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FACULDADE DE DIREITO
PERÍODO: MANHÃ
O DOCENTE:
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Luanda
2021
Sumário
INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 3
O ABUSO DE DIREITO E A FUNÇÃO LIMITADORA DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ ... 4
TEORIA DO ABUSO DE DIREITO.................................................................................. 4
NOÇÃO DE ABUSO DE DIREITO ....................................................................................... 6
ABUSO DE DIREITO NO COTIDIANO .............................................................................. 8
ELEMENTOS ESTRUTURAIS NO ABUSO DO DIREITO .............................................. 10
OS EFEITOS DO ABUSO DO DIREITO ........................................................................... 11
NOÇÃO DE BOA-FÉ ........................................................................................................... 11
Boa-fé objetiva .................................................................................................................. 12
Boa-fé subjetiva ................................................................................................................. 13
Direitos anexos............................................................................................................... 13
QUANTO A LIMITAÇÃO DA BOA-FÉ:............................................................................ 14
CONCLUSÃO....................................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 16
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INTRODUÇÃO
Abordarei no presente trabalho o tema “Abuso do Direito e a limitação da boa-
fé”, com a pretensão de fazer um estudo ordenado. Que tem por finalidade a análise sob
o enfoque dessas particularidades diante de uma sociedade moderna. Para tanto,
conceituarei o abuso do direito como sendo de elementos de boa-fé, económicos, sociais
e de bons costumes. Apontarei os elementos estruturais e os efeitos dentro do abuso de
direito. E no final do tema, farei o estudo de um caso concreto, dentro das relações
trabalhistas, mais especialmente dentro do abuso do direito de greve.
O abuso de direito tem sido bastante analisado nos atos emulativos, ou seja,
aqueles que podem ser implicados como os atos realizados pelos indivíduos com a total
intenção de causar vários prejuízos a terceiros.
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Ocorre que os romanos eram infensos às teorias, posto que buscavam estabelecer soluções
casuísticas para as situações práticas que iam se descortinando.
Os romanos não desconheciam totalmente a teoria do abuso de direito. Ao contrário,
utilizaram-se dela para apresentar soluções a determinados casos concretos. Dentre as
tentativas de vedação ao abuso do direito localizadas no Direito Romano, temos: a
proibição ao proprietário de demolir sua casa para vender os materiais; a perda da
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propriedade quando o titular se recusava a prestar caução de dano infecto; ou, ainda, as
proibições de se manterem incultas as terras e de se manterem os latifúndios.
França
Na França, durante o período que antecedeu o Código Napoleônico, era consagrada, pela
legislação vigente à época, a proibição do uso da propriedade em desconformidade com
a sua destinação social. Entretanto, com o advento do Código Civil Francês, prevalecera
o pensamento individualista, esvaindo-se, dessa maneira, o princípio que limitava o
exercício absoluto e anti-social do direito de propriedade. Apesar disso, a doutrina do
abuso de direito era aplicada em diversos julgados dos órgãos jurisdicionais franceses.
Em um conhecido caso, um vizinho construiu em sua propriedade enormes e pontiagudas
torres de madeira, que não tinham nenhum propósito ou utilidade, senão furar os balões
e dirigíveis de seu vizinho, o que, de fato, acabou acontecendo. Trata-se de um evidente
caso de abuso de direito.
Alemanha
Outro famoso caso que bem caracteriza a figura do abuso de direito, passou-se no início
do século XX e encontra-se, desta feita, inserto na jurisprudência alemã. Consta que o
proprietário de uma fazenda, sob a alegação de que sempre que se encontrava com seu
filho ocorria altercação, impediu-lhe que penetrasse em suas terras, a fim de visitar o
túmulo de sua mãe, que lá se encontrava sepultada. Apesar de não encontrar amparo na
legislação, o filho provocou a tutela jurisdicional estatal e obteve ganho de causa, tendo-
lhe sido assegurado o direito de visitar as terras de seu pai nos dias de festa. Tal decisão,
proferida em 1909, consistiu no grande marco para a plena caracterização do abuso do
direito no ordenamento jurídico da Alemanha.
Brasil
No Direito brasileiro, o revogado Código Civil de 1916 não previa diretamente o instituto
do abuso do direito. Utilizava-se uma interpretação inversa do dispositivo contido no
inciso I do art. 160, o qual, por sua vez, albergava como excludente do ato ilícito o
exercício regular de um direito. Contudo, o atual Código Civil preencheu essa lacuna
legislativa, embora a doutrina e a jurisprudência já fizessem uso do instituto há algum
tempo. Assim, em seu artigo 187 positivou a teoria do abuso de direito, dispondo:
“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes”. Afirma-se que a responsabilidade civil decorrente do abuso do
direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo finalístico, tese
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encontrados no cotidiano. Barros (2005) cita as taxas de serviços cobradas pelos hotéis
sem qualquer sentido, uma vez que a hospedagem já se apresenta como o objeto da
contratação; as cláusulas que isentam de responsabilidade por furtos ou danos causados a
veículos nos estacionamentos de centros comerciais, restaurantes ou supermercados; as
cláusulas que permitem o curso cobrar mensalidades, independente da desistência do
aluno, além de tantas outras. Dentre práticas comerciais viciadas de abuso, o autor destaca
a venda casada, a recusa de recebimento de cheques de correntistas com menos de seis
meses ou um ano de conta corrente, etc.
Partindo para situações que acontecem com abusos na internet, tem-se relações de
comércio na internet que dizem respeito às compras realizadas através de cartões de
crédito. Nesse tipo de negociação, contraente fornecedor abusa da boa-fé do consumidor
ao utilizar-se de seus dados para prática de fins escusos, ou ainda quando recebe o
pagamento e descumpre a sua prestação na avença. Neste caso, além de atentar contra a
boa-fé da outra parte, violou também os fins econômicos e sociais que norteavam a sua
posição como contratante. Decerto que na área penal esta conduta poderia ser enquadrada
como estelionato.
Outra situação, ainda, que ocorre na internet e que enseja o abuso de direito,
segundo Barros (2005), é o spamming. O spam nada mais é do que o envio ao
consumidor-usuário de publicidade de serviços ou produtos, oferecendo uma gama de
vantagens para o caso de uma efetiva contratação ou utilização, sem que a mesma tivesse
sido solicitada. Após receber tais mensagens indesejadas, o usuário geralmente perde um
bom tempo selecionando, lendo e excluindo as mesmas. Ademais, o spamming causa
grandes dificuldades aos fornecedores de serviços de internet, já que os mesmos
necessitam viabilizar medidas para coibir essa prática, o que, naturalmente, implica
aumento nos custos de sua atividade econômica. O spam, com isso, contraria o fim social
e econômico da grande rede, o que já serviria para enquadrar a prática como abuso de
direito. De outro norte, insta salientar que a conduta dos spammers também é atentatória
a boa-fé objetiva. Uma pessoa que envia mensagens para outra sem que esta tenha ao
menos solicitado, está distante da probidade e lealdade que se espera das relações
intersubjetivas, mesmo que se manifestem em meios virtuais.
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Já no caso do fim social são todos e quaisquer os preceitos morais e legais que a
sociedade deseja como forma de obter uma conquista com a paz e harmonia, sem precisar
abusar de um direito que não é seu.
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E o fim social é tudo que a sociedade pretende atingir, como a pás, a ordem, a
harmonia, a solidariedade, o bem comum, etc., o que também deverá ser sobrepesado pelo
juiz, quando do julgamento final.
Em consequência, dele decorreu os efeitos que são próprios dos atos antijurídicos,
conforme as circunstâncias do caso: cessação do exercício, invalidade do ato, reposição
das coisas no estado anterior ao exercício abusivo e, no caso de este ter ocasionado danos
a outrem, obrigação de indemnizar.
NOÇÃO DE BOA-FÉ
Com origens lá no Direito Romano, o princípio da boa-fé, a rigor, é um dos
princípios fundamentais do direito privado e sua função principal é estabelecer um
padrão ético de conduta para as partes nas mais diversas relações obrigacionais.
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Porém, sem que isso retire interesse as previsões sectoriais, a boa-fé é hoje um
princípio geral de toda a valoração de comportamentos e funciona em qualquer ramo,
aplicando-se particularmente as conjunturas de relação.
Boa-fé objetiva
Neste sentido, é um critério normativo de valoração de condutas, um padrão
objetivo de comportamento ou seja, um princípio que norteia a conduta das partes. Atua
como uma regra imposta do exterior e que as pessoas devem observar.
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Boa-fé subjetiva
Neste sentido, é um estado de consciência do agente, que consiste, portanto, em
não ter consciência de lesar direito alheio. Ela reporta-se a um elemento intencional
individual, exprimindo um estado ou situação de espírito que envolve o convencimento
ou consciência de se ter um comportamento em conformidade com o direito.
Na boa-fé subjetiva está em causa um estado de sujeito, e este estado é
caracterizado pela lei em vigor ora como um mero desconhecimento ou ignorância de
certos factos (artigos: 119, 243, 1260, e 1340) ora como um seu desconhecimento sem
culpa ou uma ignorância desculpável (artigos: 291, 1648) ora finalmente pela consciência
de certos fatores (artigo: 612, n 2).
Direitos anexos
Além disso, o princípio da boa-fé estabelece diversos deveres que nem precisam
estar escritos no negócio jurídico. São os chamados direitos anexos, como os citados
abaixo:
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Logo, o que tem prevalecido na vida prática, sobretudo no Direito Civil, é que a
violação de qualquer um desses deveres implica em ofensa ao princípio da boa-fé.
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CONCLUSÃO
É preciso considerar que, segundo o nosso sistema jurídico, aquele individuo que
faz uso do seu direito com finalidade diferente a qual se destina, responderá assim pelos
danos causados a terceiros, pois se caracteriza como abuso de direito.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
www.jus.com.br. Acesso em 05.02.2021
SILVA, Carlos Alberto Burity. Teoria Geral do Direito Civil: 2ª Edição. Luanda:
Norprint- a casa do livro, junho 2015.
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