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ENQUADRAMENTO

JURIDICO DA ATIVIDADE
EMPRESARIAL
2022/2023

ISCAC

Docente: Christina de Oliveira


Continuação
 Doutrina – não é fonte de Direito

 Jurisprudência – só o AUJ poderá ser fonte de Direito

 Costume: é uma fonte mediata do Direito


Tutela
 Tutela Pública versus tutela privada

A tutela pública é a função que o Estado desempenha


para tornar efectivas as normas jurídicas. Traduz-se
numa garantia dos direitos subjectivos, conferindo-lhes
uma consistência prática.

 Tutela pública preventiva ou repressiva


 Tutela Pública

 TRIBUNAIS

Princípios:
a) a independência
b) a imparcialidade
c) A passividade 

 Organização judicial:
 1. os tribunais de primeira instância que são em regras os
tribunais da comarca;
 2. Os tribunais de segunda instância que são os Tribunais da
Relação;
 3. O Supremo Tribunal de Justiça
 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Garantias graciosas:
 as garantias petitórias;
 as garantias impugnatórias
 queixa ao Provedor da Justiça.

Também temos as garantias contenciosas.


O Ministério Público
 
- representar o Estado, as regiões autónomas, as autarquias
locais, os incapazes, os incertos e os ausentes em parte incerta;
- exercer a ação penal,
- defender a legalidade democrática, etc.

É um órgão constitucional de administração da justiça.


Tutela Privada

A tutela privada também designada de autotutela é a defesa


de direitos realizada pelos particulares em situações
excecionais legalmente previstas. É o que sucede com o
direito de resistência, com a ação direta, a legitima defesa e
o estado de necessidade.

 Art. 336.º a 339.º do C.Civil.


MEIOS DE TUTELA DO DIREITO
I. Reintegração in natura da situação tutelada pela
norma infringida

Suponhamos que António devia entregar certo objeto a


Manuel em consequência de um contrato de compra e venda
celebrado entre ambos. Não o entregou, violando a norma
segundo a qual o vendedor deve entregar ao comprador a
coisa vendida. Nesta altura os tribunais podem a
requerimento do lesado apreender pela força o objeto
devido e entrega-lo a Manuel.
Aqui temos – nesta reintegração coercitiva – a primeira
forma típica de reação contra a violação do direito.
 II.Reintegração por mero equivalente da situação
visada pela norma infringida ou indemnização em
dinheiro – art. 566.º do CC

Suponhamos que António não só se recusou a entregar mas


inclusivamente destruiu o objeto vendido ou ocultou-o.
Quando assim seja, torna-se inviável qualquer reintegração do
tipo primeiramente aludido. O Direito reage, porém, nestes
casos, forçando o devedor a dar ao lesado uma soma
correspondente ao valor do objeto: um equivalente do
benefício que a norma infringida lhe proporcionava. E por
isso se fala aqui de uma simples reintegração por
equivalente
 III. Sanções criminais: penas e medidas de segurança.

Admitamos que António tinha furtado o anel ou o relógio a


Manuel. A reação do Direito já não se limita à apreensão do objeto
e subsequente entrega ao proprietário. Traduz-se na aplicação de
uma pena ao infrator.
A pena consiste num mal, num sofrimento ou num sacrifico
imposto ao infrator com a finalidade de prevenção geral e de
reintegração social e tendo como limite a medida da culpa do
agente.
Mas nem a todo o homicídio, furto ou injúria pode corresponder
uma pena. Suponhamos que o autor desses ilícitos é uma pessoa
irresponsável, mercê das suas condições psíquicas especiais. Não
lhe pode ser aplicada uma pena mas sim uma medida de
segurança.
IV) Meios Compulsivos
 
 Quando a norma não foi observada, mas há ainda a possibilidade
de o particular conformar com ela, embora tardiamente, o seu
comportamento recorre-se algumas vezes a tipo curioso de
sanções. Trata-se de aplicar ao infrator determinado sofrimento ou
sacrifício o qual cessa logo que o comportamento visado pela
norma se mostre observado. Tratam-se dos meios compulsivos,
isto é, medidas coercitivas destinadas a induzir o particular ao
cumprimento da norma.
 Suponhamos para exemplificar que alguém se obrigou perante o
credor a prestar uma obrigação de facto em que não pode ser
substituído por terceiro. Neste caso se o devedor não cumpre pode
o credor pedir ao tribunal que condene o devedor no pagamento de
uma quantia pecuniária por cada dia de atraso no cumprimento,
V) Os procedimentos cautelares
 
A inevitável demora do processo judicial torna, por vezes, indispensável
antecipar determinados efeitos da decisão pedida ao tribunal ou preservar
a manutenção, na pendência do processo, da situação patrimonial do
demandado. Isto acontece sempre que aquele que recorreu ou intenta
recorrer à via judicial mostre fundado receio de que outrem cause lesão
grave ou dificilmente reparável ao direito. Assim, o legislador criou os
procedimentos cautelares regulados nos artigos 381.º e ss do
CProcessoCivil.

Restituição provisória da posse;


Arbitramento de reparação provisória;
Suspensão das deliberações sociais;
Arresto;
Arrolamento
IV) Invalidade ou ineficácia dos actos praticados em
contravenção da norma

 Resta, por ultimo, aludir a este tipo bastante característico


de sanções jurídicas. Há uma norma segundo a qual são
incapazes de testar os menores não emancipados e os
interditos por anomalia psíquica (art. 2198.º do Cód. Civil).
 Suponhamos que não obstante este preceito, por ignorância
ou por conivência do notário respetivo um menor de 12
anos faz o seu testamento. O direito reage considerando o
ato nulo e sem nenhum efeito o documento lavrado pelo
menor (art. 2190.º do Cód. Civil)
CASOS PRÁTICOS
I.
Joaquim, ao entrar na sua casa ( prédio de dois andares ), apercebeu-se
que no andar de cima vinha um fumo muito preto. Tudo indicava que se
tratava de um incêndio.
Sabendo que no segundo andar se encontrava a D. Francisca , inválida e
de idade avançada, subiu as escadas, arrombando a porta para retirar a
senhora. Provocou, desse modo, danos materiais, tanto na porta como na
fechadura. Só depois é que Pedro, vizinho da casa ao lado, chamou os
bombeiros e telefonou aos familiares de D. Francisca.
Estes, por sua vez, quando chegaram ao local, tendo consciência de que a
Senhora se encontrava a salvo, dirigiram-se a Joaquim questionando-o
sobre a sua eventual responsabilidade relativa aos danos da porta.

 Pronuncie-se sobre o comportamento de Joaquim.


 Será Joaquim obrigado a indemnizar a Sr. Francisca pelos danos
materiais que provocou?
IV.
Bento, vendedor, e Carlos, comprador, celebraram um contrato de
compra e venda, cujo objeto era uma máquina industrial.
Celebraram que o dia de entrega seria o dia 13 de Dezembro de 2018.
Bento não entregou a máquina na data indicada e, mesmo depois de
sucessivos contactos por parte de Carlos a Bento, este refere que não
tenciona realizar a respetiva entrega.
Carlos já havia pago o preço estipulado para a referida máquina, tendo
sofrido graves prejuízos, uma vez que se viu impossibilitado de iniciar a
sua atividade industrial.
Assim sendo, decidiu instaurar uma ação declarativa de condenação para
condenar Bento pelo não cumprimento do contrato e obrigá-lo a fazer a
referida entrega acrescida do pagamento dos referidos prejuízos.
O tribunal emitiu a sentença condenatória e, para além, de Bento ser
condenado em tudo o que o autor pretendia, condenou-o também a pagar
250 euros por cada semana de atraso.

Indique o meio de tutela utilizado pelo tribunal.


A sistemacidade do Direito

Os ramos do Direito – Direito Público e Direito Privados

A realidade jurídica, que constitui o último estrato do sistema


jurídico, isto é, a institucionalização histórica do direito é
extremamente vasta. Os princípios, as normas, a dogmática e as
Instituições que compõem o sistema jurídico abrangem diversas
questões da vida social.
Assim, torna-se necessário demarcar um conjunto de normas
jurídicas que, estruturadas segundo os princípios gerais do direito,
possuem individualidade própria.

É esta organização do sistema jurídico em dois grandes complexos


normativos que se designa por ramos do direito ( o do Direito
Público e o do Direito Privado ).
Critérios diferenciadores

Importa referir os principais critérios propostos para


distinguir os direitos público e privado, verificando-se, assim,
a existência de três critérios diferenciadores, designadamente:

 critério da natureza dos interesses;


 critério da qualidade dos sujeitos;
 critério da posição dos sujeitos
Critério da posição dos sujeitos

 Segundo este critério, o Direito Público caracteriza-se pelo facto


de, nas relações por ele reguladas, se verificar o exercício de um
poder de autoridade pública. Este direito é integrado pelas
normas que estruturam a organização e atividade do Estado e dos
demais entes públicos ou disciplina as relações destes entes
públicos de um poder de autoridade entre si ou com os particulares.
 Pertence, assim, ao Direito Público as normas que disciplinam as
relações de subordinação.
 Diferentemente, o Direito Privado caracteriza-se por ser aquele
ramo do direito que regula e disciplina as relações jurídicas em que
os sujeitos se encontram numa posição de paridade. Regulam,
portanto, as relações entre particulares e os entes públicos quando
estes não intervêm nelas revestidos do seu poder de autoridade, mas
sim num estatuto de igualdade com os particulares.
RAMOS DE DIREITO PÚBLICO

Direito Constitucional: ocupa-se dos órgãos de soberania,


seus poderes e relações, dos princípios fundamentais de
natureza política e jurídica da comunidade alem de consagrar
os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Tem assento
na Constituição da República Portuguesa

Direito Administrativo: Regula a estrutura e atividade da


administração pública, quer a do Governo agindo no
desempenha da função executiva quer a dos entes a ele
subordinados diretamente, quer dos órgãos e agentes das
autarquias locais e regionais
 Direito Económico: organização e atividade económica do Estado

 Direito Financeiro: regula a aquisição e distribuição de receitas


com vista a assegurar o funcionamento dos entes públicos
compreendendo o direito a receitas, o direito das despesas e o
direito da administração financeira

 Direito Fiscal: ramos do direito das receitas (impostos e taxas)


constituído pelo conjunto de normas que regulam a atividade fiscal
do Estado e as relações jurídicas provenientes dessa atividade.

 Direito Penal ou Criminal: constituído pelo conjunto de normas


contidas sobretudo no Código Penal que regulam os crimes e as
penas e ainda pelas normas que regulam as medidas de segurança
(internamento em estabelecimento de cura para os inimputáveis).
 Direitos Processuais (civil, penal, administrativo, do
trabalho, fiscal) – são ramos adjetivos. Não tratam do direito
que confere direitos e obrigações mas tratam de como este se
deve processar. Regulam a forma de introdução de um litígio
em tribunal e a sua tramitação, desde os seus pressupostos,
requisitos até ao julgamento.

 Direito dos Registos e Notariado: Previsto em múltiplos


Códigos: Registo Civil, Registo Predial, Registo do Notariado.

 Direito Internacional Público: regula as relações entre o


Estado e outros sujeitos de Direito Internacional, como a Santa
Sé, a Ordem Soberana de Malta, organizações internacionais.
 
 Direito da União Europeia
 RAMOS DE DIREITO PRIVADO

O Direito Civil

O Direito Civil é o direito privado comum, isto é, um


direito base. Os demais ramos de direito privado são
direitos especiais, adaptações do direito civil a realidades
especificas.

O direito civil é direito subsidiário, aplicando-se sempre


que a lei especial para um caso não preveja resolução.
O direito civil comporta 5 livros:
 Livro 1 – PARTE GERAL- complexo de disposições gerais comuns a todo o
direito (fontes do direito, interpretação e integração da lei, aplicação da lei no
tempo e no espaço, relações jurídicas, etc)
 Livro 2 – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – regula em particular a circulação
de bens e serviços, as prestações positivas ou negativas, os direitos de créditos e
a reparação de danos (responsabilidade civil). O seu principal instituto é um
negocio jurídico, o contrato, decorrente da instituição que é a autonomia privada
(art. 405.º do CCivil).
 Livro 3- DIREITOS REAIS OU DAS COISAS – regula o direito da
propriedade e outros direitos reais (art. 1302.º do CC, artigo 1403.º a 1575.º do
CC) e on instituto da posse (art. 1251.º)
 Livro 4 – DIREITO DA FAMÍLIA – debruça-se sobre as relações jurídicas
constituídas, modificativas e extintivas dos laços da família, desde o casamento
(art. 1587), a filiação (1796), a adoção (1973), a separação judicial de bens ou de
pessoas e bens (art. 1767 e 1794) e o divorcio (art. 1773), bem como as relações
intra-familiares (poder paternal, por exemplo).
 Livro V – DIREITO DAS SUCESSÕES – regula o ingresso dos bens do
falecido no património de outrem através de vários títulos de vocação
sucessória: testamentária, legitimária, legitima.
 Direito de Autor: versa sobre os direitos patrimoniais e morais dos criadores sobre as
suas obras literárias, artísticas ou intelectual em geral.

 Direito Comercial – estudam-se além dos problemas gerais de qualificação como


comerciais ou não dos atos, as sociedades comerciais, os contratos comerciais, os
títulos de crédito.
 Dentro da imensa legislação mercantil destacam-se atualmente os Códigos Comerciais,
das Sociedades Comerciais, da Insolvência e da Recuperação de Empresas, do Registo
Comercial e dos Valores Imobiliários,

 Direito do Trabalho – o direito do trabalho tem por objeto a disciplina di trabalho


subordinado prestado a outrem e pode definir-se como um conjunto de normas
reguladoras do contrato de trabalho definido no art. 11..º do CT. Trabalho como aquele
pelo qual uma pessoa singular se obriga mediante retribuição a prestar a sua atividade a
outra ou outras pessoas, no âmbito da organização e sob autoridades destas.

 Direito Internacional Privado – as situações tuteladas por este ramo jurídico são
aquelas em que houver conexão relevante (nacionalidade ou domicilio dos sujeitos,
localização do objeto, local de ocorrência do facto) com mais de uma ordem estadual.
 Integração das lacunas da lei

Noção de lacuna
 Entende-se por lacuna a ausência duma norma jurídica que
permita resolver uma situação da vida social que reclama uma
solução jurídica.
Espécies
 As lacunas que o ordenamento jurídico pode apresentar
comportam várias espécies.
 Segundo uma perspetiva, há lacunas:
 - voluntárias: a inexistência de disciplina jurídica é querida
pelo legislador;
 - involuntárias: o legislador não previu o caso que reclama
solução jurídica e, por isso, não elaborou a correspondente lei.
O artigo 8.º do CC não permite ao juiz recusar o
julgamento alegando a falta ou obscuridade da lei.
 Em presença de um caso omisso, caso não regulado
merecedor de tutela jurídica, deve o julgador integrar a
lacuna de lei atendendo ao artigo 10.º do CC que estabelece:
 1. Os casos que a lei não preveja são regulados segundo a
norma aplicável aos casos análogos. 2. Há analogia
sempre que no caso omisso procedam as razões
justificativas da regulamentação do caso previsto na lei.
 Na falta de caso análogo a situação é resolvida segundo a
norma que o próprio interprete criaria, se houvesse de
legislar dentro do espirito do sistema.
Interpretação da lei
A interpretação é a atividade intelectual que procura retirar
de uma fonte do direito o sentido normativo que permita
resolver um caso prático que reclama uma solução jurídica.
Para que seja possível aplicar uma lei ao caso concreto daí
retirando uma solução jurídica, há, antes de mais, que saber
qual o conteúdo da norma, isto é, qual o seu sentido. Nisto
consiste a interpretação que pode definir-se, nos termos do
art. 9.º, n.º 4, como a fixação do sentido e alcance da lei.
Tipos de interpretação
 A interpretação pode ser:

 autêntica,
 oficial,
 judicial
 e doutrinal ou particular.

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