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Tribunal de Justiça do Estado do Pará

PJe - Processo Judicial Eletrônico

18/08/2023

Número: 0800629-03.2022.8.14.0131
Classe: PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI ANTITÓXICOS
Órgão julgador: Vara Única de Vitória do Xingu
Última distribuição : 14/10/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Associação para a Produção e Tráfico e Condutas Afins
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA (AUTOR)
DIONLENO DOS SANTOS DE CARVALHO (REU) WALDIZA VIANA TEIXEIRA (ADVOGADO)
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARÁ (FISCAL DA
LEI)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
96958162 03/08/2023 Decisão Decisão
17:59
PROCESSO: 0800629-03.2022.8.14.0131

POLO ATIVO:
Nome: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA
Endereço: , PARAUAPEBAS - PA - CEP: 68515-000

POLO PASSIVO:
Nome: DIONLENO DOS SANTOS DE CARVALHO
Endereço: Rua Raimundo Tabosa, 423, Centro, VITóRIA DO XINGU - PA - CEP: 68383-000

DECISÃO

A defesa do réu DIONLENO DOS SANTOS DE CARVALHO requereu a revogação de sua


prisão preventiva alegando, em síntese, que o réu é tecnicamente primário e que extrapolado o
prazo para conclusão da instrução processual (Num. 96299512).

O Ministério Público se manifestou pela manutenção da prisão preventiva do réu (Num.


96723593).

Vieram os autos conclusos.

É o breve relatório. Decido.

De uma análise dos autos, verifica-se que a Autoridade Policial representou pela busca e
apreensão domiciliar e acesso a conteúdo de mídias em face de DIONLENO DOS SANTOS DE
CARVALHO no bojo dos autos 0800586-66.2022.8.14.0131, vez que o ora réu era investigado
pela suposta prática do delito previsto no art. 33, caput, da Lei 11.343/06.

Deferido o requerimento da autoridade policial, no dia 14/10/2022, durante o cumprimento do


mandado de busca e apreensão, foram encontradas na residência de DIONLENO DOS SANTOS
DE CARVALHO 09 (nove) porções de substância análoga a “maconha”, pesando
aproximadamente 12g, o que ensejou sua prisão em flagrante, cuja comunicação foi distribuída e
gerou este processo de n. 0800629-03.2022.8.14.0131.

Foi então realizada audiência de custódia (Num. 79694483 deste processo), momento em que
o Juízo acolheu a representação da autoridade policial e a manifestação do Ministério Público e
converteu a prisão em flagrante de DIONLENO em prisão preventiva.

Assinado eletronicamente por: CAROLINE BARTOLOMEU SILVA - 03/08/2023 17:59:54 Num. 96958162 - Pág. 1
https://pje-consultas.tjpa.jus.br/pje-1g-consultas/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23080317595461100000091551567
Número do documento: 23080317595461100000091551567
De uma análise de todo o contexto que ensejou e culminou com a decretação da prisão
preventiva do réu, observa-se que sua decretação se deu como forma de restaurar a ordem
pública, especialmente considerando que a droga foi encontrada na residência dele durante
cumprimento de mandado de busca e apreensão e que o réu já foi denunciado em outro processo
pela prática do mesmo delito, conforme se depreende da certidão de antecedentes criminais
juntada no Num. 79467363 (autos nº 0800105-40.2021.8.14.0131). Nos autos 0800105-
40.2021.8.14.0131, o réu havia sido preso em flagrante e foi posto em liberdade mediante o
cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão em 31/03/2022 (Num. 56139173).

Desta forma, verifica-se que menos de um ano depois, o réu foi novamente preso em flagrante
delito, demonstrando que medidas cautelares diversas não são suficientes, por ora, para
resguardar a ordem pública diante dos indicativos de que o réu se dedique a atividade criminosa.

Neste ponto, destaque-se que, muito embora não sirvam para fins de reincidência e
antecedentes criminais, os procedimentos criminais em aberto são idôneos para fins de
fundamentação de decretação/manutenção de prisão cautelar. A jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça é firme no sentido de que "a preservação da ordem pública justifica a
imposição da prisão preventiva quando o agente ostentar maus antecedentes, reincidência, atos
infracionais pretéritos, inquéritos ou mesmo ações penais em curso, porquanto tais circunstâncias
denotam sua contumácia delitiva e, por via de consequência, sua periculosidade" (RHC n.
107.238/GO, relator Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 12/3/2019). Além
disso, "o princípio da não culpabilidade e a suposta existência de condições pessoais favoráveis -
tais como primariedade, bons antecedentes, ocupação lícita e residência fixa - não têm o condão
de, por si sós, desconstituir a custódia antecipada, caso estejam presentes outros requisitos de
ordem objetiva e subjetiva que autorizem a decretação da medida extrema" (STJ. AgRg no HC n.
649.483/TO, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 20/4/2021, DJe de 30/4/2021)
.

Por fim, quanto à alegação defensiva de que há excesso de prazo na conclusão da instrução
do presente feito, destaco que o processo se encontra com andamento regular e que resta
pendente apenas a oitiva de uma testemunha e o interrogatório do réu para que seja concluída a
instrução processual. No mais, sabe-se que "a constatação de excesso de prazo não se realiza
de forma puramente matemática; demanda, ao contrário, um juízo de razoabilidade, no qual
devem ser sopesados não só o tempo da prisão provisória mas também as peculiaridades da
causa, sua complexidade, bem como quaisquer fatores que possam influir na tramitação da ação
penal" (STJ. AgRg no HC n. 800.326/BA, relator Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta
Turma, julgado em 8/5/2023, DJe de 11/5/2023).

Assim, com base no princípio da proporcionalidade, MANTENHO a prisão preventiva de


DIONLENO DOS SANTOS DE CARAVALHO.

1. Ciência à defesa e ao Ministério Público.

Assinado eletronicamente por: CAROLINE BARTOLOMEU SILVA - 03/08/2023 17:59:54 Num. 96958162 - Pág. 2
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Número do documento: 23080317595461100000091551567
2. Aguarde-se em secretaria o prazo fixado na Carta Precatória Num. 95657295. Transcorrido
o prazo, oficie-se ao juízo deprecado solicitando informação/devolução, destacando a urgência
por se tratar de processo com réu preso.

3. Cadastre-se a droga apreendida constante no termo de apreensão Num. 80076823 - Pág.


10 nos sistemas correspondentes, caso ainda pendente.

4. Considerando a apresentação do laudo pericial definitivo no Num. 90670320, em atenção às


disposições da Lei 11.343/06, fica autorizada a destruição da droga apreendida, exceto da
amostra para contraprova (arts. 50-A e 72 da Lei 11343/2006), devendo ser observadas todas as
formalidades legais. Oficie-se à autoridade policial para ciência.

Vitória do Xingu/PA, data da assinatura eletrônica.

Caroline Bartolomeu Silva


Juíza de Direito

Assinado eletronicamente por: CAROLINE BARTOLOMEU SILVA - 03/08/2023 17:59:54 Num. 96958162 - Pág. 3
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