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NOME
R.A n.º
TURMA:
FONE:
E-MAIL:
1
São Paulo
2010
2
NOME
São Paulo
2010
3
BANCA EXAMINADORA:
4
A Professora Ms. Danúbia Azevedo Barbosa de
Direito Penal e Direito Internacional, pela atenção aos
seus alunos e dedicação à profissão.
5
SINOPSE
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................8
1. DA TUTELA..............................................................................................................9
1.1 Bem Jurídico....................................................................................................9
1.2 Objetividade Jurídica.....................................................................................10
2. DOS SUJEITOS.......................................................................................................10
2.1Sujeitos do Delito............................................................................................10
2.2 Sujeito Ativo...................................................................................................11
2.3 Sujeito Passivo...............................................................................................12
3. DOS TIPOS............................................................................................................12
3.1 Tipo Objetivo..................................................................................................12
3.2 Tipo Subjetivo................................................................................................12
4. DO OBJETO...........................................................................................................13
4.1 Objeto Material...............................................................................................13
4.2 A Coisa...........................................................................................................14
4.3 Da Coisa Alheia.............................................................................................14
4.4 Da Coisa Móvel..............................................................................................15
5. DO ERRO..............................................................................................................15
5.1 Erro do Tipo...................................................................................................15
1. CONSUMAÇÃO.......................................................................................................17
2. TENTATIVA.............................................................................................................17
2.1 Crime Impossível X Tentativa de Furto.........................................................18
3. DA PENA...............................................................................................................19
4. DA AÇÃO PENAL...................................................................................................19
1. CONCEITO.............................................................................................................21
2. REQUISITOS...........................................................................................................23
7
3. REQUISITOS DA CONDUTA LESIVA..........................................................................25
1. CONCEITO.............................................................................................................28
2. CASOS ESPECÍFICOS.............................................................................................30
2.1 Excesso..........................................................................................................30
2.2 Estado De Necessidade Putativo..................................................................31
2.3 Estado de Necessidade Agressivo................................................................32
2.4 Estado de Necessidade Defensivo................................................................33
1. CONCEITO............................................................................................................34
2. FURTO FAMÉLICO.................................................................................................34
2.1 Conceito.........................................................................................................34
2.2 Posição Jurisprudencial.................................................................................36
CONCLUSÃO.............................................................................................................37
BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................38
ANEXOS......................................................................................................................39
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho, que tem como tema o Furto Famélico traz cinco
capítulos.
------------------------
9
CAPÍTULO I - ANÁLISE AO ARTIGO 155 DO CÓDIGO PENAL
1. Da Tutela
1
BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. São Paulo: RED, 2001, p. 137.
10
1.2 Objetividade Jurídica
2. Dos Sujeitos
O crime de furto pode ser praticado por qualquer pessoa física, não se
exigindo qualquer circunstância especial específica. Só não pode praticar o furto o
proprietário, que pode ser responsabilizado pelo crime previsto no Artigo 346 do
Código Penal, se posse estiver com outrem, e o legítimo detentor da coisa. Aquele
2
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. 6 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 117.
11
que possui apenas a posse vigiada, como um empregado de uma fábrica, comete o
crime se transforma essa posse em propriedade.
Como vimos, o crime de furto pode ser praticado por qualquer pessoa
física, logo, o sujeito ativo no crime de furto é o sujeito que subtrai a coisa alheia
móvel em benefício próprio ou de terceiro.
Fica clara então que a segunda corrente tem razão, pois se a coisa
pertence ao proprietário, ela não é alheia a este.
3
Artigo 168 do Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
4
MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. v. II. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 207.
5
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. II, Parte Especial. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 138.
12
2.3 Sujeito Passivo
3. Dos Tipos
Entretanto Julio Fabrini Mirabete entende que pode haver o crime de furto
as vistas da vítima 6 no clássico caso do sujeito que entra em uma loja solicitando ao
balconista algum produto e este sai correndo quando o balconista a entrega.
6
MIRABETE, op.cit, p. 210.
13
O legislador entendeu que em alguns modalidades culposas, não bastava
apenas o dolo para caracterizar o ilícito penal e com isso no texto legal de certas
práticas ilícitas, o agente deve ter uma finalidade especificada no texto.
4. Do Objeto
14
4.2 A Coisa
Coisa pode ser definida como todo objeto corpóreo, material e suscetível
de apreensão, ou seja, tudo que pode ser transportado, removível e deslocado do
local em que se encontra, ficando excluídas as coisas incorpóreas ou imateriais.
Pode ainda a coisa não ser tangível, como por exemplo, os corpos
gasosos.
As coisas que nunca tiveram dono ou foram abandonadas não podem ser
objeto de furto, pois não são alheias ou não verifica ofensa a coisa alheia,
respectivamente.
7
MIRABETE, op.cit, p. 211.
15
A necessidade de ser alheia faz o crime de furto possuir um elemento
normativo e, sem este elemento o fato será caracterizado como atípico. Portanto, em
um processo, devem existir provas que a coisa pertença a alguém.
Visto isto, podemos perceber que somente os bens móveis podem ser
subtraídos e tirados da esfera de vigilância da vítima.
5. Do Erro
O erro de tipo pode ser dar sob duas formas: essencial e acidental.
16
elementos e circunstâncias do tipo penal ou sobre os pressupostos de fato de uma
excludente da ilicitude que se apresenta sobre duas formas:
Danúbia não entendi esta parte, devo abordar mais o erro essencial, é
isso?
8
Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
17
CAPÍTULO II - CONSUMAÇÃO, TENTATIVA, PENA E AÇÃO PENAL
1. Consumação
Ainda que o sujeito esconda a coisa no próprio local do furto, para após
levá-la consigo o crime se consuma, visto que a vítima perde a disponibilidade da
coisa. Como o caso de empregada doméstica que esconde jóia da patroa na própria
casa para depois transportá-la10.
2. Tentativa
9
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. II, Parte Especial. 04 ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 146.
10
MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. v. II. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 212.
11
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal, 34 ed. São Paulo: Saraiva, 1999129.
18
2.1 Crime Impossível X Tentativa de Furto
Logo, não existe tentativa punível, pois não houve perigo ao patrimônio da
vítima.
Para Nelson Hungria neste caso, cabe tentativa, uma vez que, a ausência
da coisa é meramente acidental.
12
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. II, Parte Especial. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 107,
Parte Especial; MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. v. II. 23 ed. São Paulo: Saraiva,
2006, p. 178; e, HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. 06ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
1983, p. 126.
19
Ainda no caso do ladrão de carteiras, e se este errar o bolso e não
encontrar a coisa desejada?
Neste caso o sujeito responderá por crime, pois houve risco ao bem
jurídico, a subtração não ocorreu.
3. Da Pena
4. Da Ação Penal
13
Artigo 155, caput do Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
14
Parágrafo Primeiro do artigo 155 do Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
15
Parágrafo Segundo do artigo 155 do Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
16
Parágrafo Quarto do artigo 155 do Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
17
Parágrafo Quinto do artigo 155 do Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
20
Em regra, pois a lei prevê alguns casos em que a ação penal poderá ser
pública condicionada à representação conforme artigo 182 do Código Penal
brasileiro:
21
CAPÍTULO III - ESTADO DE NECESSIDADE
1. Conceito
18
PIRES, André de Oliveira. Estado de Necessidade. 1 ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000, p.
27.
19
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. I, Parte Geral. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 130.
20
PIRES, op. cit, p. 28.
22
§ 1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.
I – em estado de necessidade”.23
21
Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
22
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. I, Parte Geral. 4ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 138, Parte
Geral; MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. v. I. 23ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, pag.
181.
23
Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
24
JESUS, Op. cit. p. 139.
25
JESUS, Op. cit. p. 141.
23
Esclarecendo que o Estado não pode acudir o que está em perigo nem
tomar partido de qualquer dos sujeitos, ele concede o direito de ofender o direito
alheio para salvar o próprio ou de terceiros ante um fato irremediável.
2. Requisitos
Em situação de perigo:
André de Oliveira Pires diz que o perigo, neste caso, é uma possibilidade
efetiva de dano e não de prejuízo, embora este último possa acompanhar o dano,
embora a sua existência nem sempre estará presente. Mas ele concorda que o dano
estará presente em todos os crimes.
26
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. I, Parte Geral. 04ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 142;
MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. v. I. 23ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, pag. 182; e,
PIRES, André de Oliveira. Estado de Necessidade. 1ª ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000, p. 48.
24
Para Julio Fabrini Mirabete, para que seja reconhecida a excludente de
estado de necessidade que legitimaria a conduta do agente, se faz necessária a
ocorrência de um perigo atual, e não um perigo eventual e abstrato.
27
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. I, Parte Geral. 04ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 144.
28
PIRES, André de Oliveira. Estado de Necessidade. 1ª ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000, p.
51.
25
Oliveira Pires e Damásio Evangelista de Jesus concordam que esta vontade passa a
ser substituída pelo agente29.
André de Oliveira Pires comenta que acordo com o Código Penal para
que o sujeito tenha a seu favor a excludente do estado de necessidade não poderá
existir o dever de enfrentar o perigo 31. Se o agente, autor da conduta lesiva típica,
possuía o dever de enfrentar o perigo, não poderia alegar a incidência do estado de
necessidade.
a) Conduta lesiva
26
circunstâncias, a ação praticada pelo sujeito era realmente indispensável à salvação
pretendida.
Ele cita como exemplo, o caso de dois náufragos lutando pela posse da
tábua de salvação. O autor comenta que nenhum dos dois pratica o fato em legítima
defesa, pois esta exige que a conduta contrária seja uma “agressão injusta” (artigo
25 do Código Penal Brasileiro). Para ele, é licita a conduta de ambos.
33
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. I, Parte Geral. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 160.
34
Ibidem, mesma página; e, PIRES, André de Oliveira. Estado de Necessidade. 1 ed. São Paulo:
Juarez de Oliveira, 2000, p. 58.
35
Artigo 24 do Decreto-Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940.
27
Com isso, Julio Fabrini Mirabete diz que ao juiz é facultado sentenciar
com a redução de pena em casos de sacrifício de bem de maior valor do que o
protegido, se presentes os demais requisitos legais 36. Neste exemplo o fato não
exclui a antijuricidade e o agente responde pelo crime praticado, podendo o juiz,
diante das circunstâncias do fato, reduzir a sanção imposta ao sujeito.
André de Oliveira Pires afirma que para que a conduta lesão praticada
pelo agente seja justificada pela excludente do estado de necessidade além dos
elementos de caráter objetivo, deverá estar presente o pressuposto subjetivo, qual
seja o conhecimento da situação de perigo 38.
36
MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. v. I. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 184.
37
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. I, Parte Geral. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 163.
38
PIRES, André de Oliveira. Estado de Necessidade. 1 ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000, p.
60.
39
MIRABETE, op.cit. p. 185.
28
CAPÍTULO IV - EXCLUSÃO DO ESTADO DE NECESSIDADE
1. Conceito
Julio Fabrini Mirabete explica que certas pessoas podem exercer funções
que, normalmente, as colocam em perigo, assim sendo, não podem eximir-se da
responsabilidade pela conduta típica que praticarem em certas situações 40.
Ele diz ainda que dever legal é aquele previsto em uma norma jurídica
(lei, decreto, etc.) o que inclui a obrigação funcional de pessoas encarregadas de
funções que normalmente as colocam em perigo como policiais, bombeiros,
médicos, etc; E, que estas não podem eximir-se da responsabilidade pela conduta
típica que praticarem em uma dessas situações. Se isto acontecer responderão pelo
crime praticado para salvar direito próprio, embora em estado de necessidade, se
enfrentarem o perigo em decorrência de disposição legal.
40
MIRABETE, op. cit. p.187.
41
MIRABETE, Ibid. p. 188.
29
O Código Penal de 1940 expõe de motivos ao se referir a um “especial
dever jurídico”.
Julio Fabrini Mirabete diz que o dever de agir passou a ser legal, como
está previsto neste artigo42.
30
pode deixar de perseguir malfeitores sob pretexto de que estão armados e dispostos
a resistir43.
2. Casos Específicos
Nos casos específicos Julio Fabrini Mirabete cita que o Código Penal
brasileiro, na Parte Especial, prevê alguns casos de estado de necessidade
específicos em determinados crimes, ora exclui a antijuricidade, por exemplo: a
invasão de domicílio quando algum crime está sendo praticado ou na iminência de o
ser (artigo 150, § 3º, II do Código Penal Brasileiro), ora a tipicidade, por exemplo:
violação de segredo com justa causa (artigo 153 e 154 do Código Penal Brasileiro) 45.
2.1 Excesso
43
JESUS, op. cit. p. 165.
44
MIRABETE, op. cit. p. 188.
45
Idem. p. 188.
46
MIRABETE, op. cit. p. 189.
31
De acordo com Damásio Evangelista de Jesus “o excesso no estado de
necessidade é a desnecessária intensificação da conduta inicialmente justificada 47”.
47
JESUS,op. cit. p. 166.
48
JESUS, op. cit. p. 167.
49
MIRABETE, op. cit, p. 190.
32
que não existe a justificativa, mas o agente não responde pelo fato por falta de culpa
em razão de erro de proibição.
Julio Fabrini Mirabete diz que a presente lei trata das discriminantes
putativas em que o agente supõe que sua ação é licita imaginando que estão
presentes os requisitos de uma das causas justificativas previstas em lei 50.
50
MIRABETE, op.cit , p. 191.
51
JESUS, op. cit. p. 168.
52
JESUS, Damásio E, Direito Penal, v. I, Parte Geral. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 170; e,
PIRES, André de Oliveira. Estado de Necessidade. 1 ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000, p. 63.
33
exemplo é aquele que arromba a porta de uma casa abandonada para abrigar-se de
uma tempestade53.
53
PIRES, op. cit, p. 63.
54
PIRES, op. cit. p.65.
34
CAPÍTULO V - DA REPARAÇÃO DO DANO E DO FURTO FAMÉLICO
1. Conceito
Parágrafo Único – No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando
as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os
limites do indispensável para a remoção do perigo.
Art. 930 – No caso do inciso II do artigo 188, se o perigo ocorrer por culpa
de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a
importância que tiver ressarcido ao lesado.
2. Furto Famélico
2.1 Conceito
35
Furto Famélico é aquele cometido por quem se encontra em situação de
extrema miserabilidade, penúria, necessitando de alimento para saciar a sua fome
e/ou de sua família.
São requisitos para se provar o furto famélico: que o fato seja cometido
para saciar a fome ou satisfazer necessidade vital; que seja o único e derradeiro
recurso e; que haja subtração de coisa capaz de diretamente contornar a
emergência.
55
Disponível em: http://www.tacrim.sp.gov.br/jurisprudencia/rjdtacrim/html/volume27.html, 23/02/2010
às 14:00 horas.
36
Vemos então que a simples circunstância de estar o sujeito
desempregado ou em um momento de crise financeira não configura o estado de
necessidade e, se a coisa furtada não for própria para a alimentação não será caso
também da excludente de ilicitude.
56
Lex 86/425-426.
37
CONCLUSÃO
Ele não pode abrir margens e criar precedentes para que pessoas que
possuem condições pratiquem o ilícito penal e que pessoas de bem sofram dano ao
seu patrimônio.
E que por não haver um consenso tanto a doutrina como os tribunais não
possuem um entendimento pacífico sobre o tema exposto.
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BEVILÁQUA , Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil, São Paulo, RED, 2001.
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. 06ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
1983.
JESUS, Damásio E. Código Penal Anotado, 17ª Ed. São Paulo. Saraiva, 2000.
_______. Direito Penal, v. I, Parte Geral. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
_______. Direito Penal, v. II, Parte Especial. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. v. I. 23ª ed. São Paulo: Saraiva,
2006.
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal, 34ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
Endereço Eletrônico:
39
ANEXOS
ACORDÃO
40
Com o despacho de sustentação e a remessa dos autos a esta instância,
manifestou-se a douta Procuradoria-Geral da Justiça pelo provimento. Esse o
relatório.
Sob pena de tornar letra morta a regra do artigo 19, I, do Código Penal, é de
se reconhecer o estado de necessidade àquele que, recém-chegado de seu Estado
natal, sem recursos e sem emprego, não tendo alimentos nem teto, pratica furto que
não ultrapassa a esfera da tentativa.
41
ACORDÃO
42
È o apelante absolutamente primário, é notoriamente pobre e desempregado,
situação, essa, de resto, de largas parcelas da população brasileira; confessou
espontaneamente (artigo 48, IV, “d” do Código Penal) o fato, o que mostra sua boa
índole; não houve prejuízo algum à vítima, que tudo recuperou, e logo; não tem o
apelante condições de pagar sequer multa, como não teve para constituir defensor
ou arrolar testemunhas em seu favor, está arrependido do fato.
43
PARECER
Tudo faz crer seja sincera a versão do acusado. Ele é primário e esteve preso
desde 23.8.1973 até 14.12.1973, portanto três meses e 21 dias.
Opino, pois, pelo provimento da apelação, para que seja o réu absolvido, por
reconhecido o estado de necessidade.
Procurador de Justiça
44
ACORDÃO
Com o maior acerto sustentou o excelente parecer que “tudo faz crer seja
sincera a versão do acusado”, ao afirmar ter agido sob o estado de necessidade.
A prova desse estado, para que possa ter como configurado o furto famélico,
é, sem dúvida, muito difícil. O agente, quase sempre ignorante, e sem meios, não
tem possibilidade de produzi-la. A polícia é que, em face das alegações do mesmo e
das circunstâncias do caso, deve procurar esclarecer a causa sob esse aspecto,
com o que, de regra, não se preocupa.
45
ACORDÃO
È o relatório.
46
Participaram do julgamento, além do infra-assinado, os Srs. Juízes Lustosa
Goulart (Presidente) e Ribeiro Machado.
47
ACORDÃO
48
Como anotado no parecer, “ninguém subtrai um quilo de carne para
acrescentá-lo em seu patrimônio...”; fá-lo, tão-só, para mitigar a fome, pois que
apenas isso se presta mercadoria de tal natureza.
Fosse o apelado o larápio que se quis nele reconhecer, sua atividade não se
limitaria a um ínfimo pedaço de carne. No estabelecimento onde se achava, muitos
outros produtos e artigos que lhe ofereciam a uma subtração mais fácil, mais
rendosa e segura, pelo que a peça de carne deve ser havida como inequívoco e
único meio de que pôde se servir para a mitigação da insuficiência alimentar.
49