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denunciado por ter, em tese, infringido o disposto no artigo 303, parágrafo 1º, c.c. art.
302, parágrafo 1º, incisos I e III, em concurso material com o artigo 305 do Código de
Trânsito Brasileiro. Consta da denúncia que, no dia 06 de outubro de 2021, por volta de
00h44min, na Avenida Jacú Pêssego, na altura do imóvel de n. 3.555, no bairro José
Bonifácio, nesta cidade e comarca, o réu, sem possuir permissão para dirigir ou carteira
de habilitação, conduzindo o veículo automotor Ford Ka, placas EYW7D76, São Paulo
– SP, de cor preta, anos 2011 e 2012, agindo com imprudência, praticado lesão corporal
culposa em Jair André Alves Vicente, provocando-lhe ferimentos e deixando de prestar
socorro ao ofendido quando era possível fazê-lo sem risco pessoal.
É o relatório.
Fundamento e decido.
Jair André Alves, vítima, narrou que estava trafegando pela Jacu Pêssego,
estava parado no farol vermelho em sua motocicleta. Estava sozinho. Tinha carros já no
cruzamento para cruzar, assim que parou no farol vermelho escutou o carro, que bateu
nele. Quem o socorreu foram as pessoas que estavam para cruzar a rua. Passou um outro
motoqueiro e pegou a placa do carro do acusado. Um tempo depois, ele voltou e disse
que freou e desviou, e que não teria sido culpa dele. Quando ele falou essas coisas para
a vítima, Jair estava no chão, caído. Teve uma luxação no ombro direito, que precisou
de cirurgia, fratura do 5º dedo do pé, lesão parcial do nervo fibular, perdeu a
estabilidade do pé (teve outro que não consegui ouvir). Precisou de sua esposa e seu
filho para tomar banho, afastado da empresa etc. ficou mais de trinta dias sem realizar
atividades habituais. Perguntado pela Defesa, esclareceu que o acusado voltou ao local.
Milton Siqueira, cunhado da vítima, afirmou que foi até o local do acidente,
narrou que foi com sua irmã até o local, Jair estava no chão todo machucado. Não
recorda se tinha chegado algum carro de polícia, mas o acusado não estava no local.
Ficou lá com sua irmã aguardando retirarem a motocicleta. Ele foi para o hospital e,
quando colocaram a motocicleta no caminhão para irem embora, encontraram o Ford
Ka preto na avenida, perto do atacadão. Ao conversar com o acusado, ele afirmou que
não tinha sido ele o causador do acidente. Tinha uma mulher e uma criança no carro
também. Perguntado pela Defesa, disse que o Ford Ka não estava parado no local do
acidente, encontraram-no quando estavam transitando pela avenida. Acredita que a
distância em que o Ford Ka estava do acidente era uns 200 metros.
Isa de Jesus, esposa do acusado, narrou que não estava se sentindo bem no
momento dos fatos, estava com falta de ar, por isso seu marido pegou o carro sem
habilitação. Sobre o abalroamento: parou o carro na lateral e voltaram lá e pegou na
mão do rapaz e perguntou se ele estava bem. Disse que tentaram procurar ajuda para a
vítima, alguns vizinhos, mas não conseguiram. Disse que o motoqueiro estava indo e
que o sinal ficou amarelo e achou que não fosse parar. Aí não conseguiram frear a
tempo.
Interrogado, o acusado disse que tentou frear e não deu. Disse que parou na
frente e não deu. Começou a chegar muita gente e por isso saiu. Perguntado pela defesa,
sobre a distância entre o acidente e a parada do veículo, afirmou que não era muito
longe, o carro não tinha como parar, mas não tem ideia de distância. Disse que o pneu
estava furado e amassado do lado, por isso o carro tinha dificuldade de andar.
A autoria do delito também é certa. Pelas provas orais, colheu-se que a vítima
estava parada no semáforo, e o réu a atingiu, causando graves ferimentos, e então se
ausentou do local. O depoimento da vítima foi corroborado pelas próprias testemunhas,
mesmo pela testemunha de defesa, e até mesmo pelo acusado, que não negou ter
atingido a vítima. No entanto, o acusado nem sua defesa souberam justificar suas ações
sendo certo que, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 192,
constitui infração grave de trânsito deixar de guardar a segurança segura, latera ou
frontal, entre o veículo dirigido e os demais veículos. É certo que, ao atingir a vítima,
que diminuía sua velocidade conforme se aproximava do semáforo, o réu agia de modo
imprudente, com excesso de agir, sem guardar a devida distância, fato que certamente se
agrava pelo fato de o réu não ter a devida habilitação ou permissão para condução de
veículo automotor.
Observo ser cabível que o réu cumpra a pena restritiva de direitos, de modo a
operar a SUBSTITUIÇÃO da pena privativa de liberdade nos termos do artigo 44, §2º,
do Código Penal Brasileiro; substituo a pena de detenção, portanto, pelo pagamento de
prestação pecuniária à vítima, no valor de 08 (oito) salários-mínimos.
Ante o exposto e tudo o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a
pretensão punitiva deduzida na presente ação penal movida pelo Ministério Público do
Estado de São Paulo, e, por via de consequência, CONDENO o acusado DEIVISON
SANTANA DA SILVA, qualificado nos autos, pelas condutas previstas no no artigo
303, parágrafo 1º, c.c. art. 302, parágrafo 1º, incisos I e III, em concurso material com o
artigo 305 do Código de Trânsito Brasileiro, a NOVE MESES e VINTE E QUATRO
DIAS de detenção, SUBSTITUÍDOS por pagamento de prestação pecuniária na forma
acima especificada, bem como a TRÊS MESES e OITO DIAS de suspensão de seu
direito de dirigir, fixado o regime ABERTO para o caso de descumprimento da penas
alternativa.
Após o trânsito em julgado, feitas as devidas anotações e comunicações,
expeça-se o necessário ao cumprimento das penas impostas ao acusado, inclusive o
DETRAN, para que se proceda à suspensão do direito de dirigir, VALENDO ESTA
DECISÃO COMO OFÍCIO.
Publique-se. Intime-se. Cumpra-se
Fls. 46: não habilitação.
Não queria fugir: fls. 12. Negou, em solo policial, que tivesse colidido com o
réu.