efetividade às normas previstas no artigo 102, inciso
II, alínea “a”, da Constituição Federal, e os artigos
30 a 32, ambos da Lei n° 8.038/90, a mais recente
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a não
mais admitir o manejo do habeas corpus em
substituição a recursos ordinários (apelação, agravo
em execução, Recurso Especial), tampouco como
sucedâneo, de revisão criminal. 2. O Superior
Tribunal de Justiça, alinhando-se à nova
jurisprudência da Colenda Corte, passou também a
restringir as hipóteses de cabimento do habeas
corpus, não admitindo que o remédio constitucional
seja utilizado em substituição do recurso cabível. 3.
A prisão preventiva só deverá ser decretada quando
devidamente atendidos os requisitos legais da
garantia da ordem pública e econômica, por
conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da Lei Penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria. 4. A gravidade do crime, seja ele hediondo
ou não, com supedâneo em circunstâncias que
integram o próprio tipo penal, não constitui, de per
si, fundamentação idônea a autorizar a prisão
cautelar. 5. Habeas corpus não conhecido, por ser
substitutivo do recurso cabível. De ofício revogo a
prisão preventiva, determinando a expedição de
alvará de soltura, se por outro motivo não estiver
preso o paciente, sem embargo de novo Decreto
prisional ou de imposição das medidas cautelares
previstas no art. 319 do CPP, se aferida sua
necessidade, desde que acompanhado dos
fundamentos necessários. (STJ – HC 255.433; Proc.
2012/020411-3; MG; Quinta Turma; Rel. Min.
Campos Marques; Julg. 13/11/2012; DJE
20/11/2012)
HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA O
PATRIMÔNIO. ROUBO. ALEGAÇÃO DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PLEITO PELA
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
DECRETO PRISIONAL COM FUNDAMENTAÇÃO
INIDÔNEA. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO FÁTICA
CONCRETA. PRECEDENTES. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. A prisão preventiva só
deverá ser decretada quando devidamente atendidos
os requisitos legais das garantias das ordens pública
e econômica, por conveniência da instrução criminal
ou para assegurar a aplicação da Lei Penal, quando
houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria. 2. A gravidade do crime
cometido, seja ele hediondo ou não, com supedâneo
em circunstâncias que integram o próprio tipo penal
não constitui, de per si, fundamentação idônea a
autorizar a prisão cautelar. 3. Habeas corpus não
conhecido, por ser substitutivo do recurso cabível.
Ordem concedida, de ofício, para revogar a prisão
preventiva, determinando a expedição de alvará de
soltura, se por outro motivo não estiver preso, sem
embargo de novo Decreto prisional, com observância
dos requisitos legais, ou da aplicação, pelo Juízo de
primeiro grau, das medidas alternativas diversas da
prisão, nos termos da Lei n° 12.403/11. (STJ – HC
233.241; Proc. 2012/0027886-0; MG, Quinta Turma;
Rel. Min. Campos Marques; Julg. 06/11/2012; DJE
09/11/2012)
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO
ORDINARIO. DESCABIMENTO. MODIFICAÇÃO
DE ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO STJ.
ROUBO SIMPLES. PRISÃO EM FLAGRANTE
CONVERTIDA EM PREVENTIVA. AUSÊNCIA DOS
REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP.
FUNDAMENATAÇÃO GENÉRICA. GRAVIDADE
EM ABSTRATO DO DELITO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO. O Supremo Tribunal
Federal, pela sua Primeira Turma, passou a adotar
orientação no sentido de não mais admitir habeas
corpus substitutivo de recurso ordinário.
Precedentes. HC 109.956/PR, Ministro Marco
Aurélio, DJe de 11.9.2012 e HC 104.045/RJ, Ministra
Rosa Weber, DJe de 6.9.2012, dentre outros. – Este
Superior Tribunal de Justiça, na esteira de tal
entendimento, tem amoldado o cabimento do remédio
heroico, sem perder de vista, contudo, princípios
constitucionais, sobretudo o do devido processo legal
e da ampla defesa. Nessa toada, tem-se analisado as
questões suscitadas na exordial a fim de se verificar
a existência de constrangimento ilegal parra se for o
caso, deferir-se a ordem de ofício. A propósito: HC
221.200/DF, Ministra Laurita Vaz, DJe de 19.9.2012
– Demonstrada a existência de indícios de autoria e
materialidade delitiva, a prisão preventiva somente
deve ser decretada de forma excepcional quando
evidenciada, no caso concreto, que a soltura do réu
possa ser prejudicial à garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da Lei
Penal, nos termos do art. 312 do Código de Processo
Penal, e em observância ao princípio constitucional
de presunção de inocência – Na hipótese dos autos, a
prisão preventiva encontra-se deficientemente
fundamentada, tendo sido decretada com base em
fundamentos genéricos tais como gravidade abstrata
do crime, aumento da criminalidade na cidade,
acautelamento do meio social, credibilidade da
justiça e possibilidade abstrata de constrangimento
às testemunhas e vítima. Tais considerações, na linha
de precedentes desta Corte, são inaptas a ensejar a
decretação da segregação cautelar. Precedente.
Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de
ofício para revogar a prisão preventiva sem prejuízo
de ser novamente decretada com fundamentação
concreta. (STJ – HC 248.673; Proc. 2012/0146921-
5; MG; Quinta Turma; Rel° Min. Mariz Maynard;
Julg. 18/10/2012; DJE 23/10/2012).

DO PEDIDO DE “MEDIDA LIMINAR”


A leitura por si só da decisão que negou o pedido de revogação da
prisão preventiva, demonstra na singeleza de sua redação a sua fragilidade
legal e factual.
A ilegalidade da prisão se patenteia pela ausência de algum dos
requisitos da prisão preventiva e, mais, porquanto não há óbice à concessão
da liberdade provisória, além da ausência de fundamentação na decisão que
negou o intento formulado nos autos em favor do ora Paciente.
O endereço do Paciente é certo e conhecido, mencionado no caput,
desta impetração, não havendo nada a indicar que este se furtaria à eventual
aplicação da lei penal.
A liminar pretendida tem apoio no texto de inúmeras regras,
inclusive do texto constitucional, quanto revela, sobretudo, a ausência
completa de fundamentação na decisão em enfoque.
Por tais fundamentos, requer-se a Vossa Excelência, em razão do
alegado no corpo deste petitório, presentes a fumaça do bom direito e o perigo
na demora, seja LIMINARMENTE garantido ao Paciente a sua liberdade de
locomoção, maiormente porque tamanha e patente, como ainda clara, a
inexistência de elementos a justificar a manutenção do encarceramento.
A fumaça do bom direito encontra-se consubstanciada, nos
elementos suscitados em defesa do Paciente, na doutrina, na jurisprudência,
na argumentação e no reflexo de tudo nos dogmas da Carta da República.
O perigo na demora é irretorquível e estreme de dúvidas, facilmente
perceptível, não só pela ilegalidade da prisão em flagrante. Assim, dentro dos
requisitos da liminar, sem dúvida, o perigo na demora e a fumaça do bom
direito estão amplamente justificados, verificando-se o alicerce para a
concessão da medida liminar, com expedição incontinenti de alvará de
soltura.

CONCLUSÃO
O Paciente, sereno quanto à aplicação do decisum, ao que expressa
pela habitual pertinência dos julgados desta Casa, espera deste respeitável
Tribunal a concessão da ordem de soltura ao Paciente, ratificando-se a liminar
almejada.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Valença – RJ, 21 de junho de 2023.

Carlos Alberto Sampaio Brites Pinheiro


OAB/RJ 204.942

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