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APELAÇÃO
No dia 13 de agosto de 2017, Luiza estava retornando para o seu apartamento, ocasião em que,
ao tentar ultrapassar um veículo em local permitido, necessitou desviar o seu automóvel para o
acostamento, vindo a atropelar João, que faleceu 2 (dois) dias depois no Hospital de Urgências de
Goiânia.
Em sede policial, Luiza narrou que conduzia o seu veículo na velocidade da via e, ao tentar
ultrapassar um automóvel preto, que estava ziguezagueando na pista, foi obrigada a invadir o
acostamento, pois o automóvel preto a fechou. Disse, ainda, que permaneceu no local até a
chegada de uma viatura dos bombeiros. Por fim, forneceu o contato de Pedro, o qual, segundo
Luiza, conduzia uma motocicleta no momento do acidente e parou para prestar assistência, fato
confirmado posteriormente pela testemunha à autoridade policial.
Concluído o inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Luiza pela prática do
crime de homicídio simples, previsto no art. 121, caput, do Código Penal. Durante a instrução
probatória, foram ouvidos apenas Pedro e Luiza, os quais ratificaram as informações prestadas em
sede policial. O laudo pericial realizado na data do acidente apontou que Luiza estava na velocidade
da via quando iniciou a ultrapassagem e que a iluminação do local era precária, principalmente no
trecho onde a vítima se encontrava.
Em suas declarações, ele afirmou que estava conduzindo a sua motocicleta com destino à
Brasília/DF, momento em que notou um veículo preto sendo conduzindo na faixa da direita de forma
imprudente. Isto porque, o motorista não conseguia mantê-lo em linha reta, invadindo por várias
vezes a faixa da esquerda. Após alguns minutos observando o veículo preto, Pedro disse ter visto
Luiza iniciando o procedimento para ultrapassá-lo de forma correta, mas, em razão de um ato
inesperado do veículo preto, necessitou desviar o seu carro para o acostamento, quando colidiu
com a vítima. Em seu interrogatório, Luiza confirmou as informações prestadas em delegacia.
O Ministério Público, em suas declarações, aduziu que, embora o laudo pericial realizado no local
apontasse que a ré estava conduzindo o veículo na velocidade da via, o Tribunal de Justiça de
Goiás, ao confirmar a decisão de pronúncia, asseverou que esse fato por si só não era evidência
suficiente para demonstrar a prudência da condutora. Logo, se aquele Tribunal assim entendeu,
não havia razão para os jurados concluírem de forma distinta.
Decorridas 10 (dez) horas de julgamento, os jurados votaram a favor da condenação de Luiza pela
prática do crime de homicídio simples, nos termos do art. 121, caput, do Código Penal. O juiz
presidente estabeleceu a pena da condenada em 12 (doze) anos de reclusão em regime inicial
fechado, garantindo-lhe o direito de recorrer em liberdade, mesmo não existindo qualquer motivação
para aumentar a pena da agente acima do mínimo legal. Ao final da leitura da sentença, Luiza e
seu advogado foram intimados sobre a possibilidade de interposição de recurso.
PROFESSOR: GEOVANE MORAES
DISCIPLINA: DIREITO PENAL
Na condição de advogado de Luiza, e com base somente nas informações de que dispõe e nas
que podem ser inferidas pela situação narrada acima, redija a peça cabível, excluindo a
possibilidade de impetração de Habeas Corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas
pertinentes, datando a peça no último dia do prazo da sua interposição.
Peça: RECURSO DE APELAÇÃO, com fundamento no artigo 593, inciso III, alíneas “a”, “c”, e “d”,
do Código de Processo Penal.
Competência:
Interposição para: PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO.
Razões para: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS.
NULIDADE – Ofensa ao art. 478, I, do Código de Processo Penal, o que causa nulidade do art.
564, IV do Código de Processo Penal - O Ministério Público, durante os debates, utilizou-se de
argumento de autoridade ao fazer menção expressa à decisão confirmatória de pronúncia, proferida
em acórdão do Tribunal de Justiça do Goiás, quando apontou que aquele Tribunal havia dito que a
condução do veículo na velocidade da via não era apta a reconhecer, por si só, que a recorrente
conduzia o seu veículo com prudência e, portanto, não cabia aos jurados concluir de forma distinta.
Dessa maneira, houve ofensa ao disposto no art. 478, inciso I, do CPP.
Art. 478 do CPP. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer
referências:
Decisão manifestamente contrária à prova dos autos. Os jurados, ao concluírem pela condenação
da recorrente, decidiram de forma contrária às provas dos autos, porque a única testemunha ouvida
em juízo apontou que o acidente somente ocorreu por culpa exclusiva de terceiro. Além disso, o
laudo pericial atestou que o veículo era conduzido na velocidade da via e que a iluminação do local
era precária. Assim, não há como ser a recorrente responsabilizada pelo homicídio ocorrido. Ainda
que se entendesse que a recorrente deve ser responsabilizada pelo crime, não houve dolo de sua
parte, devendo ser ela responsabilizada pela modalidade culposa, prevista no art. 302 do CTB e
não pelo homicídio doloso do Código Penal.
Pedidos:
- acolher a nulidade apontada, anulando-se o julgamento realizado, com a designação de novo júri;
- reconhecer que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos, anulando-
se o julgamento realizado, com a designação de novo;
- proceder a devida adequação da pena corrigindo as falhas da dosimetria;
Prazo:
03 de setembro de 2018 (segunda-feira).
VAMOS TREINAR
NÍVEL HARD
PROFESSOR: GEOVANE MORAES
DISCIPLINA: DIREITO PENAL
Renato e Mariano, brasileiros, solteiros, estudantes, nascidos em 1999, ambos primários e de bons
antecedentes, foram denunciados pela suposta prática dos crimes previstos no artigo 33, caput, c/c
artigo 35, caput, da Lei 11.343/2006. Conforme consta na denúncia, em 20/4/2018, os denunciados
estavam caminhando no Parque de João Silva, em São Paulo capital, quando foram abordados por
uma patrulha da PM.
Após revista pessoal, foi encontrado com Renato 120g (cento e vinte gramas) de substância vegetal
de tonalidade pardo-esverdeada, envolta por segmento de plástico e acondicionada em sacola
plástica do Mercado A, vulgarmente conhecida como maconha, conforme laudo pericial.
Em 23/5/2018, foi apresentada defesa preliminar ao Juízo da 2ª Vara de entorpecentes e, em
seguida, designada Audiência de Instrução e Julgamento.
No dia 7/11/2018, foi iniciada a Audiência de Instrução e Julgamento. Ato contínuo, após a oitiva
dos policiais que efetuaram a prisão em flagrante, procedeu-se ao interrogatório de Renato, o qual
confessou ser o proprietário da substância apreendida e que a havia adquirido para consumo
próprio. E mais, aduziu que Mariano sequer sabia da existência da substância e que este jamais
havia feito uso de substâncias entorpecentes. Em suas declarações, Mariano corroborou as
afirmações de Renato, frisando não ser usuário de drogas.
Encerrada audiência, foi aberto prazo para manifestação da acusação e da defesa, nessa ordem.
Em 10/12/2018, o Magistrado proferiu sentença absolvendo Mariano e condenando Renato pela
prática dos crimes previstos no artigo 33, caput, c/c artigo 35, caput, da Lei 11.343/2006, nos termos
seguintes:
Em atenção à disposição contida no art. 42 da Lei n.º 11.343/06, verifico que a quantidade de droga
apreendida pertencente ao referido réu foi significativa (120g de maconha), merecendo a pena base
ser exasperada por esse motivo. Assim, fixo-a em 5 anos e 6 meses de reclusão. Na segunda fase,
não há circunstâncias atenuantes ou agravantes, mantendo-se a pena provisória em 5 anos e 6
meses de reclusão.
Na terceira fase, embora seja o réu primário e de bons antecedentes, deixo de aplicar a causa de
diminuição prevista no parágrafo 4º, do art. 33, da Lei 11.343/06, exclusivamente, em face da
quantidade de droga apreendida. Assim, fixo a pena definitiva em 5 anos e 6 meses de reclusão.
DOSIMETRIA DA PENA
Desse modo, somadas as penas dos delitos do art. 33, caput, e art. 35, caput, ambos da Lei n.º
11.343/2006, em razão do concurso material, fixo, concreta e definitivamente, a pena do réu em 8
anos e 6 meses de reclusão. Fixo, ainda, o regime fechado para início do cumprimento da pena e
deixo de substituir a pena por restritiva de direitos, eis que o sentenciado não atende aos requisitos
do art. 44 do Código Penal.
PROFESSOR: GEOVANE MORAES
DISCIPLINA: DIREITO PENAL
Peça: RECURSO DE APELAÇÃO, com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo
Penal.
Competência:
Interposição para: 2ª VARA DE ENTORPECENTES DA COMARCA DE SÃO PAULO CAPITAL DO
ESTADO DE SÃO PAULO;
Razões para: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Mérito:
-Desenvolvimento fundamentado acerca absolvição do crime de associação para o tráfico: o delito
previsto no art. 35 da Lei 11.343/06 exige a associação de 2 ou mais pessoas para sua tipificação.
Assim, considerando a absolvição de Mariano, não há o número mínimo de réus, devendo ser
Renato absolvido pela atipicidade da conduta.
-Desenvolvimento fundamentado acerca da Dosimetria da Pena do Crime de Tráfico – Injustiça na
aplicação da pena: a pena fixada pela prática do crime de tráfico deve ser minorada. Em primeiro
lugar, o Magistrado sentenciante não reconheceu as atenuantes da confissão espontânea, prevista
no art. 65, III, d, CP, e da menoridade, prevista no art. 65, I, CP. Em segundo lugar, houve ofensa
ao Princípio do Ne bis in idem, pois o Magistrado considerou a quantidade de drogas para fixar a
pena base acima do mínimo legal e, posteriormente, para não aplicar a causa de diminuição prevista
no parágrafo 4º, do art. 33, da Lei 11.343/06.
Pedidos:
- Absolvição, com fundamento no art. 386, III, do CPP;
- Retificar a dosimetria da pena do recorrente, para reconhecer as atenuantes da confissão
espontânea e da menoridade, bem como aplicar a causa de diminuição da pena de tráfico
privilegiado.
Prazo: 17 de dezembro de 2018 (segunda-feira).