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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ESTÁGIO III

ALUNAS: Letícia Brito e Vaneyska MATRICULA: 20190202418 e 201701322188

TRILHA DE APRENDIZAGEM SEMANA 02

EXCELNTISSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL,


ESTADO SÃO PAULO

Processo nº...

Pedro Paulo, nacionalidade..., estado civil..., endereço..., RG nº..., CPF nº..., vem
respeitosamente a presença de vossa Exa., requerer o RELAXAMENTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE, com fundamento no artigo 5º da CRFB/88, inciso LXV, e sua combinação com o
artigo 302, CPP.

DOS FATOS

Consta dos autos que o requerente e Marconi, estavam sendo investigados pela autoridade
policial da comarca de São Paulo, em razão da pratica do delito de tentativa de furto
qualificado pelo concurso de pessoas, ocorrido em 9/10/2009, por volta das 22h.

Ao Registrar a ocorrência policial, a vítima Maria Helena, narrou ter visto, dois indivíduos de
estatura mediana, com os cabelos escuros e utilizando boné, no estacionamento do shopping
IGUATEMI, tentando subtrair o veículo CORSA/GM, de cor verde, placa FU6643/SP, que lhe
pertencia.

Disse ainda que eles só não alcançaram êxito na empreitada criminosa por motivos alheios a
sua vontade, visto que foram impedidos de conclui-la pelos PM, que estavam em
patrulhamento na região.

No dia 30/10/2010, o requente foi convidado ´para que se fizesse presente naquela delegacia
de polícia e assim o fez, imediata e espontaneamente, afim de se submeter a reconhecimento
formal. Na ocasião negou a autoria do delito, relatando que, no horário do crime, estava em
casa dormindo.

A vítima Maria Helena, e a testemunha Agnes, que no dia do crime, iria pegar uma carona com
a vítima não reconheceram, inicialmente, Pedro Paulo como autor do delito.

Em seguida, o requerente foi posto em uma sala, junto com Marconi, para reconhecimento,
havendo insistência, por parte dos policiais, para que a vítima confirmasse que os indiciados
eram os autores do crime.

Então, a vítima assinou o auto de reconhecimento, declarando que Pedro Paulo, era a pessoa
que, no dia 9/10/2009, havia tentado furtar o seu veículo, conforme os policiais.
Diante Disso, o delegado autuou o requerente em flagrante delito e recolheu-o a prisão. Foi
entregue ao requerente a nota de culpa, e, em seguida, foram feitas as comunicações de
praxe.

DO DIREITO

No tocante ao reconhecimento não podemos chamar de reconhecimento formal, pois o


reconhecimento foi forjado pelos policiais que após a vítima e a testemunha optarem pela
negativa os mesmos insistiram no expediente forçando para que as mesmas assinassem o
reconhecimento formalmente, conforme nos ensina Fernando da Costa Tourinho Filho:

“Havendo necessidade de fazer-se o reconhecimento


de pessoa, proceder-se-á da seguinte maneira: a
pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será
convidada a descrever a que deva ser reconhecida. Em
seguida, a autoridade colocará a pessoa cujo
reconhecimento se pretender ao lado de outras. Se
possível, ao lado de pessoas que com ela tiverem
alguma semelhança, convidando-se quem tiver de
fazer o reconhecimento a apontá-lo.”

(Tourinho Filho, Fernando da Costa, Manual de Process


Penal, 13ª Edição, São Paulo, Saraiva, 2010.)

Entretanto a prisão “em flagrante” efetuada vinte e um dia após os fatos, é ilegal, dispõe o
artigo 5º da Constituição Federal, inciso LXV:

“A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela


autoridade judiciária.”

A respeito dos requisitos para se efetuar legalmente a prisão em flagrante destacamos o


artigo 302 do Código de Processo Penal:

“Art. 302 – Considera-se em flagrante delito quem:

I – está cometendo a infração penal,

II – acaba de cometê-la,

III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo


ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
presumir ser autor da infração.

IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos,


armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração.”

A prisão do requerente é ilegal vez que não preenche os requisitos do artigo acima citado,
ademais o reconhecimento foi obtido de forma ilegal, com abuso de autoridade, não obstante
o requerente se apresentou como o próprio inquérito relata “imediata e espontaneamente”, o
que via de consequência impede a prisão em flagrante, podendo se fosse o caso dar origem à
prisão preventiva a qual não encontra para a suposta conduta qualquer respaldo legal.

Seguindo este entendimento temos:

"Prisão em flagrante - Inocorrência - Inteligência dos


arts. 302 e 317 do CPP - O caráter de flagrante não se
coaduna com a apresentação espontânea do acusado à
autoridade policial. Inexiste prisão em tais
circunstâncias." (TJSP _ Câm. Crim. h.c. nº 126351, em
22.7.75, Rel. Des. Márcio Bonilha - RT 82/296)

Fica então evidente que o Requerente merece ser posto em liberdade, pois não há motivo
para manter sua prisão, devido à todos os motivos já expostos anteriormente e ressaltando
que o mesmo possui residência fixa.

Outro detalhe muito importante é o fato de o Requerente estar trabalhando na firma, e sendo
assim a empresa precisa do mesmo com urgência, pois está com falta de funcionários e o
mesmo está deixando de prover sua família, vez que, o mesmo ajuda na manutenção de sua
casa, sem levar em consideração que poderá perder o emprego se ficar mais tempo preso.

REQUERIMENTO

Diante do exposto, o suplicante requer a Vossa Excelência:

- o benefício de se defender solto da acusação que lhe é imputada, relaxar o flagrante,

- proceda a expedição de ALVARÁ DE SOLTURA, encaminhando imediatamente para a


autoridade policial coatora.

Termos em que

Com os documentos inclusos

Pede Deferimento,

São Paulo, _____de __________ de __


___________________________________

Advogado

OAB/SP nº

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