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Imputabilidade 1

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE

- Casos de inimputabilidade:
1. Doença mental, desenvolvimento mental
incompleto e desenvolvimento mental retardado (art. 26);
2. Desenvolvimento mental incompleto por
presunção legal, do menor de 18 anos (art. 27);
3. Embriaguez fortuita completa.

- Casos de inexistência da possibilidade de


conhecimento do ilícito:
1. Erro inevitável sobre a ilicitude do fato (art.21);
2. Erro inevitável a respeito do fato que configuraria
uma discriminante putativa (art. 20, § 1º);
3. Obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico (art. 22, segunda parte).

- Caso de inexigibilidade de conduta diversa


1. Coação moral irresistível (art.22, primeira parte).
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CAUSAS DIRIMENTES
São aquelas que excluem a culpabilidade. Deferem
das excludentes, que excluem a ilicitude e podem ser
legais e supralegais.

IMPUTABILIDADE

É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e


de determinar-se de acordo com esse entendimento.

O agente deve ter condições:


- físicas;
- psicológicas;
- morais e
- mentais
de saber que esta realizando um ilícito penal.

Deve ter condições de controle total sobre a sua


vontade.

Ex.: Dependente de drogas – Tem capacidade para


entender o caráter ilícito do furto que realiza, mas não
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controla o invencível impulso de continuar a consumir


entorpecentes – precisa do dinheiro.

Não tem capacidade de autodeterminação ou


comando sobre a vontade – não pode submeter-se a um
juízo de censurabilidade.

ASPECTOS DA IMPUTABILIDADE

1. Intelectivo – capacidade de entendimento;

2. Volitivo – faculdade de controlar a própria


vontade.
A imputabilidade só se refere à capacidade a nível
penal.
A capacidade penal e a capacidade processual plena
são adquiridas aos 18 anos (art. 228 CF e 27 CP).

Dolo – é vontade.
Imputabilidade – é a capacidade de entender a
vontade.
Ex.: um louco atira em pessoas no cinema, age com
vontade, o que lhe falta é discernimento sobre essa
vontade.
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Responsabilidade – É a aptidão do agente para ser


punido por seus atos, sendo a imputabilidade apenas um
de seus três elementos.

A regra é que todos são imputáveis, salvo diante de


causas de exclusão.

Causas de exclusão de imputabilidade:


1. Doença mental;
2. Desenvolvimento mental incompleto;
3. Desenvolvimento mental retardado;
4. Embriaguez completa proveniente de caso fortuito
ou força maior.

DOENÇA MENTAL
É a perturbação mental ou psíquica de qualquer
ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de
entender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a
vontade de acordo com esse entendimento.
Ex.: Neurose, psicose, paranoia etc.

DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO


É o desenvolvimento que ainda não se concluiu,
devido à recente idade cronológica do agente ou à sua falta
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de convivência em sociedade, ocasionando imaturidade


mental e emocional.

- Caso dos menores de 18 anos (art. 27);


- Silvícolas inadaptados à sociedade (sem pleno
desenvolvimento em face de ausência das experiências
obtidas no cotidiano).

Não há maturidade psíquica.

Necessário laudo para estabelecer a inimputabilidade


dos silvícolas.

Menores de 18 anos – estão sujeitos às medidas


socioeducativas, em face dos atos infracionais. Observar
arts. 101; 103 e 112 – Lei nº 8069/90.

DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO


Ocorre quando o desenvolvimento mental esta abaixo
do normal para aquela idade.
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A capacidade não corresponde às expectativas para


aquele momento da vida (plena potencialidade jamais será
atingida).

Ex.: Oligofrênicos – pessoas de reduzidíssima


capacidade intelectual.

Em escala decrescente:
- Débeis mentais;
- Imbecis; e
- Idiotas.

Estão impossibilitados de efetuar uma correta


avaliação da situação de fato que lhe apresenta. Não tem
condições de entender o crime que realizam.
Ex.: Surdos-mudos – sem capacidade de
entendimento e de autodeterminação.

CRITÉRIOS DE AFERIÇÃO DA
INIMPUTABILIDADE
1º - Sistema Biológico – Basta que exista uma das
situações mencionadas na lei, não existindo preocupação
em verificar concretamente se a anomalia retirou ou não a
capacidade de entendimento e autodeterminação.
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Foi adotado como exceção nos casos dos menores de


18 anos (art. 27).

Pode ser que o menor entenda, mas não interessa.

2º Sistema Psicológico – Não se preocupa com a


existência de perturbação mental, mas apenas se, no
momento da conduta, ele tinha condições de avaliar o
caráter criminoso do fato e de orientar-se de acordo com
esse entendimento.

É o contrário do biológico.

Se adotado – Ex.: A emoção que retirasse totalmente


a capacidade de entender ou a de querer – Marido
surpreende sua esposa em adultério, e com total alteração
do seu estado físico-psíquico, a mata, teria excluída sua
culpabilidade.

Emoção art. 28, I.


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Ausência de capacidade:
- Intelectiva e
- volitiva -
No momento da ação – não é o adotado.

3º - Sistema Biopsicológico – Combina os dois


sistemas anteriores. Exige que a causa geradora esteja
prevista em lei e ainda que o agente atue sem a capacidade
de entendimento e vontade.

É inimputável aquele que em razão da causa prevista


em lei, atue no momento da prática da infração penal sem
capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Adotado como regra – art. 26 “caput”


QUESTÃO PROCESSUAL – ART. 149 CPP.

ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA – Provado o crime e


por exame demonstrada a inimputabilidade – o agente será
absolvido e receberá a imposição de medida de segurança
(periculosidade).
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EMBRIAGUEZ
Causa capaz de levar a exclusão da capacidade de
entendimento e vontade do agente, em razão de uma
intoxicação aguda transitória causada pelo álcool ou
qualquer substância de efeitos psicotrópicos.

Psicotrópicos:
- Entorpecentes (morfina, ópio etc.)
- Estimulantes (cocaína); ou
- Alucinógenos (acido lisérgico).

Fases da Embriaguez:
- Excitação (fase do macaco – euforia);
- Depressão (fase do leão – irritabilidade);
- Sono (fase do porco – dormência profunda).

EMBRIAGUEZ NÃO ACIDENTAL


Subdivide-se em:
- Voluntária (dolosa ou intencional); e
- Culposa.
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VOLUNTÁRIA – O agente ingere a substância


alcóolica ou de efeitos análogos com a intenção de
embriagar-se.

Busca um estado de alteração psíquica.


“VOU TOMAR UM PORRE”.

CULPOSA – O agente quer ingerir a substância, mas


não tem intenção de embriagar-se. Decorre da
imprudência de beber doses excessivas.

Para a embriaguez voluntária ou culposa:

COMPLETA – Gera a perda total do entendimento e


vontade do agente.

INCOMPLETA – Retira parcialmente a capacidade


de entendimento e autodeterminação do agente – que
ainda tem parte de sua compreensão e vontade.

“Actio libera in causa”


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A embriaguez não acidental jamais exclui a


imputabilidade do agente (qualquer delas). No momento
em que ingeria substância era livre para decidir.

A embriaguez originou-se de livre–arbítrio do sujeito.


A ação foi livre na sua causa – deve o agente ser
responsabilizado.

Considera-se o momento da ingestão da substância e


não o da prática delituosa.

Existe um resquício de responsabilidade objetiva em


nosso direito penal.

Ex.: pessoa bebe em uma festa, já completamente


embriagado, desfere disparos de arma de fogo, acabando
por matar um amigo.

Em face do princípio responde pelo crime (homicídio


doloso).

Embora sem capacidade quando do crime, não pode


invocar tal incapacidade.
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Presume-se que estava sóbrio no momento da prática


da conduta (não cabe prova em contrário).

Damásio – discorda – afasta a responsabilidade


objetiva – se a embriaguez é completa, voluntária ou
culposa (não preordenada) – Não cabe qualquer
responsabilidade.

Preordenada – o sujeito possui previsão, da prática do


crime, no momento em que se embriaga.

EMBRIAGUEZ ACIDENTAL – ocorre em caso


fortuito ou força maior.

Caso Fortuito não decorre da vontade humana, é


ocasional e de difícil verificação.
Ex.:
- Cai de cabeça em tonel de vinho;
- Ingere bebida sem saber que seu conteúdo é
alcóolico ou de efeitos psicotrópicos.
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Força Maior – deriva de força externa, que o obriga a


consumir drogas.
Ex.:
- Pessoa obrigada a consumir álcool em face de grave
ameaça.

Também pode ocorrer de forma completa ou


incompleta.
Completa – exclui a imputabilidade – o agente fica
isento de pena.
Incompleta – permite a diminuição da pena (1/2 a
2/3).

A absolvição é própria não há medida de segurança a


ser aplicada.

PATOLÓGICA

Caso de alcóolatras e de dependentes – acabam em


estado de embriaguez em virtude de uma vontade
invencível de continuar a consumir a droga.

É doença mental – assim deve ser tratada – o agente é


irresponsável.
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Existe posição contrária (Basileu Garcia).

PREORDENADA

O agente embriaga-se já com a vontade de vir a


delinquir neste estado.

O agente se embriaga como ato inicial do


comportamento típico, já buscando seu objetivo delituoso.

Pode a embriaguez ainda figurar como agravante


genérica.

A EMOÇÃO E A PAIXÃO

Emoção – é um sentimento repentino, rápido e


passageiro.
Ex.: Ira momentânea.

Paixão – é um sentimento lento que se instala de


forma definitiva.
Ex. O ódio recalcado.
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Não excluem a imputabilidade – adotamos o sistema


biopsicológico (art. 28, I).

A emoção serve de causa de diminuição da pena –


art. 121, §1º e art. 129 § 4º e art. 65, III, “c”.

SEMI-IMPUTABILIDADE OU
RESPONSABILIDADE DIMINUÍDA

É a perda de parte da capacidade de entendimento e


autodeterminação em razão de:
- doença mental;
- desenvolvimento mental incompleto;
- desenvolvimento mental retardado.

Tem alguma noção do que faz, mas sua


responsabilidade é reduzida em razão de suas condições
pessoais.

Pede as mesmas causas legais da inimputabilidade:


perturbação de saúde mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou de desenvolvimento mental retardado.
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O estado deve estar presente quando da conduta (ação


ou omissão).

Diminuição (redução) da capacidade de entender e de


querer.

O agente é condenado – não exclui a imputabilidade.

O juiz pode:
- reduzir a pena de 1/3 a 2/3 (conforme o grau de
perturbação);
- Impor medida de segurança (necessário laudo
de insanidade mental indicando a medida como
recomendável).

São casos de sentença condenatória.

Embriaguez Fortuita – Pode diminuir a


imputabilidade quando diminui a autodeterminação do
agente.

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