Processo: 5085950-24.2023.8.21.0001 Representado: ANDRIEL DE FREITAS DE ABREU
PARECER PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
Meritíssimo Juiz de Direito:
Trata-se de representação da autoridade policial de
Encruzilhada do Sul, postulando a decretação da prisão preventiva de ANDRIEL DE FREITAS DE ABREU, além da expedição de mandado de busca em apreensão para o endereço residencial do investigado.
É o relato.
Deve ser decretada a prisão preventiva do
investigado.
Segundo as investigações, ANDRIEL DE FREITAS DE
ABREU, maior de 18 (dezoito) anos, formou um grupo no aplicativo de mensagens Whatzapp. Além de ANDRIEL, faziam parte do grupo os menores JEAN VITOR FONSECA DA SILVA, PÉRIKLES CORRÊA DA LUZ e MATEUS DE VARGAS RODRIGUES.
O grupo composto por 4 (quatro) pessoas tinha por
objetivo adquirir uma arma de fogo que, futuramente, seria utilizada para atentar contra a vida de alguns professores e de uma aluna da Escola Municipal Anjo da Guarda, na cidade de Encruzilhada do Sul/RS. Para
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viabilizar a compra da arma, os jovens combinaram de cometer furtos de
pequenos objetos no comércio local e revendê-los.
De acordo com os depoimentos prestados, o investigado
ANDRIEL planejava as reuniões com os menores e o cometimento dos furtos, além de indicar os estabelecimentos alvos e determinar a execução dos delitos. Os menores, em sede policial, afirmaram que participavam intencionalmente dos furtos. Porém, quando perceberam que ANDRIEL queria realmente cometer homicídios contra alguns professores, por quem tinha implicância, os menores aventaram sair do grupo.
Todavia, ao exporem essa vontade a ANDRIEL, eles
eram ameaçados. Inclusive, os menores recebiam ameaças no caso de contarem sobre o plano homicida para alguém.
Nesse contexto, os elementos que aportaram ao presente
expediente policial fornecem embasamento a um decreto de prisão preventiva em face do investigado, com base nos artigos 312, caput, e 313, inciso I, ambos do Código de Processo Penal.
Como se sabe, a prisão preventiva, nos termos do artigo
312 do Código de Processo Penal, poderá ser decretada sempre que houver prova da existência do crime e indício suficiente da sua autoria, para fins de garantir a ordem pública, a ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal.
No presente caso, sinala-se que se encontram satisfeitos
tais requisitos, uma vez que a segregação cautelar do agente faz-se
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imprescindível para a garantia da ordem pública, pela conveniência da
instrução criminal e para aplicação da lei penal.
O investigado ordenou que os menores, integrantes do
grupo, furtassem pequenos objetos para vendê-los e, com o dinheiro recebido, pretendiam adquirir uma arma de fogo que seria utilizada, pelo grupo, para atentar contra a vida de alguns professores da escola e uma aluna.
Em vista disso, para garantir a ordem pública imperativo o
deferimento da segregação cautelar, sendo única maneira eficaz de proteger o meio social em face da extrema gravidade do delito em apreço e de impedir a continuidade das atividades ilícitas por ele desenvolvidas.
Outrossim, também faz-se imprescindível o decreto
prisional para assegurar a aplicação da lei penal, evitando-se eventual fuga do investigado e a contumácia em suas atividades.
Dentro deste contexto, salienta-se que o art. 313, inciso I,
do Código de Processo Penal, expressamente autoriza a decretação da medida segregatória ora postulada, já que os crimes em apreço são punido com pena privativa de liberdade máxima superior a 04 anos (organização criminosa majorada, art. 2º, §4º, I, da Lei 12.850/2013; corrupção de menores, art. 244-B, caput, do ECA – Lei 8.069/90; e furto qualificado, art. 155, §4º, IV, do CP)
No que concerne à expedição de mandado de busca e
apreensão domiciliar para o endereço do investigado, o deferimento faz- se necessário, com o fito de tentar localizar objetos de origem ilícita, instrumentos empregados na prática de crimes, como arma de fogo, munição, drogas, roupas usadas no dia do crime, aparelhos celulares, e
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demais objetos usados pelo representado nos crime e possivelmente em
outros delitos.
Assim, conforme previsto nas alíneas “d” e “e” do art. 240
do Código de Processo Penal, será possível à realização de busca domiciliar quando fundadas razões a autorizarem, desde que destinada à apreensão de instrumentos utilizados na prática de crime ou à descoberta de objetos necessários à prova de infração.
Importa referir que a busca a ser realizada no local
informado pela autoridade policial é imprescindível para coibir a prática de crimes. Portanto, para a correta formação da opinio delicti, faz-se necessário proceder à busca e apreensão no endereço indicado pela autoridade policial, a fim de colher elementos de prova, conforme possibilita o art. 240, § 1º, do Código de Processo Penal.
Diante do exposto, o Ministério Público requer seja
decretada a prisão preventiva de ANDRIEL DE FREITAS DE ABREU, com base nos artigos 312 e 313, inciso I, do Código de Processo penal, para a garantia da ordem pública e para aplicação da lei penal.
Opina também pela expedição do mandado de busca e
apreensão domiciliar para o endereço informado pela autoridade policial, consoante autorização do art. 5º, inciso XII, da Constituição Federal, e art. 240, § 1º, alíneas “b” e “c”, do Código de Processo Penal.
Encruzilhada do Sul, 13 de maio de 2023.
RUI PREDIGER Promotor de Justiça, em substituição.
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