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EJAE

2º Frequência
A cooperativa (CRL \ CRI) Consórcio – contrato pelo qual duas ou mais
pessoas singulares ou coletivas que exercem uma
o Está prevista no código cooperativo, aprovado atividade económica se obrigam entre si, de forma
pela Lei n.º 119/2015, de 31 de agosto (OU o concertada, a realizar certa atividade ou efetuar
certa contribuição com o fim de prosseguir os
que não lá estiver regem se pelo CSC –
sociedades anonimas) objetos referidos no art. 2.º (ex, realização de uma
obra como uma ponte, uma estrada, uma escola ou
Art. 9.º - direito subsidiário ao Código um hospital. Enquanto durar a realização da obra
Cooperativo é o CSC nomeadamente cada empresa contribui com os conhecimentos e
os preceitos aplicáveis às Sociedades experiência [arquitetura, engenharia, construção…])
Anónimas
o Discute-se se a cooperativa tem ou não Agrupamento complementar de
finalidade lucrativa
empresas (ACE)
O que são?
Lei n.º 4/73, de 4 de junho
Art. 2.º - as cooperativas são pessoas coletivas
autónomas, de livre constituição, de capital e o As pessoas singulares ou coletivas e as
composição variáveis que, através da cooperação e sociedades podem agrupar-se, sem prejuízo
entreajuda dos seus membros, com obediência aos da personalidade jurídica, a fim de melhorar
princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a as condições de exercício ou de resultado
satisfação das necessidades e aspirações das suas atividades económicas.
económicas, sociais ou culturais daqueles. o Não podem ter como fim principal a
o Ramos do setor cooperativo – consumo, obtenção e repartição de lucros.
comercialização, agrícola, crédito, habitação e o Constituem-se com ou sem capital próprio.
construção, produção operária, artesanato,
pescas, cultura, serviços, ensino e Sociedades aparentes
solidariedade social.
Art 36 \ 40 CSC
o Firma deve ter o vocábulo Cooperativa e
terminar em CRL ou CRI, consoante seja O que são?
cooperativa de responsabilidade limitada ou
de responsabilidade ilimitada  Pode ocorrer que duas ou mais pessoas
tendo em vista obter determinado tipo de
Figuras afins das SC vantagens criem junto de terceiros a
convicção de que integram uma sociedade
o Diversas formas de colaboração empresarial comercial que, em boa verdade, não
pretendem constituir.
Associação em Participação – 21.º do DL 231/81, de
28 de julho, associação de uma pessoa a uma  Quanto a DIVIDAS que contraiam, aplica-se
atividade económica exercida por outra, ficando a o art. 36.º CSC no sentido de que os
primeira a participar nos lucros ou nos lucros e nas prevaricadores respondem solidária e
perdas que desse exercício resultarem para a ilimitadamente pelas obrigações que neste
segunda. contexto contraiam.
EJAE
2º Frequência
A cooperativa (CRL \ CRI) Consórcio – contrato pelo qual duas ou mais
pessoas singulares ou coletivas que exercem uma
o Está prevista no código cooperativo, aprovado atividade económica se obrigam entre si, de forma
pela Lei n.º 119/2015, de 31 de agosto (OU o concertada, a realizar certa atividade ou efetuar
certa contribuição com o fim de prosseguir os
que não lá estiver regem se pelo CSC –
sociedades anonimas) objetos referidos no art. 2.º (ex, realização de uma
obra como uma ponte, uma estrada, uma escola ou
Art. 9.º - direito subsidiário ao Código um hospital. Enquanto durar a realização da obra
Cooperativo é o CSC nomeadamente cada empresa contribui com os conhecimentos e
os preceitos aplicáveis às Sociedades

i
experiência [arquitetura, engenharia, construção…])
Anónimas
o Discute-se se a cooperativa tem ou não Agrupamento complementar de
finalidade lucrativa
empresas (ACE)
O que são?
Lei n.º 4/73, de 4 de junho
Art. 2.º - as cooperativas são pessoas coletivas
autónomas, de livre constituição, de capital e o As pessoas singulares ou coletivas e as
composição variáveis que, através da cooperação e sociedades podem agrupar-se, sem prejuízo
entreajuda dos seus membros, com obediência aos da personalidade jurídica, a fim de melhorar
princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a as condições de exercício ou de resultado
satisfação das necessidades e aspirações das suas atividades económicas.
económicas, sociais ou culturais daqueles. o Não podem ter como fim principal a
o Ramos do setor cooperativo – consumo, obtenção e repartição de lucros.
comercialização, agrícola, crédito, habitação e o Constituem-se com ou sem capital próprio.
construção, produção operária, artesanato,
pescas, cultura, serviços, ensino e Sociedades aparentes
solidariedade social.
Art 36 \ 40 CSC
o Firma deve ter o vocábulo Cooperativa e
terminar em CRL ou CRI, consoante seja O que são?
cooperativa de responsabilidade limitada ou
de responsabilidade ilimitada  Pode ocorrer que duas ou mais pessoas
tendo em vista obter determinado tipo de
Figuras afins das SC vantagens criem junto de terceiros a
convicção de que integram uma sociedade
o Diversas formas de colaboração empresarial comercial que, em boa verdade, não
pretendem constituir.
Associação em Participação – 21.º do DL 231/81, de
28 de julho, associação de uma pessoa a uma  Quanto a DIVIDAS que contraiam, aplica-se
atividade económica exercida por outra, ficando a o art. 36.º CSC no sentido de que os
primeira a participar nos lucros ou nos lucros e nas prevaricadores respondem solidária e
perdas que desse exercício resultarem para a ilimitadamente pelas obrigações que neste
segunda. contexto contraiam.
Sociedades irregulares As sociedades comerciais
O que são? Art 36 nº2 \ 40 CSC estrangeiras a operar em
 As sociedades irregulares são sociedades Portugal
que no processo de constituição não
cumpriram os requisitos de formação O art. 4.º, n.º 1 do CSC dispõe que a sociedade que
legalmente previstos. Existe intenção de não tenha sede efetiva em Portugal, mas que deseje
constituir uma SC, mas os requisitos formais exercer aqui a sua atividade por mais de 1 ano deve
não completamente cumpridos. instituir uma representação permanente e cumprir o
EX: a sociedade que inicia a sua atividade antes de disposto na lei sobre registo comercial.
formalizado o respetivo contrato de constituição (art.
36.º, n.º 2) ➢ Quanto à representação da sociedade
• (remete 997 n 1 cc)Quem responde pelas comercial estrangeira, o determinante é que
DIVIDAS = responde a sociedade e solidaria o representado expressa a sua vontade de
e pessoalmente os sócios que certa entidade o represente e vincule
em determinados negócios jurídicos
EX: a sociedade comercial que começa a particularmente numa área geográfica e que
desenvolver a sua atividade entre a data de o representante aceite representar
celebração do contrato e o seu registo definitivo determinada sociedade comercial.
(art. 40.º CSC). ➢ Para determinadas sociedades estrangeiras
• Neste último caso, pelos negócios realizados que atuem em Portugal a representação
em nome de uma SQ, SA ou S.C. por ações deve ser permanente (ex, criação de filiais e
respondem ilimitadamente e solidariamente sucursais) sempre que a atividade da
todos aqueles que no negócio agiram em sociedade se prolongue por mais de 1 ano.
representação da sociedade. Quanto aos - A representação permanente deve ser
demais sócios, respondem até às ao valor da registada.
sua entrada - O registo é obrigatório para a criação,
Art. 4.º do CSC alteração e o encerramento de
representações permanentes de sociedades,
1. A sociedade que não tenha a sede efetiva bem como para a prestação de contas das
em Portugal, mas deseje exercer aqui a sua sociedades com sede no estrangeiro e
atividade por mais de um ano, deve instituir representação permanente em Portugal (art.
uma representação permanente e cumprir o
10.º, 15.º CRComercial)
disposto na lei portuguesa sobre registo
comercial. + de 1 ano
2. A sociedade que não cumpra o disposto no
− Tem de ter uma representação
número anterior fica, apesar disso, obrigada
permanente
pelos atos praticados em seu nome em
Portugal e com ela respondem − Tem de ser registada na conservatória
solidariamente as pessoas que os tenham − Bem como a prestação de contas da
praticado, bem como os gerentes ou sociedade
administradores da sociedade. − SE NÃO COMPRIR COM ESTES
3. Não obstante o disposto no número anterior, REQUISITOS art nº4 N 2
o tribunal pode, a requerimento de qualquer
interessado ou do Ministério Público, ordenar
que a sociedade que não dê cumprimento ao
disposto no n.º 1 cesse a sua atividade no
País e decretar a liquidação do património
situado em Portugal.
H
Direitos e deveres dos sócios Contrato de suprimento
Art. 243.º - contrato pelo qual o sócio empresta à
Desenvolvimentos das atividades sociais: sociedade dinheiro ou outra coisa fungível ficando
 Direitos e deveres gerais dos sócios aquela obrigada a restituir outro tanto do mesmo
género ou qualidade.
 Para além do dever de entrada, os sócios • Não é necessário a sua previsão no pacto
podem obrigar-se a outras prestações, social, nem é necessária a deliberação dos
designadamente as prestações acessórias, as sócios. A sua celebração é da competência
prestações suplementares e os suprimentos. da gerência ou da administração.
Prestações acessórias (obrigações) • Em caso de insolvência, os suprimentos
Consistem as prestações acessórias em obrigações inserem-se na classe dos créditos
acordadas inicialmente no pacto de sociedade que subordinados. Apenas são pagos após o
podem consistir em qualquer ato ou atividade do cumprimento dos créditos das demais
sócio que vá em prol dos objetivos sociais. classes (art. 47.º, n.º 4 b) e 48.º g) do
Pode consistir : CIRE). (risco de nc mais ver o dinheiro)
− No comprometimento, por parte de um sócio,
de exercer as funções de gerente ou Aquisição e distribuição de lucros
administrador da respetiva sociedade − Um dos direitos do sócio é quinhoar nos
comercial lucros (art. 21.º).
− Na construção das instalações necessárias ao − Quanto a saber qual a percentagem de
desenvolvimento da atividade empresarial lucros a distribuir por cada sócio encontra-se
− No fornecimento de certos bens ou serviços vinculada, salvo convenção em sentido
ligados à anterior profissão desempenhada contrário, ao valor da participação de cada
por determinado sócio. um no capital da respetiva sociedade
! Deve-se atender ao art. 209.º (sociedades por (art. 22.º) \ Art. 217.º - SQ \ Art. 294.º - SA
quotas) e ao art. 287.º(sociedades anónimas). Perdas sociais
Estas prestações podem ser onerosas ou Trata-se da diminuição do património da sociedade
gratuitas e o seu incumprimento não determina comercial relativamente às entradas com o que o
a exclusão do sócio da sociedade. ! projeto empresarial teve início
Prestações suplementares (DINHEIRO SMP) • Podem ter consequências concreta na
Prevê-se a obrigação de prestações suplementares diminuição da distribuição dos lucros, no
menor valor das reservas, bem como, em
exclusivas das SQ (art. 210.º).
certos tipos societários, na responsabilização
No entanto, também se aplicam às SA. (n tem art, dos sócios pelo pagamento das dívidas
por isso art 210 TB se aplica aqui) geradas por tal circunstância.
− As mesmas devem constar do contrato de • As perdas de cada sócio deverão ser
sociedade e consistir em dinheiro. A calculadas por regra em função da respetiva
obrigação concreta de prestar suplementos
tem de derivar de deliberação dos sócios participação social (art. 22.º)
− Caso o sócio não corresponda, quando Património e capital social
solicitado, à prestação suplementar a que se Património social – conjunto de relações jurídicas
obrigou poderá ser excluído da sociedade com valor económico, isto é, avaliável em dinheiro de
e perder total ou parcialmente a sua que é sujeito ativo e passivo uma sociedade
comercial
quota (art. 212.º, 204.º e 205.º).
Capital social: consiste num valor ideal e abstrato
Quanto à restituição das prestações suplementares
tal só ocorre se a situação líquida não ficar inferior que representa a soma das entradas dos sócios,
à soma do capital social e o socio tenha liberado a sendo, como tal, impenhorável diversamente do que
sua quota (art. 213.º) sucede com o património.
Ao capital social compete determinar a posição As reservas
relativa dos sócios quanto a direitos (direito a Tratam-se de valores que os sócios não querem ou
dividendos, direito de participação em AG) e deveres não podem distribuir.
(dever de entrada, perdas). As reservas podem ser:
A diferença em PS e CS permite averiguar se a − Estatutárias – se previstas no próprio pacto
sociedade está a obter lucros ou prejuízos. Visa ainda social (art. 33.º, n.º 1, in fine)
proteger não apenas os sócios mas também os
credores da sociedade. − Facultativas ou livres – consistem em
lucros não distribuídos por deliberação anual
Trata-se da intangibilidade do capital social dos sócios. é obrigatório distribuir 50% dos
− Assenta na proibição de distribuir pelos lucros distribuíveis.
sócios bens da sociedade quando a sua − Contratuais – resultam de contratos
situação líquida for inferior à soma do celebrados entre a sociedade e terceiros,
capital social e reservas que a lei ou como investidores, entidades públicas ou
contrato não permitam distribuir pelos sócios bancos.
ou se tornasse inferior a esta soma em − Ocultas – resultam da subvalorização do
consequência da distribuição (art. 32.º) ativo ou de uma sobrevalorização do passivo
− Por outro lado, não podem ser distribuídos (art. 33.º, n.º 3). Estas reservas não podem
aos sócios os lucros de exercício necessários ser distribuídas pelos sócios uma vez que
para cobrir prejuízos transitados ou para não resultam do balanço.
formar ou reconstituir reservas impostas
− Legais – as que são impostas por lei. Nos
pela lei ou pelo contrato de sociedade (art.
33.º). Significa isto que não podem ser termos dos art. 295.º e 296.º (SA e aplicável
distribuídos lucros fictícios, mas apenas às SQ por força do art. 218.º), 5% dos lucros
efetivos relativamente ao património que se do exercício deverão destinar-se à
arriscou. constituição de reservas até que as mesmas
− O legislador pune as condutas contrárias ao perfaçam 20% do capital social. Nas SQ
estatuído nestes preceitos, obrigando os estipula-se que o limite mínimo da reserva
sócios a restituir à sociedade os bens que legal nunca será inferior a € 2 500,00.
dela tenham recebido com violação do Sociedades comerciais
disposto na lei (art. 34.º) Considera-se contrária ao fim da sociedade a
− Resultando das contas do exercício ou de prestação de garantias reais ou pessoais a dívidas de
contas intercalares que metade do capital outras entidades art. 6.º, n.º 3
próprio se encontra perdido ou havendo Órgãos de gestão – órgãos de administração e
fundadas razões para admitir que essa perda representação:
se verifica devem os gerentes ou SNC – gerentes em princípios todos os sócios da
administradores convocar ou requerer a
convocação de uma AG, de forma a informar sociedade (art. 191.º)
SQ – geridas e representadas por um ou mais
os sócios da situação e se tomarem as
medidas necessárias. gerentes, não sendo obrigatoriamente sócios.
SC – gerentes apenas os sócios comanditados, em
− Outra vertente de intangibilidade do capital
social reside em que tendencialmente se princípio. No entanto, prevê o art. 470.º que o
contrato de sociedade possa prever sócios
verifica a inalterabilidade do capital social. comanditários como gerentes.
Excecionalmente, todavia, pode ter lugar um SA – pode existir: um conselho de administração e
aumento do capital social (art. 87.º) ou conselho fiscal; conselho de administração
redução do capital social (art. 94.º) compreendendo uma comissão de auditoria e revisor
oficial de contas; conselho de administração
executivo, conselho geral e de supervisão e ROC.
Obrigações genéricas dos gerentes e Art. 390.º
administradores O conselho de administração é composto pelo
número de administradores fixado no contrato de
➢ O art. 64.º do CSC – dever de cuidado e no sociedade.
dever de lealdade O contrato de sociedade pode dispor que a
➢ A responsabilidade civil e fiscal dos sociedade tenha um só administrador, desde que o
respetivos membros – art. 72.º, n.º 1 capital social não exceda (euro) 200000; Os
Os gerentes ou administradores respondem para administradores podem não ser acionistas, mas
com a sociedade por atos ou omissões praticadas devem ser pessoas singulares com capacidade
em violação dos deveres legais ou contratuais caso jurídica plena.
tenham resultado danos causados no património da
sociedade. Exemplos de áreas de atuação – art. 406.
Competência da gerência nas SQ − Escolha do presidente
 A designação dos gerentes pode ser feita no − Cooptação de administradores
contrato de sociedade ou mediante − Pedido de convocação de assembleias gerais;
deliberação dos sócios em assembleia geral
− Relatórios e contas anuais;
 Caso faltem definitivamente todos os
gerentes assumirão todos os sócios os − Aquisição, alienação e oneração de bens
poderes de gerência até que sejam imóveis;
designados novos gerentes. − Prestação de cauções e garantias pessoais
 Quando a gerência seja composta por vários ou reais pela sociedade;
gerentes os respetivos poderes serão − Abertura ou encerramento do
exercidos conjuntamente. Serão válidas as
estabelecimento ou de partes importantes
deliberações que reúnam votos da maioria.
 Determina o legislador a impossibilidade de desta;
concorrência com a sociedade por parte dos − Modificações importantes na organização da
respetivos gerentes. empresa;
 Quanto à duração do mandato da gerência, é − Mudança de sede e aumentos de capital;
por tempo indeterminado – art. 256.º − Projetos de cisão, fusão e de transformação
 Poderão os sócios a todo o tempo deliberar da sociedade;
a destituição do gerente – art. 257.º − Qualquer outro assunto sobre o qual algum
 Deverão os gerentes praticar os atos que administrador requeira deliberação do
forem necessários ou convenientes para a
realização do objeto social, com respeito conselho
pelas deliberações dos sócios – art. 259.º Órgão deliberativo: assembleia geral
Competências do Administrador, do Conselho de de sócios
Administração ou da Direção nas SA Nas SA, a Assembleia geral reúne esporadicamente.
O CSC oferece três fórmulas de organização Tem como competência deliberar sobre assuntos
fundamentais da sociedade.
administrativa e fiscal – art. 278.º
Ex.: distribuição de dividendos, aumento ou redução
• Conselho de Administração e Conselho Fiscal; do capital social, alteração do pacto social ou
• Conselho de Administração, compreendendo dissolução da sociedade comercial
uma Comissão de Auditoria e ROC;
• Conselho de Administração Executivo, São convocadas pelo presidente da mesa devendo
Conselho Geral e de Supervisão e ROC a convocatória ser publicada. Nas SA entre a última
divulgação e data da reunião deve mediar pelo
Competências do Conselho de Administração: gerir menos 1 mês.
as atividades da sociedade, subordinado à vontade
dos acionistas, representando com plenos poderes a
sociedade.
A convocatória pode ter lugar por carta registada Deliberações nulas ou anuláveis
ou através do sítio do Ministério da Justiça ou ainda,
com a anuência dos destinatários, por correio Art. 56.º a 62.º
eletrónico com a antecedência de 21 dias..
A mesa da assembleia geral é constituída, pelo Deliberações nulas – ex. deliberações tomadas
menos, por um presidente e um secretário. O por sócios em AG não convocada. O legislador não
contrato de sociedade pode determinar que o considera como convocadas as AG cuja convocatória
presidente, o vice-presidente e os secretários da não esteja assinada por quem tem competência para
mesa da assembleia geral sejam eleitos por esta, por tal.
período não superior a quatro anos, de entre
acionistas ou outras pessoas. São nulas as deliberações dos sócios:
- No silêncio do contrato, na falta de pessoas eleitas 1. Tomadas em assembleia geral não
nos termos do número anterior ou no caso de não convocada, salvo se todos os sócios tiverem
comparência destas, serve de presidente da mesa estado presentes ou representados;
da assembleia geral o presidente do conselho fiscal, 2. Tomadas mediante voto escrito sem que
da comissão de auditoria ou do conselho geral e de todos os sócios com direito de voto tenham
supervisão e de secretário um acionista presente,
sido convidados a exercer esse direito, a não
escolhido por aquele.
ser que todos eles tenham dado por escrito
- Na falta ou não comparência do presidente do o seu voto;
conselho fiscal, da comissão de auditoria ou do 3. Cujo conteúdo não esteja, por natureza,
conselho geral e de supervisão, preside à assembleia sujeito a deliberação dos sócios;
geral um acionista, por ordem do número de ações 4. Cujo conteúdo, diretamente ou por atos de
de que sejam titulares caso se verifique igualdade outros órgãos que determine ou permita,
de número de ações, deve atender-se,
seja ofensivo dos bons costumes ou de
sucessivamente, à maior antiguidade como acionista
preceitos legais que não possam ser
e à idade – art. 374.º
derrogados, nem sequer por vontade
Nas SQ, a convocatória deve ser feita por meio de unânime dos sócios.
carta registada com a antecedência mínima de 15
dias (art. 248.º, n.º 3). Às assembleias gerais das São anuláveis as demais situações. Art. 58.º:
sociedades por quotas aplica-se o disposto sobre São anuláveis as deliberações que:
assembleias gerais das sociedades anónimas – 248.º I. Violem disposições quer da lei, quando ao
A convocatória deve conter, entre outros aspetos, caso não caiba a nulidade, nos termos do
as menções do art. 171.º: lugar, dia e hora da reunião artigo 56.º, quer do contrato de sociedade;
e ordem do dia. A preterição ou erro sobre II. Sejam apropriadas para satisfazer o
determinadas menções essenciais é causa de propósito de um dos sócios de conseguir,
nulidade das deliberações. através do exercício do direito de voto,
- No que se refere ao local da reunião da vantagens especiais para si ou para
assembleia geral, deve ser, em regra, a sede da terceiros, em prejuízo da sociedade ou de
sociedade, podendo decorrer igualmente através de outros sócios ou simplesmente de prejudicar
meios telemáticos. aquela ou estes, a menos que se prove que
as deliberações teriam sido tomadas mesmo
A convocatória das assembleias gerais compete a sem os votos abusivos;
qualquer um dos gerentes, sendo presididas pelo III. Não tenham sido precedidas do
sócio que detiver maior fração de capital ou, em fornecimento ao sócio de elementos
caso de igualdade, pelo sócio mais velho – art. 248.º, mínimos de informação.
n.º 3 e 4.
Impugnação das deliberações sociais Atas das assembleias gerais
- Se determinada deliberação carecia do
consentimento de parte de um sócio será tal Ata tem de ser assinada nas:
deliberação ineficaz relativamente a tal sócio. Ex. SQ, por todos os sócios presentes
deliberação tomada sem quórum mínimo. Art. 55.º (Art 248)
- Caso a AG tenha deliberado sem ter sido SA, apenas pelo presidente, e pelo
convocada ou devidamente convocada tais secretário da mesa
deliberações serão nulas. Ex., sem indicação de dia,
hora ou local da reunião. Deve conter:
A identificação da sociedade,
- Deverá o órgão de fiscalização dar a conhecer aos
O lugar, dia e hora da reunião
sócios a nulidade de uma deliberação a fim que
estes a renovem. Caso não o façam nem a Nome do presidente
sociedade seja citada para a ação em causa, deverá Nome dos sócios presentes e valor nominal
o órgão de fiscalização promover a declaração de da respetiva participação social
nulidade, em sede judicial. Ordem do dia
Teor das decisões tomadas,
− A anulabilidade pode ser arguida pelo órgão Resultado das votações
de fiscalização ou por qualquer sócio e a
Sentido das declarações dos sócios
respetiva ação deve ser proposta contra a
Art 251 conflito de interesses
sociedade no prazo de 30 dias.
− A não observância deste prazo determina a ! Depois de já ter sido feita a convocatória, um
caducidade do respetivo direito e a sanação socio pode incluir um tema a ordem do dia? !
da invalidade da deliberação – art. 59.º, n.º 2 − Nas SA, só o poderão fazer os sócios que
Funcionamento. Convocatória e tiverem pelo menos 5% do capital social.
− Nas SQ todos os sócios o podem fazer
presidência de trabalhos
Convocatória da AG – compete ao presidente da Órgãos de fiscalização
mesa e deve ser publicitada por carta registada ou
meios eletrónicos. • Após um exercício social os membros dos
Deve conter os seguintes elementos órgãos de gestão devem elaborar as contas
– art. 377.º, n.º 5: da sociedade para apreciação pelos sócios.
a) As menções exigidas pelo artigo 171.º; • Devem apresentar um relatório de gestão
b) O lugar, o dia e a hora da reunião; que descreva e sintetize os principais
c) A indicação da espécie, geral ou especial, da aspetos da vida societária no exercício em
assembleia; questão.
d) Os requisitos a que porventura estejam • Uma vez elaborados os documentos de
subordinados a participação e o exercício do prestação de contas devem ser apresentados
direito de voto; à AG para deliberação pelos sócios.
e) A ordem do dia;
• Estes documentos devem ser apresentados
f) Se o voto por correspondência não for
no prazo de três meses a partir do final do
proibido pelos estatutos, descrição do modo
exercício
como o mesmo se processa, incluindo o
endereço, físico ou eletrónico, as condições Extinção da sociedade comercial
de segurança, o prazo para a receção das
declarações de voto e a data do cômputo Dois momentos:
das mesmas. 1. Dissolução da sociedade
2. Liquidação do seu património
A dissolução Artigo 143.º
− O contrato pode prever causas de dissolução Causas de dissolução oficiosa
da sociedade. Ex: estipulação de um prazo O serviço de registo competente deve instaurar
para a duração da sociedade. oficiosamente o procedimento administrativo de
− Por outro lado, é permitido aos sócios a dissolução, caso não tenha sido ainda iniciado pelos
qualquer momento determinar a dissolução interessados, quando:
da sociedade (art. 194.º, 270.º, 383.º, n.º 2, a) Durante dois anos consecutivos, a sociedade
não tenha procedido ao depósito dos
386.º, n.º 3 e 473.º) documentos de prestação de contas e a
− O objeto social inicialmente lícito pode administração tributária tenha comunicado
tornar-se ilícito por decisão legal posterior – ao serviço de registo competente a omissão
art. 141.º de entrega da declaração fiscal de
rendimentos pelo mesmo período;
Artigo 142.º b) A administração tributária tenha comunicado
Causas de dissolução administrativa ou por ao serviço de registo competente a ausência
deliberação dos sócios de atividade efetiva da sociedade, verificada
1 - Pode ser requerida a dissolução administrativa da nos termos previstos na legislação tributária;
sociedade com fundamento em facto previsto na lei c) A administração tributária tenha comunicado
ou no contrato e quando: ao serviço de registo competente a
a) Por período superior a um ano, o número de declaração oficiosa da cessação de atividade
sócios for inferior ao mínimo exigido por lei, da sociedade, nos termos previstos na
exceto se um dos sócios for uma pessoa legislação tributária.
coletiva pública ou entidade a ela equiparada Particularidades (parte II)
por lei para esse efeito;
b) A atividade que constitui o objeto contratual Na SA se o sócio não realizar a sua entrada
se torne de facto impossível; no prazo fixado, o que poderá a Sociedade
c) A sociedade não tenha exercido qualquer fazer?
atividade durante dois anos consecutivos; MECANISMO 1: Pela via judicial, até porque, muitas
d) A sociedade exerça de facto uma atividade vezes, é feita a entrada através de um título ou de
não compreendida no objeto contratual. uma livrança e, assim sendo, a sociedade já tem um
Liquidação do património título executivo para intentar a ação.
MECANISMO 2: nos termos do art. 285º/2, sendo
- Consiste no apuramento do ativo, pagamento do regra geral tanto para as Sociedades Anónimas
passivo e partilha de eventual saldo. como para as Sociedades por Quotas (art. 204º), o
- A firma da sociedade que se encontre em sócio só entra em mora quando a sociedade o
liquidação deve passar a conter a expressão interpela para o cumprimento da obrigação. Esta
“sociedade em liquidação” ou “em liquidação”. interpelação tem de ser feita através de um anúncio
Duração da liquidação: no máximo de dois anos em que a sociedade fixa um prazo entre 30 a 60
após a dissolução podendo ser prorrogada por dias para o cumprimento, sendo que a partir do qual
deliberação dos sócios por período não superior a 1 o sócio, se não tiver realizado a sua prestação, entra
ano. em mora tendo consequências no seu estatuto na
- Os liquidatários que são normalmente os membros sociedade: não poderá receber os lucros da
da administração da sociedade têm a obrigação de sociedade nos termos do art. 27º/4. A sociedade
ultimar os negócios pendentes, cumprir as concede ao sócio em mora um novo prazo para que
obrigações, cobrar créditos da sociedade, propor a este efetue o pagamento da entrada acrescida dos
partilha de saldo. juros, sob pena de perder as suas ações para a
- A extinção ocorre pelo registo do encerramento da sociedade (interpelação admonitória). Aqui, passa a
liquidação. ser considerado um sócio remisso, ou seja, ou paga
ou fica sujeito a ser excluído. Passado o prazo sem
cumprir a sociedade delibera a sua exclusão
Contudo, continuando a entrada por realizar o que é Votos na SQ
que a sociedade poderá fazer para recuperar a
parte do capital social que ainda não foi realizada? Artigo 250.º (Votos)
 Existe uma responsabilidade solidária Conta-se um voto por cada cêntimo do valor nominal
daqueles sócios que antecederam aquele na da quota.
titularidade das ações, pois não há Artigo 251.º (Impedimento de voto)
responsabilidade solidária dos sócios nas 1 - O sócio não pode votar nem por si, nem por
Sociedades Anónimas. representante, nem em representação de outrem,
 Se os antecessores não tiverem património quando, relativamente à matéria da deliberação, se
suficiente ou se não existirem antecessores encontre em situação de conflito de interesses com
procede-se à venda das ações o que a sociedade. Entende-se que a referida situação de
consubstancia um mecanismo extrajudicial conflito de interesses se verifica designadamente
Síntese: quando se tratar de deliberação que recaia sobre:
Não comprido com a obrigação da entrada, em 1º a) Liberação de uma obrigação ou
temos a via judicial, o socio faltoso tem de cumprir responsabilidade própria do sócio, quer nessa
no prazo de 30 a 60 dias uma interpelação. Ele não qualidade quer como gerente ou membro do
cumpre faz-se uma nova interpelação sobre pena órgão de fiscalização;
que se ele não cumprir essa nova interpelação, será b) Litígio sobre pretensão da sociedade contra
excluído da sociedade. Mas mesmo assim ele não o sócio ou deste contra aquela, em qualquer
cumpre, é excluído e não cumpre. Então processa a
das qualidades referidas na alínea anterior,
venda extrajudicial das ações Art 285
tanto antes como depois do recurso a
Alteração do contrato de sociedade tribunal;
Por deliberação dos sócios é possível modificar ou c) Perda pelo sócio de parte da sua quota, na
suprimir alguma das cláusulas do contrato de hipótese prevista no artigo 204.º, n.º 2;
sociedade ou introduzir uma cláusula nova – art. 85.º d) Exclusão do sócio;
CSC e) Consentimento previsto no artigo 254.º, n.º 1;
• SNC – a decisão tem de ser tomada por f) Destituição, por justa causa, da gerência que
unanimidade (art. 194.º) estiver exercendo ou de membro do órgão
Restantes tipos societários: maioria qualificada de fiscalização;
• SQ: maioria de ¾ dos votos g) Qualquer relação, estabelecida ou a
estabelecer, entre a sociedade e o sócio
correspondentes ao capital social ou por n.º
estranha ao contrato de sociedade.
mais elevado exigido pelo contrato – art.
NÃO PODE VOTAR (CONFLITO DE INTERESSES)
265.º SE VOTAR O VOTO É ANULAEL
• SA: Presença de acionistas que detenham
pelo menos ações correspondentes a 1/3 do TRESPASSE ART 1112 CC
capital (art. 383.º, n.º 2). A alteração deverá
ser deliberada por 2/3 dos votos emitidos. Consiste na transmissão definitiva entre vivos de um
estabelecimento comercial. Normalmente configura
Estabelecimento Comercial uma compra e venda mas também pode configurar
uma entrada para uma sociedade comercial
- Noção: acervo heterogéneo de bens com o qual o - Para que ocorra o trespasse poderão não seguir
empresário desenvolve a atividade profissional. para o trespassário todos os elementos do
- Elementos que compõem: ativo e passivo estabelecimento comercial. De facto, para que se
- Ativo: as coisas corpóreas, incorpóreas e a clientela. possa falar de trespasse é necessária somente a
~ Coisas corpóreas: ex. imóvel onde se situam as transmissão dos elementos essenciais do
instalações da empresa, mercadorias, máquinas, estabelecimento comercial – o âmbito necessário ou
mobília das instalações mínimo que lhe dá identidade.
~ Coisas incorpóreas: ex., obras literárias ou artísticas, - Forma de celebração: deve ser realizado por
patentes de invenção e as marcas, direito à firma.
- Passivo: dividas da atividade comercial escrito e comunicado ao senhorio art 1112.n.º 3 do CC
Regime do trespasse quanto ao imóvel Regime do trespasse quanto aos
ARRENDADO CONTRATOS DE TRABALHO
− Prevê-se a transmissão da posição do O que sucede aos respetivos trabalhadores do
arrendatário sem necessidade de autorização
estabelecimento comercial?
do senhorio – art. 1112.º, n.º 1 do CC
− Deverá o trespassante comunicar o facto ao  Nos termos do art. 285.º do CTrabalho, os
trabalhadores são transmitidos juntamente
senhorio no prazo de 15 dias após a sua com o estabelecimento comercial para o
verificação – art. 1038.º, al. G) do CC trespassário. Naturalmente poderá o
− É permitido ao senhorio denunciar o adquirente do estabelecimento comercial
contrato de arrendamento mediante chegar a acordo com um ou mais
comunicação ao arrendatário com trabalhadores quanto à revogação do seu
antecedência não inferior a 2 anos sobre a contrato de trabalho, nos termos do art.
data em que se pretenda a cessação – art. 349.º do CT. Nestas situações é natural
1101.º, a. C) do CC propor-se ao trabalhador uma compensação
baseada na sua antiguidade ao serviço do
− O senhorio tem direito de preferência na empregador que poderá ser aceite ou não
aquisição do estabelecimento comercial – pelo trabalhador.
art. 1112.º, n.º 4 do CC  Por outro lado, transmite-se igualmente com
− Assim, nos termos do art. 416.º do CC o a empresa a responsabilidade pelo
obrigado deve comunicar ao titular do direito pagamento de coimas aplicadas pela prática
de contraordenação laboral.
o projeto de venda e as cláusulas do
 Por fim, responderá o trespassante,
respetivo contrato, de entre as quais se solidariamente, com o trespassário pelas
destaca o preço da alienação. Uma vez dívidas aos trabalhadores vencidas à data da
recebida a comunicação, deve o titular transmissão do estabelecimento comercial,
exercer o seu direito de preferência dentro durante o ano subsequente a esta
do prazo de oito dias. Regime do trespasse quanto às dívidas
Não há um verdadeiro trespasse – art. 1112.º, As dívidas não se transmitem necessariamente com
o estabelecimento comercial, podendo, no entanto,
n.º 2 do CC
existir autorização do credor.
- Quando a transmissão não seja Regime do trespasse quanto à obrigação implícita
acompanhada de transferência, em conjunto, de não concorrência
das instalações, utensílios, mercadorias ou O não cumprimento de abstenção de
outros elementos que integram o âmbito concorrência viola o princípio da boa fé no
mínimo do estabelecimento; cumprimento das obrigações – art. 762.º, n.º 2
- Quando a transmissão vise o exercício no do CC
prédio de outro ramo de comércio ou - Ficam igualmente sujeitos a esta obrigação o
indústria ou, de um modo geral, a sua cônjuge do comerciante, os filhos que tenham
afetação a um outro destino. colaborado nos negócios e todos os que, de algum
O art. 1112.º, n.º 5 do C.C refere que quando, modo, se relacionavam aos olhos da clientela com
após a transmissão do estabelecimento o estabelecimento comercial.
comercial seja dado outro destino ao prédio ou Esta obrigação está limitada no espaço, isto é, a
o transmissário não continue o exercício da área geográfica de ação do estabelecimento
mesma profissão, o senhorio pode resolver o comercial. Está também limitada no tempo, isto é,
contrato. no que for razoável para que o adquirente possa ter
como consolidada a sua clientela. Torna-se
aconselhável que se estabeleçam contratualmente
os limites espaciais e temporais desta obrigação. Por
exemplo, um ano.
Como sanções para a violação desta obrigação de
DEFESA DA CONCORRÊNCIA
não concorrência, pode mencionar-se o
Distingue-se a defesa da concorrência
encerramento do estabelecimento indevidamente propriamente dita das práticas individuais
aberto. restritivas do comércio.
LOCAÇÃO (arrendamento) DO Práticas individuais restritivas do
ESTABELECIMENTO COMERCIAL comércio
ART 1109 CC Decreto-lei n.º 166/2013, de 27 de dezembro, abrange
uma série de situações:
− Transmissão temporária e onerosa do
proibição de aplicação de preços ou de
estabelecimento comercial. Designado em
condições discriminatórias;
tempos anteriores como concessão de
a transparência nas políticas de preços e
exploração e cessão de exploração.
condições de venda
− Necessidade de transferência dos elementos a proibição do dumping ou venda com prejuízo,
essenciais do estabelecimento e obrigação isto é, por valor inferior ao preço da compra
de não dar um destino diferente ao efetivo.
estabelecimento daquele que vinha sendo
prosseguido – art. 1109.º, n.º 1 e 1112.º, n.º 2 ASAE: entidade fiscalizadora responsável pelos
do CC. processos de contraordenação (ASAE tem muita
dificuldade em colocar processos contraordenação,
− Celebração por documento escrito – art. pois existe o regime jurídico mas o que se verifica
1109.º, n.º 1 e 1112.º, n.º 3 do CC. na pratica é que, ele não é respeitado na sua
plenitude)
Regime da locação quanto ao imóvel
Defesa da concorrência propriamente
arrendado
 Art. 1109.º, n.º2 CC – a transferência dita
temporária e onerosa de estabelecimento Lei n.º 19/2012, de 8 de maio
instalado em local arrendado não carece de Limita os acordos e práticas concertadas entre
autorização do senhorio, devendo ser-lhe empresas. Ex., fixação de preços e repartição
comunicada no prazo de um mês. de mercados (cartelização).
Regime da locação quanto aos contratos de Proíbe a exploração abusiva de uma posição
trabalho dominante por parte de uma empresa e proíbe
o abuso de dependência económica. Ex.
 Os contratos de trabalho transferem-se relações entre grandes superfícies de
juntamente com o estabelecimento
distribuição e pequenos agricultores que lhes
Regime da locação quanto às dívidas fornecem exclusivamente bens. Proíbe-se que
 O passivo não se transmite necessariamente. estas empresas de distribuição imponham
Regime da locação quanto à obrigação preços inferiores ao valor justo dos bens.
Proíbe as concentrações de empresa fruto de
implícita de não concorrência fusão de sociedades comerciais que implique a
 Desvio de clientela é vedado. Deve-se distorção do mercado.
assegurar ao locatário o gozo do
estabelecimento para os fins a que se Autoridade da concorrência: entidade responsável
destina – art. 1031.º, b e 1037.º, n.º 1 do CC. pela fiscalização (também é muito difícil provar
 Nem o locador deverá fazer concorrência ao estas situações, logo um regime de certa forma
locatário nem o locatário deverá fazer obsoleto)
concorrência ao locador abrindo um
estabelecimento comercial concorrente no
mesmo espaço de irradiação.
Da concorrência desleal – art. 317.º
do CPI
Para verificar-se uma situação destas é Quem é que pode ser declarado insolvente
necessário que se verifique um ato de
Sujeitos passivos da declaração de insolvência – art.
concorrência, contrário às normas e usos
honestos relativo a qualquer ramo de atividade. 2.º do CIRE
Ex. pessoas singulares, sociedades comerciais,
São suscetíveis de conformar uma situação de
concorrência desleal: sociedades civis sob a forma comercial e
cooperativas
− Atos suscetíveis de criar confusão com a
empresa, os produtos ou os serviços dos Conceito de empresa (art. 5.º do CIRE)
concorrentes; − sentido amplo: toda a organização de capital
− As falsas afirmações feitas no exercício de e trabalho destinada ao exercício de
uma atividade económica com o fim de qualquer atividade económica
desacreditar os concorrentes. Ex, quando se
diz que a empresa concorrente não paga Tribunal competente
atempadamente aos seus trabalhadores;
− Quando está em causa uma empresa ou
− Falsas indicações de créditos ou de sociedade comercial – Tribunais de Comércio
reputações próprios quanto ao capital ou ou Seções Comerciais dos Tribunais Comuns
situação financeira da empresa e à
qualidade e quantidade da clientela. Declaração da situação de insolvência
− É ilícito a divulgação ou a utilização de
Art 18, 3, 20 CIRE
segredos de negócios de um concorrente.
Legitimidade:

INSOLVÊNCIA - CIRE • Cabe o impulso inicial de apresentação à


insolvência dentro dos 30 dias que sucedem
ao conhecimento da situação de insolvência
Situação de insolvência:
ao devedor (art. 18.º e 3.º, n.º 1), sob pena da
− Importa a liquidação do património de um insolvência ser declarada como culposa.
devedor insolvente e a repartição do produto
• Podem igualmente requerer a insolvência
obtido pelos credores.
quem for responsável pelas dividas do
− Quem esteja impossibilitado de cumprir as
devedor, qualquer credor e o MP (art. 20.º),
suas obrigações vencidas
nos 30 dias subsequentes da data que dela
− Equiparação à insolvência atual a que seja tenham conhecimento. Nas sociedades
meramente iminente em caso de comerciais, cabe aos órgãos de
apresentação pelo devedor à insolvência. administração requerer a insolvência.
− Quando de acordo com as informações • Em caso de violação do dever referido se a
contabilísticas o passivo seja insolvência vier a ser qualificada como
manifestamente superior ao ativo (art. 3.º do culposa, presume-se culpa grave dos
CIRE) administradores (art. 186.º, n.º 1 e 3., al. A)
− No caso da insolvência ser requerida, o
devedor pode opor-se e demonstrar que não
se encontra insolvente – art. 30.º, n.º 3
Factos-índice que podem conduzir ao Como é o processo ?
requerimento de insolvência Petição inicial – conter a exposição dos factos que
− Suspensão generalizada do pagamento das integram os pressupostos de declaração, concluindo
obrigações vencidas pela formulação do respetivo pedido – art. 23.º do
CIRE
− Falta de cumprimento de uma ou mais − Havendo justo receio de má gestão pode o
juiz ordenar as medidas cautelares
obrigações que, pelo seu montante ou pelas
circunstâncias do incumprimento, revele a necessárias para impedir o agravamento da
impossibilidade de o devedor satisfazer situação patrimonial do devedor.
pontualmente a generalidade das suas Ex. nomeação de um administrador judicial
obrigações; provisório (art. 31.º)
Sentença – identificação da data e hora da
− fuga do titular da empresa ou dos respetiva prolação, identificação do devedor, a
administradores do devedor ou abandono do fixação de residência aos administradores do
local em que a empresa tem a sua sede ou devedor, bem como ao próprio devedor se este for
exerce a sua atividade principal, relacionados pessoa singular, nomeação de administradores de
insolvência, apreensão dos elementos de
com falta de solvabilidade do devedor e sem
designação de substituto idóneo contabilidade e todos os bens do devedor (art. 36.º)
• Sentença designa data e hora, entre os 45
− Dissipação, abandono, liquidação apressada dias e os 60 dias subsequentes, para a
ou ruinosa de bens e constituição fictícia de realização da assembleia de credores.
créditos; Processo de insolvência – caráter urgente – art.
9.º, n.º 1
− Insuficiência de bens penhoráveis para As sentenças têm sido proferidas em menos
pagamento do crédito do exequente de uma semana e tem sido marcada a
verificada em processo executivo movido assembleia de credores no prazo de 30 dias
contra o devedor; posteriores ao da sentença.
(independente de ser ferias ou n o julgamento
− Incumprimento das obrigações previstas em ocorre á mesma)
plano de insolvência ou em plano de Créditos sobre a insolvência e créditos
pagamentos;
sobre a massa
− Incumprimento generalizado, nos últimos
 Créditos da insolvência (2º)– são os que
seis meses, de dívidas de algum dos
seguintes tipos: tributárias, contribuições e se vão criando até à data da declaração de
insolvência do devedor.
quotizações para a segurança social, dívidas
emergentes de contrato de trabalho ou da
 Créditos sobre a massa (1º a ser pagos)
violação ou cessação deste contrato e
rendas de qualquer tipo de locação, são os que se constituem depois de
declarada a insolvência.
prestações do preço de compra ou de Ex. custas processuais, remunerações do
empréstimo garantido pela respetiva administrador de insolvência, dividas que decorrem
hipoteca, relativamente a local em que o dos atos de administração do AI.
devedor realize a sua atividade ou tenha a
sua sede. Satisfação dos créditos da massa prefere à
dos créditos da insolvência – art. 172.º e 46.º
Créditos sobre a insolvência 4) Assembleia de credores:
Créditos garantidos, privilegiados, subordinados e Integrado por todos os credores (art. 72.º e
comuns - art. 47.º 74.º);
Créditos garantidos: Compete-lhe:
Beneficiam de garantias reais. ❖ Entre outros, a decisão de encerramento ou
Ex. hipoteca sobre um imóvel manutenção da atividade do
estabelecimento (art. 156.º)
Créditos privilegiados
Aqueles que beneficiam de privilégios creditórios
gerais sobre bens integrantes da massa insolvente. Efeitos da declaração de insolvência
Ex. bens moveis da empresa em benefício dos − Impede o devedor de exercer poderes de
respetivos trabalhadores (art. 333.º, n.º 1 a) do CT) administração e disposição de bens
ou dos créditos de carater fiscal ou da Seg. Social. integrantes da massa insolvente. A respetiva
Créditos comuns: competência é entregue ao AI (art. 88.º, n.º
São aqueles que não se enquadram em nenhuma 1 e 4);
categoria. − Não obstante, os órgãos sociais mantêm-se
Créditos subordinados: em funcionamento e, embora sem
São satisfeitos caso ainda exista património para o remuneração, devem prestar colaboração ao
efeito após a satisfação dos créditos anteriormente AI.
referidos (contrato suprimento\ são pagos em último − A declaração de insolvência torna
ou nunca são pagos) (art. 48.º) imediatamente exigível as obrigações de
entrada ainda não realizadas (art. 82.º, n.º
INTERVENIENTES NO PROCESSO 3).
1. Órgãos da insolvência: − Declarada a insolvência, os suprimentos
2. Nomeação do administrador de insolvência (insuficiências de capital supridas com
3. Nomeação da comissão de credores recurso a empréstimos dos sócios) só podem
4. Nomeação da assembleia de credores ser reembolsados aos seus credores depois
2) Administrador de Insolvência: de inteiramente satisfeitas as dívidas
Nomeado pelo Juiz (art. 52.º). Consta de lista daquela para com terceiros
oficial. Efeitos sobre os negócios:
Os credores podem escolher outro AI.
Anteriores à declaração de insolvência:
Compete-lhe:
❖ Preparar o pagamento das dívidas do − podem ser resolvidos todos os atos
insolvente à custa das quantias em dinheiro praticados dentro dos dois anos anteriores à
existentes na massa insolvente; declaração de insolvência suscetíveis de
❖ Frutificação dos direitos do insolvente e serem prejudiciais à massa (art. 120.º, n.º 1 e
continuação de exploração da empresa 2)
❖ Evitar o agravamento da situação económica
Negócios em curso (art. 102.º e ss)
(art. 55.º)
3) Comissão de credores − celebração do contrato prometido fica
suspenso até que o administrador judicial
Nomeada na própria sentença de declaração
declare optar pela execução ou recusa no
de insolvência
cumprimento.
Composta por três ou cinco membros
Compete-lhe: Posteriores à declaração de insolvência
❖ Entre outros, fiscalizar a atividade do AI e (81.º, n.º 6)
prestar-lhe colaboração (art. 66.º e 68.º) − são ineficazes.
Incidentes da qualificação da
➢ Necessidade de comunicar aos restantes
insolvência credores o início das negociações.
Insolvência culposa – a situação tiver sido criada ➢ Qualquer credor dispõe de 20 dias contados
ou agravada em consequência de atuação dolosa ou da publicação no portal Citius para reclamar
com culpa grave do devedor ou dos seus créditos
administradores, nos três anos anteriores ao ➢ Findo o prazo de impugnações os
processo de insolvência (art. 185.º e 186.º) declarantes dispõem de dois meses para
 Possibilidade de proibição de certas pessoas concluir as negociações.
exercerem o comercio por um período de ➢ A decisão do devedor de comunicar ao juiz
dois a dez anos. do tribunal que pretende dar início às
 Art. 227.º e 229.º do CPenal – crime de negociações conducentes à sua recuperação
insolvência culposa (pena de prisão ate cinco obsta à instauração de quaisquer ações para
anos ou multa até 600 dias).
cobrança de dívidas contra ele (art. 17.º, al.
E)
Encerramento do processo ➢ Concluídas as negociações com a aprovação
Termo de todos os efeitos da declaração de do plano de recuperação o devedor remete-o
insolvência para o tribunal.
Cessação das atribuições da comissão de Contratos comerciais
credores e do AI (art. 233.º)
Os contratos comerciais são o mais relevante
Exoneração do passivo restante instrumento jurídico da constituição, organização e
exercício da atividade comercial.
Pessoas Singulares (art. 235.º) São eles o contrato de compra e venda comercial,
O insolvente vai pagando as dívidas que os títulos de crédito, os contratos de distribuição, os
contraiu, mas ao fim de cinco anos contratos bancários, os contratos financeiros, o
consideram-se extintas as generalidades das contrato de transporte e o contrato de seguro.
dívidas (art. 245.º) Os contratos típicos e os contratos atípicos.
PER – Processo especial de Os contratos mistos
revitalização de empresas Contratos típicos encontram-se previstos e
Lei n.º 16/2012, de 20 de abril regulados exaustivamente pelo legislador.
➢ Facultar ao devedor que se encontra em  De acordo com o princípio da liberdade
situação económica difícil ou em situação de contratual que é expressão do princípio da
insolvência meramente iminente, mas ainda autonomia privada, nos termos do art. 405.º
suscetível de recuperação, estabelecer do CC, dentro dos limites da lei, as partes
negociações com os credores, de forma a têm a faculdade de fixar livremente o
conteúdo dos contratos, celebrar contratos
acordar com estes um processo de diferentes dos previstos pelo legislador ou
revitalização. incluir nestes as cláusulas que lhes aprouver
➢ O processo tem início com uma
manifestação de vontade escrita do devedor Contratos mistos.
e de, pelo menos, um dos seus credores (art. Acrescenta que as partes podem reunir
17.º, al. C) no mesmo contrato regras de dois ou
➢ Nomeação de um administrador judicial mais negócios, total ou parcialmente
provisório pelo juiz. regulados na lei, isto é, os
Ex contrato de arrendamento
Os contratos nominados e os contratos O Decreto-lei 446/85, de 25 de outubro, na redação
vigente, visa salvaguardar, proteger os interesses das
inominados partes mais frágeis quanto à celebração do contrato
de adesão. Protege não apenas os interesses
 Apenas aqueles que o legislador menciona, patrimoniais dos consumidores, mas igualmente dos
designando-os, serão considerados pequenos empresários.
nominados
Estrutura habitual dos contratos comerciais: os Isto é: “letras pequeninas nos contratos”
contratos de adesão e a inclusão de cláusulas Contrato de compra e venda comercial
contratuais gerais
 No que se refere à regulamentação a que se ➢ Conceito: quando determinado bem é
encontram sujeitos o contrato atípico adquirido com o intuito de revenda (art.
aplica-se o conjunto de normas imperativas 463.º, n.º 1 e 464.º, n.º1)
que se aplicam aos demais, designadamente
Neste caso o contrato será considerado como um
que não sejam contrários à ordem pública
ato de comércio independentemente da profissão do
nem ofensivos aos bons costumes.
adquirente, uma vez que o que releva é a intenção
 O contrato atípico encontra nas cláusulas que motivou tal compra.
acordadas pelas partes a sua principal fonte Caso seja um bem adquirido para utilização e
de regulamentação (art. 406.º CC) posteriormente venha a ser vendido, a compra foi
civil.
Contrato de adesão No contrato de compra e venda comercial são
O que é? válidas as vendas de bens por comerciantes ainda
É um contrato que é normalmente elaborado por que não sejam os titulares do bem vendido (467.º,
uma empresa de notável dimensão que apresenta o n.º 2 do CCom). Neste caso, compete ao vendedor
contrato ao seu destinatário que é o consumidor ou adquirir a propriedade do bem para o poder
o pequeno empresário e onde o consumidor ou o validamente transmitir para a titularidade do
pequeno empresário não têm a faculdade, o poder comprador final. A sanção para o não cumprimento
de modelar o conteúdo contratual, negociar as deste requisito legal será a resposta por perdas e
clausulas do contrato. danos, pela expetativa quebrada e eventual não
Os contratos de adesão são contratos caracterizados celebração de outro contrato vantajoso (art. 467 –
pela generalidade (de destinatários) e pela rigidez único do CCom)
(pq são impostos) Venda a retro
EX: Contratos com empresas de telecomunicação
\seguros\ bancários\ gáz\ agua\ eletricidade Mediante a qual após entrega do bem ao comprador
detém o vendedor o direito potestativo de resolver o
Estrutura dos contratos de adesão
contrato (art. 927.ºdo CC).
Constitui-se por duas partes distintas: EX. Por vezes o bem para além de ter um valor
- As cláusulas contratuais gerais definem os direitos patrimonial tem um valor sentimental para o seu
e deveres das partes, a responsabilidade civil e as anterior proprietário. Assim, se a sua situação
cláusulas penais emergentes do seu incumprimento financeira permitir no futuro, pode aquele sujeito
ou cumprimento defeituoso, os pressupostos de resolver o contrato recebendo o bem de volta e
resolução do contrato devolvendo a quantia percebida.
- Mediante as condições particulares identificam-se - O legislador visa acautelar os interesses de ambas
as partes, o objeto do contrato, o preço e outras as partes. Assim, protege o comprador ao impor um
despesas, a duração do contrato, o local de prazo para a resolução do contrato de dois ou cinco
cumprimento, entre outros. anos a contar da venda, consoante se trate de um
- As palavras chave são generalidade e rigidez do
contrato de adesão, uma vez que um conjunto de bem móvel ou imóvel (art. 929.º CC)
cláusulas contratuais gerais elaboradas previamente - Por outro lado, zela pelas espectativas do vendedor
por determinado sujeito jurídico são propostas a um ao impedir a estipulação de pagamento de dinheiro
número indeterminado de destinatários que aceitam ao comprador ou de qualquer outra vantagem para
ou rejeitam em conjunto. Não têm a possibilidade de este, como contrapartida da resolução (art. 928.º do
modelar o seu conteúdo introduzindo alterações. CC)
TÍTULOS DE CRÉDITO A letra é um titulo autónomo, válido,
independentemente dos negócios que estão
− Noção: documento que incorpora um direito subjacentes à sua emissão. Não pode o aceitante
literal e autónomo, que legitima o seu titular opor-se ao pagamento com base em relações nas
a exercê-lo e serve de suporte à circulação. quais o portador não teve intervenção, a menos que
tenha adquirido a letra de má-fé, com o intuito de o
− Temos como principais títulos de crédito os
prejudicar – art. 17.º da LULL
títulos cambiais (letra, livrança e cheque), o
extrato de fatura, a guia de transporte e o Os direitos do portador vêm previstos no art. 48.º da
conhecimento de carga, as ações LULL (recebimento do valor da letra, despesas de
A LETRA DE CÂMBIO protesto, avisos e juros). Em caso de incumprimento,
o portador pode acionar todos os intervenientes que
Noção: consiste numa ordem de pagamento de um são solidariamente responsáveis (art. 47.º da LULL),
certo montante que é dada pelo emitente do título dispondo do prazo de um ano para propor a ação
(o sacador) a alguém que lhe deve uma quantia contra a sacadora e endossante e três anos contra o
(sacado). Ordem que vai a favor de uma terceira aceitante.
pessoa (o tomador) - Se o aceitante pagar tem direito que a letra
− A letra é um título de crédito à ordem, lhe seja entregue acompanhada da respetiva
através do qual o sacador (emitente do quitação – 39.º da LULL.
título) dá uma ordem de pagamento (saque)
de uma determinada quantia ao sacado, a
favor de um tomador (art.1.º a 74.º da LULL) Livrança
− O sacado só ficará obrigado mediante o
designado aceite, assinando transversalmente Noção: consiste numa promessa pura e simples de
na letra em causa. Ao assumir o estatuto de pagar uma quantia determinada (art. 75.º, n.º 2 da
aceitante, só assim é que se torna devedor LULL), sendo um título à ordem, isto é, transmitindo-
do valor da letra (art, 17.º e 28.º da LULL). se por endosso. Trata-se de um título de crédito à
− O Tomador, que é o beneficiário da Letra, ordem mediante o qual o subscritor se compromete
pode ser o próprio sacador, o qual no ato de a pagar ao beneficiário, ou à sua ordem, uma
preenchimento pode utilizar expressões determinada quantia (art. 75.º a 78.º da LULL).
como “pague-se a nós ou à nossa ordem” A responsabilidade do subscritor de uma livrança é
- A letra transmite-se por endosso (“reenviar”) para idêntica à de um aceitante de uma letra. Aplica-se à
outro portador. Trata-se de um título à ordem. Livranças as disposições legais aprovadas para as
− O saque corresponde à criação da letra e Letras (art. 77.º da LULL).
ordem de pagamento por parte do sacador. - A livrança deve ser totalmente preenchida,
O aceite, como vimos, consiste na declaração
mas ocorre na prática sobretudo bancária,
de vontade mediante a qual o sacado
preencher apenas o espaço da assinatura do
assume a obrigação cambiária principal (art.
subscritor, criando o que designa por livrança
21.º da LULL).
em branco – art. 70.º da LULL.
− O aval é a garantia prestada por
determinado sujeito jurídico que se torna A livrança em branco, isto é, não totalmente
responsável, ao exarar a expressão “bom para preenchida funciona como garantia de cumprimento
aval”. Trata-se de uma responsabilidade de uma obrigação.
solidária. O avalista que pagar a letra tem - O legitimo portador da livrança poderá pedir
direito de regresso contra o aceitante. o pagamento dela à subscritora na sua data
Apresentada a pagamento, deve-se pedir o de vencimento e no caso desta não pagar
pagamento ao aceitante na data de vencimento ou aos avalistas se existirem. Em caso de
num dos dois dias úteis seguintes. Não sendo paga, incumprimento acrescerão as despesas de
deverá ser feito protesto por falta de pagamento – protesto e juros moratórios.
art. 38.º e 44.º da LULL, avisando a sacadora da
falta de pagamento pelo aceitante.
 A livrança é um título de crédito literal, o A instituição de crédito sacada é obrigada a pagar,
que significa que vale nos precisos termos não obstante a falta ou insuficiência de provisão,
em que está escrita. As convenções verbais à qualquer cheque de montante não superior a 150€. –
margem do título não podem ser invocadas art. 8.º RPCH
pelo respetivo portador. Para existir
convenção de juros válida e invocável pelo Poder-se-á verificar uma irregularidade de saque
portador, por exemplo, é indispensável que que leva a que o banco não pague o cheque.
ela seja escrita no título o que só é admitido EX. A assinatura do sacador não coincide com a
na LULL no caso do vencimento ser à vista constante da ficha bancária). O portador neste caso
ou a certo termo de vista – art. 34.º e 35.º tem os direitos previstos nos art. 45.º da LUCH e
da LULL. Vencendo-se a livrança em data 102.º, paragrafo 4 ou 5 do CCom.
fixa não pode ser admitida tal convenção.
O cheque transmite-se por endosso escrito no
Cheque
mesmo (art. 14.º e 16.º da LUCH). Se contiver uma
Noção: consiste no mandato puro e simples de pagar cláusula não à ordem ou outra equivalente
uma quantia determinada, consistindo, assim, numa As ações
ordem de pagamento de certa quantia dada a um
banqueiro (art. 2.º e 3.º da LUCH). O cheque é  As ações são indivisíveis (art. 276.º, n.º 6
assim um título de crédito à ordem mediante o qual CSC). É possível, no entanto a contitularidade
um sacador (emitente) dá uma ordem de das ações, devendo os contitulares exercer
pagamento sobre um banco (sacado) – convenção os respetivos direitos através de um
de cheque- para que este pague a importância que representante comum.
no mesmo for mencionado a si ou a um terceiro.  As ações transmitem-se livremente tal como
- O cheque deve ser apresentado a sucede com as quotas (art. 228.º, n.º 2 CSC).
pagamento no prazo de 8 dias (art. 29.º da Nas sociedades por ações é mais fácil a
LUCH), sob pena de possível revogação da transmissão dos títulos representativos da
ordem de pagamento por parte do sacador. participação social.
- A ordem de revogação só poderá produzir  De realçar a proteção dos acionistas
efeitos decorridos os prazos para minoritários quanto à sua participação em
apresentação dos mesmos a pagamento. assembleias gerais. Assim, sempre que o
pacto social exija a posse de um
- Incorre em responsabilidade civil
determinado número de ações para conferir
extracontratual o banco sacado que não
voto, poderão os acionistas possuidores de
procede ao pagamento do cheque no
menor número de ações agrupar-se, de
decurso do prazo da apresentação.
forma a completarem o número exigido ou
- Existem duas modalidades de cheques: o um número superior e fazerem-se
cheque cruzado e o cheque visado. O cheque representar por um dos agrupados (art.
cruzado só pode ser pago a um banqueiro ou
a um cliente do banco sacado. 379.º, n.º 5 CSC).
 Quanto ao modo de circulação podem ser
- O cheque visado é aquele em que um nominativas ou ao portador. São nominativas
determinado montante fica cativo na conta quando se inscreve a titularidade no
do sacador, conferindo ao portador a certeza respetivo livro transmitindo-se por endosso.
de que o mesmo será pago pela instituição São ao portador quando se transmitem por
bancária,
Se os cheques forem devolvidos pelo banco sacado, entrega real – art. 299.º, n.º 1 CSC
com a aposição no verso do mesmo da menção “Não  As ações podem agrupar-se, quanto ao seu
pago por falta de provisão”, o portador tem os conteúdo, por categorias consoante os
direitos e deveres que as caraterizam – art.
direitos previstos nos art. 44.º e 45.º da LUCH.
302.º e 272.º, al. C CSC.
- Pode exigir da sacadora a importância dos  As ações ordinárias representam a situação
cheques, as despesas de devolução, bem como juros comum do acionista não tendo regime legal
de mora desde o dia da apresentação a pagamento específico.
de cada cheque.
 As ações privilegiadas conferem aos seus Contrato de agência (atípico)
titulares vantagens relativamente aos
restantes acionistas. Regime legal consta do DL 178/86, de 3 de julho.
Ex.: Quanto à distribuição de dividendos ou Consiste no negócio jurídico pelo qual uma das
lucros finais. Pode ter como finalidade atrair partes se obriga a promover por conta da outra a
para a sociedade determinados fundadores celebração de contratos, de modo estável e
ou investidores. autónomo e mediante retribuição, podendo-lhe ser
Primeiro são pagos os acionistas privilegiados e atribuída determinada zona ou determinado círculo
posteriormente os ordinários. de clientes (art. 1.º).
Golden Share A função do agente consiste em vender bens e
promover a celebração de contratos.
Tratam-se de um subtipo de ações privilegiadas. Pode ocorrer que o principal confira por escrito ao
Atribuem ao seu titular, em regra, o Estado agente poderes de representação, podendo este
privilégios relativamente aos demais acionistas. São consequentemente celebrar contratos em nome da
de criação legal ou estatutária. Surgem normalmente contraparte (art. 2.º, n.º 1)
por força de privatizações de empresas, pretendendo (agente visa promover contratos por conta do
o Estado continuar a influenciar as decisões mais principal, angariar clientes
relevantes. Ex: artistas tem agentes q lhes arranjam trabalho;
Podem determinar que é o acionista Estado quem vendo delta vou ao café tentar angariar clientela
aprova a eleição do presidente do conselho de para a delta)
administração ou que pode bloquear decisões Forma: documento escrito
estratégicas da empresa, como parcerias. Pode Principais deveres de direitos do agente e
impedir aumento do capital ou fusões ou aquisições.
A UE tem contestado a admissibilidade das golden do principal: atuação de acordo com o
shares por considerar que distorce as regras da princípio da boa-fé (exemplo, partilha de
concorrência. segredos do negócio sendo necessária a
necessidade de reforço de confiança mútua).
CONTRATOS COMERCIAIS Obrigações do agente: respeitar as
instruções do principal, fornecer as
Contratos de distribuição informações que lhe forem solicitadas,
Quanto à colocação de produtos e serviços junto dos esclarecer sobre a situação do mercado e a
consumidores pode-se falar de distribuição direta e de prestar contas nos termos acordados.
distribuição indireta. Direitos do agente: obter do principal,
• O produtor começou a distribuir a tarefa de informações indispensáveis para o bom
distribuição a outros comerciantes mediante desempenho da sua função, direito às
o que se pode designar distribuição comissões vencidas. A comissão consiste na
remuneração fundamental do agente, o que
indireta. Abrange três sujeitos: o produtor, o
não impede a estipulação contratual de um
distribuidor e o consumidor.
montante base. Esta retribuição deverá ser
✓ Vantagens: o distribuidor beneficia de um estabelecida pelas partes ou estipuladas de
produto com prestígio angariado ao longo do acordo com os usos ou equidade.
tempo e o produtor usufrui do conhecimento Pode o agente ter direito exclusivo relativamente a
que o distribuidor tem do mercado onde em certa área geográfica (art. 4.º)
concreto se pretende colocar os produtos ou O agente está sujeito a dever de segredo
serviços. mesmo após a cessação do contrato, não
• Contratos de distribuição indireta: o contrato podendo utilizar ou revelar a terceiros
de agência, o contrato de concessão segredos da outra partes que hajam sido
comercial e o contrato de franchising. confiados ou de que tenha tido
conhecimento no exercício da sua atividade
(art. 8.º).
Obrigação expressa .O agente deverá receber um montante
O agente também se encontra obrigado a não pecuniário pelo esforço de angariação de
fazer concorrência ao principal após a cessação clientela desenvolvido enquanto durou o contrato.
do contrato se tal estiver estipulado pelas partes. Trata-se de uma compensação ou indemnização
O prazo da obrigação não poderá exceder os de clientela que depende dos requisitos
dois anos circunscrevendo-se à zona ou ao elencados no art. 33.º:
círculo de clientes confiados ao agente (art. 9.º)
Obrigação implícita “Compensação de clientela”
Violação dos deveres das partes. Não está o agente ao celebrar novos contratos ao
taxativamente previsto na lei. principal e pode aumentar substancialmente,
Ex: o contrato mantém-se, eu sou agente do
principal, não posso ser simultaneamente agente o volume de vendas do principal, e então,
na zona geografia em que eu intervenho, de um coloca-se a questão (será que ele tem
concorrente do principal, violação do dever de direito de ser compensado? merece uma
lealdade entre as partes, será obrigado a pequena recompensa) a regra é que o
indemnizar o principal e há fundamento para agente tem direito a uma indemnização de
cessar o contrato clientela, desde que tenha angariado novos
Modalidades de Cessação do contrato de clientes e tenha aumentado
agencia (Art 24) substancialmente as vendas do principal. Se
o contrato tiver cessado por o agente ter
O contrato de agência pode cessar, por
usado de forma grave os seus deveres não
acordo entre as partes, as partes podem
há direito a compensação de clientela
chegar a um ponto em que não tem
(desde que não continue a receber
mais interesse na manutenção do
benefícios dos contratos já feitos)
vinculo, e cessam os efeitos do contrato
(o contrato cessou por REVOGAÇÃO)
- que o agente tenha angariado novos
O contrato de agencia pode cessar por clientes para a outra parte ou aumentado
Caducidade substancialmente o volume de negócios com a
− se o principal (pessoa coletiva) se extingue, clientela já existente:
por desaparecimento do principal; ou por - que a outra parte venha a beneficiar
consideravelmente, após a cessação do contrato,
curso do prazo (atingiu-se a durabilidade da atividade desenvolvida pelo agente;
máxima do contrato); - que o agente deixe de receber qualquer
Denuncia, retribuição por contratos negociados ou
− uma das partes já não tem interesse no concluídos, após a cessação do contrato.
vinculo contratual, e com um aviso prévio faz Não haverá direito a indemnização quando o
uma comunicação a dizer que pretende contrato tenha cessado por causas imputáveis ao
cessar o contrato; agente (art. 33.º, n.º 3).
Quanto ao cálculo da compensação esta não
Resolução, pode exceder uma indemnização anual calculada
é uma modalidade fundada em justa causa, isto é, a partir da média anual de remunerações
implica que haja um incumprimento grave, que torne recebidas pelo agente nos últimos cinco anos
quase impossível a persistência da relação contratual (art. 34.º)
de uma das partes resolva o contrato, neste caso se
existir uma cessação do contrato por justa causa
com base no incumprimento grave de um dos
deveres de uma das partes a parte lesada resolve o
contrato e tem o direito de ser indemnizada por
todos os danos causado (indemnização por danos
patrimoniais; indemnização por danos não
patrimoniais)
Contrato de concessão comercial (atípico)  Normalmente o franquiador fornece ao
franquiado um documento com regras que
Contrato pelo qual um sujeito se obriga a vender
este deve seguir.
a outro determinada quantidade de bens,
obrigando-se este a comprar os bens para  Habitualmente deverá o franquiado pagar
determinado montante pecuniário ao
revenda. franquiador no início do contrato para além
O concessionário não se obriga apenas a das royalties em função das vendas
comprar determinados bens, deve assegurar que concretizadas.
os bens sejam colocados no mercado  Existe uma figura designada por MASTER
(Ex: ramo automóvel) FRANCHISE. Trata-se daquele que detém o
O concessionário atua em nome próprio e por direito de exploração de uma determinada
conta própria, assumindo os riscos da marca em uma determinada zona,
comercialização ao contrário do que sucede com nomeadamente um país. Por sua vez, está
o contrato de agência. autorizado a conceder nesse âmbito
Regime legal: territorial sublicenças a terceiros para estes
contrato atípico. Aplica-se por analogia o explorarem a franquia.
regime legal previsto para a agência.
❖ O concessionário após a cessação do OS CONTRATOS BANCÁRIOS
contrato tem direito a uma indeminização de
clientela se tiver aumento substancialmente, Regime Geral das Instituições de Crédito e
o volume de vendas do produtor., tal como Sociedades Financeiras- Decreto-lei n.º 298/92, de
sucede no contrato de agência. 31 de dezembro
 As instituições de crédito, máxime os bancos,
Normalmente encontra-se o distribuidor obrigado a têm por função intermediar a concessão de
constituir stocks de bens para fazer face às crédito.
exigências do mercado.
Esta questão ou encontra-se regulada no contrato O contrato de abertura de conta
estipulando-se que o concedente readquira os bens  Consiste na abertura de conta o contrato
não colocados no mercado ou então quem assumirá celebrado entre um banco e um cliente
os prejuízos resultantes será o distribuidor. mediante o qual se dá início a uma relação
Contrato de franquia (FRANCHISING) duradoura entre os dois.
Ausência de legislação nacional sobre este
contrato. A sua noção é dada pela jurisprudência Neste contexto é habitual ter lugar o que designa
e pela doutrina. por relação corrente de negócios que consiste
Acordo entre dois agentes económicos numa intensa e contínua ligação entre as duas
autónomos mediante o qual o franquiado utiliza partes tendo lugar prestações que emergem de um
certos direitos de propriedade industrial tal relacionamento. Ex., alguém tem habitualmente
(normalmente uma marca) de que o franquiador uma conta num banco mas solicita ou recebe do seu
é titular, comprometendo-se a fornecer àquele gestor de conta informações sobre determinados
todas as informações técnicas necessárias para serviços que nada têm a ver com o depósito
o bom desempenho empresarial. bancário em questão.
Regime legal: aplica-se o regime do contrato de - O regime jurídico do contrato de abertura
concessão e por analogia o regime do contrato de de conta assenta no geral em cláusulas
agência. contratuais gerais e nos usos bancários.
- Quanto ao ato de abertura, passa pelo
 O franquiador controla a atividade do preenchimento de uma ficha assinada pelo
franquiado assegurando que são cumpridos cliente, com relevo para as comunicações e
os parâmetros por si definidos, ordens dirigidas ao banqueiro.
nomeadamente através de ações de - Com importância prática verifica-se a
formação de que são destinatários os atribuição de NIB e o IBAN.
funcionários do franquiado.
- No que se refere às modalidades de O descoberto e a antecipação bancária
abertura de conta, esta pode ser individual Descoberto bancário – contrato em que a entidade
ou coletiva, consoante seja aberta em nome bancária permite a existência de saldo negativo na
de uma pessoa ou mais. Neste último caso, conta do cliente.
pode ser solidária ou conjunta ou mista. A Antecipação bancária – contrato através do qual o
conta solidária significa que qualquer titular Banco concede um crédito ao cliente contra penhor
pode movimentar sozinho livremente a conta. equivalente de títulos, mercadorias ou outros bens.
A conta conjunta só pode ser movimentada Crédito documentário
por todos os seus titulares, em simultâneo. A
conta mista significa que é necessária a  Contrato mediante o qual um banco paga
movimentação por alguns dos titulares. um determinado montante, em nome de
determinado cliente, a outro sujeito jurídico,
A conta-corrente bancária uma vez entregues por este último certos
documentos. Utilizado normalmente nas
- Contrato que normalmente tem lugar vendas internacionais. O vendedor entrega ao
aquando a abertura de conta de acordo com banco do comprador, entre outros,
o qual se inscrevem os débitos e créditos documentos que comprovem o bom estado
recíprocos das partes mediante mecanismo dos bens e de que foram devidamente
contabilístico bancário. enviados para o comprador (guia de
transporte), um seguro e fatura.
O contrato de depósito bancário As garantias bancárias.
Garantia acessória é a fiança. A obrigação do fiador
- O objeto do contrato de depósito bancário é acessória da que recai sobre o principal devedor
consiste na entrega de determinado (art. 627.º, n.º 2 do CC). A validade da fiança
montante de dinheiro que um cliente faz depende da validade da obrigação principal.
junto do seu banco ficando este último com
a obrigação de o guardar devendo restituir Garantia bancária autónoma: o garante compromete-
igual montante nos termos contratualmente se a pagar ao beneficiário o montante definido
previstos. contratualmente independentemente das vicissitudes
- Regime legal: DL 430/91, de 2 de novembro do contrato subjacente. Os sujeitos envolvidos são o
– prevê diversas modalidades de depósito banco garante, o garantido (mandante/devedor) que
bancário. é cliente do banco e o beneficiário (credor). O
banco garante encontra-se obrigado ao cumprimento
Modalidades de depósito bancário: da garantia não por obrigação alheia (como na
fiança) mas por obrigação própria.
- Depósito à ordem- é exigível a todo o tempo. As cartas de conforto
- Depósito com pré-aviso – em que apenas  Recomendação feita a um banco por
será exigível o montante depositado depois determinada entidade em favor de outra,
de prevenido o depositário por escrito com a mediante a qual se procura convencer o
antecipação fixada na cláusula de pré-aviso destinatário das boas condições do garantido
livremente acordada entre as partes para cumprir um eventual empréstimo ou
- Depósito a prazo – em que é exigível no fim concessão de crédito.
do prazo por que foi constituído.  No entanto, assume o garante a
- Quanto ao regime do contrato de depósito responsabilidade de cumprir a obrigação
bancário deve-se atender ao disposto nas eventualmente constituída caso o devedor
cláusulas contratuais gerais do contrato de não a cumpra. Daí ser designada como uma
abertura de conta, as regras do depósito garantia imprópria.
 Estas garantias têm lugar habitualmente no
bancário (art. 407.º do CCom) e do depósito âmbito de atuação de grupos de sociedades,
civil ( art. 1185.º e ss do CC), do RGIC (art. sendo o garante a sociedade mãe e o
155.º, n.º 3) e do Aviso do Banco de Portugal garantido a sociedade filha.
n.º 7/2003, de 12 de fevereiro.
CONTRATOS FINANCEIROS O crédito ao consumo
• Finalidade: a concessão de financiamento Art. 4.º, n.º 1, al. C) LCC – contrato pelo qual um
credor concede ou promete conceder a um
1. O contrato de mútuo consumidor um crédito sob a forma de diferimento
de pagamento, mútuo, utilização de cartão de
• Quando um sujeito empresta a alguém crédito ou qualquer acordo de financiamento
determinada coisa fungível que normalmente semelhante.
consiste em dinheiro ficando o segundo Decreto-lei n.º 133/2009, de 2 de junho – princípios
obrigado a restituir outro tanto do mesmo fundamentais em matéria de consumo presentes na
género e qualidade – art. 1142.º a 1151.º do CC. legislação da EU (Diretiva 2008/48/CE do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de abril
• Forma de celebração: 1143.º - assinatura do de 2008)
documento pelo mutuário quando o valor Obrigatoriedade por parte do credor de avaliar a
excede os € 2500,00 e celebração por solvabilidade do consumidor previamente à
escritura pública ou documento particular celebração do contrato.
autenticado quando o valor excede os € 25  Diversidade de contratos
000,00. Até € 2500,00 trata-se de um
contrato meramente consensual. 1.Contrato de compra e venda a prestações
• O legislador presume que o contrato é Consiste no diferimento de pagamento
oneroso, o que implica o pagamento de juros incluindo a venda a prestações. O
compensatórios por parte do mutuário
respetivo preço não é pago em
simultâneo com a entrega do bem. É
2. O contrato de abertura de crédito pago em diversas prestações, nas quais
se incluem os juros remuneratórios.
• Consiste a abertura de crédito no contrato
pelo qual um banco se obriga a disponibilizar Previsto nos artigos 934.º a 936.º do CC
ao seu cliente certa quantia em dinheiro por e na LCC.
um determinado prazo. Trata-se de um Art. 934.º do CC: proíbe-se a resolução
contrato atípico apenas mencionado no art. do contrato por parte do vendedor nas
362.º do CCom. situações em que se clausulou a reserva
• Na abertura de crédito o empresário apenas de propriedade e em que o comprador a
está obrigado a pagar juros pelo capital quem foi feita a entrega do bem falta
concretamente utilizado e durante o tempo ao pagamento de uma prestação cujo
de utilização. valor não ultrapasse a oitava parte do
• Modalidades de abertura de crédito: abertura preço.
de crédito simples, abertura em conta-
corrente, abertura de crédito documentário 2.Contrato de mútuo. (já abordado)
• Abertura de crédito simples: em que o
cliente apenas poderá usufruir uma vez do
capital disponibilizado, ainda que em
utilizações parciais. 4. A utilização de cartões de crédito
• Abertura de crédito em conta-corrente: o
cliente, depois de reembolsar o banco, pode • Referência especial às novas formas de
voltar a utilizar o montante que resulta da pagamento e de concessão de crédito
diferença entre o teto estabelecido e o designadas sem contacto (contactless),
montante em utilização. É a forma mais mediante a aproximação de um cartão
corrente entre nós. multibanco ou de crédito a um terminal.
• Abertura de crédito documentário: âmbito de
negócios celebrados entre empresários
sediados em países distintos.
.
3. Contrato de crédito coligado 7. O contrato de renting ou locação
Trata-se do crédito vinculado a uma operacional
compra e venda. Utiliza-se
imediatamente o bem mas com Consiste num acordo de vontades
diferimento do respetivo pagamento. através do qual um sujeito jurídico se
obriga temporariamente a ceder a
Para que se verifique a existência de um outrem o uso de determinado bem e
contrato de crédito coligado a um simultaneamente a prestar serviços
contrato de compra e venda é conducentes à respetiva manutenção e
necessário: que o crédito concedido sirva reparação, mediante o pagamento de um
exclusivamente para financiar o montante periódico fixo como
pagamento do preço do contrato de contraprestação.
fornecimento do bem ou de prestação
de serviços específicos e que ambos os As obrigações decorrentes da aplicação da
contratos constituam objetivamente uma LCC
unidade económica.
Se a concessão de crédito se destinar a 1. Publicidade – concedente de crédito
financiar o pagamento de determinado encontra-se obrigado a ter uma atuação
bem vendido por terceiro a invalidade ou esclarecida e informada sobre os aspetos
ineficácia do contrato de crédito mais importantes do contrato que se propõe
coligado estende-se ao contrato de celebrar. Deve indicar a taxa de juro ou outro
compra e venda (art. 18.º, n.º 1 da LCC). valor relacionado com o custo do crédito e
deve indicar igualmente a TAEG mesmo que
5. O contrato de locação financeira ou se apresente o crédito como gratuito, sem
leasing juros ou utilize expressões equivalentes – art.
5.º da LCC. Necessidade de indicação do
Inclusão do contrato de locação montante total do crédito, a TAEG, a duração
financeira na LCC. Trata-se de uma do contrato de crédito, o preço a pronto e o
modalidade de crédito ao consumo. montante do eventual sinal, montante total
Decreto-lei n.º 149/95, de 24 de junho: imputado ao consumidor e o montante das
contrato pelo qual uma das partes se prestações.
obriga, mediante retribuição, a ceder à 2. Informações pré-contratuais: obrigatoriedade
outra o gozo temporário de uma coisa, do credor de prestar ao consumidor na data
móvel ou imóvel, adquirida ou construída de apresentação da oferta de crédito ou
por indicação desta. O locatário poderá previamente à celebração do contrato de
comprar, decorrido o prazo acordado, por crédito, as informações necessárias que lhe
um preço. Ex, locação automóvel permitam comparar diferentes ofertas e em
consequência tomar uma decisão esclarecida
6. O contrato de aluguer de longa duração e informada.
(ALD) 3. Dever de assistência ao consumidor – art. 7.º
- o credor deverá explicitar as características
O ALD - Aluguer de Longa Duração - é essenciais dos produtos e as consequências
um contrato em que a Locadora cede a
utilização da viatura mediante o para o consumidor da respetiva falta de
pagamento de um aluguer mensal. pagamento.
Oferece-lhe mensalidades muito 4. Dever de avaliar a solvabilidade do
competitivas e permite-lhe ajustar as consumidor. A Central de Responsabilidades
condições de financiamento à medida de Crédito.
das suas necessidades. 5. Forma escrita e entrega do exemplar do
contrato.
6. Período de reflexão. O consumidor dispõe de ➢ É um contrato consensual.
uma prazo de reflexão de 14 dias, após a ➢ É um contrato de adesão na medida em que
assinatura do contrato ou da receção do o transportador costuma estipular um
exemplar do contrato e das informações a conjunto de cláusulas a ser aceites na
que se refere o art. 12.º da LCC. Durante íntegra pela contraparte.
esse prazo pode informar o credor, em ➢ Guia de transporte: embora o contrato não
formato papel ou noutro formato duradouro, esteja sujeito a qualquer requisito de forma,
a sua vontade de revogar o negócio, sem certo é que uma das partes pode exigir à
necessidade de motivação – art. 17.º, n.º 1 da outra uma formalização através da guia de
LCC. transporte. Trata-se de um documento
7. Cumprimento antecipado. O consumidor pode assinado pelo transportador e entregue ao
pagar antecipadamente a quantia devida. expedidor e do qual consta o essencial do
Assim, reduz-se o custo total do crédito por contrato.
via da correspondente redução de juros e ➢ Execução do transporte: o transportador
dos encargos do período remanescente do expedirá os objetos transportados em
contrato. princípio pela ordem que os receber (art.
378.º do CCom) e, em caso de
Outros contratos: impossibilidade de proceder ao acordado ou
1) O contrato de cessão financeira ou se considerar muito demorado por caso
factoring: consiste na aquisição de créditos a fortuito ou de força maior, pode o expedidor
curto prazo, derivados da venda de produtos rescindir o contrato. O prazo para entrega
ou da prestação de serviços – art. 2.º do DL dos bens é o fixado contratualmente e, na
171/95, de 18 de julho sua falta, pelos usos do comércio (art. 382.º
2) O contrato de confirming – negócio jurídico do CCom)
mediante o qual um sujeito jurídico
transmite a um banco de que seja cliente A responsabilidade do transportador:
certas ordens que vão no sentido de que se o transportador aceitar sem reserva
este solicite o pagamento a prazo aos os objetos a transportar presume-se que
fornecedores da empresa os mesmos não têm vícios aparentes,
3) O contrato de permuta – troca ou escambo respondendo pela perda ou deterioração.
– contrato mediante o qual dois sujeitos Cabe-lhe o ónus da prova da existência
transferem reciprocamente a propriedade de de caso fortuito, força maior, vício do
bens de que são titulares. objeto, culpa do expedidor ou do
CONTRATO DE TRANSPORTE destinatário (art. 376.º, 383.º, 384.º,
385.º do CCom)
Aquele mediante o qual um sujeito jurídico se
compromete a transportar outro sujeito ou os seus A entrega e as garantias do transportador
bens para um outro local – art. 366.º do CCom
O transportador deve entregar os objetos
➢ Pode ser de mercadorias ou de passageiro, transportados ao destinatário sem
terrestre (rodoviário ou ferroviário), aéreo ou inquirir sobre o título que o destinatário
marítimo, de carater nacional ou recebe os objetos, devendo entregá-los
internacional. Pode ainda ser multimodal. imediatamente, sob pena de responder
➢ É uma atividade comercial – art. 230.º, n.º 7 pelos prejuízos resultantes da demora.
do CCom.
➢ É um contrato típico – art. 366.º do CCom.
O CONTRATO DE SEGURO ❖ O sistema de responsabilidade privada
significa que a responsabilidade sobre
Contrato em que o segurador cobre um risco acidentes de trabalho recai sobre a entidade
determinado do tomador do seguro ou de outrem, empregadora. Vigora ainda a obrigação de
obrigando-se a realizar a prestação convencionada transferência da responsabilidade para uma
em caso de ocorrência do evento aleatório previsto seguradora através de um seguro de
no contrato e obrigando-se o tomador do seguro a acidentes de trabalho, nos termos do artigo
pagar o prémio correspondente – art. 1.º do DL
72/2008, de 26 de abril. 283.º, n.º 5 do Código do Trabalho e nos
termos dos artigos 7.º e 79.º da LAT.
A pessoa que transfere o risco diz-se tomador ou
subscritor do seguro. A pessoa que assume o risco é O conceito de acidente de trabalho está previsto no
a entidade seguradora. O dano eventual é o sinistro. número do artigo 8.º da LAT que dispõe que é
A pessoa cuja esfera jurídica é protegida pelo seguro acidente de trabalho aquele que se verifica no local
é o segurado. A remuneração da seguradora devida e no tempo de trabalho e produza direta ou
pelo tomador do seguro é o prémio. indiretamente lesão corporal, perturbação funcional
ou doença de que resulte redução na capacidade de
- Forma: apólice de seguro devidamente trabalho ou de ganho ou a morte. Exige-se
datada e assinada cumulativamente a existência de três elementos,
- Regime legal: mormente: o espacial (local de trabalho), o temporal
(tempo de trabalho) e o causal (nexo de causalidade
- Modalidades de seguro: seguro de danos entre o evento e a lesão).
(responsabilidade civil, incêndio, colheitas e
pecuário, transporte de coisas, crédito, ❖ O artigo 9.º da LAT consagra a extensão do
caução, proteção jurídica e assistência) e conceito e consequentemente a previsão
seguro de pessoas (vida, acidentes pessoais legal dos acidentes in itinere que conhecem
e saúde). a sua génese com a jurisprudência. A
extensão do conceito não se reduz aos
- Seguro de Responsabilidade Civil Automóvel acidentes in itinere mas consagra-os entre
(obrigatório) – DL n.º 291/2007, de 21 de outras previsões de possíveis situações
agosto qualificáveis como acidente de trabalho.
Nem sempre os acidentes de trabalho ocorrem no
Seguro de Acidentes de Trabalho tempo e local de trabalho. Assim, considera-se
os empregadores estão obrigados a também acidente de trabalho o ocorrido no trajeto
celebrar um contrato de seguro pelos de ida para o local de trabalho ou de regresso deste.
Abrange o acidente ocorrido: entre qualquer dos
riscos de acidentes de trabalho, visando
locais de trabalho do trabalhador sinistrado, no caso
assegurar aos trabalhadores por conta de ter mais de um emprego; entre a sua residência
de outrem bem como aos seus habitual ou ocasional e as instalações que
familiares, condições adequadas à constituem o seu local de trabalho; entre qualquer
reparação de danos emergentes de dos locais referidos anteriormente e o local do
acidente de trabalho. pagamento da retribuição; entre a sua residência
habitual ou ocasional, as instalações que constituem
A Lei n.º 98/2009, de 4 de setembro (LAT), o seu local de trabalho e o local onde ao trabalhador
regulamenta o regime de reparação de acidentes de deva ser prestada qualquer forma de assistência ou
trabalho e doenças profissionais incluindo a tratamento por virtude de anterior acidente; entre o
reabilitação e reintegração do trabalhador sinistrado. local de trabalho e o local da refeição ; entre o local
O sistema português em matéria de reparação de onde por determinação do empregador presta
acidentes de trabalho e doenças profissionais é um qualquer serviço relacionado com o seu trabalho e
sistema misto, uma vez que em matéria de as instalações que constituem o seu local de
acidentes de trabalho vigora a responsabilidade trabalho habitual ou a sua residência habitual ou
privada e quanto às doenças profissionais aplica-se o ocasional.
sistema de responsabilidade social.
❖ Trata-se de uma enumeração exemplificativa
dependendo sempre a consagração de um
acidente in itinere de dois requisitos
cumulativos, mormente: o acidente ocorra
em trajeto normalmente utilizado e durante
o período de tempo que o trabalhador
habitualmente gasta para o percorrer

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