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Enviados por Mariana Melo


Enviados a 16 de Setembro de 2011

Direito Processual Civil I

 1ª Lição – O sentido do Direito Processual Civil

Sem o direito, a nossa convivência e sobrevivência tornar-se-ia impossível.


Existem três questões primordiais:

O que é que está na génese ou na origem de um processo civil/cível?


O que é um processo civil/cível?
Para que serve afinal o Código de Processo Civil ou para que serve o Direito Processual Civil?

Caso 1:
Em Outubro de 2001, o Sr. E, ao fazer uma manobra com o seu automóvel no quintal da
casa do Sr. A, atropelou mortalmente uma ave (uma catatua australiana) pertencente a este e
que se encontrava à solta no referido quintal.
O Sr. E antes de executar a manobra foi avisado para ter cuidado, mas o aviso não evitou
o acidente. A ave tinha sido adquirida na Austrália em 1994, apenas com alguns meses de vida,
“imitava a fala humana, reproduzia de forma clara as conversas das pessoas, pregava partidas
e executava pequenos truques”.

Caso 2:
O Sr. R, residente nos EUA foi modelo nos anos 80 do século XX. Em 2002, enquanto fazia
compras no Estado da Califórnia reparou que uma fotografia sua, tirada quando tinha 42 anos
de idade, estava a ser usada sem qualquer autorização nos rótulos das embalagens de certo
produto. Veio depois a saber que aquele mesmo rótulo estava a ser utilizado em 18 países do
mundo.
A empresa multinacional reconheceu o erro e ofereceu ao Sr. R 100.000 dólares, mas ele
recusou esse valor por considerar muito pouco.

Estes dois casos originaram processos cíveis.


No primeiro caso, o Sr. A é proprietário da ave e pretende uma indemnização por parte do
Sr. E.
No segundo caso, o direito violado foi o direito à imagem, um direito de personalidade
(art. 79.° CC).

Os direitos substantivos, do direito privado, não precisam de tutela porque são


respeitados.
Em casos extraordinários nascem litígios ou equívocos relacionados com interesses
regulados pelo direito privado. Por vezes resolvem-se de forma pacífica, sem necessitar de
recorrer aos tribunais.

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A origem do universo do direito processual civil está nos casos que não se conseguem
resolver de forma pacífica, nos litígios, nas discórdias (art. 3.°, nº 1, do C.Proc.Civ.).
Nas sociedades primitivas a resolução dos litígios fazia-se através da força, através da
auto-tutela.
Mas esta não é uma solução viável para a efectivação dos direitos, pois afecta gravemente a
paz. E a auto-tutela não conduz à justiça, não permite que os mais fracos tutelem os seus
direitos.
Um Estado de direito tem de assentar no princípio da proibição da auto-tutela ou
princípio da proibição da auto-defesa.

Art. 1.° do C.P.C. – Proibição do recurso à força para tutela dos direitos
Art. 336.° do C.P.C. – Acção directa
Art. 337.° do C.P.C. – Legitima defesa
Art. 339.° do C.P.C. – Estado de necessidade
 São três desvios/excepções àquele princípio

 Estas situações justificam-se pela necessidade de celeridade dos casos, aceitando a lei o
recurso à força, com limites expressamente fixados.
Apesar de proibir o recurso à força, o Estado oferece-nos a possibilidade de recorrermos
aos Tribunais, que exercem uma função substitutiva.

Os tribunais executam a função jurisdicional que consiste na resolução de questões de


facto e de questões de direito.
No caso da Nestlé, o tribunal tem de apurar a veracidade dos factos, tem de apurar se a
Nestlé usou ou não aquela fotografia do Sr. R.
Apurada a questão de facto, o tribunal terá de resolver a questão de direito.
Os tribunais têm de exercer a função jurisdicional com isenção e objectividade. O juiz tem
de estar acima do litígio, tem de ser superior ao conflito de interesses. Ele não é parte no
processo, tem de ser isento e imparcial.
E a imparcialidade é uma nota fundamental na justiça civil, esforçando-se o nosso Cód.
Proc. Civil por seguir essa imparcialidade.
 O artigo 122.° faz uma enumeração taxativa de casos concretos em que o juiz está
impedido de julgar uma causa.

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 O artigo 126.° prevê situações menos graves do que as previstas no art. 122.°mas que
também são susceptíveis de conduzir a uma parcialidade do juiz. O juiz pode pedir a sua
dispensa, mas se não o fizer, as partes podem intentar a suspeição.
Deve atribuir-se às pessoas o direito de agirem perante os tribunais em caso de litígio. As
pessoas devem ter direito de acção, que é uma garantia constitucional, um direito
fundamental (art. 20.° da CRP; art. 2.°, nº 2, do Cód. Proc. Civ.).
Os tribunais não funcionam se uma pessoa não intentar uma acção, funcionando aqui o
princípio do pedido. Qualquer processo cível é fruto do exercício do direito de acção e do
subsequente exercício do poder jurisdicional.

Processo: consiste num conjunto ordenado de acros praticados pelas partes (o autor, que
exerce o direito de acção; e o réu, que exerce o direito de defesa) e pelo juiz (bem como pelos
funcionários judiciais) com vista à resolução de um litígio.
 O que é o direito processual civil?

É um conjunto de normas essencialmente técnicas ou instrumentais, constantes do


Código de Processo Civil e de legislação avulsa, normas essas que regulam o exercício do
direito de acção, o exercício da própria defesa, a estrutura e o funcionamento da jurisdição e
disciplinam a tramitação do processo.

Características do direito processual civil:

1. O direito processual civil é um direito instrumental e adjectivo, na medida em que cria e


regula os meios e os instrumentos destinados à efectivação dos direitos e dos interesses
regulados pelo direito privado. É um direito adjectivo porque para se conseguir a efectivação
desses direitos temos que juntar às notas do direito privado as normas do direito processual
civil.
Os meios são as acções, que podem ser declarativas ou executivas; os procedimentos
cautelares e os recursos para as pessoas que não se satisfaçam com as decisões do tribunal.
Se não existisse o direito privado não existiria o direito processual civil. E sem ele o direito
privado não conseguiria sobreviver. É através do processo que não conseguimos fazer valer os
nossos direitos perante o juiz.

2. O direito processual civil é um ramo do direito público e não do direito privado. O direito
processual civil não perde a sua personalidade apenas por tutelar o direito privado.

Critérios dos interesses – este critério não é suficiente. O direito processual civil visa
proteger, por um lado, os interesses privados, mas por outro lado, visa também a protecção de
um interesse público, a paz social.

Critério dos sujeitos – o direito processual civil regula o exercício, a organização da


jurisdição, que é uma função de soberania exercida pelo juiz, que se encontra num plano
superior. Assim, as normas processuais espelham uma relação especial, uma relação de
subordinação. Conclui-se assim que o direito processual civil faz parte do direito público.
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As normas processuais têm natureza imperativa. As partes não podem derrogar estas
normas, não podem ser afastadas por sua vontade.

 2.ª Lição - A natureza do direito de acção

 Evolução histórica do direito de acção

1. O direito de acção foi um assunto profundamente estudado pelos processualistas ao longo


do século XX.
Na passagem do século XIX para o século XX houve uma cisão teórica entre o conceito de
direito subjectivo material e o direito de acção. E esse corte foi fundamental para a
emancipação do direito processual civil.
O conceito de acção, no século XIX, era defendido pela tese clássica ou privatística. De
acordo com esta tese, o direito de acção é o direito imanente ao núcleo do direito subjectivo
material, é um elemento deste direito.
A violação do direito subjectivo material vai potenciar o exercício desse poder, desse
direito de acção. O direito de acção era o direito subjectivo na sua vertente agressiva.

Frases célebres da tese clássica ou privatística:

“ O direito de acção é o direito subjectivo quando é violado”.


Savigny

“A acção é uma manifestação de vida do direito subjectivo privado”.


Windscheid

“A acção é o direito subjectivo em estado de guerra”.


Demolombe

2. Mas esta teoria, que parecia inabalável, foi afastada nas primeiras décadas do século XX. Dá-
se uma descoberta simples: a prática forense, que é aquilo que se passa todos os dias nos
tribunais, mostra de forma evidente que, por detrás do exercício do direito de acção, pode não
existir qualquer direito subjectivo material. Esta é a concepção da tese moderna.
O direito de acção não se confunde com o direito subjectivo material. Não depende da
existência do direito privado.
Diz-se que um dos pioneiros desta tese foi Mortara. Ele diz que a teoria clássica parte de
um equívoco.

Frases célebres da tese moderna:

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“É necessário dizer que a afirmação da ofensa sofrida num direito pode corresponder ou não à
verdade; e possível que aquele direito, cuja ofensa é afirmada, não exista de facto; ou que
exista, mas não tenha sido efectivamente violado”.
Mortara

“O direito de acção não pressupõe a existência de qualquer direito subjectivo substantivo ou


material; tanto assim é que podem ser intentadas ou propostas acções infundadas.”
Zanzucchi

Esta passagem para a tese moderna marca a emancipação do direito processual civil.

Notas caracterizadoras do direito de acção:

1º Garantia constitucional, consagrado no artigo 20.° da CRP, logo, o direito de acção é um


direito fundamental, universal e permanente. Não é o privilégio de alguns. Assim está
consagrado o mecanismo da protecção jurídica (Lei nº 34/2004 de 29 de Julho), ou seja, as
pessoas de mais baixos rendimentos podem ter acesso, de forma gratuita, a consultas jurídicas
ou ao chamado apoio judiciário.

2º É um direito subjectivo público e processual. A pessoa tem o direito e o dever de exigir uma
decisão do tribunal. Contrapõe-se o dever de administrar a justiça.(art. 156.°, nº1 do C.Pro.Civ)
É um direito público na medida em que se exerce perante um órgão dotado de soberania,
dotado de jus imperi.

3º É um direito irrenunciável.

4º O direito de acção é um direito autónomo. O exercício deste direito não pressupõe a


existência do direito subjectivo material.

5º O direito de acção é um direito de conteúdo abstracto. Ele traduz simplesmente o poder de


obter uma decisão judicial mas não o poder de obter uma decisão concreta favorável.

6º O direito de acção é um direito complexo e dinâmico pois desdobra-se num amplo campo
de poderes.

 3.ª Lição - O conceito de relação jurídica processual ou de instância

O processo não é apenas um conjunto ordenado de papéis. Ele contém no seu íntimo uma
relação muito especial: a relação jurídico-processual.
O processo tem uma alma e é a relação processual que dá vida ao processo.
É um conceito operativo e tem um indiscutível valor didáctico.
No século XIX, em 1868, Oskar Bulow viu que para além de um conjunto de papéis o
processo tem uma relação processual.
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“O processo é uma relação jurídica. Esta realidade não foi até agora devidamente apreciada ou
claramente entendida. É habitual falar-se apenas da relação jurídica de direito privado. O
processo é uma relação jurídica que avança gradualmente e se desenvolve passo a passo”.
Oskar Bulow

O termo relação processual e instância têm o mesmo significado. A partir do artigo 264.° e
seguintes aparece a palavra instância, que deve ser entendida como relação jurídica
processual.

Instância ou relação processual

A primeira concepção é a concepção linear de relação jurídica processual, dos finais do


século XIX e inícios do século XX. A relação processual era configurada como um segmento de
recta entre dois pólos – o autor e o réu. [A R]
Há um apagamento do juiz nesta figura. Esta era uma concepção coerente com o ideário
do século XIX, que era um ideário liberal.
Se o bom Estado era o Estado mínimo, ou seja, o Estado guarda-nocturno, o bom juiz
também era o juiz mínimo, apagado. Para a doutrina e para a lei do século XIX o juiz limitava-
se a ser a “boca da lei”, não tendo muitos poderes.
O juiz era alguém que não estava interessado na descoberta da verdade material. O que
interessava era a verdade formal, que estava no processo.
O processo era visto como um “duelo” em que o juiz assistia impávido e sereno. Esta era a
concepção duelística de processo civil.
Com as primeiras décadas do século XX, o Estado liberal entra em ruptura. Passa a haver a
ideia de um Estado autoritário e intervencionista, não liberal. Há um reforço dos poderes do
juiz e passa a interessar-lhe a descoberta da verdade material.
O Código do Processo Civil do século XX reforça em muito os poderes do juiz.
«O juiz tem o poder de ordenar oficiosamente as diligências e actos que entender
necessários para o descobrimento da verdade» - Código de 1939, art. 264.° §2.
O código de 1961, isto é, o actual, diz praticamente o mesmo, no artigo 265.°, nº3.
Atribui-se ao juiz um poder de instrução.
Há também um poder de direcção do juiz inserido no artigo 266.°, nº1 do actual
Cód.Proc.Civ. É o juiz que dirige o processo.

“As partes têm a liberdade de entrar ou não na barca da justiça: ninguém as obriga a
embarcar, mas se não embarcam não podem fazer a bordo o que lhes apetecer. Ficam
necessariamente submetidos à direcção do capitão do navio”.
Alberto Reis

A segunda concepção de relação processual é a concepção angular.


Estabelecia-se, por um lado, uma relação entre o autor e o juiz e, por outro lado, uma
relação entre o réu e o juiz. Entre as partes não se estabelecia propriamente uma relação
processual.
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“A relação processual desdobra-se em duas, uma que se constitui entre o autor e o Estado,
representado pelo juiz, outra que se constitui entre este e o réu”.
Alberto Reis, 1947

Dr. Manuel de Andrade vem também dizer que a relação processual sempre será uma
relação angular.
Dr. Henrique Mesquita entende que esta concepção não retrata fielmente o que se passa
no processo. Entre as partes – o autor e o réu -, há direitos e deveres
recíprocos de natureza estritamente processual.
Se assim é, temos de defender uma relação triangular do direito processual.

O dever de verdade em que se retira vários aspectos Código do Processo Civil é um dever
jurídico processual. É um dever para com o juiz. A parte que no processo é vítima da mentira
da outra parte pode pedir à parte mentirosa uma indemnização.
O dever de cooperação é outro dever que mostra que existe uma relação entre o autor e
o réu (art. 519.°, do Cód.Proc.Civ.). Tem de haver cooperação para a descoberta da verdade
material.
O dever de cooperação é um dever para com o juiz mas também para com a parte
contrária.
Por exemplo, numa acção de investigação de paternidade, o sujeito notificado tem o
dever de cooperar e deve submeter-se ao teste de ADN. Se não o fizer está sujeito ao
pagamento de uma multa.
Outro dever é o dever de recíproca correcção, de urbanidade (art. 266.°-B do
Cód.Proc.Civ.). É um dever para com o juiz, do autor para com o réu e vice-versa e também do
juiz para com as partes.
Tudo isto nos leva para uma concepção triangular da relação processual.
Chiovenda, em 1940, defendia que se tinha de fazer a anatomia da relação processual.
Entre as partes do processo havia “nervos” que os ligavam.

Relação jurídica processual – a relação processual ou instância é uma relação de direito


público, triangular, complexa, progressiva e finita que, tendo origem no exercício do autónomo
direito de acção e na posterior citação do réu (art. 267.°, nos 1 e 2, do Cód.Proc.Civ.), impõe ao
juiz o dever jurídico de decidir (art. 156.°, nº 1, do Cód.Proc.Civ.; art.3.°, nº2 do Estatuto dos
Magistrados Judiciais), para além de lhe atribuir poderes relativos à boa condução do processo
(dever de instrução) e à consequente descoberta da verdade material (poder de prestação), e
faz recair sobre as partes (autor e réu) um vasto conjunto de ónus (de alegar, de contestar, de
provar) e um número mais restrito mas altamente significativo de deveres (de cooperação, de
correcção, de verdade).

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A palavra instância tem dois sentidos no Código de Processo Civil:


1) Instância significa relação processual;
2) P. ex., no artigo 70.° aparece a palavra instância – tribunais de primeira e segunda instância.
Significa a entidade, o órgão a quem a pretensão se dirige. Significa grau de jurisdição. A
pessoa dirige-se pela primeira vez a um tribunal, formulando um pedido.

Três flashes sobre a relação processual:

1º A complexidade da relação processual, de um processo cível. É complexa porque nela


encontramos diversos deveres, direitos e ónus que recaem sobre ambas as partes.
Sobre as partes recai um vasto número de ónus. Ele não é um dever. O ónus é a
necessidade da adopção de um comportamento para alcançar uma vantagem ou um benefício.
A pessoa que não cumpre um ónus não é sancionada; só não alcança aquela vantagem.
O processo é, por excelência, o mundo dos ónus. O processo civil está estruturado na
figura dos ónus.

2º A relação processual é uma relação cinética, ou seja, é uma relação em movimento e não
uma relação estática. É uma relação dinâmica.
A própria formação genética da relação processual implica um duplo movimento que a
gera (art. 267.° do Cód.Proc.Civ.).
Sobre as partes recai um ónus, o chamado ónus do impulso e que resulta do artigo 265.°,
nº1. As partes têm de praticar actos, dentro de certos prazos e são esses actos que fazem
avançar o processo.

3º A finitude da relação processual. As causas da extinção da relação processual constam do


artigo 267.° do Cód.Proc.Civ.
A instância tem dois fins possíveis: o fim normal, a morte natural da relação processual; e
causas que explicam o fim anormal, extraordinário da relação processual.
A causa normal está prevista na alínea a) do artigo 287.° - o julgamento, a chamada
sentença final ou de mérito. As alíneas seguintes do mesmo artigo indicam as causas anormais,
extraordinárias do fim da relação:
 o compromisso arbitral;
 a deserção;
 a desistência (que é um acto unilateral do autor e pode ser uma desistência do pedido ou
uma desistência da instância);
 a confissão do pedido (o réu reconhece que o autor tem razão);
 a transacção judicial (acordo escrito que as partes fazem e levam ao fim do processo);
 a impossibilidade da lide (processo, instancia);
 a inutilidade da instância.

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 4ª Lição - O objecto da relação processual

Objecto do processo: para alguns autores, o objecto do processo era o litígio. Para outros,
era a relação material controvertida. Hoje em dia, a doutrina mais correcta é a teoria
processual bilateral ou dualista que defende que o objecto do processo consiste num
binómio.
Os dois elementos que integram o objecto do processo são o pedido e a causa de pedir (a
historia, os factos jurídicos relevantes que sustentam o pedido).
O objecto é a marca da acção; é algo de fundamental que a distingue. O objecto da acção
é o código genético de uma acção ou de um processo.
O pedido tem quer ser formulado (art. 467.°, al.e) do Cód.Proc.Civ.).
O pedido é o efeito que o autor pretende alcançar através do direito de acção. O juiz vai
ter que se pronunciar sobre o pedido.
A causa de pedir consiste nos factos da vida que fundamentam o pedido. A causa de pedir
é o facto concreto em que a parte se fundamenta.
O autor quando se dirige ao tribunal tem que apresentar os factos concretos. A causa de
pedir é composta por um facto ou complexo de factos da vida. E é um facto ou complexo de
factos aptos a pôr em movimento uma norma substantiva, uma norma de direito material. São
factos juridicamente relevantes.
Após a citação do réu para o processo, o pedido e a causa de pedir não podem mais ser
alterados. Há uma estabilidade que se forma sobre objecto da acção (art. 268.°, do
Cód.Proc.Civ.).
Todavia, existem três excepções a esta inalterabilidade – os artigos 272.°, 273.° e 274.°.

A importância prática do processo

O objecto determina ou marca os limites da sentença. O juiz fica “aprisionado” a este


objecto que é apresentado pelo autor na petição inicial.
Por um lado, quanto ao pedido, o artigo 661.°, nº1, diz-nos que «a sentença não pode
condenar em quantidade superior ou em objecto diverso do que se pedir». O juiz está limitado
àquilo que se pede.
Por outro lado, quanto à causa de pedir, o artigo 264.°, nº2 diz que «o juiz só pode fundar
a decisão nos factos alegados pelas partes».
A litis pendência traduz-se na existência simultânea de dois ou maus processos iguais
entre as partes.
Os processos são iguais porque têm o mesmo objecto (apresentam o mesmo pedido e a
mesma causa de pedir).
A excepção da litis pendência é a eliminação do segundo processo (arts. 497.°, 498.° e
499.°).

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O objecto do processo determina o âmbito do caso julgado. O caso julgado é um efeito


jurídico-processual que torna a decisão do juiz definitiva, inalterável (art. 677.°).
Se após a formação do efeito do caso julgado renascer, entre as mesmas partes, um
processo igual ao anterior, aquele processo vai ser rejeitado. É a excepção do caso julgado. O
réu vai ser absolvido da instância.
O objecto do processo auxilia a determinação da efectiva presença dos pressupostos
processuais.

 5ª Lição - Os princípios fundamentais do Direito Processual Civil

Existem duas correntes de princípios:


 Uma corrente do século XIX, que tinha uma concepção liberal;
 Uma corrente do século XX, que deriva de uma concepção publicista do direito processual.

1. Princípio da tutela jurisdicional efectiva (artigo 20.° da C.R.P.)

A justiça cível, para ser efectiva, tem que ser uma justiça universal e célere.
Todos, independentemente da sua condição económica e social, podem aceder à justiça.
A justiça só é efectiva se for rápida.
A decisão tem de ser proferida dentro de um “prazo razoável”.
Há uma lei que responsabiliza o Estado pelo atraso da justiça – Lei nº 67/2007, de 31 de
Dezembro (art.12.°).

2. Princípio do juiz legal ou o juiz natural

Trata-se de um princípio que não aparece expresso no Código de Processo Civil.

1º sentido deste princípio: um processo não pode ser julgado por um tribunal “ad hoc” ou
de excepção, um tribunal criado exclusivamente para julgar aquele processo.
O processo tem de ser julgado por um tribunal estadual já antes instituído por lei geral e
abstracta (art. 32.°, nº 9, da C.R.P.)
Segundo a história, os tribunais “ad hoc” serviam para beneficiar ou prejudicar alguém.
Em 14 de Outubro de 1793, Maria Antonieta foi condenada à morte por um tribunal “ad hoc”.
2º sentido deste princípio: havendo mais do que um juiz no tribunal competente, o
processo tem de ser distribuído, por sorteio, entre os juízes.
O princípio da distribuição é um sub-princípio do princípio do juiz natural (art. 209.°).
A distribuição visa fazer uma distribuição igualitária dos processos entre os juízes e visa
assegurar a imparcialidade dos juízes.

3. Princípio do pedido

O princípio do pedido tem duas vertentes:


1ª vertente – artigo 3.°, nº 1, 1ª parte – ne procedet index ex officio

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2ª vertente – artigo 661.°, nº 1 – ne eat iudex ultra petita padium (o juiz não vai para além
do pedido da parte).

1ª vertente:
Um tribunal só deve resolver um litígio se isso lhe for expressamente pedido pela parte
interessada.
Os tribunais não se auto-activam; tem de existir um impulso externo que se traduz no
direito de acção.
O juiz é uma entidade imparcial. Ele não pode tomar o partido de ninguém.
O processo civil é perpassado por uma ideia de liberdade. Ninguém pode ser forçado a
intentar uma acção que não quer.

2ª vertente:
O tribunal está circunscrito ao pedido que lhe é feito. Não pode atribuir mais do que é
pedido (mas pode atribuir menos). A sentença é nula se se violar esta vertente (art.668.°, al.
e)).
Por vezes, a lei admite excepções a esta segunda vertente. Mas apenas nos casos
expressamente previstos na lei.
O artigo 392.°, nº 3 do Código de Processo Civil admite um desvio ao princípio do pedido.

4. Princípio do dispositivo

Muitos autores integram neste princípio o princípio do pedido. No entanto, Mesquita


entende que o princípio do pedido e o princípio do dispositivo têm sentidos muito fortes e
distintos. Cada um destes princípios “brilha com luz própria”.
Este princípio tem dois sentidos:

1º Sentido: resulta dos nos 1 e 2, do artigo 264.° e do artigo 664.°, 2ª parte. Trata do
problema da alegação dos factos.

O que é um facto para o direito, para o processo?


O facto consiste “na ocorrência ou num acontecimento concreto, delimitado no espaço e
no tempo, do mundo externo ou do foro interno, que o direito converteu em pressuposto de
determinado efeito jurídico”. Rosemberg
A quem pertence a tarefa de carrear (levar) os factos para o processo?
Pertence às partes – o autor e o réu. Tê o ónus de alegar os factos reveladores de algo
que aconteceu.

“Quod non est in actis non est in mundo” (O que não for alegado pelas partes não existe
para o juiz). As partes é que têm disposição dos factos. As partes têm o “monopólio” dos
factos.
Mas a alegação judicial dos factos podia acarretar uma certa dose de inconveniência.
A justiça cível assenta no princípio da auto-responsabilidade das partes. O nosso sistema
permite que o tribunal, que o juiz alegue certos factos (art. 264.°, nº2).
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Há duas espécies de factos que o juiz pode conhecer oficiosamente:


- factos notórios;
- factos que ficaram provados num processo em que o juiz interveio.

Um facto notório é um facto que é do conhecimento geral, público, de qualquer homem


médio.
Uma guerra, um terramoto, a crise financeira que o mundo atravessa, o aumento
exponencial do preço do petróleo são factos notórios.
O conceito de facto notório é um conceito relativo.
O juiz deve servir-se, no processo, de factos notórios.
Em Portugal, o facto notório não tem que ser alegado, nem provado.

Os factos do conhecimento oficioso do juiz (art. 514.°, nº2) são facto que foram alegados
e que ficaram provados num primeiro processo e que não foram alegados no segundo
processo. Uma vez que aquele facto já foi usado pelo juiz, o ordenamento português deixa que
o juiz vá buscar aquele facto relevante para outro processo.

2º Sentido: as partes podem, dentro de certo modo, decidir o destino do processo; podem
dispor do processo (art. 293.°).

5. Princípio do contraditório

O exercício do direito de acção traduz-se num ataque. Por uma questão de igualdade, o
processo cível tem de assegurar a defesa do réu.
O princípio do contraditório é um princípio natural do processo. Traduz o seu carácter
democrático (art. 3.° do Cód.Proc.Civ.).
Este princípio tem um duplo sentido:

1º Sentido: sentido clássico, ancestral. O contraditório traduz-se numa ideia de oposição, de
defesa, de resistência à actividade processual do adversário. Não é possível conceber um
processo sem contraditório. Este é um princípio natural.
Este sentido reflecte-se ao nível dos factos, das provas e do Direito.

O contraditório ao nível dos factos significa que o réu tem o direito, o ónus, de contraditar
os factos alegados pelo autor. Isto é fundamental para se descobrir a verdade, porque cada
parte tem tendência natural para contar apenas o que lhes convém. Por isso deve dar-se a
palavra ao réu.
O processo é perpassado por uma ideia de liberdade. O réu pode não se defender, pode
abster-se de intervir no processo. Mas na maioria dos casos o réu intervém, exerce o princípio
do contraditório. O réu impugna os factos que o autor alega.
O contraditório funciona também ao nível das provas. Uma prova é um instrumento que
visa a descoberta da verdade dos factos (art. 341.° do Cód.Civ.).
O artigo 640.° do Código de Processo Civil refere-se ao incidente da contradita.
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O contraditório funciona ainda ao nível do direito (arts. 488.° e 664.°)

2º Sentido: moderno (art. 3.°, nº 3, in fine). Assenta numa concepção de juiz aberto. Esta
norma faz recair sobre o juiz um dever específico: o dever de ouvir as partes – o autor e o réu -
sempre que pretenda tomar uma decisão imprevisível, surpreendente ou inesperada, sobre
qualquer questão de facto ou de Direito.
Se o juiz pretende resolver o caso à luz de uma norma de direito privado, que nenhuma
das partes referiu, então ele deve chamar as partes, ouvi-las sobre essa norma que pretende
aplicar.
Se o juiz, por outro lado, quer resolver o caso com base num facto notório que as partes
não alegaram, ele não deve tomar uma decisão sem antes os chamar e sem lhes dar
conhecimento sobre aquele facto.
O artigo 3.°, nº 3 visa evitar as chamadas decisões-surpresa. O princípio da proibição das
decisões-surpresa foi inspirado pelo Código de Processo Civil francês.
“O tribunal só pode fundamentar a sua decisão numa perspectiva jurídica que, por lapso,
não foi considerada ou que foi entendida irrelevante pelas partes, quando tiver dado a estas a
oportunidade de se pronunciarem sobre esse referente do ponto de vista”. A violação desta
regra gera uma nulidade processual, no entanto, recorrível.
O código de Processo Civil não consagra o princípio da proibição das decisões surpresa.

6. Princípio do inquisitório

As partes têm o encargo de esclarecer o juiz daquilo que alegam. As partes têm o ónus de
alegar e o ónus de provar (art. 342.° do Cód.Civ. – ónus da prova).
No princípio do inquisitório, consagrado no artigo 265.°, nº 3, o juiz tem o poder
fundamental de instrução, ou seja, o juiz pode, por sua exclusiva iniciativa, levar para o
processo provas que nenhuma das partes apresentou para o mesmo.
O objectivo do processo é a descoberta da verdade material.

Artigo 535.° - Requisição de documentos


Artigo 552.° - Depoimento de parte
Artigo 568.° - Quem realiza a perícia – o juiz pode, por sua iniciativa, requisitar a perícia.

1º Problema – saber se o exercício deste poder de instrução afecta ou não a imparcialidade
do juiz.

O exercício do poder de instrução não afecta a imparcialidade do juiz. O juiz não pretende
beneficiar nenhuma das partes, apenas procura perseguir a verdade material.
O juiz deve respeitar o princípio da igualdade e o princípio do inquisitório.

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2º Problema – saber se, por detrás deste poder de instrução, está um poder-dever ou uma
faculdade do juiz que ele pode cumprir de acordo com as circunstâncias do caso, isto é, um
poder discricionário.
O artigo 612.° afirma «… sempre que o julgue conveniente…», por isso, entende-se que é
um poder discricionário. Por detrás do poder de instrução está um poder discricionário. Não é
propriamente um poder-dever.
O não exercício deste poder não pode ser censurado por um tribunal superior, visto que é
um poder discricionário.
No entanto, o artigo 645.° já contém um poder-dever do juiz. Quando o tribunal sabe que
há uma testemunha mas que não foi apresentada pelas partes, o juiz deve ordenar que seja
ela notificada para depor.
O poder de instrução é um poder-dever.
Uma sentença, para ser justa, tem de assentar na verdade material.

7. Princípio do conhecimento oficioso do Direito

Quem exerce o direito de acção – o autor – tem de alegar factos juridicamente relevantes.
O artigo 467.° diz que o autor deve expor os factos e as razões de direito que servem de
fundamento à causa. E o artigo 468.° refere que o réu também tem de alegar factos e expor as
razões de facto e de direito.
As razões de direito são as normas, os artigos e os princípios de direito privado que
sustentam as pretensões do autor e do réu.
“Iura nov it curia”
O princípio do conhecimento oficioso do Direito está consagrado no artigo 664.° do
Cód.Proc.Civ.
Na petição inicial têm de estar os factos e os artigos. Depois, se não for possível alegar os
direitos, o juiz deve fazê-lo porque tem esse dever.
Não há qualquer sanção para as partes se não alegarem as razões de Direito. (art. 657.° -
alegações de direito, feitas pelo advogado e pelo réu)
O advogado nunca deve ter a veleidade de dar lições de Direito ao juiz. Este é senhor do
Direito.

8. Princípio da economia processual

1º Sentido: tem o sentido de economia processual; economia de meios. Há uma política
legislativa que aponta para o seguinte: deve evitar-se ao máximo a multiplicação e a dispersão
dos processos. Um processo deve potenciar à resolução do maior número possível de litígios.
A nossa lei autoriza a chamada coligação de autores ou de réus (art. 30.°, do CProCiv.).
Por exemplo, X atropela ao mesmo tempo numa passadeira duas pessoas (A e B). A nossa
lei autoriza que haja uma coligação activa (A e B contra X), que haja uma união de forças entre
os autores. Se A e B não intentarem uma acção conjunta, correndo de forma autónoma, pode
o juiz juntar os processos (art. 275.°, nº 4, do CProcCiv). O juiz dá uma apensação; tenta
resolver a questão no mesmo processo. Mas para o fazer, o juiz deve chamar s partes e
convencê-las de que é possível juntar os processos.
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A reconvenção (art. 274.°, do CProcCiv) é um meio que autoriza o réu a deduzir um


pedido ou vários pedidos contra o autor. O réu usa o exercício do contraditório. O réu livra-se
de um processo autónomo que teria que interpor contra o autor, ou seja, está em causa a
economia de processos.
Por exemplo, o Sr. A pede o pagamento do preço de um computador contra o réu B. este
recebe a notificação e vem pedir que o autor seja condenado a entregar-lhe o computador.

2º Sentido: tem o sentido de economia de actos e de formalidades processuais. A


tramitação deve adequar-se ao caso concreto e às suas necessidades. Não há uma tramitação
rígida do processo (art. 265.°- A, do CProcCiv).
De acordo com o art. 137.°, os actos inúteis devem ser afastados do processo.
O princípio da economia processual visa que hoje haja uma máquina jurídica perfeita.

9. Princípio da boa fé processual (art. 266.° - A)

Não vale tudo para ganhar um processo. É preciso que haja boa fé das partes. O processo
é perpassado por uma ideia de liberdade mas essa liberdade tem limites.
Agir de boa fé significa que as partes devem agir de forma honesta, correcta e leal.
Este princípio desdobra-se em dois sentidos: um positivo e um negativo.
É nas alíneas a), b) e d) do nº 2, do art. 456.° que o legislador consagra o princípio da boa
fé em sentido negativo.

As partes não devem mentir (nem por acção, nem por omissão) – art. 456.°, nº2, al.b)
As partes não devem fazer um uso reprovável dos meios processuais – al. d)
As partes não devem deduzir pedidos e defesas sem fundamento – al. a)

Existem provas materialmente ilícitas que não traduzem a violação do princípio da boa fé
processual.
Além deste sentido negativo, a boa fé tem também um sentido positivo (art. 519.° do
C.P.C).
O sentido positivo da boa fé processual significa uma ideia de cooperação para a
descoberta da verdade material.

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Quando o juiz chama as partes elas devem responder. Não se deve dificultar as decisões
que o juiz deve tomar. A parte deve facultar o que o juiz requisitar. E a lei diz-nos ainda que as
partes devem praticar actos judicialmente favoritos.
Mas a cooperação das partes tem limites (art. 519.°, nº3). Em alguns casos a renúncia da
parte é legítima.

Por vezes, por detrás da litigância de má fé, não está a parte mas o advogado. É ele que
está de má fé.
Nestes casos aplica-se o artigo 459.° do Cód.Proc.Civ. O juiz comunica à Ordem dos
Advogados quando se reconheça que o advogado teve responsabilidade pessoal e directa
pelos actos pelos quais se revelou a má fé na causa.
O juiz não pode aplicar sanções aos advogados; quem tem esse poder é a Ordem dos
Advogados.

Quem viola o princípio da boa fé, quer em sentido negativo, quer em sentido positivo, cai
na litigância de má fé. Se por detrás desta situação está uma pessoa de má fé ou se houve uma
negligência grave, o juiz vai aplicar uma multa ao litigante de má fé.
A parte contrária pode fazer muita coisa, pode pedir uma indemnização devido à outra ter
litigado.
O artigo 456.°, nº 1, prevê que a parte que litiga em má fé é condenada numa multa e,
eventualmente, numa indemnização.
O juiz aplica a multa e a outra parte pode pedir uma indemnização.
A indemnização pedida pela parte que não litigou de má fé pode revestir duas formas:
a)Indemnização simples – al. a), do nº1, do art. 457.°;
b) Indemnização agravada – advém de danos morais que a pessoa tenha sofrido – al. b), do nº
1, do art. 457.°. ela justifica-se porque por detrás dela houve dolo.

A indemnização tem de ser pedida no próprio processo. Se a parte quer uma


indemnização, esse pedido deve ser feito naquele processo e não num processo autónomo.

 6ª Lição – Os fins da tutela judicial declarativa

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A tutela judicial é a protecção concedida por um juiz a pedido da parte interessada.

A tutela judicial goza da característica da triplicidade. Tem três formas:

1) Tutela ou protecção declarativa – consegue-se através dos processos declarativos (art. 4.°,
nº2);

2) Tutela ou protecção executiva – para se alcançá-la tem de se instaurar uma acção


executiva.

3) Protecção ou tutela cautelar – é muito rápida e consegue-se através dos respectivos


procedimentos cautelares.

 Tutela judicial declarativa

a) De simples apreciação (art. 4.°, nº 2, al. a)). Esta acção pode ser positiva ou negativa.

Positiva:

O autor de uma acção declarativa de simples apreciação positiva pode pedir a declaração
judicial da existência de um direito ou de um facto juridicamente relevante.
Por exemplo, o juiz declara que A é proprietário do prédio rústico X. Ou então o autor
pede ao juiz a declaração do seu direito de propriedade sobre um determinado automóvel.
Isto é um facto juridicamente relevante. A anulação de um negócio é uma acção declarativa de
simples apreciação positiva.

Negativa:

O autor pede a declaração judicial da inexistência de um direito ou de um facto que,


segundo o autor, não corresponde à realidade.
Por exemplo, o autor intenta um processo e pede ao tribunal que declare, através de uma
sentença, que o réu não tem sobre ele (autor) um direito de crédito. Ou que o réu não tem o
direito de passar no terreno do autor (ao contrário do que ele diz). Isto é uma acção
declarativa de simples apreciação negativa.

Há acções de mera apreciação em que se pede ao juiz que declare que “eu tenho um
direito” ou então que “X não tem o direito de passar no meu terreno”, isto é, são acções de
simples apreciação positivas e negativas, respectivamente.
No Código de Processo Civil de 1939, Alberto Reis cria, no art. 4.°, as acções declarativas
de simples apreciação positiva ou negativa.

Princípio do pedido

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Se o autor se limita a pedir a mera apreciação da existência ou inexistência de um direito,


o juiz não pode ultrapassar o pedido que lhe é feito. Funciona o princípio do pedido.

Ónus da prova

Nas acções de simples apreciação positiva, sobre o autor recai o ónus, o encargo de
provar os factos que fundamentam o seu pedido. E tem de provar que sobre o seu direito
existe uma situação de incerteza objectiva e grave.
Nas acções de simples apreciação negativa é o réu que tem o ónus de provar os factos de
que é acusado (art. 343.° do Cód.Proc.Civ.).

b) De condenação

O autor pede que o tribunal condene ou que intime o réu a realizar uma prestação
positiva ou negativa. Um processo de condenação ou apreciação também tem uma parte de
simples apreciação.
Esta apreciação é um meio para se alcançar um fim, que é a condenação do réu. O direito
subjacente a um processo destes é o direito a uma prestação positiva ou negativa.
Quanto ao ónus natural, o credor deve convencer o tribunal de que o réu é titular de uma
obrigação de facere ou non facere, que é titular de uma prestação positiva e negativa.
A sentença condenatória tem uma parte decisória ou uma parte dispositiva (parte final),
ou seja, uma ordem ou comando do tribunal para que o réu realize uma prestação, para que
ele cumpra uma obrigação.
 Muitas vezes, quando o réu é notificado desta sentença, ele cumpre-a.
 Se o réu, porventura, não respeitar a sentença, esta pode ser efectivada coercivamente
através de um processo executivo.

A sentença condenatória contém uma ameaça, uma cominação: “cumpre réu, sob pena
de o autor avançar para um processo executivo”. (art. 46.°, nº 1, al.a))

c) Acções declarativas executivas

O art. 4.°, nº 3 dispõe que «acções executivas são aquelas em que o autor requer as
providências adequadas à reparação efectiva do direito violado».
Elas destinam-se a obter uma tutela jurídica totalmente diferente das outras formas de
tutela.
Nestas acções o autor pede ao tribunal que decrete, por via de sentença, a constituição, a
extinção ou a modificação de uma relação jurídica.
Visa-se proteger os direitos potestativos de exercício judicial.
O efeito impõe-se de forma inelutável ao réu. O direito subjacente não é o direito de
crédito mas antes o direito potestativo de exercício judicial.
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Exemplos:

1) Uma acção em que o autor visa a constituição de uma servidão legal de passagem. Aqui faz-
se valer o direito potestativo constitutivo.
2) Uma acção de investigação de paternidade. Nesta o autor quer obter um certo efeito
jurídico.

3) Uma acção em que o promitente-comprador quer uma execução específica do contrato-


promessa. Este é um processo constitutivo.

4) Uma acção de divórcio. É um processo constitutivo extintivo.

5) Uma acção de anulação de um negócio. É um processo constitutivo que tem em conta um


direito potestativo extintivo.

6) Uma acção de mudança do local de servidão de passagem. É um processo declarativo


constitutivo modificativo.

Quanto ao ónus da prova, o autor tem o ónus de provar todos os factos causadores do
seu direito potestativo.
Através da sentença, o tribunal vai declarar a produção de um novo efeito jurídico, que se
impõe por si mesmo ao réu, não sendo necessária a sua cooperação.
A cooperação do réu é absolutamente desnecessária para a produção de determinado
efeito.
A sentença constitui, extingue ou modifica uma relação jurídica e não é necessária
qualquer cooperação por parte do réu.
Por vezes há processos constitutivos que não são processos constitutivos puros. São
mistos – nuclearmente constitutivos mas simultaneamente processos condenatórios.
O artigo 470.° trata sobre a cumulação de pedidos. Dão entrada no tribunal muitos
processos que não são apenas constitutivos, mas também condenatórios.
Exemplos de processos mistos:

1) Um processo em que se pede a anulação de um contrato, por exemplo, com base em


coacção moral. E o autor pede também naquele processo a condenação do réu a restituir a
prestação que ele efectuou no passado, ao abrigo daquele contrato.

2) Maria pede o divórcio e pede também a condenação do marido a pagar-lhe uma pensão de
alimentos.

3) Pede-se a execução específica de um contrato-promessa.

7ª Lição – As formas do processo comum declarativo

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Forma do processo – é o esquema legal relativo à tramitação do processo (o andamento do


processo), é o conjunto de fases que o processo segue deste o início até ao seu termo. Existem
formas especiais e uma forma comum dentro da qual há uma forma ordinária, uma forma
sumária e uma forma sumaríssima.

Forma ordinária Forma sumária Forma sumaríssima


Arts. 467.° a 675.° CProcCiv. Arts. 783.° a 792.° Arts. 793.° a 800.°
v. acção v. acção
Valor da acção
> € 5.000 < € 5.000
> €30.000 < € 30.000 +
< € 5.000 Fim específico:
a)cumprimento de obrigações pecuniárias
Fins b)indemnização por dano
c) entrega de coisa móvel

 8ª Lição – Tutela cautelar

Os procedimentos cautelares encontram-se no Código de Processo Civil, nos artigos 2.°,


nº 2, in fine; no art- 381.° e segs e no artigo 427.°.

“A justiça não é instantânea”.


Alberto dos Reis

Em qualquer sistema jurídico a justiça não se processa de forma instantânea. Ela tem uma
natural morosidade, implica uma lentidão. A morosidade é indispensável para se obter a
ponderação.
E uma sentença justa é o resultado da ponderação.
Mas, por vezes, a espera pela sentença pode ser fatal para os interesses do autor.
Antunes Varela diz que “a decisão corria o risco de ser meramente platónica”.
A utilidade dos procedimentos cautelares é evitar que as decisões se tornem meramente
platónicas.

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Procedimento cautelar – é um meio processual sui generis, urgente, não autónomo e não
influente que visa, através do decretamento judicial de uma providência provisória, a
conservação de uma realidade ou a antecipação de um efeito favorável ao requerente.

A urgência, a dependência e a influência são as três notas que caracterizam um


procedimento cautelar.
A urgência está prevista o art. 382.° do C.P.C.: «os procedimentos cautelares revestem
sempre carácter urgente».
O procedimento cautelar é urgente por duas razões:
1- prioridade sobre todos os outros meios (382.°, nº 1);
2- a lei prevê um prazo muito curto (382.°, nº 2).

O procedimento cautelar é um meio dependente. Há uma falta de autonomia do


procedimento cautelar perante a acção principal (art. 383.°).
A nossa lei impõe que o requerente da providência cautelar instaure um procedimento
cautelar e depois um processo principal ou, na pendência do processo principal o requerente
instaure um procedimento cautelar (incidente do processo). (art. 389.°, nº 1, al. a))
O processo cautelar é um “satélite” que gravita à volta do processo principal.

A não influência do procedimento cautelar encontra-se no art. 383.°, nº 4. A decisão do


procedimento cautelar não determina o destino do processo principal, ou seja, ela não
influencia o resultado da decisão principal.
A providência cautelar pode visar antecipar o efeito ou conservar esse efeito. Por vezes,
estas duas finalidades podem andar juntas.

Tipos de procedimentos cautelares


Especificados Comum
1. Restituição provisória da posse (art. 393.° a 395.°) Art. 381.° a 392.°
2. Suspensão de deliberações sociais (art. 396.° a 398.°) p
3. Alimentos provisórios (art. 399.° a 402.°)
4. Arbitramento de reparação provisória (art. 403.° a 405.°)
5. Arresto (art. 406.° a 411.°)
“providência conservatória ou
6. Embargo de obra nova (art. 412.° a 420.°)
antecipatória concretamente adequada
7. Arrolamento (422.° a 427.°)
a assegurar a efectividade do direito
ameaçado”

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O procedimento cautelar comum só se aplica quando ao caso prático não se aplique


nenhuma das sete formas especificadas. Por isso tem um carácter residual.

O procedimento cautelar é aberto porque a pessoa pode requerer qualquer providência


cautelar que lhe pareça a mais adequada ao caso. (arts. 381.°, nº 1 e 382.°, nº 1)

O procedimento cautelar é integrante porque supre as lacunas existentes.


Há três requisitos para o procedimento cautelar:

1. “Fumus bonis iuris” – “o fumo do bom direito”. Esta característica significa que o
requerente da providência cautelar não tem que fazer prova cabal; basta que haja indícios da
existência do direito, ou seja, uma probabilidade séria da existência do direito.

2. “Periculum in mora” – “perigo da demora”. Se a providência cautelar não for decretada, o


requerente vai sofrer um dano irreparável ou dificilmente reparável; os seus direitos estão em
perigo.

3. Proporcionalidade – o juiz não decreta uma providência cautelar se ela não for adequada ou
proporcional ao caso (Art. 392.°, nº 1 do C.P.C.).

O senhor Luís arrogando-se proprietário, instaurou um processo contra Deolinda, com


vista a reivindicar um andar na Rua José Castilho, na freguesia de Sto. António dos Olivais, em
Coimbra. O autor alegou que a ré é uma mera comodatária. Antes do início da audiência final
(22 de Fevereiro de 2008) o autor, no dia 6 de Dezembro de 2007, no momento em que
Deolinda não se encontrava em casa, tomou o andar de assalto arrombando a porta e
deitando fora os pertences de Deolinda.
Neste caso o que é que pode o advogado de Deolinda fazer?

 Pode recorrer à tutela cautelar, procedimento cautelar especificado – restituição provisória


da posse.
Pede-se ao Tribunal a rápida restituição de um bem, da posse da coisa.
Deve-se alegar a posse sobre uma coisa (art. 1251.° do Código Civil), deve-se alegar o
usurpação (foi realmente retirada alguma coisa a alguém), ou seja, alegar factos relevantes de
furto e que houve um acto praticado com violência.

Coloca-se a questão de saber quando é que há violência. A lei nada diz; a violência traduz-
se em coacção. A coacção pode ser:
- Física (e incidir só sobre a coisa ou incidir só sobre a pessoa)
- Moral

No nosso caso prático houve coacção física sobre a coisa.


Neste procedimento cautelar o contraditório é retardado ou diferido, porque se o juiz
convencer em face das provas que houve um esbulho violento, nos termos do art. 394.°, ele
ordena a restituição, sem citação nem audiência do esbulhador.
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É um contraditório subsequente ao requerimento da providência (art. 388.°).


O requerido (Luís) tem duas hipóteses:
1. pode interpor recurso para um tribunal superior;
2. deduz oposição dirigida ao juiz que proferiu aquela decisão, para alegar factos ou produzir
meios de prova não tidos em conta pelo tribunal.

Caso prático:

Em Janeiro de 2008, os condóminos de um prédio situado em Coimbra, na rua do Brasil,


reunidos em Assembleia de condóminos, deliberaram que uma clínica dentária instalada no
rés do chão podia proceder a alterações na fachada, substituindo as paredes por vãos de vidro.
Luís votou contra e, entendendo que a deliberação não respeitava o disposto no art.
1422.°, nº 3 do Código civil quis reagir judicialmente contra a referida deliberação, evitando
que ela fosse executada.
Como poderia fazê-lo?

Podia recorrer a um procedimento cautelar de suspensão de deliberações sociais (arts.


396.° a 398.°).
Uma deliberação é uma decisão ou resolução tomada por um grupo de pessoas reunidas
em sociedade ou associação que traduz a vontade da maioria (vale aqui o princípio da
maioria).
Neste caso a lei exige uma maioria qualificada, o que aqui não se verifica. Assim, a
deliberação é inválida e a sua execução pode causar um prejuízo irreparável ou dificilmente
reparável. Por isso há que avançar para o procedimento cautelar da suspensão da deliberação
da assembleia de condóminos daquele prédio.
Luís não quer que aquela deliberação seja concretizada. Não quer que sejam feitas obras
no prédio, ele quer paralisar ou bloquear aquela deliberação.

Na causa de pedir tem de se alegar:


 que o requerente tem uma qualidade de associado, de sócio – Luís prova que é condómino
daquele prédio;
factos que indiciam que aquela é uma deliberação inválida – neste caso viola o nº 3 do art.
1422.°;
que há um perigo de um dano apreciável, ou seja, a concretização daquela deliberação vão
acarretar um dano irreparável ou dificilmente reparável.

No âmbito deste procedimento, o juiz pode agir de duas formas:


decide depois de ouvir o requerido;
decide e só depois é que dá a palavra ao requerido.

Há uma lacuna nos preceitos que regulam o procedimento de suspensão de deliberações


sociais.
Por isso recorre-se às normas que regulam os procedimentos cautelares comuns.
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O juiz ouve o requerido antes de decidir (neste caso o administrador do condomínio). E


aqui o juiz ouviu-o e decidiu suspender aquela deliberação.

Caso prático:

João é um empresário têxtil casado com Ana. Há um mês, João abandonou o lar conjugal.
Ana tem um vínculo precário e pretende a condenação do marido no pagamento de uma
quantia mensal que permita o seu sustento e também o sustento de uma filha menor do casal.

A morosidade da tutela declarativa é particularmente desesperante nestes casos. o meio


apropriado para tutelar aquela situação de forma célere é o mecanismo dos alimentos
provisórios.
Pede-se que o requerido seja condenado no pagamento imediato de uma quantia mensal
a título de alimentos. Tem de ser uma quantia que seja estritamente necessária para a
sobrevivência da requerente (art. 399.° do C.P.C.)
Os alimentos são tudo o que é indispensável ao sustento, habitação e vestuário. E
compreendem também a instrução e educação do alimentado, se este for menor.

João está obrigado a pagar uma pensão alimentícia à sua filha menor (art. 1878.°, nº1 CC).
É necessário alegar no requerimento inicial os factos reveladores do estado de
necessidade em que a pessoa se encontra, do periculum in mora.
Quanto ao princípio do contraditório, no âmbito deste procedimento cautelar e de acordo
com o nº 2 do art. 400.°, o juiz não decide sem ouvir o requerido.

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Este procedimento cautelar está previsto para situações tipificadas, previstas na lei:
um facto que provocou a morte a alguém;
um facto que provocou lesões corporais a alguém;
um facto que provocou um prejuízo a nível do sustento ou da habitação de alguém.

Na causa de pedir é necessário alegar factos reveladores do direito a uma indemnização e


ainda factos reveladores da situação de necessidade da pessoa lesada em consequência dos
danos. A pessoa que sofreu os danos precisa com urgência daquela indemnização.

Os familiares têm direito a uma indemnização devido à morte de um seu familiar. Nas
situações de lesão corporal também é possível pedir uma indemnização, como nos casos de
atropelamento, por exemplo.

Este procedimento tem a vantagem de uma pessoa receber todos os meses uma parcela
de uma indemnização a que ela tem direito devido a uma situação de necessidade. (art. 403.°)
Mas só têm direito à decretação desta providência as pessoas que provem estar numa
situação de verdadeira necessidade. Quem tem altos rendimentos não terá direito a esta
providência cautelar.
Quanto à tramitação deste procedimento a lei remete-nos para a do procedimento
anterior (alimentos provisórios). O contraditório também é respeitado.

Caso prático:

O A é credor de B. Este, para além de não pagar, tem usado artimanhas dilatórias para
fugir à sua responsabilidade. É sabido que B se encontra com problemas de liquidez mas ainda
possui bem que tem vindo a dissipar aos poucos.
Que poderá fazer A para assegurar a satisfação do seu crédito?

Este procedimento tem o nome de arresto, previsto nos artigos 406.° a 411.°.
Um princípio fundamental do Estado de Direito é o previsto no art. 601.° do CC – «pelo
cumprimento da dívida responde o património do devedor. Não é o devedor que responde
mas sim os seus bens.
Quando os bens do devedor estão em risco de desaparecer e o credor tenha receio de
perder a garantia patrimonial, ele pode pedir o arresto dos bens do devedor (art. 619.° C.P.C.).

Art. 861.° - A do Código de Processo Civil


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O arresto visa também o congelamento de contas bancárias.

É preciso alegar factos que convençam o tribunal de que o requerente é titular de um


direito de crédito (art. 407.°, nº 1).
E tem de haver um receio objectivo da perda do direito da garantia patrimonial. É
necessário alegar factos que provem que é urgente que se proceda ao arresto dos bens, para
se congelar os bens do devedor.

Tem de respeitar-se o princípio da proporcionalidade. O arresto dos bens tem de recair


apenas sobre os bens estritamente necessários para o cumprimento da dívida (art. 408.°, nº 2).

O contraditório é retardado ou diferido (art. 408.°, nº 1). O devedor vai-se defender mais
tarde, nos termos do art. 388.°.

Efeitos do arresto:

Em primeiro lugar, o devedor perde, em princípio, a disponibilidade material que tinha


sobre os bens.
Quanto a imóveis – art. 839.° do C.P.C.
Quanto a bens móveis – art. 848.° do C.P.C.
Para além daquela perda, ele perde também a disponibilidade jurídica dos bens
arrestados (art. 622.° do C.C). todos os actos que a seguir ao arresto o devedor venha a
praticar são ineficazes em relação ao credor.
O requerente do arresto (credor) passa a ser titular sobre os bens arrestados de um
direito real de garantia (art. 622.°, nº 2; 822.°, nº1 do CC). Ele passa a ter preferência sobre os
demais credores.

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