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Crime Doloso (art 18, inciso I

CP)

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1- O que diz a Lei :
Crime doloso (Incluído pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)

A definição de crime doloso está previsto no art 18, inciso I do CP, que considera
dolosa a conduta criminosa na qual o agente quis ou assumiu o resultado.
O parágrafo segundo do mencionado artigo ressalta que, em regra, para que
alguém seja punido, tem que ter praticado crime de forma dolosa, ressalvados os
casos de punição por conduta culposa previstos em lei.
Os crimes dolosos contra a vida, como o homicídio, são julgados no Tribunal do
Júri, através de júri popular, presidido por um juiz.
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/ direito-
facil/edicao-semanal/crime-doloso-x-crime-culposo#:~:text=Crim e%20culposo
%20%E2%80%93%20Crime%20praticado%20sem,quer%20 ou%20assume
%20o%20resultado.

Dolo Direto
A saber, este tipo de crime acontece quando fica claro que o agente tinha a
consciência sobre os três do crime: sabia qual conduta ia
praticar, sabia qual o resultado ia atingir e qual bem jurídico ia ser
atingido.
EX: Uma pessoa assalta a outra a mão armada. Sua intenção era
realmente levar os pertences da vítima, e suas ações são
realizadas para isso.
Dolo Eventual
No entanto, não existe esse pleno discernimento do agente sobre todos
esses elementos. Pode até ser que o agente nem queira o
resultado. O que caracteriza o dolo eventual, no entanto, é o fato desse
agente estar agindo de forma tão irresponsável que fica claro que ele está
assumindo os riscos de produzir o resultado delituoso.

Nesse sentido, usaremos o exemplo da pessoa que está dirigindo a mais de


150 km por hora quando a velocidade permitida é 80 km. Além da pessoa
estar agindo com imprudência, ela está consciente do risco que pode matar
alguém. Assim, não se trata simplesmente de não prestar atenção ou de ter
sua obrigação de mais cuidado, mas sim de deliberadamente não se
preocupar se o crime vai acontecer ou não.

O Dolo Eventual no crime de homicídio:

Um indivíduo se aproxima da praça movimentada, saca o revólver – embora


não tenha autorização para portá-lo nem perícia para manuseá-lo – e tenta
atingir uma estátua no local. Mesmo tendo consciência de que sua ação pode
matar alguém, ele assume o risco e segue disparando a arma. Uma pessoa que
passava por ali é ferida e morre pouco depois.

A situação hipotética exemplifica o conceito de dolo eventual: nessa


modalidade delituosa, prevista no artigo 18, inciso I, do Código Penal, o agente
não quer atingir determinado resultado, contudo assume o risco de produzi-lo. É
uma conduta diferente daquela qualificada como culpa
consciente, na qual a pessoa prevê que o resultado possa ocorrer, mas acredita
sinceramente que ele não acontecerá.

A análise do dolo eventual é bastante comum em crimes de homicídio, nos


quais é essencial averiguar, além do modo de execução e dos resultados da
ação, a intenção real do agente que comete o delito. Um exemplo conhecido são
os crimes de trânsito, que recebem atenção especial do Código de Trânsito
Brasileiro (CTB).

Dolo eventual é compatível com qualificadoras objetivas:

A despeito de haver decisões em sentido contrário, os julgados mais recentes


concluíram pela compatibilidade do dolo eventual com as qualificadoras
objetivas. No REsp 1.836.556, a Quinta Turma estabeleceu que o dolo eventual
no crime de homicídio é compatível com as qualificadoras objetivas previstas
no artigo 121, parágrafo 2º, incisos III (emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel) e IV (traição, emboscada ou
mediante dissimulação) do Código Penal.

Compatibilidade também ocorre no homicídio tentado:

Em relação à tentativa de homicídio, a Quinta Turma reconheceu a sua


compatibilidade com o dolo eventual. O entendimento foi aplicado em processo
no qual o réu, durante uma briga de trânsito, pegou uma faca no carro e acertou
vários golpes na vítima.

Para o Ministério Público, o réu agiu com dolo eventual ao assumir o risco de
provocar a morte da vítima – que só não se consumou porque ela foi socorrida e
levada ao hospital.
No habeas corpus, a Defensoria Pública buscou desclassificar o delito de
tentativa de homicídio qualificado para o crime de lesão corporal, sob o
argumento de que seriam incompatíveis as figuras da tentativa e do dolo
eventual.

Lei 13.546/2017 não retirou a possibilidade de dolo em crimes de trânsito:

A análise da aplicação da figura do dolo eventual é comum nos casos de


homicídio cometido no trânsito. Esse panorama sofreu influência da Lei
13.546/2017, que trouxe alterações ao Código de Trânsito Brasileiro. No artigo
302 – que tipifica o crime de homicídio culposo na direção de veículo
automotor –, foi acrescentada uma previsão de pena mais alta para o delito
cometido sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa
que cause dependência – mas ainda menor que a do homicídio doloso.

Após a atualização do CTB, surgiu no Judiciário a discussão sobre se ainda


seria possível reconhecer o dolo eventual quando o motorista comete crime sob
efeito de álcool ou de outra substância psicoativa.

Esse debate foi levantado no AREsp 1.166.037, no qual se discutia a


capitulação penal para um réu que, após ingerir bebidas alcoólicas em uma loja
de conveniência, saiu dirigindo em velocidade acima da permitida e, sem
respeitar a sinalização, atingiu outro carro. Um dos ocupantes do veículo
atingido morreu.

No STJ, a defesa, em razão das alterações promovidas pela Lei 13.546/2017,


pleiteou a retirada do dolo eventual e a desclassificação do crime para
homicídio culposo.
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/entenda-a-diferenca-entre-crime-c ulposo-e-
crime-doloso/1180033641

https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/12 062022-
Resultados-previstos--riscos-assumidos-o-dolo-eventual-no-crim e-de-homicidio.aspx

Crime Culposo (art 18, inciso II)

A definição de crime culposo está prevista no artigo 18, inciso II do Código


Penal, que considera a conduta como culposa quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência (agiu de forma precipitada, sem cuidado ou cautela),
negligência (descuido ou desatenção, deixando de observar precaução
normalmente adotada na situação) ou imperícia (agiu sem habilidade ou
qualificação técnica).

Cabe ressaltar que as hipóteses de punição por condutas culposas estão


previstas em lei.

Ex: Artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê crime culposo na
direção de veiculo automotor.

https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/ direito-
facil/edicao-semanal/crime-doloso-x-crime-culposo#:~:text=Crim e%20culposo
%20%E2%80%93%20Crime%20praticado%20sem,quer%20 ou%20assume
%20o%20resultado.

Quando se diz que alguém cometeu um crime culposo é porque o


agente agiu sem a intenção de cometer o crime. Entende-se que é
uma conduta previsível e, ainda, poderia ser evitada. Ou seja,
apesar
de não ter sido vontade de quem agiu, o resultado indesejado se deu
por falta de atenção. Nesse caso, quem comete um crime culposo
deixa de observar um dever de cuidado, por imprudência,
negligência ou imperícia, de acordo com o Código Penal:

● Imprudência (agiu de forma precipitada, sem cuidado


ou cautela): art. 121, § 3º do Código Penal (CP)–
Homicídio culposo

Por exemplo: a pessoa que dirige em alta velocidade na estrada e


acaba resultando num acidente com vítimas fatais

● Negligência (descuido ou desatenção, deixando de


observar precaução normalmente adotada na
situação): art. 121, § 3º do CP – Homicídio culposo

Por exemplo: a pessoa que esquece filho menor (que não consiga
solicitar socorro) no interior do carro, resultando em morte por
asfixia.

● Imperícia (agiu sem habilidade ou qualificação


técnica): art. 129, § 6º do CP – Lesão corporal culposa.

Por exemplo: um médico ortopedista acaba amputando a perna de


um paciente quando deveria ter feito outro procedimento.

Doutrina:
A doutrina nacional é tranquila ao admitir a coautoria em crimes culposos,
quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, agindo por imprudência,
negligência ou imperícia, violam o dever objetivo de cuidado a todos
imposto, produzindo um resultado naturalístico.

Imagine-se o exemplo em que dois indivíduos, em treinamento, efetuam disparos


de arma de fogo em uma propriedade rural situada próxima a uma estrada de
terra pouco movimentada. Atiram simultaneamente, atingindo um pedestre que
passava pela via pública, o qual vem a morrer pelos ferimentos provocados por
diversas munições. Há coautoria em um homicídio culposo.

IMPORTANTE

"A doutrina nacional admite a coautoria nos crimes culposos, desde que dois ou
mais indivíduos, agindo vinculados subjetivamente, atuem de forma negligente,
imprudente ou imperita. No caso, o liame subjetivo não envolve, obviamente, o
resultado, não querido, mas a própria conduta. A inobservância do dever de
cuidado é o substrato da coautoria, rechaçando-se a participação, isto é,
qualquer ato de que possa derivar o resultado involuntário é considerado ato de
autor." (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral: arts.
1º ao 120. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 471).

"Admite-se, no contexto do delito culposo, a coautoria, mas não a participação.


Sendo o tipo do crime culposo aberto, composto sempre de 'imprudência,
negligência ou imperícia', segundo o disposto no art. 18, II, do Código Penal,
não é aceitável dizer que uma pessoa auxiliou, instigou ou induziu outrem a ser
imprudente, sem ter sido igualmente imprudente.
Portanto, quem instiga outra pessoa a tomar uma atitude imprudente está
inserido no mesmo tipo penal. Exemplo: A instiga B a desenvolver velocidade
incompatível em seu veículo, próximo a uma escola. Caso haja um
atropelamento, respondem A e B como coautores de um crime culposo
(homicídio ou lesão corporal, na forma prevista no Código de Trânsito
Brasileiro).

Jurisprudência:

● TJDFT

Coautoria em crimes culposos – admissibilidade – doutrina dominante

"No que tange à alegação de coautoria dos passageiros sobreviventes, que


sequer são réus nesta ação penal, apesar de a doutrina dominante admitir a
coautoria em crimes culposos, pelos fundamentos já exarados acerca da
impossibilidade de compensação de culpas no Direito Penal, a
responsabilização penal do recorrente não se altera."

Acórdão 990259, 20101210008429APR, Relator: JESUINO RISSATO,


Terceira Turma Criminal, data de julgamento: 26/1/2017, publicado no DJE:
1/2/2017.

● STJ

Coautoria em crime culposo – possibilidade

"(...), tanto a doutrina quanto a jurisprudência já acolheram a tese da


possibilidade de haver co-autoria em crime culposo. A par disso, (...) as
lições trazidas por Júlio Mirabete no seu 'MANUAL DE DIREITO PENAL', 6ª
Ed., 1991, pag. 224:

'O concurso de agente no crime culposo difere daquele do ilícito doloso, pois se
funda apenas na colaboração da causa e não do resultado que é involuntário.
Disso deriva a conclusão de que é autor todo aquele que causa culposamente o
resultado, não se podendo falar em participação em crime culposo. Nessas
hipóteses há sempre co-autoria porque os concorrentes realizam a conduta
típica, concretizam o tipo pela inobservância do dever de cuidado, não
praticando simplesmente uma conduta que, em si mesma, seria penalmente
irrelevante.'" REsp 29.149/TO

https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-tem as/a-
doutrina-na-pratica/concurso-de-pessoas/crimes-culposos#:~:text
=%22Crime%20culposo%20%C3%A9%20o%20que,previs%C3%ADvel%2C
%20e%20excepcionalmente%20previsto%20e

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