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OU TEORIA DO CRIME
Formas de Conduta
a) Conduta por ação ou Comissão: comportamento positivo, movimentação corpórea.
Ex.: agredir com socos alguém.
b) Conduta por omissão ou Omissiva: comportamento negativo, abstenção de
movimento. Essa conduta se divide em:
I. Crimes omissivos próprios ou puros: Art.135 – deixar de prestar assistência, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, ou não pedir o socorro da autoridade pública.
II. Crimes omissivos impróprios ou impuros: Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente
relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:
1. Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. Ex.: pai em relação aos
filhos, salva-vidas em relação a quem se afoga etc.
2.De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado. Ex.: vigia
contratado pelo condomínio observa ladrão furtando um apto. e nada faz para evitar o
resultado - responde por furto também.
3.Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Ex.: “A”
joga “B” na piscina ciente de que “B” não sabe nadar. “A” responde por homicídio
doloso por omissão se não pular na piscina para salvar “B” e evitar o resultado morte.
* Um salva-vidas que vê alguém se afogando e não age responde por homicídio doloso
por omissão (crime omissivo impróprio). Um banhista que vê alguém se afogando e
não age, é julgado por omissão de socorro (crime omissivo próprio).
ESPÉCIES DE CONDUTA
Conduta dolosa
Art. 18 inciso I do Código Penal
Dolo: “vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta descrita no
tipo penal”.
Conduta culposa
Art. 18 inciso II do Código Penal
Culpa: quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.
Espécies de Conduta
* “A”, mediante ameaça com arma, subtrai o celular de “B”. Ao reagir, “B” é morto por “A”. Há
dolo na subtração e dolo no resultado agravador (morte).
* Dolo na Conduta Posterior: Art. 157 § 3º do CP – pena: [...] se resulta morte, a reclusão é de
20 a 30 anos e multa.
Culpa na Conduta Anterior + Culpa na Conduta Posterior
* “A”, negligentemente, esquece uma vela acesa e incendeia o local. O fogo se espalha e mata
um vizinho. Há culpa no incêndio e culpa na conduta de matar – incêndio culposo com vítima
fatal.
* “A”, com imprudência, atropela uma vítima. Após, dolosamente deixa de socorrê-la. No
atropelamento há culpa e omissão de socorro há dolo.
* Culpa na Conduta Anterior: Art. 303, caput, da Lei 9.503/97 – pena: detenção de 06 meses a
02 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.
* Dolo na Conduta Posterior: Art. 303, § único da Lei 9.503/97 – pena: aumenta-se a pena de
1/3 à metade.
“A”, irritado, dá um soco em “B”, que cai, bate a cabeça na calçada e morre. A lesão corporal
(soco) foi dolosa, a morte foi culposa.
Dolo na Conduta Anterior: Art. 129, caput, do CP – pena: detenção de 03 meses a 01 ano.
ERRO DE TIPO ESSENCIAL: Art. 20 do CP – “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal
de crime exclui o dolo, mas permite a punição culposa, se previsto em lei”.
Ex.: Médico induz a enfermeira a injetar substância letal no paciente sem ela saber. O médico
responde por homicídio doloso (autor mediato). A enfermeira não pratica crime.
Ex. 2: Maria injeta vaselina líquida ao invés de soro no braço do paciente que sofreu
queimaduras e está internado no hospital. Maria alegou que o vidro de vaselina era idêntico
ao de soro. Quem colocou o vidro de vaselina no lugar em que ficavam os vidros de soro é que
responde por crime culposo – erro acidental culposo determinado por terceiro.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA: Art. 2º, § 3º do CP – “O erro quanto à pessoa
contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, nesse caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o
crime”.
Ex.: Pedro queria matar o próprio irmão. Põe-se de emboscada e, percebendo a aproximação
de alguém, efetua disparos vindo a matar um terceiro que achava ser seu irmão. Pedro
responderá por homicídio doloso como se tivesse matado seu próprio irmão, incidindo a
agravante genérica do Art. 61, II, e – crime cometido contra irmão.
b) Crimes formais: não é necessário que o resultado naturalístico ou material ocorra para que
haja consumação do crime – ex.: no crime de corrupção passiva, a vantagem indevida não
precisa ser recebida pelo funcionário público: basta ele solicitá-la para que o crime se
consume.
a) Nos crimes de dano é necessária a lesão ao bem jurídico protegido pela lei penal – ex.: no
crime de homicídio é preciso que a vítima seja atingida para ocasionar a morte.
b) Nos crimes de perigo é necessária a exposição do bem jurídico a uma situação de perigo –
ex.: o crime de posse ilegal de armas pune quem tem uma arma sem registro para evitar que
ela seja utilizada contra alguém de modo errado.
“O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
- A teoria adotada pelo art.13 é a Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais, também
chamada de teoria da conditio sine qua non. Causa é toda ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
Ex.: um motorista do carro “A” atropela um ciclista, que fica levemente ferido e é levado ao
hospital por uma ambulância. Durante o trajeto, um motorista de um outro carro “B” fura o
sinal vermelho, colide com a ambulância e mata o ciclista o culpado pela morte é o
motorista do carro “B”.
*tipicidade formal: ideia de que se precisa ter uma lei que considera o fato como crime.
*tipicidade material: ideia de que se precisa ter uma lesão a um bem jurídico protegido pela lei
para o fato ser considerado crime.
II. Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
b) Crime Preterdoloso: o resultado que agrava ou qualifica o crime não é alcançado pelo dolo
do agente (e sim a título de culpa).
c) Crime Unissubsistente: consumam-se com um único ato – ex.: crime de omissão de socorro.
Ex.: João levanta uma faca para golpear Pedro. Nesse instante, desiste, recolhe o movimento
do braço e não ataca a vítima. João pode responder por porte de arma branca, mas não há
tentativa de homicídio.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
- Art.15 do CP, 2ª parte: “O agente que, voluntariamente, impede que o resultado se produza,
só responde pelos atos já praticados.”
O arrependimento eficaz ocorre quando os atos executórios já foram todos praticados, porém,
o agente, abandonando o intento, desenvolve nova conduta para impedir o resultado. Ex.:
Eduardo atira em seu primo Tobias, mas se arrepende. Ele conduz Tobias a um hospital, onde
este é salvo, mas sofre lesões graves. Eduardo não responde por tentativa de homicídio, mas
tão somente por lesão corporal grave - crime menos grave pois evitou que o crime de
homicídio se consumasse.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
- Art.16 do CP: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços”.
- Por ineficácia absoluta do meio: Henrique, querendo matar Paulo, pega um pote de açúcar
pensando ser de veneno. Após servir a comida com açúcar a Paulo, Henrique percebe que
errou o produto. Não há crime de tentativa de homicídio de Henrique contra Paulo.
- Por impropriedade absoluta do objeto: Pietra, pensando estar grávida, toma remédio
abortivo. Na realidade, não está grávida. Não será punida por tentativa de autoaborto por força
do art. 17 do CP.