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CURSO ON-LINE - DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL


TEORIA E EXERCÍCIOS PARA AFC-CGU
PROFESSORES: DICLER FERREIRA E RAPHAEL MORETH

AULA 04 – DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL PARA A CGU

Dando continuação ao nosso curso, vamos prosseguir no assunto fatos


jurídicos. Espero que o curso esteja sendo proveitoso, pois ele está sendo
preparado com muita dedicação de nossa parte.

TÓPICO 8.4: Defeitos dos negócios jurídicos

Os defeitos do negócio jurídico são imperfeições oriundas da declaração de


vontade das partes acarretando nos vícios de consentimento do agente. Entretanto, há
casos em que se tem uma vontade funcionando normalmente, havendo até mesmo
correspondência entre a vontade interna e sua manifestação, porém, ela se desvia da lei
ou da boa-fé, violando direitos ou prejudicando terceiros, sendo, dessa forma, o
negócio jurídico suscetível de invalidação. Trata-se dos vícios sociais.

VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, lesão, estado de perigo e coação.


VÍCIOS SOCIAIS: simulação e fraude contra credores.

O erro ou ignorância é a noção falsa acerca de um objeto ou de determinada


pessoa. Ocorre o erro quando o agente se engana sobre alguma coisa. Como exemplo,
temos a pessoa que compra um relógio dourado, supondo que é de ouro. Para acarretar a
anulação do negócio jurídico, o erro deve ser substancial, escusável e real.

Art. 138 do CC - São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de


vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
Art. 139 do CC - O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma
das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou
principal do negócio jurídico.

1. Erro substancial ou essencial é aquele de tal importância que, se fosse conhecida a


verdade, o consentimento não se externaria. Ou seja, funciona como razão determinante
para a realização do negócio jurídico e, por isso, é causa de anulabilidade. Diferente é o
erro acidental, onde se fosse conhecida a verdade, ainda assim o ato negocial se
realizaria, embora de maneira menos onerosa. O erro acidental não provoca a anulação do
negócio jurídico.

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Tipos de erro susbstancial (conforme o art. 139 do CC):

- Erro sobre a natureza do ato negocial (error in ipso negotio): ocorre quando a pessoa
que pratica determinado negócio interpreta mal a realidade e acaba praticando outro tipo
de negócio.
Ex: A, com a intenção de vender um imóvel a B, acaba realizando uma doação.

- Erro sobre o objeto principal da declaração (error in ipso corpore): ocorre quando
atingir o objeto principal da declaração em sua identidade , isto é, o objeto não é o
pretendido pelo agente.
Exs: se um contratante supõe estar adquirindo um lote de terreno de excelente localização,
quando na verdade está comprando um situado em péssimo local; pensar estar adquirindo
um quadro de Portinari, quando na realidade é de um outro pintor.

- Erro sobre a qualidade essencial do objeto (error in corpore): ocorrerá este erro
substancial quando a declaração enganosa de vontade recair sobre a qualidade essencial
do objeto.
Exs: se a pessoa pensa adquirir um relógio de prata que, na realidade, é de aço; adquirir
um quadro a óleo, pensando ser de um pintor famoso, do qual constava o nome na tela,
mas que na verdade era falso.

- Erro sobre a pessoa e sobre as qualidades essenciais da pessoa (error in persona): é


aquele que incide sobre a identidade ou as características da pessoa.
Exs: contratar o advogado João da Silva por ser uma pessoa de notório conhecimento na
área trabalhista e, na verdade, contratar um recém-formado com nome homônimo; uma
moça de boa formação moral se casar com um homem, vindo a saber depois que se
tratava de um desclassificado ou homossexual; fazer um testamento contemplando sua
mulher com a meação de todos os bens, mas, por ocasião do cumprimento do testamento,
o Tribunal verificar que a herdeira instituída não é a mulher do testador, por ser casada
com outro.

- Erro de direito (error juris): ocorre quando o agente emite uma declaração de vontade no
pressuposto falso de que procede conforme a lei.
Exs: “A” realiza a compra e venda internacional da mercadoria “X” sem saber que sua
exportação foi proibida legalmente; “A” adquire de “B” o lote “X” ignorando que lei municipal
proibia loteamento naquela localidade.

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1. (ESAF – Auditor Fiscal – AFRFB – 2009) “A” adquire de “B” o lote “X” do Recanto
Azul, ignorando que lei municipal proibia loteamento naquela localidade. Tal compra
e venda poderá ser anulada, por ter havido erro:
a) sobre a natureza do ato negocial.
b) substancial sobre a qualidade essencial do objeto.
c) de direito.
d) por falso motivo.
e) sobre o objeto principal da declaração.

Todos sabemos que o desconhecimento da lei é inescusável, porém, em se


tratando de negócio jurídico, o Código Civil emprega a palavra ignorância como sinônimo
de erro. Dessa forma, a palavra “ignorando” que consta no enunciado da questão não
representa o desconhecimento da lei, mas sim uma hipótese de erro.
Gabarito: Letra C.

2. Erro escusável ou justificável é aquele que, em face das circunstâncias do negócio, não
poderia ser percebido por pessoa de diligência normal ou atenção ordinária. Também é
chamado de erro invencível ou insuperável. Para aferir se um erro é escusável ou não,
adota-se o critério do homem médio da sociedade como referência para tal. Entretanto, a
Profª. Maria Helena Diniz diz que: “há quem ache, contudo, que na sistemática do art. 138
é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da
confiança (Enunciado n. 12 da I Jornada de Direito Civil do CJF)”. O erro inescusável é
aquele superável pela pessoa com diligência normal.

ESCUSÁVEL = INVENCÍVEL = INSUPERÁVEL Î o homem médio não consegue evitar.

INESCUSÁVEL = VENCÍVEL = SUPERÁVEL Î o homem médio consegue evitar.


Bizú Î pensar com as palavras escusável ou inescusável é um pouco complicado; dessa
forma, pense com as palavras superável ou insuperável e inverta colocando ou retirando o
prefixo (IN).

( ) 2. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) O erro escusável é aquele que é


justificável, tendo-se em conta as circunstâncias do caso.

Gabarito: Certa.

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3. Erro real é o que recai sobre o objeto do negócio jurídico (sobre a coisa) e não
simplesmente sobre o nome ou sobre qualificações. Além disso, o erro real provoca efetivo
prejuízo para o interessado.

IMPORTANTE !!!
Boa parte da doutrina defende que para o ERRO provocar a anulação de um ato
negocial, ele deve ser:
1) SUBSTANCIAL,
2) ESCUSÁVEL, e
3) REAL.

3. (ESAF – AFT - Fiscal do Trabalho – 2006) A fixação de preço de venda baseada na


quantia unitária computando-se de forma inexata o preço global, autoriza a
retificação da declaração volitiva, não anulando o ato, visto que se configurou:
a) erro quanto ao fim colimado.
b) dolo acidental.
c) erro de cálculo.
d) erro acidental in qualitate.
e) dolus bonus.

A base legal para solucionar a questão é o art. 143 do CC.

Art. 143 do CC - O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de


vontade.

O erro de cálculo é um erro acidental (não anula o ato negocial) que recai sobre
dados aritméticos de uma conta. Tal erro não causa a anulabilidade do negócio jurídico,
pois pode ser corrigido.

Gabarito: Letra C

O erro quanto ao fim colimado está relacionado com o motivo do negócio e, não
sendo determinante do negócio, não pode ser considerado essencial; consequentemente,
não poderá acarretar a anulação do ato negocial. É o que diz o artigo 140 do CC.

Art. 140 do CC - O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso


como razão determinante.

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O erro acidental in qualitate diz respeito às qualidades secundárias ou acessórias


da pessoa (ex: se é casada ou solteira) ou do objeto (ex: comprar o lote 27 e receber o de
n. 72 por erro de digitação). Tal erro não induz a anulação do ato negocial por não incidir
sobre a declaração de vontade, caso seja possível, por seu contexto e pelas
circunstâncias, identificar a pessoa ou a coisa. É o que diz o art. 142 do CC.

Art. 142 do CC - O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a


declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.

( ) 4. (ESAF - Advogado do IRB - 2006) O erro acidental induz anulação do


negócio por incidir sobre a declaração de vontade, mesmo se for possível identificar
a pessoa ou a coisa a que se refere.

Gabarito: Errada. O erro acidental não é causa de anulabilidade do ato negocial. Para
anular o negócio jurídico, o erro deve ser substancial.

5. (ESAF - Agente Tributário – MT – 2001) Engano sobre peso ou medida do objeto


do contrato é considerado:
a) erro acidental
b) erro substancial
c) erro de fato
d) erro de direito
e) error in qualitate

O erro sobre peso ou medida do objeto não tem o condão de acarretar a


anulabilidade do negócio jurídico por se caracterizar um erro de cálculo, dessa forma, trata-
se de um erro acidental.
Gabarito: Letra A.

O último erro a ser estudado é o erro na transmissão de vontade por meios


interpostos (art. 141 do CC) que é o erro por defeito de intermediação mecânica ou
pessoal, que altera a vontade declarada na efetivação do ato negocial. Ex.: Alguém recorre
a rádio, televisão, telefone etc. para transmitir uma declaração de vontade, e o veículo
utilizado, devido a interrupção ou deturpação sonora, o fizer com incorreções acarretando
desconformidade entre a vontade declarada e a interna. Esse tipo de erro só anula o

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negócio se a alteração verificada vier a prejudicar o real sentido da declaração expedida.


Em caso contrário, ele será insignificante e o negócio efetivado prevalecerá.

Art. 141 do CC - A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável


nos mesmos casos em que o é a declaração direta.

O dolo é o emprego de um artifício astucioso para induzir alguém à prática de um


negócio jurídico. Como exemplo, temos o vendedor que induz o cliente a acreditar que um
relógio simplesmente dourado é de ouro.

Observação: O erro diferencia-se do dolo. No erro a vítima se engana sozinha, ao


passo que, no dolo, a vítima é enganada pela má-fé alheia.

6. (ESAF - Procurador da Fazenda Nacional – 2003) Se um contratante supõe estar


adquirindo um lote de terreno de excelente localização, quando, na verdade, está
comprando um situado em péssimo local, configurado está:
a) o dolo acidental.
b) o dolo negativo.
c) o dolo principal.
d) o erro sobre o objeto principal da declaração.
e) o dolo positivo.

Não pode ser dolo pois a vítima se enganou sozinha, sendo cabível apenas o erro.

Gabarito: Letra D.

Existem vários tipos de dolo, dentre eles destacamos os seguintes:

a) dolo principal ou essencial (art. 145 do CC): é aquele que dá causa ao negócio
jurídico, sem o qual ele não se teria concluído, acarretando a anulabilidade do ato negocial.

Art. 145 do CC - São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua
causa.

b) dolo acidental (dolus incidens) (art. 146 do CC): é o que leva a vítima a realizar o
negócio jurídico, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não afetando
sua declaração de vontade, embora venha provocar desvios. Não é causa de anulabilidade
por não interferir diretamente na declaração de vontade.

Art. 146 do CC - O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é


acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.

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7. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 1998) O dolo que leva a vítima a realizar o ato
negocial, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não afetando
sua declaração de vontade, nem influindo diretamente na realização daquele ato, que
seria praticado independentemente do emprego de artifício astucioso, designa-se
a) dolus bônus
b) dolo acidental
c) dolus malus
d) dolo principal
e) dolo recíproco

Pelo fato do negócio se realizar com ou sem o dolo, não tendo a sua manifestação
de vontade afetada, trata-se do dolo acidental que não é causa de anulabilidade do ato
negocial.
Gabarito: Letra B.

( ) 8. (ESAF - Auditor – TCE-GO – 2007) Tanto o erro substancial quanto o dolo


acidental tornam o negócio jurídico anulável; o primeiro não obriga a satisfação das
perdas e danos, mas o segundo sim.

O erro substancial sim, mas o dolo acidental não é causa de anulabilidade do ato
negocial. O erro não obriga a indenização por perdas e danos, porém, o dolo, sendo
essencial ou acidental, acarreta o dever de indenizar perdas e danos.
Gabarito: Errada.

c) dolo bônus: é a conversa enganosa tolerada no mundo dos negócios pelo fato da
vítima, com um pouco de atenção, ter condição de perceber o induzimento. Como
exemplo, temos o comprador que subestima o objeto que está comprando, ao passo que o
vendedor realça as qualidades da coisa a ser vendida. Não é causa de anulabilidade por
não interferir diretamente na declaração de vontade.

( ) 9. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) O dolus bonus é um comportamento


lícito e tolerado por não ter a finalidade de prejudicar.

Conforme explicações anteriores, o dolo bônus não acarreta a anulabilidade,


diferentemente do dolo malus, explicado a seguir.

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Gabarito: Certa.
d) dolo malus ou grave: é o artifício fraudulento, exagerado, não tolerado no mundo dos
negócios. Como exemplo, temos o vendedor que altera a aparência externa da coisa para
poder vendê-la. É a principal causa de anulação do negócio jurídico.

e) dolo positivo: é o artifício astucioso resultante de uma ação, de um fazer (conduta


positiva).

f) dolo negativo (art. 147 do CC): é aquele resultante de uma omissão intencional, de um
não fazer, para induzir um dos contratantes. (conduta negativa). Pode acarretar a anulação
do ato negocial se for o motivo determinante (dolo principal). Se for acidental enseja,
apenas, perdas e danos.

Art. 147 do CC - Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das
partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

10. (ESAF - SERPRO - Analista – 2001) Se alguém fizer seguro de vida, omitindo
moléstia grave, e vier a falecer poucos meses depois, vindo a prejudicar a
seguradora e a beneficiar os sucessores, ter-se-á a configuração de:
a) dolo positivo.
b) dolo acidental.
c) simulação relativa subjetiva.
d) simulação absoluta.
e) dolo negativo.

A omissão de moléstia grave configura uma conduta negativa (omissão) e


representa um artifício astucioso que induz a seguradora a celebrar o contrato de seguro.
Desta forma, configurou-se o dolo negativo.

Gabarito: Letra E.

11. (ESAF - Auditor – TCE-PR – 2003) Se alguém fizer seguro de vida, omitindo
moléstia grave, e vier a falecer poucos meses depois, havendo prova da intenção de
prejudicar a seguradora e beneficiar seus sucessores, ter-se-á a configuração de:
a) dolo.
b) simulação relativa subjetiva.
c) simulação absoluta.
d) reserva mental.

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e) simulação relativa objetiva.

Não, não é erro de digitação, esta é mais uma questão “inédita” da ESAF.

Obs: Para efeitos de orientação ao candidato, no livro da Profª. Maria Helena Diniz
encontra-se como exemplo de dolo negativo o citado na questão. Por que será?

Gabarito: Letra A.

g) dolo direto: é aquele oriundo de uma das partes contratantes.

h) dolo de terceiro: é aquele oriundo de uma terceira pessoa que não é parte no negócio
jurídico. Só será causa de anulabilidade do negócio jurídico quando a parte beneficiada
souber ou tiver a possibilidade de saber sobre a sua existência, tal como no caso de
terceiro que utiliza o artifício a mando de um dos contratantes (art. 148 do CC).

Art. 148 do CC - Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se
a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário,
ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e
danos da parte a quem ludibriou.

12. (ESAF - CGU – Correição – 2006) Se A adquire de B uma obra de arte, por
influência de C que o convence de sua raridade, sem que B, ouvindo tal disparate,
alerte o comprador, o negócio é suscetível de anulação por
a) dolo negativo.
b) lesão.
c) simulação relativa objetiva.
d) reserva mental.
e) dolo de terceiro.

Como a parte beneficiada ouviu a influência exercida por C, então ela sabia do
dolo, desta forma, o ato negocial pode ser anulado, nos termos das explicações anteriores.

Gabarito: Letra E.

13. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) Se A (comprador) adquire uma


obra de arte por influência de C, que o convence de sua raridade por pertencer ao
século XVII, sem que B (vendedor), ouvindo tal disparate, alerte A, tal negócio é
suscetível de anulação, por ter havido:
a) dolo de terceiro.
b) reserva mental.

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c) dissimulação.
d) simulação absoluta.
e) dolo incidente.

Outra questão “inédita”. Dessa vez a repetição da questão ocorreu no mesmo ano
(2006).
Gabarito: Letra A.

( ) 14. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) O dolo de terceiro, para acarretar


anulabilidade do negócio jurídico, não exige o conhecimento de uma das partes
contratantes.

O conhecimento do dolo de terceiro pela parte contratante beneficiada é requisito


necessário para acarretar anulabilidade do ato negocial..
Gabarito: Errada.

Apesar de, no dolo de terceiro, ocorrer a possibilidade de anulação do negócio


jurídico, apenas, quando a parte beneficiada tiver conhecimento, a parte prejudicada tem
direito à indenização por perdas e danos, independente do conhecimento da parte
beneficiada com o dolo. É o que podemos concluir sobre o art. 148 do CC.

Art. 148 do CC - Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário,
ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e
danos da parte a quem ludibriou.

Ou seja, imagine que “A” compre um quadro de “B”, pelo fato de “C” ter falado
falsamente que se tratava de uma obra de arte da antiguidade muito valiosa. Pois bem,
caso “B” saiba do dolo de “C”, ambos respondem pelas perdas e danos de forma solidária;
porém, caso “B” não tenha conhecimento do artifício, apenas “C” responderá pelas perdas
e danos.

Sobre o dolo bilateral (de ambas as partes) é interessante lermos o art. 150 do
CC.
Art do CC - 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo
para anular o negócio, ou reclamar indenização.

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Conclui-se que o dolo bilateral não é capaz de anular o negócio jurídico, tampouco
gerar indenização por perdas e danos.
Outro artigo interessante é o art. 149 do CC.

Art. 149 do CC - O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o


representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém,
o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente
com ele por perdas e danos.

Entende-se que o dolo utilizado pelo representante convencional


(responsabilidade solidária com o representante por perdas e danos) é mais grave que o
utilizado pelo representante legal (responsabilidade limitada ao proveito obtido com o
dolo). Tal fato ocorre em razão da escolha do representante. No caso do representante
legal (pai, mãe, tutor, curador), o representando não manifesta sua vontade, pois a pessoa
é indicada por lei; entretanto, na escolha do representante convencional (mandatário ou
procurador), a escolha decorre da manifestação de vontade acarretando uma maior
responsabilidade na hipótese de haver dolo por parte do representante.
Veja o esquema a seguir:

LEGAL
responsabilidade do representado
Ex: pais, tutores,
limitada ao proveito obtido com o dolo.
DOLO DO curadores, etc.

REPRESENTANTE CONVENCIONAL responsabilidade solidária entre o


Ex: procuradores, representante e o representado nas
gestores de negócios, etc. perdas e danos.

A coação é uma pressão física ou moral exercida sobre alguém para induzi-lo à
prática de um determinado negócio jurídico. Trata-se de violência ou ameaça que infringe a
liberdade de decisão do coagido, tornando-se mais grave que o dolo, pois este afeta
apenas a inteligência da vítima. Pode ser física ou moral.

Art. 151 do CC - A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que
incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o
juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

- Coação física (vis absoluta): ocorre quando a vontade do coagido é completamente


eliminada. Ou seja, o constrangimento corporal faz com que a capacidade de querer de

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uma das partes seja totalmente eliminada. Segundo a Profª. Maria Helena Diniz, é uma
causa de nulidade absoluta do negócio jurídico. Mas há quem diga que, em decorrência
da ausência de vontade, acarreta a inexistência do ato negocial. Ou seja, a posição não é
pacífica. Uma das razões pelo “debate” é que o assunto não é tratado no Código Civil.
Ex: se alguém segurar a mão da vítima, apontando-lhe uma arma e forçando-a a assinar
um determinado documento.

- Coação moral (vis compulsiva): ocorre quando a vítima sofre uma grave ameaça,
indutiva da prática do negócio jurídico, podendo, porém, optar entre o ato e o dano, com
que é ameaçada. Ou seja, não obstante a chantagem do autor, a vítima conserva
relativamente a sua vontade. É a coação tratada no Código Civil e que pode ser causa de
anulabilidade (nulidade relativa) do negócio jurídico.
Ex: o assaltante que ameaça a vítima dizendo: “a bolsa ou a vida”.

( ) 15. (ESAF - Auditor – TCE-GO – 2007) Tanto o dolo de terceiro quanto a


coação de terceiro ensejam a anulação do negócio jurídico, independentemente de
entrarem, ou não, na esfera de conhecimento de quem os aproveite.

Base legal: Arts. 154 e 155 do CC.

Art. 154 do CC - Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela
tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá
solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155 do CC - Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem
que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da
coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

A coação de terceiro é a oriunda de uma pessoa que não figura como parte no
negócio jurídico. Como exemplo, temos A coagindo B a vender sua casa para C. Assim
como no dolo de terceiro, acarretará a anulabilidade do ato negocial se a parte beneficiada
souber ou dever saber da ameaça.
Conclui-se que nos casos de coação de terceiro e dolo de terceiro, é necessário
que a parte beneficiada tenha conhecimento do respectivo vício para que seja possível a
nulidade relativa.
Gabarito: Errada.

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Ainda sobre a coação moral irresistível, no decorrer da coação deve-se levar em


conta as características do coator, do coagido e da situação (art. 152 do CC). Por isso, não
se caracteriza a coação moral se uma idosa de 92 anos, com 1,50m de altura e 41 kg
ameaçar bater em Janjão Brutamontes, 29 anos, lutador de “Vale-Tudo”, com 2,12m e 135
kg.

Art. 152 do CC - No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição,


a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam
influir na gravidade dela.

Finalizando a coação temos o exercício normal de um direito e o simples temor


reverencial, citados no art. 153 do CC, que não caracterizam a coação moral.

Art. 153 do CC - Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um


direito, nem o simples temor reverencial.

Ex: Se o credor de uma dívida vencida e não paga


AMEAÇA DO ameaçar o devedor de protestar o título e requerer
EXERCÍCIO NORMAL falência, não se configurará coação, por ser ameaça justa
DE UM DIREITO que se prende ao exercício normal de um direito. Logo, o
devedor não poderá reclamar a anulação do protesto.
É o receio de desgostar ascendente (pai, mãe, tio, etc.)
ou pessoa a quem se deve obediência e respeito. Desde
TEMOR REVERENCIAL
que não haja ameaças ou violências irresistíveis, o ato
negocial não pode ser anulado.

O art. 156 do CC define o que vem a ser estado de perigo.

Art. 156 do CC - Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da


necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela
outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz
decidirá segundo as circunstâncias.

Ou seja, o estado de perigo representa a assunção de uma obrigação


excessivamente onerosa (exorbitante) para evitar um dano pessoal que é do
conhecimento da outra parte contratante. Grosseiramente falando, o declarante se
encontra diante de uma situação que deve optar entre dois males: sofrer o dano ou

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participar de um contrato que lhe é excessivamente oneroso. Vejamos alguns clássicos


exemplos:

a) doente que concorda com altos honorários exigidos pelo médico cirurgião;
b) venda de bens abaixo do preço para levantar o dinheiro necessário ao resgate do
seqüestro do filho ou para pagar uma cirurgia médica urgente;
c) promessa de recompensa ou doação de quantia vultosa feita, por um acidentado, a
alguém, para que o salve, etc.

( ) 16. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) É nulo o negócio jurídico celebrado


em estado de perigo.

O estado de perigo é uma causa de anulabilidade (nulidade relativa) do negócio


jurídico.
Gabarito: Errada.

17. (ESAF - BACEN - Procurador – 2002) Um pai tem seu filho seqüestrado, paga
vultosa soma de resgate, vendendo jóias a preço inferior ao mercado, a quem tenha
conhecimento do fato, aproveitando-se da situação, valendo-se do terror alheio. Tal
venda será suscetível de anulação por:
a) coação
b) lesão
c) reserva mental
d) dolo
e) estado de perigo

Trata-se de um dos clássicos exemplos de estado de perigo (risco de dano pessoal)


citado no livro da Profª. Maria Helena Diniz.
Gabarito: Letra E.

18. (ESAF - TCU – Analista de Controle Externo – 2006) “A”, tendo seu filho “B” sido
seqüestrado, paga vultosa soma de resgate. Para tanto “A” teve de vender obras de
arte a preço inferior ao do mercado a “C”. Essa venda poderá ser anulada desde que
“C”, aproveitando-se da situação, tenha conhecimento da grave circunstância em
que “B”, filho de “A”, se encontra, alegando-se que houve
a) coação.
b) estado de perigo.

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c) dolo.
d) lesão.
e) erro.

Gabarito: Letra B. Outra questão “inédita”.

19. (ESAF - Auditor do Tesouro Municipal – Fortaleza-CE – 2003) Se alguém vier a


vender um imóvel fora do valor mercadológico, para poder pagar uma cirurgia
urgente, tal venda poderá ser anulada por apresentar o vício de consentimento
chamado:
a) lesão
b) dolo principal
c) erro
d) estado de perigo
e) coação

Gabarito: Letra D. Outro clássico exemplo de estado de perigo citado no livro da Profª.
Maria Helena Diniz.

20. (ESAF - Auditor do Tesouro Municipal – Recife-PE – 2003) Se houver temor de


grave dano moral ou material à pessoa ou a algum parente seu, conhecido da outra
parte, que compele o declarante a concluir contrato, mediante prestação exorbitante,
tal negócio será passível de nulidade relativa, por ter havido a configuração de:
a) lesão
b) coação
c) dolo principal
d) estado de perigo
e) dolo acidental

Gabarito: Letra D. Conforme definição de estado de perigo na página anterior.

A lesão é um vício de consentimento decorrente do abuso praticado em situação


de desigualdade de um dos contratantes, por estar sob premente necessidade, ou por
inexperiência, com o objetivo de protegê-lo diante do prejuízo sofrido na conclusão de um
negócio jurídico em decorrência da desproporção existente entre as prestações das duas
partes. Trata-se de um risco de dano patrimonial. Diz o art. 157 do CC:

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Art. 157 do CC - Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo
em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente,
ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

Para exemplificar: alguém prestes a ser despejado procura um imóvel para abrigar
a sua família e exercer seu negócio profissional, e o proprietário, mesmo não tendo
conhecimento do fato, eleva o preço do aluguel. Ou então, a pessoa que, para evitar a
falência, vende imóvel seu a preço inferior ao de mercado, em razão da falta de
disponibilidade líquida para pagar seus débitos.

( ) 21. (ESAF - Advogado do IRB - 2006) O estado de perigo e a lesão são atos
prejudiciais praticados em estado de necessidade, visto que na base do estado de
perigo há risco patrimonial e na da lesão tem-se risco pessoal.

A assertiva está invertida. No estado de perigo existe risco pessoal, enquanto que
na lesão o risco é patrimonial.
Gabarito: Errada.

IMPORTANTE !!!!
- ESTADO DE PERIGO: decorre do risco de dano a uma pessoa;
- LESÃO: decorre do risco de dano ao patrimônio.

A lesão pode ser de três tipos: enorme, especial e usurária.

a) Lesão enorme: caracteriza-se pela simples desproporção entre as prestações. É o


lucro exorbitante obtido por uma das partes contratantes.
b) Lesão especial: exige, além do lucro excessivo, a situação de necessidade ou
inexperiência da parte prejudicada. É a lesão adotada pelo CC em seu art. 157.
c) Lesão usurária: além do lucro excessivo e da situação de necessidade ou
inexperiência da parte lesada, para se caracterizar, exige, ainda o dolo de
aproveitamento, consistente na má-fé da parte beneficiada.

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IMPORTANTE !!!!
Lesão enorme: lucro exorbitante;
Lesão especial (CC): lucro exorbitante + necessidade ou inexperiência;
Lesão usurária: lucro exorbitante + necessidade ou inexperiência + má-fé (dolo).

Apesar do CC fazer referência à lesão especial, a doutrina entende suficiente a


lesão enorme para que o ato negocial possa ser anulado. È o que se entende do
Enunciado 290 do CJF, aprovado na IV Jornada de Direito Civil: “A lesão acarretará a
anulação do negócio jurídico quando verificada, na formação deste, a desproporção
manifesta entre as prestações assumidas pelas partes, não se presumindo a premente
necessidade ou a inexperiência do lesado”.

( ) 22. (ESAF - Auditor – TCE-PR – 2003) A lesão especial dispensa a verificação


do dolo da parte que dela tirou proveito e gera a anulabilidade contratual.

Gabarito: Certa. A única lesão que não dispensa a verificação de dolo de aproveitamento
pela parte aproveitadora é a lesão usurária.

( ) 23. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) Na lesão especial há


desproporção das prestações, causada por estado de necessidade econômica,
mesmo não conhecido pelo contratante, que vem a se aproveitar do negócio, logo
dispensada está a verificação e a prova do dolo da parte que tirou proveito,
ordenando a anulabilidade do negócio lesionário ou a possibilidade de
complementação contratual, bastando, para tanto, que haja prejuízo, prova da
ocorrência do ato em caso de premência da necessidade, levianda ou inexperiência.

Gabarito: Correta. Conforme explicações anteriores.

24. (ESAF – TRT 7a Região – Juiz Substituto – 2005) A lesão especial acarreta
anulabilidade do negócio, permitindo-se, porém, para evitá-la:
a) a dispensa da verificação do dolo da parte que se aproveitou.
b) a comprovação da culpabilidade do beneficiado e apreciação da desproporção
das prestações, segundo valores vigentes ao tempo da celebração do negócio pela
técnica pericial.
c) a prova da premência de necessidade da inexperiência e da desproporção das
prestações.

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d) a oferta de suplemento suficiente, inclusive em juízo, para equilibrar as


prestações, evitando enriquecimento sem causa, ou se o favorecido concordar com
a redução da vantagem, aproveitando, assim, o negócio.
e) a prova da existência de um risco pessoal que diminui a capacidade da parte de
dispor livre e conscientemente.

Gabarito: Letra D. Conforme o art. 157, § 2o do CC.

IMPORTANTE !!!!
Para o negócio jurídico ser anulado pelo dolo de terceiro ou pela coação de terceiro
é necessário que a outra parte tenha conhecimento, mas o mesmo não ocorre na
lesão especial (adotada pelo CC).

A fraude contra credores (vício social) constitui a prática maliciosa pelo devedor
insolvente (aquele cujo patrimônio passivo é superior ao patrimônio ativo) de atos que
desfalcam o seu patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas
em detrimento dos direitos creditórios alheios. Segundo a Profª. Maria Helena Diniz possui
dois elementos:
1) eventus damini (elemento objetivo): é todo ato prejudicial ao credor por tornar o
devedor insolvente ou por ter sido realizado em estado de insolvência, ainda quando o
ignore, ou ante o fato de a garantia tornar-se insuficiente depois de executada; e
2) consilium fraudis (elemento subjetivo): é a má-fé, a intenção de prejudicar do
devedor ou do devedor aliado a terceiro, ilidindo os efeitos da cobrança.
São suscetíveis de fraude os seguintes negócios jurídicos:
1) à título oneroso (art. 159 do CC) Î ex: vender imóvel em data próxima ao vencimento
das obrigações e inexistirem outros bens para quitar a dívida.

Art. 159 do CC - Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor


insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do
outro contratante.

2) à título gratuito e remissões de dívidas (art. 158 do CC) Î ex: doação de bens e
perdão de dívidas. Através dos atos especificados, o devedor insolvente prejudica os
credores, pois reduzirá ainda mais as condições para saldar as suas dívidas.

Art. 158 do CC - Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida,


se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda

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quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos
dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação
deles.

3) pagamento de dívida ainda não vencida, estando o devedor insolvente (art. 162 do
CC) Î consiste em privilegiar o pagamento a um credor que tem uma dívida ainda não
vencida. Neste caso, os outros credores poderão ingressar com uma ação contra o credor
que recebeu.

Art. 162 do CC - O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o


pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo
sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.

4) outorga de garantias reais a um dos credores quirografários (art. 163 do CC) Î o


credor quirografário é, na ordem de preferência, o último a receber o seu pagamento,
porém, quando o devedor insolvente lhe outorga uma garantia real (ex: hipoteca), a ordem
de preferência para receber o crédito muda e prejudica os outros credores que estavam na
“sua frente”, possibilitando-os a ingressarem com uma ação para anular a garantia.

Art. 163 do CC - Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as


garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.

Ressalta-se que, nos termos do art. 158 do CC, para a ocorrer a anulação do
negócio jurídico de transmissão gratuita de bens ou de remissão (perdão) de dívidas, a lei
exige, apenas, a presença do elemento objetivo (eventus damini), não sendo necessário
ocorrer consilium fraudis (intenção de prejudicar credores). Tal conclusão decorre da
expressão: “ainda quando o ignore”. (ver questão 24)
Entretanto, tratando-se de contratos onerosos e demais, faz-se necessária a
comprovação do consilium fraudis para acarretar a anulação, sob pena de se manter a
validade do ato negocial (art. 159 do CC).

( ) 25. (ESAF - Procurador do MPE – TCE-GO – 2007) Nos negócios de


transmissão gratuita de bens, a caracterização da fraude contra credores não exige a
presença do elemento subjetivo (consilium fraudis), bastando apenas a existência
do elemento objetivo (eventus damni).

Gabarito: Certa. Conforme o art. 158 do CC.

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( ) 26. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) A fraude contra credores apenas é


atacável por ação pauliana.

A ação pauliana, também chamada de revocatória, é o único meio para se obter o


reconhecimento da fraude contra credores.
Gabarito: Certa.

Para exemplificar melhor a fraude contra credores, veja o esquema a seguir que
tem como base um balanço patrimonial, onde o ATIVO = PASSIVO + PAT LÍQUIDO:

ATIVO PASSIVO

DOAÇÃO Caixa ----------------------- 50.000 Duplicatas a pagar --- 320.000 CREDORES


REMISSÃO Duplicatas a receber -- 10.000
PATRIMÔNIO LIQUIDO
VENDA Imóveis ------------------- 240.000
Capital Social –--------- 80.000
Prejuízo acumulado (100.000)

TOTAL ------------------- 300.000 TOTAL ------------------ 300.000

A situação acima é de insolvência, pois o patrimônio líquido é negativo (-20.000).


Dessa forma, caso a empresa em questão resolva doar o dinheiro no caixa para o projeto
“criança esperança”, os credores poderão anular a doação alegando fraude contra
credores. O mesmo ocorre na remissão (perdão da dívida) das duplicatas a receber. Por
fim, também pode ser utilizada a ação pauliana caso os imóveis que valem R$ 240.000,00
sejam vendidos dolosamente por R$ 50.000,00.

O outro vício social, além da fraude contra credores, é a simulação que representa
um acordo de vontade entre as partes para dar existência real a um negócio jurídico
fictício, ou então para ocultar o negócio jurídico realmente realizado, com o objetivo de
violar a lei ou enganar terceiros. Conclui-se que são necessários três requisitos para a
simulação:
- acordo entre as partes, ou com a pessoa a quem ela se destina;
- declaração enganosa de vontade; e
- intenção de enganar terceiros ou violar a lei.
São espécies de simulação:

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a) Simulação absoluta: ocorre quando as partes não pretendem realizar a celebração de


qualquer negócio jurídico. Ou seja, há um acordo simulatório em que as partes pretendem
que o negócio não produza nenhum efeito de modo a não produzir eficácia jurídica.
Exs: emissão de títulos de crédito, que não representam qualquer negócio, feita pelo
marido, em favor de amigo, antes da separação judicial para prejudicar a mulher na
partilha de bens; o proprietário de uma casa alugada que, com a intenção de facilitar a
ação de despejo contra seu inquilino, finge vendê-la a terceiro que, residindo em imóvel
alheio, terá maior possibilidade de vencer a referida demanda; o devedor que finge vender
seus bens para evitar a penhora, etc.

27. (ESAF – AGU – 1998) Se um proprietário de uma casa alugada que, com intenção
de facilitar a ação de despejo contra seu inquilino, fingir vendê-la a terceiro, para que
este, residindo em imóvel alheio, tenha maior possibilidade de vencer aquela
demanda, configurada está a simulação
a) inocente
b) relativa objetiva
c) absoluta
d) maliciosa
e) relativa subjetiva

As partes tinham como objetivo não realizar qualquer negócio jurídico. Dessa
forma, tivemos uma venda fictícia e, por isso, configurou-se a simulação absoluta,

Gabarito: Letra C

28. (ESAF – PGFN – Procurador – 2007) João, ante o incessante pedido de parentes
para que venha a prestar fiança ou aval, passa, para pôr fim àquele “assédio”, seus
bens para Pedro, seu amigo, fazendo com que não haja em seu nome lastro
patrimonial, tornado-lhe impossível a prestação de qualquer garantia real ou
fidejussória. Nesse caso hipotético, configurou-se
a) simulação relativa subjetiva.
b) reserva mental.
c) simulação relativa objetiva.
d) dolo principal.
e) simulação absoluta.

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João não tinha a intenção de transferir os bens para o seu amigo. Dessa forma,
pelo fato de não haver a intenção de celebrar qualquer negócio jurídico, configurou-se uma
simulação absoluta.

Gabarito: Letra E.

b) Simulação relativa: ocorre quando uma pessoa, sob a aparência de um negócio fictício,
pretende realizar outro que é o verdadeiro, diferente, no todo ou em parte, do primeiro. Ou
seja, há nessa espécie de simulação, dois contratos, um aparente (simulado) e um real
(dissimulado), sendo este o realmente desejado pelas partes. Como exemplo temos o
homem casado que faz a doação de um imóvel a sua “amante”, mas providencia a
lavratura de uma escritura de compra e venda. Neste caso a simulação é relativa porque
existe um ato simulado (compra e venda) praticado para esconder um ato dissimulado
(doação). Vejamos o art. 167 do CC que trata da simulação relativa:

Art. 167 do CC - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se


dissimulou, se válido for na substância e na forma.

Conclui-se que, dependendo da situação, o negócio real (dissimulado) pode


subsistir sem se tornar nulo, caso não ofenda a lei nem cause prejuízos a terceiros. O
gráfico a seguir simboliza um negócio aparente (fictício) escondendo a celebração de um
negócio real.

Negócio fictício (simulado) Î é sempre nulo

Negócio real (dissimulado) Î pode subsistir

( ) 29. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) A simulação relativa dá-se quando uma
pessoa, sob aparência de um negócio fictício, pretende realizar outro que é o
verdadeiro, diverso, no todo ou em parte, do primeiro.

Gabarito: Certa. Conforme explicação acima.

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( ) 30. (ESAF - Procurador do MPE – TCE-GO – 2007) Tanto a simulação absoluta


quanto a simulação relativa, quando presentes no negócio jurídico, eivam de
nulidade absoluta o negócio jurídico como um todo, sendo impossível a
subsistência de qualquer ato negocial dissimulado.

Na simulação absoluta o negócio é nulo e insuscetível de convalidação. Na


simulação relativa o negócio simulado (aparente) é nulo, mas o negócio dissimulado
(escondido) será válido se não ofender a lei nem causar prejuízos a terceiros. É o que diz o
art. 167 do CC.
Gabarito: Errada. Poderá subsistir o negócio dissimulado.

A simulação relativa pode ser de dois tipos:

I. Simulação relativa subjetiva (ad personam): é aquela em que a parte contratante


não tira proveito do negócio por ser um sujeito aparente, ou seja, a parte aparente
(“testa de ferro”) repassa os direitos a uma terceira pessoa.
Exs: o homem casado que simula doar um imóvel a um amigo para que este o
repasse à “amante” do homem casado; venda realizada a um terceiro para que ele
transmita a coisa a um descendente do alienante, a quem se tem a intenção de
transferi-la desde o início.

II. Simulação relativa objetiva: ocorre quando o negócio jurídico (NJ) contém
declaração não verdadeira a respeito do seu objeto, tal como uma escritura pública
de compra e venda com preço inferior ao real para burlar o fisco através do
pagamento de um imposto menor.

31. (ESAF - BACEN - Procurador – 2002) Venda realizada a terceiro para que
transmita a coisa a descendente do alienante, a quem se tem a intenção de transferi-
la desde o início, é suscetível de ser anulada em razão de:
a) simulação relativa subjetiva.
b) dolo de terceiro.
c) dolo de ambas as partes.
d) simulação absoluta.
e) simulação relativa objetiva.

Gabarito: Letra A. Conforme comentários acima.

32. (ESAF – PGE-DF – Procurador – 2004) Dois particulares, ao celebrarem contrato


de compra e venda de imóvel, fazem constar da escritura pública preço inferior ao

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real, a fim de reduzir o quantum do imposto de transmissão da propriedade. Está


correto afirmar:
a) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação relativa, sendo o
negócio jurídico simulado nulo, mas o negócio jurídico dissimulado subsistirá.
b) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação relativa, sendo o
negócio simulado anulável pela Fazenda Pública.
c) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação absoluta, sendo o
negócio jurídico simulado nulo.
d) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação absoluta, sendo o
negócio jurídico simulado anulável pela Fazenda Pública.
e) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação relativa, sendo
nulos os negócios jurídicos simulado e dissimulado.

Na situação narrada podemos vislumbrar dois negócios:


- NJ Simulado: compra e venda com preço inferior (é sempre nulo);
- NJ Dissimulado: compra e venda com preço normal (pode subsistir).
Nos termos do art. 167 do CC, o NJ Dissimulado subsistirá pois é válido na
substância (o imóvel estava livre de ônus para ser vendido) e na forma (escritura pública
para bens imóveis com valor superior a 30 salários mínimos).

Gabarito: Letra A.

c) Simulação inocente: é a que não objetiva violar a lei ou prejudicar terceiro. É o que
ocorre na doação mascarada feita por um homem solteiro a sua concubina. Parte da
doutrina entende que por não prejudicar terceiro, deve ser considerada. Entretanto, o
Conselho da Justiça Federal entende o contrário, conforme exteriorizado na III Jornada de
Direito Civil, através do Enunciado 152: “Toda simulação, inclusive a inocente, é
invalidante”.
Exs: situação em que o de cujus antes de falecer, sem herdeiros necessários, simula
venda aparente a terceira pessoa a quem pretende deixar um legado; a prática do “Fica”,
documento muito utilizado no Mato Grosso do Sul, em que uma das partes recebe dinheiro
e declara ter recebido gado, que se obriga a devolver.

d) Simulação maliciosa: é a que objetiva fraudar a lei ou prejudicar terceiros. Nesse caso
o ato será nulo.

Segue esquema gráfico sobre a simulação:

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- INOCENTE - não visa prejudicar 3os ou burlar a lei.

‐ ABSOLUTA  - nenhum negócio jurídico é realizado.


SIMULAÇÃO
- MALICIOSA
- OBJETIVA - incide sobre o objeto
‐ RELATIVA    
- SUBJETIVA - incide sobre a pessoa

33. (ESAF - Auditor Fiscal do Tesouro Nacional – 1998) Se o de cujus, antes de


falecer, não tendo herdeiros necessários, simulou a venda de um terreno a terceira
pessoa, a quem pretendia deixar o bem alienado aparentemente a título de legado,
ter-se-á simulação:
a) inocente.
b) absoluta.
c) relativa subjetiva.
d) relativa objetiva.
e) maliciosa.

Se você está se perguntando a razão de eu ter colocado a situação do enunciado


da questão como exemplo de simulação inocente, saiba que este exemplo também é
citado no livro da Profa. Maria Helena Diniz.

Gabarito: Letra A.

( ) 34. (ESAF - Procurador do MPE – TCE-GO – 2007) Quando a lei proibir a


prática de um negócio jurídico, sem cominar sanção, o prazo para pleitear-se a
anulação do mesmo será de 2 (dois) anos, a contar da conclusão do ato.

A solução da questão está nos arts. 178 e 179 do CC.

Art. 178 do CC - É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação


do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que
se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179 do CC - Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data
da conclusão do ato.

O direito de anular o negócio jurídico, no caso dos vícios de consentimento ou


social, decai em quatro anos. Em todas as hipóteses da Parte Especial do CC que a lei

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falar que o ato é anulável, porém sem estabelecer prazo decadencial, este será de dois (2)
anos contados da conclusão do ato.
O erro da questão está na expressão “sem cominar sanção”, quando o certo seria
“sem estabelecer prazo”.

Gabarito: Errada.

Se o transcorrer o prazo de 2 ou 4 anos sem que o direito de anular o ato negocial


seja exercido, então o direito de anular será extinto e o vício será convalidado.

TÓPICO 8.5: Nulidade e Anulabilidade

A nulidade absoluta se difere em vários aspectos da nulidade relativa


(anulabilidade). A seguir temos um quadro na forma de tabela enumerando as principais
diferenças entre a nulidade absoluta (mais grave) e a nulidade relativa (menos grave).

NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA (anulabilidade)

É decretada no interesse do prejudicado,


É decretada no interesse da coletividade,
abrangendo apenas as pessoas que
tendo eficácia erga omnes (contra todos).
alegaram (eficácia inter partes).

É imediata, ou seja, o ato é invalido desde É diferida, ou seja, o ato produz efeitos
a sua declaração, sendo a sentença enquanto não for anulado, sendo a sentença
meramente declaratória com eficácia ex desconstitutiva com eficácia ex nunc.
tunc. SENTENÇA DE SENTENÇA
NULIDADE NEG. JUR. ANULATÓRIA
NEG. JUR.
VALIDADE INVALIDADE
INVALIDADE INVALIDADE

É absoluta, pois pode ser arguida por É relativa, pois só os interessados ou


qualquer interessado, inclusive o MP, representantes legítimos a podem alegar,
quando lhe couber intervir, podendo ainda sendo vedado ao juiz pronunciar-se de
ser arguida de ofício pelo magistrado. ofício.

É incurável, pois as partes não podem


É curável, pois o negócio pode ser
sanar o vício, objetivando a validação do
confirmado pela parte a quem a lei protege.
negócio (art. 169 do CC).

É perpétua, porque é imprescritível, ou


É provisória, pois está sujeita a decadência
seja, não é suscetível de confirmação pelas
(4 ou 2 anos), convalidando-se pelo decurso
partes e nem convalesce pelo decurso do
de tempo.
tempo (art. 169 do CC).

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( ) 35. (ESAF - Analista Judiciário – TRT 7ª Região – 2003) A declaração judicial


de nulidade relativa produz efeito ex tunc.

Gabarito: Errada. A nulidade relativa produz efeitos ex nunc.

( ) 36. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) O juiz deve pronunciar de ofício a


anulabilidade dos negócios jurídicos em prol da segurança jurídica.

O juiz deve pronunciar de ofício a nulidade absoluta, sendo vedado tal ato na
nulidade relativa (anulabilidade). Em desacordo com o art. 168 do CC que trata da nulidade
absoluta.

Art. 168 do CC - As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por
qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido
supri-las, ainda que a requerimento das partes.

Gabarito: Errada.

( ) 37. (ESAF - Analista Judiciário – TRT 7ª Região – 2003) A anulabilidade do


negócio pode ser alegada não só pelos lesados como também ex officio pelo juiz.

Gabarito: Errada. Idem à questão anterior.

( ) 38. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) A nulidade absoluta do negócio


jurídico somente poderá ser alegada pelos prejudicados, não podendo ser decretada
de ofício pelo juiz.

Gabarito: Errada. A nulidade absoluta pode ser decretada de ofício pelo juiz.

( ) 39. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) A nulidade absoluta do negócio


jurídico poderá ser argüida por qualquer interessado, pelo Ministério Público,
quando lhe couber intervir.

Gabarito: Certa. De acordo com os arts. 167 e 168 do CC.

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( ) 40. (ESAF - Analista Judiciário – TRT 7ª Região – 2003) A confirmação


retroage à data do negócio, tornando-o válido desde a sua formação, resguardados
os direitos já constituídos de terceiro.

Questão com fundamento no art. 172 do CC.

Art. 172 do CC - O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro.

O vício que causa a nulidade relativa pode ser confirmado, expressa ou


tacitamente, pelas partes, salvo direito de terceiro. A confirmação é, portanto, um ato
jurídico decorrente da vontade das partes que faz desaparecer os vícios que maculam uma
obrigação. A confirmação retroage a data do ato, logo, seu efeito é ex tunc, tornando válido
o negócio desde a sua formação.

Gabarito: Certa.

( ) 41. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) A nulidade absoluta do negócio


jurídico poderá ser suprida pelo juiz e suscetível de confirmação e de convalidação
pelo decurso do tempo.

Em desacordo com o art. 169 do CC, pois a apenas a nulidade relativa é suscetível
de confirmação (ratificação pelas partes do negócio jurídico) e convalidação
(aproveitamento do negócio jurídico).

Art. 169 do CC - O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem


convalesce pelo decurso do tempo.

Gabarito: Errada.

( ) 42. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) A nulidade absoluta do negócio


jurídico só aproveitará à parte que a alegou, com exceção de indivisibilidade ou
solidariedade.

As características da questão tratam da nulidade relativa (anulabilidade) e, por isso, está


em desacordo com o art. 177 do CC.

Art. 177 do CC - A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente
aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.

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Para exemplificar a questão, imaginemos o seguinte: A e B compram de C um


cavalo de raça. Entretanto, na venda, C agiu com dolo e, por isso, o negócio jurídico pode
ser anulado. Caso apenas A ingresse com uma ação anulatória, tal ação também
favorecerá B por se tratar de um objeto indivisível.
Gabarito: Errada.

TÓPICO 8.6: Conversão do Negócio Jurídico Nulo

Sobre a conversão do negócio jurídico nulo, dispõe o art. 170 do CC:

Art. 170 do CC - Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro,
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam
querido, se houvessem previsto a nulidade.

Tal dispositivo consagra o princípio da conservação do negócio jurídico. Ocorre


tal princípio quando o ato negocial nulo (nulidade absoluta) não pode prevalecer na forma
pretendida pelas partes, mas, como seus elementos são idôneos para caracterizar outro
ato de natureza diversa, então poderá ocorrer a transformação, desde que isso não seja
proibido taxativamente, como nos casos de testamento. Como exemplo, temos a
transformação de um contrato de compra e venda nulo por defeito de forma (ex: imóvel
com valor superior a 30 salários mínimos deve ter por forma uma escritura pública, sendo
nulo caso se proceda mediante instrumento particular) em um compromisso de compra e
venda (este pode ser celebrado por instrumento particular).

( ) 43. (ESAF - Advogado do IRB - 2006) O novel Código Civil não admite a
conversão do ato nulo em outro de natureza diferente.

Gabarito: Errada. Em desacordo com o art. 170 do CC.

( ) 44. (ESAF - Analista Judiciário – TRT 7ª Região – 2003) O direito brasileiro não
admite a conversão do ato negocial nulo.

Gabarito: Errada. Idem a anterior.

Para finalizar a aula de hoje, segue uma tabela com as definições de convalidação,
confirmação e conversão.

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é um ato das partes contratantes com o


CONFIRMAÇÃO
NULIDADE objetivo de sanar o vício do ato negocial.
RELATIVA decorre do decurso de tempo que provoca a
CONVALIDAÇÃO
decadência do direito de anular o negócio.
NULIDADE é a transformação do ato nulo em outro que
CONVERSÃO
ABSOLUTA contém os requisitos do primeiro.

Ou seja, a confirmação e a convalidação são institutos jurídicos inerentes ao


negócio jurídico anulável (nulidade relativa). Já a conversão é um instituto do negócio
jurídico nulo (nulidade absoluta).

TÓPICO 8.7: Exercícios finais

Terminamos por aqui. A seguir temos alguns exercícios para a revisão da aula que
foi bastante complexa.

( ) 45. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) O dolo do


representante legal ou convencional de uma das partes pode ser considerado como
sendo de terceiro.

O representante, por representar uma das partes contratantes, não pode ser
considerado um terceiro na relação negocial.
Gabarito: Errada.

( ) 46. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) A


simulação absoluta se dá quando uma pessoa, sob a aparência de um negócio
fictício, pretende realizar outro que é o verdadeiro, diverso, no todo ou em parte, do
primeiro.

A assertiva caracteriza a simulação relativa e não a simulação absoluta.


Gabarito: Errada,

( ) 47. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) O dolus


incidens é o que leva a vítima a realizar o negócio, porém em condições mais

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onerosas ou menos vantajosas, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos


ou a redução da prestação acordada.

Gabarito: Certa. Dolus incidens é a mesma coisa que dolo acidental.

( ) 48. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) A coação


como causa determinante do negócio jurídico não requer nexo causal entre o meio
intimidativo e o ato realizado pela vítima.

O nexo causal é elemento necessário na coação moral, devendo-se levar em


consideração as circunstâncias da situação em que se operou a coação.
Gabarito: Errada.

( ) 49. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) A


simulação relativa objetiva se opera quando a parte contratante não é aquela que tira
proveito do negócio.

A questão trata da simulação relativa subjetiva (“testa de ferro”).


Gabarito: Errada.

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS


1. (ESAF – Auditor Fiscal – AFRFB – 2009) “A” adquire de “B” o lote “X” do Recanto
Azul, ignorando que lei municipal proibia loteamento naquela localidade. Tal compra
e venda poderá ser anulada, por ter havido erro:
a) sobre a natureza do ato negocial.
b) substancial sobre a qualidade essencial do objeto.
c) de direito.
d) por falso motivo.
e) sobre o objeto principal da declaração.

( ) 2. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) O erro escusável é aquele que é


justificável, tendo-se em conta as circunstâncias do caso.

( ) 3. (ESAF - Advogado do IRB - 2006) O erro acidental induz anulação do


negócio por incidir sobre a declaração de vontade, mesmo se for possível identificar
a pessoa ou a coisa a que se refere.

4. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) A fixação de preço de venda baseada na


quantia unitária computando-se de forma inexata o preço global, autoriza a
retificação da declaração volitiva, não anulando o ato, visto que se configurou:
a) erro quanto ao fim colimado.

b) dolo acidental.
c) erro de cálculo.
d) erro acidental in qualitate.
e) dolus bonus.

5. (ESAF - Agente Tributário – MT – 2001) Engano sobre peso ou medida do objeto


do contrato é considerado:
a) erro acidental
b) erro substancial
c) erro de fato
d) erro de direito
e) error in qualitate

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6. (ESAF - Procurador da Fazenda Nacional – 2003) Se um contratante supõe estar


adquirindo um lote de terreno de excelente localização, quando, na verdade, está
comprando um situado em péssimo local, configurado está:
a) o dolo acidental.
b) o dolo negativo.
c) o dolo principal.
d) o erro sobre o objeto principal da declaração.
e) o dolo positivo.

7. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 1998) O dolo que leva a vítima a realizar o ato
negocial, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não afetando
sua declaração de vontade, nem influindo diretamente na realização daquele ato, que
seria praticado independentemente do emprego de artifício astucioso, designa-se
a) dolus bônus
b) dolo acidental
c) dolus malus
d) dolo principal
e) dolo recíproco

( ) 8. (ESAF - Auditor – TCE-GO – 2007) Tanto o erro substancial quanto o dolo


acidental tornam o negócio jurídico anulável; o primeiro não obriga a satisfação das
perdas e danos, mas o segundo sim.

( ) 9. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) O dolus bonus é um comportamento


lícito e tolerado por não ter a finalidade de prejudicar.

10. (ESAF - SERPRO - Analista – 2001) Se alguém fizer seguro de vida, omitindo
moléstia grave, e vier a falecer poucos meses depois, vindo a prejudicar a
seguradora e a beneficiar os sucessores, ter-se-á a configuração de:
a) dolo positivo.
b) dolo acidental.
c) simulação relativa subjetiva.
d) simulação absoluta.
e) dolo negativo.

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11. (ESAF - Auditor – TCE-PR – 2003) Se alguém fizer seguro de vida, omitindo
moléstia grave, e vier a falecer poucos meses depois, havendo prova da intenção de
prejudicar a seguradora e beneficiar seus sucessores, ter-se-á a configuração de:
a) dolo.
b) simulação relativa subjetiva.
c) simulação absoluta.

d) reserva mental.
e) simulação relativa objetiva.

12. (ESAF - CGU – Correição – 2006) Se A adquire de B uma obra de arte, por
influência de C que o convence de sua raridade, sem que B, ouvindo tal disparate,
alerte o comprador, o negócio é suscetível de anulação por
a) dolo negativo.
b) lesão.
c) simulação relativa objetiva.
d) reserva mental.
e) dolo de terceiro.

13. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) Se A (comprador) adquire uma


obra de arte por influência de C, que o convence de sua raridade por pertencer ao
século XVII, sem que B (vendedor), ouvindo tal disparate, alerte A, tal negócio é
suscetível de anulação, por ter havido:
a) dolo de terceiro.
b) reserva mental.
c) dissimulação.
d) simulação absoluta.
e) dolo incidente.

( ) 14. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) O dolo de terceiro, para acarretar


anulabilidade do negócio jurídico, não exige o conhecimento de uma das partes
contratantes.

( ) 15. (ESAF - Auditor – TCE-GO – 2007) Tanto o dolo de terceiro quanto a


coação de terceiro ensejam a anulação do negócio jurídico, independentemente de
entrarem, ou não, na esfera de conhecimento de quem os aproveite.

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( ) 16. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) É nulo o negócio jurídico celebrado


em estado de perigo.

17. (ESAF - BACEN - Procurador – 2002) Um pai tem seu filho seqüestrado, paga
vultosa soma de resgate, vendendo jóias a preço inferior ao mercado, a quem tenha
conhecimento do fato, aproveitando-se da situação, valendo-se do terror alheio. Tal
venda será suscetível de anulação por:
a) coação
b) lesão
c) reserva mental
d) dolo
e) estado de perigo

18. (ESAF - TCU – Analista de Controle Externo – 2006) “A”, tendo seu filho “B” sido
seqüestrado, paga vultosa soma de resgate. Para tanto “A” teve de vender obras de
arte a preço inferior ao do mercado a “C”. Essa venda poderá ser anulada desde que
“C”, aproveitando-se da situação, tenha conhecimento da grave circunstância em
que “B”, filho de “A”, se encontra, alegando-se que houve
a) coação.
b) estado de perigo.
c) dolo.
d) lesão.

e) erro.

19. (ESAF - Auditor do Tesouro Municipal – Fortaleza-CE – 2003) Se alguém vier a


vender um imóvel fora do valor mercadológico, para poder pagar uma cirurgia
urgente, tal venda poderá ser anulada por apresentar o vício de consentimento
chamado:
a) lesão
b) dolo principal
c) erro
d) estado de perigo
e) coação

20. (ESAF - Auditor do Tesouro Municipal – Recife-PE – 2003) Se houver temor de


grave dano moral ou material à pessoa ou a algum parente seu, conhecido da outra

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parte, que compele o declarante a concluir contrato, mediante prestação exorbitante,


tal negócio será passível de nulidade relativa, por ter havido a configuração de:
a) lesão
b) coação
c) dolo principal
d) estado de perigo
e) dolo acidental

( ) 21. (ESAF - Advogado do IRB - 2006) O estado de perigo e a lesão são atos
prejudiciais praticados em estado de necessidade, visto que na base do estado de
perigo há risco patrimonial e na da lesão tem-se risco pessoal.

( ) 22. (ESAF - Auditor – TCE-PR – 2003) A lesão especial dispensa a verificação


do dolo da parte que dela tirou proveito e gera a anulabilidade contratual.

( ) 23. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) Na lesão especial há


desproporção das prestações, causada por estado de necessidade econômica,
mesmo não conhecido pelo contratante, que vem a se aproveitar do negócio, logo
dispensada está a verificação e a prova do dolo da parte que tirou proveito,
ordenando a anulabilidade do negócio lesionário ou a possibilidade de
complementação contratual, bastando, para tanto, que haja prejuízo, prova da
ocorrência do ato em caso de premência da necessidade, levianda ou inexperiência.

24. (ESAF – TRT 7a Região – Juiz Substituto – 2005) A lesão especial acarreta
anulabilidade do negócio, permitindo-se, porém, para evitá-la:
a) a dispensa da verificação do dolo da parte que se aproveitou.
b) a comprovação da culpabilidade do beneficiado e apreciação da desproporção
das prestações, segundo valores vigentes ao tempo da celebração do negócio pela
técnica pericial.
c) a prova da premência de necessidade da inexperiência e da desproporção das
prestações.
d) a oferta de suplemento suficiente, inclusive em juízo, para equilibrar as
prestações, evitando enriquecimento sem causa, ou se o favorecido concordar com
a redução da vantagem, aproveitando, assim, o negócio.
e) a prova da existência de um risco pessoal que diminui a capacidade da parte de
dispor livre e conscientemente.

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( ) 25. (ESAF - Procurador do MPE – TCE-GO – 2007) Nos negócios de


transmissão gratuita de bens, a caracterização da fraude contra credores não exige a
presença do elemento subjetivo (consilium fraudis), bastando apenas a existência
do elemento objetivo (eventus damni).

( ) 26. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) A fraude contra credores apenas é


atacável por ação pauliana.

27. (ESAF – AGU – 1998) Se um proprietário de uma casa alugada que, com intenção
de facilitar a ação de despejo contra seu inquilino, fingir vendê-la a terceiro, para que
este, residindo em imóvel alheio, tenha maior possibilidade de vencer aquela
demanda, configurada está a simulação
a) inocente
b) relativa objetiva
c) absoluta
d) maliciosa
e) relativa subjetiva

28. (ESAF – PGFN – Procurador – 2007) João, ante o incessante pedido de parentes
para que venha a prestar fiança ou aval, passa, para pôr fim àquele “assédio”, seus
bens para Pedro, seu amigo, fazendo com que não haja em seu nome lastro
patrimonial, tornado-lhe impossível a prestação de qualquer garantia real ou
fidejussória. Nesse caso hipotético, configurou-se
a) simulação relativa subjetiva.
b) reserva mental.
c) simulação relativa objetiva.
d) dolo principal.
e) simulação absoluta.

( ) 29. (ESAF - Agente Fiscal – PI – 2001) A simulação relativa dá-se quando uma
pessoa, sob aparência de um negócio fictício, pretende realizar outro que é o
verdadeiro, diverso, no todo ou em parte, do primeiro.

( ) 30. (ESAF - Procurador do MPE – TCE-GO – 2007) Tanto a simulação absoluta


quanto a simulação relativa, quando presentes no negócio jurídico, eivam de

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nulidade absoluta o negócio jurídico como um todo, sendo impossível a


subsistência de qualquer ato negocial dissimulado.

31. (ESAF - BACEN - Procurador – 2002) Venda realizada a terceiro para que
transmita a coisa a descendente do alienante, a quem se tem a intenção de transferi-
la desde o início, é suscetível de ser anulada em razão de:
a) simulação relativa subjetiva.
b) dolo de terceiro.
c) dolo de ambas as partes.
d) simulação absoluta.
e) simulação relativa objetiva.

32. (ESAF – PGE-DF – Procurador – 2004) Dois particulares, ao celebrarem contrato


de compra e venda de imóvel, fazem constar da escritura pública preço inferior ao
real, a fim de reduzir o quantum do imposto de transmissão da propriedade. Está
correto afirmar:
a) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação relativa, sendo o
negócio jurídico simulado nulo, mas o negócio jurídico dissimulado subsistirá.
b) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação relativa, sendo o
negócio simulado anulável pela Fazenda Pública.
c) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação absoluta, sendo o
negócio jurídico simulado nulo.
d) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação absoluta, sendo o
negócio jurídico simulado anulável pela Fazenda Pública.
e) restou caracterizada, na hipótese narrada, caso de simulação relativa, sendo
nulos os negócios jurídicos simulado e dissimulado.

33. (ESAF - Auditor Fiscal do Tesouro Nacional – 1998) Se o de cujus, antes de


falecer, não tendo herdeiros necessários, simulou a venda de um terreno a terceira
pessoa, a quem pretendia deixar o bem alienado aparentemente a título de legado,
ter-se-á simulação:
a) inocente.
b) absoluta.
c) relativa subjetiva.
d) relativa objetiva.
e) maliciosa.

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( ) 34. (ESAF - Procurador do MPE – TCE-GO – 2007) Quando a lei proibir a


prática de um negócio jurídico, sem cominar sanção, o prazo para pleitear-se a
anulação do mesmo será de 2 (dois) anos, a contar da conclusão do ato.

( ) 35. (ESAF - Analista Judiciário – TRT 7ª Região – 2003) A declaração judicial


de nulidade relativa produz efeito ex tunc.

( ) 36. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) O juiz deve pronunciar de ofício a


anulabilidade dos negócios jurídicos em prol da segurança jurídica.

( ) 37. (ESAF - Analista Judiciário – TRT 7ª Região – 2003) A anulabilidade do


negócio pode ser alegada não só pelos lesados como também ex officio pelo juiz.

( ) 38. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) A nulidade absoluta do negócio


jurídico somente poderá ser alegada pelos prejudicados, não podendo ser decretada
de ofício pelo juiz.

( ) 39. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) A nulidade absoluta do negócio


jurídico poderá ser argüida por qualquer interessado, pelo Ministério Público,
quando lhe couber intervir.

( ) 40. (ESAF - Analista Judiciário – TRT 7ª Região – 2003) A confirmação


retroage à data do negócio, tornando-o válido desde a sua formação, resguardados
os direitos já constituídos de terceiro.

( ) 41. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) A nulidade absoluta do negócio


jurídico poderá ser suprida pelo juiz e suscetível de confirmação e de convalidação
pelo decurso do tempo.

( ) 42. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) A nulidade absoluta do negócio


jurídico só aproveitará à parte que a alegou, com exceção de indivisibilidade ou
solidariedade.

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PROFESSORES: DICLER FERREIRA E RAPHAEL MORETH

( ) 43. (ESAF - Advogado do IRB - 2006) O novel Código Civil não admite a
conversão do ato nulo em outro de natureza diferente.

( ) 44. (ESAF - Analista Judiciário – TRT 7ª Região – 2003) O direito brasileiro não
admite a conversão do ato negocial nulo.

( ) 45. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) O dolo do


representante legal ou convencional de uma das partes pode ser considerado como
sendo de terceiro.

( ) 46. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) A


simulação absoluta se dá quando uma pessoa, sob a aparência de um negócio
fictício, pretende realizar outro que é o verdadeiro, diverso, no todo ou em parte, do
primeiro.

( ) 47. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) O dolus


incidens é o que leva a vítima a realizar o negócio, porém em condições mais
onerosas ou menos vantajosas, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos
ou a redução da prestação acordada.

( ) 48. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) A coação


como causa determinante do negócio jurídico não requer nexo causal entre o meio
intimidativo e o ato realizado pela vítima.

( ) 49. (ESAF – TCU – Analista de Finanças e Controle Externo – 2000) A


simulação relativa objetiva se opera quando a parte contratante não é aquela que tira
proveito do negócio.

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GABARITO

1 C 18 B 35 E
2 C 19 D 36 E
3 C 20 D 37 E
4 E 21 E 38 E
5 A 22 C 39 C
6 D 23 C 40 C
7 B 24 D 41 E
8 E 25 C 42 E
9 C 26 C 43 E
10 E 27 C 44 E
11 A 28 E 45 E
12 E 29 C 46 E
13 A 30 E 47 C
14 E 31 A 48 E
15 E 32 A 49 E
16 E 33 A
17 E 34 E

Um abraço e até a nossa próxima aula.

Dicler e Raphael.

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