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Lista de Exercícios - Direito Civil I

Sumário

Questão 1 - Pessoa Jurídica, Parte Geral 3


Questão 2 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral 5
Questão 3 - Parte Geral, Atos ilícitos 7
Questão 4 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral 9
Questão 5 - Domicílio e bens, Parte Geral 10
Questão 6 - Defeitos do negócio jurídico 12
Questão 7 - Defeitos do negócio jurídico 14
Questão 8 - Ato Jurídico, Fato Jurídico e Teoria Geral do Negócio Jurídico, Defeitos do
Negócio Jurídico 15
Questão 9 - Defeitos do negócio jurídico 17
Questão 10 - Ato Jurídico, Fato Jurídico e Teoria Geral do Negócio Jurídico, Defeitos do
Negócio Jurídico 21
Questão 11 - Domicílio e bens, Ato Jurídico, Fato Jurídico e Teoria Geral do Negócio
Jurídico, Defeitos do Negócio Jurídico 24
Questão 12 - Defeitos do Negócio Jurídico, Teoria das Nulidades, Causas de Nulidade e
Anulabilidade 27
Questão 13 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral 28
Questão 14 - Teoria das Nulidades, Causas de Nulidade e Anulabilidade 29
Questão 15 - Pessoa Jurídica 33
Questão 16 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral 34
Questão 17 - Pessoa Jurídica 36
Questão 18 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral 39
Questão 19 - Defeitos do negócio jurídico 41
Questão 20 - Defeitos do negócio jurídico 42

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Questão 1 - Pessoa Jurídica, Parte Geral

Paulo é pai de Olívia, que tem três anos. Paulo é separado de Letícia, mãe de Olívia, e
não detém a guarda da criança. Por sentença judicial, ficou fixado o valor de R$3.000,00 a
título de pensão alimentícia em favor de Olívia.
Paulo deixou de pagar a pensão alimentícia nos últimos cinco meses e, ajuizada uma
ação de execução contra ele, não foi possível encontrar patrimônio suficiente para fazer frente
às obrigações inadimplidas. Entretanto, Paulo é também sócio da sociedade Paulo Compra e
Venda de Joias Ltda., sociedade que tem patrimônio considerável.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.

A Tendo em vista a absoluta autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios,
não é possível, em nenhuma hipótese, que, na ação de execução, Olívia atinja o patrimônio da
pessoa jurídica Paulo Compra e Venda de Joias Ltda.
B É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de se atingir o
patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., independentemente de restar
configurada a situação de abuso da personalidade jurídica.
C Ainda que se comprove o abuso da personalidade jurídica, a legislação apenas
reconhece a hipótese de desconsideração direta da personalidade jurídica, não se admitindo a
desconsideração inversa, razão pela qual não é possível que Olívia atinja o patrimônio da
sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda.
D É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de que Olívia
atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que
Paulo praticou desvio de finalidade ou confusão patrimonial.

Gabarito:
A solução da questão exige o conhecimento acerca da pessoa jurídica e da
desconsideração da personalidade, pela desconsideração então da personalidade jurídica, é
possível que se alcance os bens das pessoas físicas que fazem parte da pessoa jurídica,
consequentemente, as obrigações são estendidas aos sócios e administradores. Na verdade,
para se caracterizar o desvio de finalidade da pessoa jurídica, ela deve lesar credores e praticar
ilícitos, analisemos as alternativas:
a) Errada. Não há uma autonomia absoluta da pessoa jurídica, em caso de abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial,

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pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações
sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso, de acordo com o art. 50, caput do CC.
b) Errada. A primeira parte da alternativa está correta, vez que é possível a
desconsideração inversa da personalidade jurídica, no entanto, aqui é aplicada a teoria maior,
ou seja, é necessário que haja o desvio de finalidade da sociedade ou a confusão patrimonial,
de acordo com o art. 50 do CC.
c) Errada. O Código civil admite a desconsideração inversa da personalidade jurídica,
de acordo com o art. 133, §2º do CPC, bem como do artigo 50, §3º do CC.
No caso em tela, permite-se a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a qual
ocorre quando a pessoa física transfere seu patrimônio à pessoa jurídica para ocultar os bens
pessoais e sendo assim, há a possibilidade de desconsiderar a personalidade jurídica para
atingir o ente coletivo, responsabilizando a pessoa jurídica pelas obrigações do sócio. Em
suma, busca-se os bens do patrimônio da pessoa jurídica para responder pela dívida contraída
pelo sócio (DIDIER JR. 2022), no caso, Paulo.
d) Correta. Como vimos nas alternativas anteriores pode-se atingir o patrimônio da
sociedade de Paulo através da desconsideração inversa da personalidade desde que Paulo
tenha praticado desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Vide os artigos 50 do CC e art.
133, §2º do CPC:

Código Civil:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos
de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso.
[...]
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa
jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer
natureza.
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os
patrimônios, caracterizada por:
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I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador
ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de
valor proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das
obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
CPC:
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a
pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos
previstos em lei.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da
personalidade jurídica.
Gabarito da professora: Letra D.

Questão 2 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral

Maurício, ator, 23 anos, e Fernanda, atriz, 25 anos, diagnosticados com Síndrome de


Down, não curatelados, namoram há 3 anos.
Em 2019, enquanto procuravam uma atividade laborativa em sua área, tanto Maurício
quanto Fernanda buscaram, em processos diferentes, a fixação de tomada de decisão apoiada
para o auxílio nas decisões relativas à celebração de diversas espécies de contratos, a qual se
processou seguindo todos os trâmites adequados deferidos pelo Poder Judiciário. Assim, os
pais de Maurício tornaram-se seus apoiadores e os pais de Fernanda, os apoiadores dela.
Em 2021, Fernanda e Maurício assinaram contratos com uma emissora de TV, também
assinados por seus respectivos apoiadores. Como precisarão morar próximo à emissora, o
casal terá de mudar-se de sua cidade e, por isso, está buscando alugar um apartamento. Nesta
conjuntura, Maurício e Fernanda conheceram Miguel, proprietário do imóvel que o casal
pretende locar.
Sobre a situação apresentada, conforme a legislação brasileira, assinale a afirmativa
correta.

A Maurício e Fernanda são incapazes em razão do diagnóstico de Síndrome de Down.

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B Maurício e Fernada são capazes por serem pessoas com deficiência apoiadas, ou seja,
caso não fossem apoiados, seriam incapazes.
C Maurício e Fernanda são capazes, independentemente do apoio, mas Miguel poderá
exigir que os apoiadores contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente
celebrado.
D Miguel, em razão da capacidade civil de Maurício e de Fernanda, fica proibido de
exigir que os apoiadores de ambos contraassinem o contrato de locação, caso ele seja
realmente celebrado.

Gabarito:
A solução da questão exige o conhecimento acerca da personalidade, da pessoa natural
e da capacidade, mais precisamente sobre a pessoa com deficiência, analisemos as
alternativas:
a) Errada. O estatuto da pessoa com deficiência, Lei 13.146/2015 alterou as regras dos
absolutamente e relativamente incapazes, desse modo, os artigos 3º e 4º do código civil foram
alterados. Dessa forma, as pessoas com deficiência são consideradas plenamente capazes para
os atos da vida civil em regra. Podendo, no entanto, utilizar-se do instituto da decisão apoiada
no que se referir a atos patrimoniais, vide art. 6º do referido diploma legal:

Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

b) Errada. Conforme visto, a regra atual no nosso ordenamento jurídico é de que as


pessoas com deficiência são plenamente capazes, independentemente de terem se utilizado da
tomada de decisão apoiada.
c) Correta. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com
deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que
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gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil,
fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua
capacidade, de acordo com o art. 1.783-A do CC. Mesmo Maurício e Fernanda sendo capazes,
um terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os
apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua função em
relação ao apoiado, nos termos do art. 1.783-A, §5º do CC.
d) Errada. Apesar de haver críticas por parte da doutrina, o código civil entende que não
é proibido que o terceiro exija que os apoiadores contra-assinem o acordo.

Gabarito da professora: letra C.

Questão 3 - Parte Geral, Atos ilícitos

Daniel, habilitado e dentro do limite de velocidade, dirigia seu carro na BR 101 quando
uma criança atravessou a pista, à sua frente. Daniel, para evitar o atropelamento da criança,
saiu de sua faixa de rolamento e colidiu com o carro de Mário, taxista, que estava a serviço e
não teve nenhuma culpa no acidente.
Daniel se nega ao pagamento de qualquer valor a Mário por alegar que a
responsabilidade, em verdade, seria de José, pai da criança.
A respeito da responsabilidade de Daniel pelos danos causados no acidente em análise,
assinale a afirmativa correta.

A Ele não praticou ato ilícito mas, ainda assim, terá que indenizar Mário.
B Ele praticou ato ilícito ao causar danos a Mario, violando o princípio do neminem
laedere.
C Ele não praticou ato ilícito e não terá que indenizar Mario por atuar em estado de
necessidade.
D Ele praticou ato ilícito ao causar danos a Mário e responderá objetivamente pelos
danos a que der causa

Gabarito:
A) A questão é sobre estado de necessidade. Nem todo ato danoso é ilícito, ou seja,
embora a conduta do agente gere dano a outrem, nem sempre haverá violação de dever

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jurídico. Nesse caso, o dever de reparação busca fundamento na equidade e na solidariedade
social, não havendo que se falar em dolo ou culpa.
Desta maneira, dispõe o caput do art. 188 do CC que “não constituem atos ilícitos: I - os
praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a
deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo
iminente".
O enunciado da questão refere-se ao estado de necessidade, previsto no inciso II do art.
188, que “consiste na situação de agressão a um direito alheio, de valor jurídico igual ou
inferior àquele que se pretende proteger, para remover perigo iminente, quando as
circunstâncias do fato não autorizarem outra forma de atuação" (GAGLIANO, Pablo Stolze;
PAMPLONA FILHO, Pablo Novo Curso de Direito Civil. Responsabilidade Civil. 10. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012. v. 3, p. 172).
Consequentemente, aplicaremos o art. 929 do CC: “Se a pessoa lesada, ou o dono da
coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à
indenização do prejuízo que sofreram". Daniel não praticou ato ilícito, mas, ainda assim, terá
que indenizar Mário.
Por fim, garante o caput do art. 930 que, “no caso do inciso II do art. 188, se o perigo
ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a
importância que tiver ressarcido ao lesado". Correta;
B) Ele não praticou ato ilícito.
Neminem laedere nada mais é do que o dever genérico de não lesar a outrem. A
responsabilidade extracontratual tem origem na inobservância desse dever (GONÇALVES,
Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Parte Geral. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. v. 1. p.
283). Incorreta;
C) Ele não praticou ato ilícito, mas atuou diante do estado de necessidade. Ainda assim,
terá que indenizar Mario. Incorreta;
D) Não praticou ato ilícito.
A responsabilidade civil é, em regra, subjetiva, ou seja, independe de culpa. O CC
excepciona a regra no § ú do art. 927 do CC, ao dispor da responsabilidade objetiva, que
independe de culpa. Vejamos: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem". Incorreta;

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Questão 4 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral

Márcia, adolescente com 17 anos de idade, sempre demonstrou uma maturidade muito
superior à sua faixa etária. Seu maior objetivo profissional é o de tornar-se professora de
História e, por isso, decidiu criar um canal em uma plataforma on-line, na qual publica vídeos
com aulas por ela própria elaboradas sobre conteúdos históricos.
O canal tornou-se um sucesso, atraindo multidões de jovens seguidores e despertando o
interesse de vários patrocinadores, que começaram a procurar a jovem, propondo contratos de
publicidade. Embora ainda não tenha obtido nenhum lucro com o canal, Márcia está animada
com a perspectiva de conseguir custear seus estudos na Faculdade de História se conseguir
firmar alguns desses contratos. Para facilitar as atividades da jovem, seus pais decidiram
emancipá-la, o que permitirá que celebre negócios com futuros patrocinadores com mais
agilidade.
Sobre o ato de emancipação de Márcia por seus pais, assinale a afirmativa correta.

A Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que a


adolescente tem na internet.
B Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento
particular.
C Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro Civil
de Pessoas Naturais.
D É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia
própria, o que ainda não aconteceu.

Gabarito:
A questão trata de capacidade.

Código Civil:
Art. 5º. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor,
se o menor tiver dezesseis anos completos;
Art. 9º Serão registrados em registro público:
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
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A) Depende de homologação judicial, tendo em vista o alto grau de exposição que a
adolescente tem na internet. Independe de homologação judicial, bastando que seja feita
mediante instrumento público. Incorreta letra “A”.
B) Não tem requisitos formais específicos, podendo ser concedida por instrumento
particular. Tem requisitos formais específicos, devendo ser concedida por instrumento
público, e levada a registro no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Naturais.
Incorreta letra “B”.
C) Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório competente do Registro
Civil de Pessoas Naturais. Deve, necessariamente, ser levado a registro no cartório
competente do Registro Civil de Pessoas Naturais. Correta letra “C”. Gabarito da questão.
D) É nulo, pois ela apenas poderia ser emancipada caso já contasse com economia
própria, o que ainda não aconteceu. É válido, pois os pais podem conceder a emancipação,
independentemente dela contar com economia própria ou não.
Incorreta letra “D”.

Resposta: C

Questão 5 - Domicílio e bens, Parte Geral

Bruna visitou a mansão neoclássica que André herdara de seu tio e cuja venda estava
anunciando. Bruna ficou fascinada com a sala principal, decorada com um piano do século
XIX e dois quadros do conhecido pintor Monet, e com os banheiros, ornados com torneiras
desenhadas pelos melhores profissionais da época. Diante disso, decidiu comprá-la.
Na ausência de acordo específico entre Bruna e André, por ocasião da transferência da
propriedade, Bruna receberá

A a mansão com os quadros, o piano e as torneiras, pois todos esses bens são
classificados como benfeitorias, que seguem o destino do bem principal vendido.
B apenas a mansão, eis que o princípio da gravitação jurídica não é aplicável aos demais
bens citados no caso.
C a mansão juntamente com as torneiras dos banheiros, consideradas partes integrantes,
mas não os quadros e o piano, considerados pertenças.

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D a mansão e os quadros, pois, sendo considerados pertenças, impõe-se a regra de que o
acessório deve seguir o destino do principal, mas o piano e as torneiras poderão ser removidos
por André antes da transferência.

Gabarito:
A questão é sobre bens. Nas lições do Professor Flavio Tartuce, as benfeitoras “são os
bens acessórios introduzidos em um bem móvel ou imóvel, visando a sua conservação ou
melhora da sua utilidade" (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral.
13. ed. p. 519) e elas se classificam em voluptuárias, úteis ou necessárias, cujos conceitos
encontram-se previstos, respectivamente, nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 96 do CC.
A mansão com os quadros, o piano e as torneiras não são considerados benfeitorias.
O conceito de pertenças vem previsto no art. 93 do CC: “São pertenças os bens que, não
constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao
aformoseamento de outro". Os quadros e o piano são considerados pertenças.
As partes integrantes são bens acessórios que se unem ao principal, formando um todo,
sem existência material própria. É o caso das torneiras em relação ao banheiro (TARTUCE,
Flavio. Direito Civil. Lei de Introdução e Parte Geral. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
v. 1. p. 471 e 519). Incorreta;
B) De acordo com o princípio da gravitação jurídica, o bem acessório segue a mesma
sorte do principal.
Dispõe o art. 94 do CC que “os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal
não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade,
ou das circunstâncias do caso".
Desta maneira, Bruna receberá a mansão, assim como as torneiras (partes integrantes)
mas não receberá os quadros e o piano, por serem considerados pertenças.
O art. 94 merece uma ressalva. Segundo Flavio Tartuce, as pertenças classificam-se em
essenciais e não essenciais. Sendo ela essencial ao bem principal, seguirá a sorte deste último,
não sendo aplicada a primeira parte do dispositivo legal, em consonância com o princípio da
gravitação jurídica. Exemplo: o piano do conservatório musical. Logo, se a pessoa compra o
conservatório, espera-se que o piano acompanhe o bem imóvel. Por outro lado, se a pertença
for não essencial, como no caso do enunciado da questão, aplicaremos a primeira parte do art.
94 do CC e o negócio jurídico não abrangerá o piano (TARTUCE, Flavio. Direito Civil. Lei
de Introdução e Parte Geral. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. v. 1. p. 468). Incorreta;
C) Em harmonia com as explicações anteriores. Correta;
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D) A mansão, bem imóvel, é o bem principal. Os quadros são pertenças, assim como o
piano. As torneiras são partes integrantes. Não se aplica o princípio da gravitação às
pertenças, apenas, por força do art. 94. Incorreta.

Gabarito do Professor: LETRA C

Questão 6 - Defeitos do negócio jurídico

João, único herdeiro de seu avô Leonardo, recebeu, por ocasião da abertura da sucessão
deste último, todos os seus bens, inclusive uma casa repleta de antiguidades.
Necessitando de dinheiro para quitar suas dívidas, uma das primeiras providências de
João foi alienar uma pintura antiga que sempre estivera exposta na sala da casa, por um valor
módico, ao primeiro comprador que encontrou.
João, semanas depois, leu nos jornais a notícia de que reaparecera no mercado de arte
uma pintura valiosíssima de um célebre artista plástico. Sua surpresa foi enorme ao descobrir
que se tratava da pintura que ele alienara, com valor milhares de vezes maior do que o por ela
cobrado. Por isso, pretende pleitear a invalidação da alienação.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.

A O negócio jurídico de alienação da pintura celebrado por João está viciado por lesão e
chegou a produzir seus efeitos regulares, no momento de sua celebração.
B O direito de João a obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de alienação da
pintura, não se sujeita a nenhum prazo prescricional
C A validade do negócio jurídico de alienação da pintura subordina-se necessariamente
à prova de que o comprador desejava se aproveitar de sua necessidade de obter dinheiro
rapidamente.
D Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo com o valor
de mercado da obra, João poderá optar entre aceitar a oferta ou invalidar o negócio.

Gabarito:
A questão trata de negócio jurídico.

A) O negócio jurídico de alienação da pintura celebrado por João está viciado por lesão
e chegou a produzir seus efeitos regulares, no momento de sua celebração.
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Código Civil:
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta.
O negócio jurídico de alienação da pintura celebrado por João está viciado por lesão e
chegou a produzir seus efeitos regulares, no momento de sua celebração. Correta letra “A”.
Gabarito da questão.

B) O direito de João a obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de alienação da


pintura, não se sujeita a nenhum prazo prescricional

Código Civil:
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico;
O direito de João a obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de alienação da
pintura, se sujeita ao prazo decadencial de quatro anos.
Incorreta letra “B”.

C) A validade do negócio jurídico de alienação da pintura subordina-se necessariamente


à prova de que o comprador desejava se aproveitar de sua necessidade de obter dinheiro
rapidamente.

Código Civil:
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta.
A validade do negócio jurídico de alienação da pintura não se subordina
necessariamente à prova de que o comprador desejava se aproveitar de sua necessidade de
obter dinheiro rapidamente, podendo ocorrer, também, por inexperiência.
Incorreta letra “C”.

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D) Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo com o valor
de mercado da obra, João poderá optar entre aceitar a oferta ou invalidar o negócio.
Código Civil:
Art. 157. § 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo com o valor de
mercado da obra, o negócio jurídico não será anulado.
Incorreta letra “D”.

Resposta: A

Questão 7 - Defeitos do negócio jurídico

Alberto, adolescente, obteve autorização de seus pais para casar-se aos dezesseis anos
de idade com sua namorada Gabriela. O casal viveu feliz nos primeiros meses de casamento,
mas, após certo tempo de convivência, começaram a ter constantes desavenças. Assim, a
despeito dos esforços de ambos para que o relacionamento progredisse, os dois se divorciaram
pouco mais de um ano após o casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu reunir algumas
economias e adquiriu um pacote turístico para viajar pelo mundo e tentar esquecer o ocorrido.
Considerando que Alberto tinha dezessete anos quando celebrou o contrato com a
agência de turismo e que o fez sem qualquer participação de seus pais, o contrato é

A válido, pois Alberto é plenamente capaz.


B nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz.
C anulável, pois Alberto é relativamente incapaz.
D ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela.

Gabarito:
A questão trata de capacidade.
Código Civil:

Art. 5º. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:


II - pelo casamento;
A) válido, pois Alberto é plenamente capaz.
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O contrato é válido, pois Alberto é plenamente capaz, uma vez que o divórcio não tem o
condão de reverter a emancipação dada pelo casamento.
Correta letra “A”. Gabarito da questão.

B) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz.

O contrato é válido, pois Alberto é plenamente capaz.


Incorreta letra “B”.

C) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz.


O contrato é válido, pois Alberto é plenamente capaz.
Incorreta letra “C”.

D) ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela.


O contrato é válido, pois Alberto é plenamente capaz.
Incorreta letra “D”.

Resposta: A

Questão 8 - Ato Jurídico, Fato Jurídico e Teoria Geral do Negócio


Jurídico, Defeitos do Negócio Jurídico

Arnaldo foi procurado por sua irmã Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir
o apartamento que ele possui na orla da praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que
atualmente ocupa o imóvel e por quem Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a
oferta, exercendo seu direito de preferência, propôs a Zulmira que constasse da escritura o
valor de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do preço não fosse totalmente paga.
Realizado nesses termos, o negócio

A pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo.


B é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João.
C é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado.
D é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João.

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Gabarito:
A questão trata de negócio jurídico.
Código Civil:
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais
realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer
interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo
decurso do tempo.

A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo.


O negócio jurídico é nulo, por simulação, podendo ser tal vício alegado por qualquer
interessado, não havendo prazo para tal alegação.
Incorreta letra “A”.

B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João.
O negócio jurídico é viciado por simulação, e pode ser alegado por qualquer
interessado.
Incorreta letra “B”.

C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado.
O negócio jurídico é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por
qualquer interessado.
Correta letra “C”. Gabarito da questão.

D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João.
O negócio jurídico é nulo em virtude de simulação, podendo tal vício ser alegado por
qualquer interessado.
Incorreta letra “D”.

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Resposta: C

Questão 9 - Defeitos do negócio jurídico

A cidade de Asa Branca foi atingida por uma tempestade de grandes proporções. As
ruas ficaram alagadas e a população sofreu com a inundação de suas casas e seus locais de
trabalho. Antônio, que tinha uma pequena barcaça, aproveitou a ocasião para realizar o
transporte dos moradores pelo triplo do preço que normalmente seria cobrado, tendo em vista
a premente necessidade dos moradores de recorrer a esse tipo de transporte.
Nesse caso, em relação ao citado negócio jurídico, ocorreu

A estado de perigo.
B dolo.
C lesão.
D erro.

Gabarito:
A questão trata dos defeitos do negócio jurídico.
Antônio utilizou da premente necessidade dos moradores, para cobrar o triplo do preço
que normalmente teria cobrado.
Ou seja, os moradores diante da premente necessidade de transporte, se obrigaram a
prestação manifestamente desproporcional (pagar o triplo do que pagavam antes) ao valor da
prestação oposta (transporte).
Diante disso, ocorreu lesão no negócio jurídico.

A) estado de perigo.

Código Civil:
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa.
Art. 156. BREVES COMENTÁRIOS.

17
Estado de perigo, vício de consentimento. O estado de perigo pode ser compreendido
como a projeção do estado de necessidade no âmbito negocial Faz-se importante
distingui-lo da lesão (veja comentários ao artigo seguinte), porque entre eles e possível
identificar uma relação de gênero e espécie. O risco tutelado no estado de perigo. Em
cada um dos institutos existe um risco diferente a ser tutelado. Na lesão haverá
desproporção das prestações, causada por estado de necessidade econômica, mesmo não
conhecido pelo contraente que vem a se aproveitar do negócio. “O risco é patrimonial,
decorrente da iminência de sofrer algum dano material (falência, ruina negociai etc.).
No estado de perigo haverá temor de iminente e grave dano moral (direito ou indireto)
ou material, ou seja, patrimonial indireto a pessoa ou a algum parente seu que compele
o declarante a concluir contrato, mediante prestação exorbitante. O lesado e levado a
efetivar negócio excessivamente oneroso (elemento objetivo), em virtude de risco
pessoal (perigo de vida; lesão à saúde, à integridade física ou psíquica de uma pessoa –
próprio contratante ou alguém a ele ligado), que diminui sua capacidade de dispor livre
e conscientemente" (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Teoria
Geral do Direito Civil. 24a ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 469).

Exemplos. Desde o advento do CC/02, quando o vício do estado de perigo foi


introduzido no ordenamento, a doutrina vem apresentando diversas situações
exemplificativas de sua ocorrência: (a) a promessa do naufrago ao salvador, (b) vítima
de acidente grave de automóvel, que assume obrigações excessivamente onerosas para
que não morra no local do acidente; (c) doente que promete pagar honorários excessivos
a cirurgião [e para tanto vende sua casa ou carro por preço irrisório], com receio de que,
se não for operado, venha a falecer (NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de
Andrade. Código Civil anotado e legislação civil extravagante. São Paulo: RT, 2003, p.
220). Requisito comum para a efetiva configuração do estado de perigo, em todas as
situações acima descritas, e que o receio de dano pessoal deva ser do conhecimento da
outra parte, isto é, a vítima supõe que esteja em perigo, que embora não causado pelo
outro contratante — como ocorre na coação - , e do seu conhecimento. (Código Civil
para Concursos / coordenador Ricardo Didier - 5. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador:
Juspodivm, 2017).
Em relação ao negócio ocorreu lesão.

B) dolo.
18
Código Civil:
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 145. BREVES COMENTÁRIOS
Dolo, vício de consentimento. Não há que se confundir o vício do erro substancial com
o dolo. Se na primeira situação (art. 138) o agente incorre sozinho em lapso acerca de
circunstância relevante para a realização do negócio, na segunda tem-se induzimento
malicioso a pratica de um ato prejudicial ao seu autor, embora proveitoso ao autor do
dolo ou a terceiro. A doutrina costumava defender a diferenciação, ainda do dolo em
bonus e malus (este invalidante do negócio).
O primeiro será o exagero comercial (o melhor, mais barato etc.), compreendendo que
este não invalidaria o negócio encetado. Contudo, hoje, com a visão de um sistema em
que a boa-fé e marca, não se pode aceitar qualquer informação, mesmo que inocente,
que deturpe a realidade. (Código Civil para Concursos / coordenador Ricardo Didier - 5.
ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: Juspodivm, 2017).
Em relação ao negócio ocorreu lesão.
Incorreta letra “B".

C) lesão.
Código Civil:
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta.
Art. 157. BREVES COMENTÁRIOS

Lesão, vício de consentimento. Para melhor compreensão do instituto da lesão, ver os


comentários ao artigo anterior. O art. 157 descreve a denominada lesão especial, sendo
necessário para a concreção do seu suporte fático o valor manifestamente
desproporcional da contraprestação exigida quando da formalização de ato jurídico que
deva ter ocorrido por necessidade ou inexperiência no mundo dos negócios. E preciso
cautela na construção de significado para as expressões “necessidade" e
“inexperiência", que atuam como elementos completantes do núcleo do suporte fático
da lesão. A referida necessidade transcende o mero caráter econômico, devendo ser
entendida como impossibilidade de se evitar a celebração do negócio, inclusive por
imperativo de cunho moral.
19
Já a inexperiência aqui abordada leva em consideração as condições pessoais da parte
contratante desfavorecida, cabendo ao magistrado, no caso concreto, examinar seu
status sociocultural. Enfim, a “necessidade" em analise e a necessidade contratual, e não
a insuficiência de meios para promover subsistência própria do lesado ou de sua família.
Tampouco a “inexperiência" deve ser confundida com o erro ou a ignorância.
Dolo de aproveitamento. Após análise cuidadosa dos elementos subjetivos integrantes
do suporte fático da lesão especial, cumpre indagar se necessária a ciência de tal
condição por parte do contratante que se aproveita do negócio para a incidência do
disposto no art. 157 do CC/02. Na verdade, o que se exige e o aproveitamento, mas não
o dolo de aproveitamento, o que ressalta a orientação objetiva do instituto. Isso acontece
mesmo que o lesionário não tenha consciência da inferioridade do lesado — ou seja,
intenção de se aproveitar. Apura-se apenas a circunstância fática do aproveitamento.
Desse modo, se houver desproporção, ainda que a outra parte esteja de boa-fé é possível
a invalidação do negócio.
Conservação dos contratos. Anote-se, por último, que, em atenção ao princípio da
conservação dos contratos, o Enunciado n° 149 do CJF preconiza que “a verificação da
lesão deverá conduzir, sempre que possível, a revisão judicial do negócio jurídico e não
a sua anulação, sendo dever do magistrado incitar os contratantes a seguir as regras do
art. 157, § 2 o, do Código Civil de 2002", que permite ao juiz deixar de decretar a
anulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida
concordar com a redução do proveito. Nesse sentido e o teor do Enunciado n° 291 do
CJF. (Código Civil para Concursos / coordenador Ricardo Didier - 5. ed. rev. ampl. e
atual. - Salvador: Juspodivm, 2017).

D) erro.
Código Civil:
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em
face das circunstâncias do negócio.
Art. 138. BREVES COMENTÁRIOS
Erro. Costuma-se definir o erro como falsa representação da realidade. Nessas
hipóteses, alguém imagina que está se relacionando com determinada pessoa, ou
negociando determinado objeto, sem perceber — quer seja por distração,
desconhecimento ou simples equivoco — que, de fato, trata-se de situação diversa.
20
Nem todo erro enseja a invalidação do ato. Para saber se determinado engano configura
erro passível de desconstituição do ato por anulabilidade, basta perguntar a vítima o que
ela faria se soubesse da realidade. A resposta certamente será bem simples: não teria
celebrado o negócio, que apenas aparentemente se assemelhava ao que pretendia o
agente.
Requisitos. O Código Civil exige como requisito para anulação do negócio por erro que
ele seja substancial, isto e, relacionado a elementos essenciais do ato praticado, e que
poderia ser percebido por pessoa de diligencia normal, em face das circunstancias do
negócio (art. 138, CC/02).
Note-se que a codificação se baseia no comportamento médio do grupo social, não
exigindo habilitação técnica ou especialização para sua configuração. Em resumo,
ocorre erro substancial, passível de justificar a anulação do negócio, quando o vício em
questão for escusável, vale dizer, nas situações em que qualquer pessoa poderia
comete-lo em igualdade de circunstâncias. (Código Civil para Concursos / coordenador
Ricardo Didier - 5. ed. rev. ampl. e atual. - Salvador: Juspodivm, 2017).

Em relação ao negócio ocorreu lesão.


Incorreta letra “D".

Resposta: C

Questão 10 - Ato Jurídico, Fato Jurídico e Teoria Geral do Negócio


Jurídico, Defeitos do Negócio Jurídico

Em um bazar beneficente, promovido por Júlia, Marta adquiriu um antigo faqueiro,


praticamente sem uso. Acreditando que o faqueiro era feito de prata, Marta ofereceu um preço
elevado sem nada perguntar sobre o produto. Júlia, acreditando no espírito benevolente de sua
vizinha, prontamente aceitou o preço oferecido.
Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os talheres começaram a ficar
manchados e a se dobrarem com facilidade. Consultando um especialista, ela descobre que o
faqueiro era feito de uma liga metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso reiterado,
ele se deterioraria.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.

21
A A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em seu objeto,
um dos elementos essenciais do negócio jurídico.
B O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não
tinha qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta.
C O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o
desfazimento do negócio deve ser contado da data de descoberta do vício.
D De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja
desfeito se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do
faqueiro.

Gabarito:
A questão trata de vícios do negócio jurídico.

A) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em seu objeto,
um dos elementos essenciais do negócio jurídico.

Código Civil:

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade


emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em
face das circunstâncias do negócio.

Se houvesse erro, a compra e venda firmada entre Marta e Júlia seria anulável, e não
nula. Incorreta letra “A".

B) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não
tinha qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta.

Enunciado 12 da I Jornada de Direito Civil:

12 – art. 138 - Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro,
porque o dispositivo adota o princípio da confiança.

22
O negócio foi válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não tinha qualquer
motivo para suspeitar do engano de Marta. Para que o negócio pudesse ser anulável, Júlia
deveria ter conhecimento do engano de Marta, o que não ocorreu.
Correta letra “B". Gabarito da questão.

C) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o


desfazimento do negócio deve ser contado da data de descoberta do vício.

Código Civil:
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico;

O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o


desfazimento do negócio deve ser contado da data em que se realizou o negócio.
Incorreta letra “C".

D) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja
desfeito se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do
faqueiro.

Código Civil:

Art. 157. § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento


suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

De acordo com a disciplina do Código Civil, oferecer um abatimento no preço de venda


proporcional à baixa qualidade, para evitar que o negócio seja desfeito, caracteriza situação de
lesão e não à situação apresentada na questão.
Incorreta letra “D".

Resposta: B
23
Questão 11 - Domicílio e bens, Ato Jurídico, Fato Jurídico e Teoria Geral
do Negócio Jurídico, Defeitos do Negócio Jurídico

Em ação judicial na qual Paulo é réu, levantou-se controvérsia acerca de seu domicílio,
relevante para a determinação do juízo competente. Paulo alega que seu domicílio é a capital
do Estado do Rio de Janeiro, mas o autor sustenta que não há provas de manifestação de
vontade de Paulo no sentido de fixar seu domicílio naquela cidade.
Sobre o papel da vontade nesse caso, assinale a afirmativa correta.

A Por se tratar de um fato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação de


domicílio é irrelevante, uma vez que não é necessário levar em consideração a conduta
humana para a determinação dos efeitos jurídicos desse fato.
B Por se tratar de um ato-fato jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é
irrelevante, uma vez que, embora se leve em consideração a conduta humana para a
determinação dos efeitos jurídicos, não é exigível manifestação de vontade.
C Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, embora os seus efeitos sejam
predeterminados pela lei, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, no sentido
de verificar a existência de um ânimo de permanecer naquele local.
D Por se tratar de um negócio jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é
relevante, já que é a manifestação de vontade que determina quais efeitos jurídicos o negócio
irá produzir.

Gabarito:
A questão trata de ato jurídico.
a) FATO JURÍDICO – Uma ocorrência que interessa ao Direito, ou seja, que tenha
relevância jurídica. O fato jurídico lato sensu pode ser natural, denominado fato
jurídico stricto sensu. Esse pode ser um fato ordinário ou extraordinário. Pode o fato ser
ainda humano, surgindo o conceito de fato jurígeno.

b) ATO JURÍDICO – Trata-se de um fato jurídico com elemento volitivo e conteúdo


lícito. Este autor está filiado à corrente doutrinária que afirma que o ato ilícito não é
jurídico, por ser antijurídico (contra o direito).

24
c) NEGÓCIO JURÍDICO – Ato jurídico em que há uma composição de
interesses das partes com uma finalidade específica.
d) ATO JURÍDICO STRICTO SENSU – configura-se quando houver objetivo de
mera realização da vontade do titular de um determinado direito, não havendo a criação
de instituto jurídico próprio para regular direitos e deveres, muito menos a composição
de vontade entre as partes envolvidas. No ato jurídico stricto sensu os efeitos da
manifestação de vontade estão predeterminados pela lei.
(fonte: Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl.
– Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016).

Já o ato jurídico em sentido estrito constitui simples manifestação de vontade, sem


conteúdo negocial, que determina a produção de efeitos legalmente previstos.
Neste tipo de ato, não há necessidade de uma declaração de vontade manifestada com o
propósito de atingir, dentro do campo da autonomia privada, os efeitos jurídicos
pretendidos pelo agente, mas sim um simples comportamento humano deflagrador de
efeitos previamente estabelecidos por lei.
Sinteticamente, pode-se dizer que essa espécie de ato jurídico lícito apenas concretiza o
pressuposto fático contido na norma jurídica.

Não há que se confundir o ato jurídico stricto sensu com o ato-fato jurídico.
A aparente confusão dissipa-se com a clara enunciação da existência ou não de uma
atuação consciente, que é essencial para o ato jurídico, mas irrelevante para o ato-fato.
O elemento psíquico, pois, pouco importa para este último.
Um exemplo de ato jurídico stricto sensu é o ato de fixação do domicílio.
Note-se que o elemento caracterizador dessa categoria reside na circunstância de que o
agente, embora realize ato de forma consciente, não goza de ampla liberdade de escolha
na determinação dos efeitos resultantes de seu comportamento, como se dá no negócio
jurídico (um contrato, por exemplo).
O elemento básico, porém, é a manifestação de vontade.
Fonte: Gagliano, Pablo Stolze. Manual de direito civil: volume único. São Paulo:
Saraiva, 2017).

25
A) Por se tratar de um fato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação de
domicílio é irrelevante, uma vez que não é necessário levar em consideração a conduta
humana para a determinação dos efeitos jurídicos desse fato.
Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação de
domicílio é relevante, no sentido de verificar a existência de um ânimo de permanecer naquele
local.
No fato jurídico stricto sensu a vontade humana é irrelevante.
Incorreta letra “A".

B) Por se tratar de um ato-fato jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é


irrelevante, uma vez que, embora se leve em consideração a conduta humana para a
determinação dos efeitos jurídicos, não é exigível manifestação de vontade.
Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação de
domicílio é relevante, pois, nesse caso, os efeitos da declaração da vontade são
predeterminados pela lei.
No ato-fato jurídico, há atuação humana, mas desprovida de manifestação de vontade.
Incorreta letra “B".

C) Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, embora os seus efeitos sejam
predeterminados pela lei, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, no sentido
de verificar a existência de um ânimo de permanecer naquele local.

Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, embora os seus efeitos sejam
predeterminados pela lei, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, no sentido
de verificar a existência de um ânimo de permanecer naquele local.
Correta letra “C". Gabarito da questão.

D) Por se tratar de um negócio jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é


relevante, já que é a manifestação de vontade que determina quais efeitos jurídicos o negócio
irá produzir.

Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação de


domicílio é relevante, ainda que os efeitos do ato sejam predeterminados por lei.

26
No negócio jurídico há uma manifestação declarativa de vontades, negocial, com o
propósito de produzir efeitos pretendidos pelo agente.
Incorreta letra “D".

Resposta: C

Questão 12 - Defeitos do Negócio Jurídico, Teoria das Nulidades,


Causas de Nulidade e Anulabilidade

Bernardo, nascido e criado no interior da Bahia, decide mudar-se para o Rio de Janeiro.
Ao chegar ao Rio, procurou um local para morar. José, percebendo o desconhecimento de
Bernardo sobre o valor dos aluguéis no Rio de Janeiro, lhe oferece um quarto por R$ 500,00
(quinhentos reais). Pagando com dificuldade o aluguel do quarto, ao conversar com vizinhos,
Bernardo descobre que ninguém paga mais do que R$ 200,00 (duzentos reais) por um quarto
naquela região. Sentindo-se injustiçado, procura um advogado.
Sobre o caso narrado, com base no Código Civil, assinale a afirmativa correta.

A O negócio jurídico poderá ser anulado por lesão, se José não concordar com a
redução do proveito ou com a oferta de suplemento suficiente.
B O negócio jurídico será nulo em virtude da ilicitude do objeto.
C O negócio jurídico poderá ser anulado por coação em razão da indução de Bernardo a
erro.
D O negócio jurídico poderá ser anulado por erro, eis que este foi causa determinante do
negócio.

Gabarito:
Código Civil:
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo
em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou
se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
27
A) O negócio jurídico poderá ser anulado por lesão, se José não concordar com a
redução do proveito ou com a oferta de suplemento suficiente.
Bernardo, por inexperiência se obrigou a prestação (valor do aluguel) manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta (local do quarto), ou seja, ocorreu lesão.
O negócio jurídico poderá ser anulado por lesão, se José não concordar com a redução
do proveito ou com a oferta de suplemento suficiente.
Correta letra “A”. Gabarito da questão.

B) O negócio jurídico será nulo em virtude da ilicitude do objeto.


O negócio jurídico poderá ser anulado em virtude da lesão.
Incorreta letra “B”.

C) O negócio jurídico poderá ser anulado por coação em razão da indução de Bernardo
a erro.
O negócio jurídico poderá ser anulado por lesão em razão da inexperiência de Bernardo
ao se obrigar a prestação manifestamente desproporcional em relação a prestação oposta.
Incorreta letra “C”.

D) O negócio jurídico poderá ser anulado por erro, eis que este foi causa determinante
do negócio.
O negócio jurídico poderá ser anulado por lesão, eis que foi a causa determinante do
negócio.
Incorreta letra “D”.
Gabarito A.

Questão 13 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral

Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no ensino médio. Em agosto de


2012, ainda com 16 anos, começou estágio voluntário em uma companhia local. Em janeiro
de 2013, já com 17 anos, foi morar com sua namorada. Em julho de 2013, ainda com 17 anos,
após ter sido aprovado e nomeado em um concurso público, Pedro entrou em exercício no
respectivo emprego público.

28
Tendo por base o disposto no Código Civil, assinale a opção que indica a data em que
cessou a incapacidade de Pedro.

A Dezembro de 2011.
B Agosto de 2012.
C Janeiro de 2013.
D Julho de 2013.

Gabarito:
Código Civil:
Art. 5o
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
III - pelo exercício de emprego público efetivo;

A) Dezembro de 2011.
Julho de 2013, após ser aprovado e nomeado em concurso público.
Incorreta letra “A”.

B) Agosto de 2012.
Julho de 2013, após ser aprovado e nomeado em concurso público.
Incorreta letra “B”.

C) Janeiro de 2013.
Julho de 2013, após ser aprovado e nomeado em concurso público.
Incorreta letra “C”.

D) Julho de 2013.
Julho de 2013, após ser aprovado e nomeado em concurso público, ou seja, quando
começou a exercer emprego público efetivo.
Correta letra “D”. Gabarito da questão.
Gabarito D.

Questão 14 - Teoria das Nulidades, Causas de Nulidade e Anulabilidade

29
Juliana foi avisada que seu filho Marcos sofreu um terrível acidente de carro em uma
cidade com poucos recursos no interior do Ceará e que ele está correndo risco de morte
devido a um grave traumatismo craniano. Diante dessa notícia, Juliana celebra um contrato de
prestação de serviços médicos em valores exorbitantes, muito superiores aos praticados
habitualmente, para que a única equipe de médicos especializados da cidade assuma o
tratamento de seu filho.
Tendo em vista a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.

A O negócio jurídico pode ser anulado por vício de consentimento denominado estado
de perigo, no prazo prescricional de quatro anos, a contar da data da celebração do contrato.
B O negócio jurídico celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de dolo, tendo
em vista o fato de que a equipe médica tinha ciência da situação de Marcos e se valeu de tal
condição para fixar honorários em valores excessivos.
C O contrato de prestação de serviços médicos é anulável por vício resultante de estado
de perigo, no prazo decadencial de quatro anos, contados da data da celebração do contrato.
D O contrato celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de lesão, e por tal razão
não será suscetível de confirmação e nem convalescerá pelo decurso do tempo.

Gabarito:
Analisando as alternativas:

A) O negócio jurídico pode ser anulado por vício de consentimento denominado estado
de perigo, no prazo prescricional de quatro anos, a contar da data da celebração do contrato.

Código Civil:
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico;

30
O negócio jurídico pode ser anulado por vício de consentimento denominado estado de
perigo, no prazo decadencial de quatro anos, a contar da data da celebração do contrato.
Incorreta letra “A".

B) O negócio jurídico celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de dolo, tendo
em vista o fato de que a equipe médica tinha ciência da situação de Marcos e se valeu de tal
condição para fixar honorários em valores excessivos.

Código Civil:
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico;

O negócio jurídico celebrado por Juliana é anulável, por vício resultante de estado de
perigo, tendo em vista o fato de que a equipe médica tinha ciência da situação de Marcos e se
valeu de tal condição para fixar honorários em valores excessivos.
Incorreta letra “B".

C) O contrato de prestação de serviços médicos é anulável por vício resultante de estado


de perigo, no prazo decadencial de quatro anos, contados da data da celebração do contrato.

Código Civil:
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:

31
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico;

O contrato de prestação de serviços médicos é anulável por vício resultante de estado de


perigo, no prazo decadencial de quatro anos, contados da data da celebração do contrato.
Correta letra “C". Gabarito da questão.

D) O contrato celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de lesão, e por tal razão
não será suscetível de confirmação e nem convalescerá pelo decurso do tempo.

Código Civil:

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de


salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume
obrigação excessivamente onerosa.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico;

O contrato celebrado por Juliana é anulável, por vício resultante de estado de perigo, no
prazo decadencial de quatro anos, a contar do dia em que se realizou o negócio jurídico.
Incorreta letra “D".
Gabarito C.

Observação:

Importante diferenciar os vícios de conhecimento trazidos nessa questão:

32
No dolo é o artifício utilizado para enganar alguém, com intuito de benefício próprio,
levando o outro a praticar um ato que não praticaria normalmente. É negócio jurídico
anulável.
No estado de perigo, a outra parte conhece o grave dano a que o contratante está sujeito,
quando esse assume obrigação excessivamente onerosa. É negócio jurídico anulável.
Na lesão há apenas premente necessidade ou inexperiência ao assumir prestação
excessivamente onerosa. É negócio jurídico anulável.
Na simulação a aparência não é a mesma da essência. É negócio jurídico nulo e não
suscetível de confirmação pelas partes.
Gabarito C.

Questão 15 - Pessoa Jurídica

Roberto, por meio de testamento, realiza dotação especial de bens livres para a
finalidade de constituir uma fundação com a finalidade de promover assistência a idosos no
Município do Rio de Janeiro. Todavia, os bens destinados foram insuficientes para constituir a
fundação pretendida pelo instituidor. Em razão de Roberto nada ter disposto sobre o que fazer
nessa hipótese, é correto afirmar que

A os bens dotados deverão ser convertidos em títulos da dívida pública até que,
aumentados com os rendimentos, consigam perfazer a finalidade pretendida.
B os bens destinados à fundação serão, nesse caso, incorporados em outra fundação que
se proponha a fim igual ou semelhante.
C a Defensoria Pública do estado respectivo, responsável por velar pelas fundações,
destinará os bens dotados para o fundo assistencial mantido pelo Estado para defesa dos
hipossuficientes.
D os bens serão arrecadados e passarão ao domínio do Município, se localizados na
respectiva circunscrição.

Código Civil:

Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão,
se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha
a fim igual ou semelhante.
33
A) os bens dotados deverão ser convertidos em títulos da dívida pública até que,
aumentados com os rendimentos, consigam perfazer a finalidade pretendida.
Os bens dotados deverão ser incorporados em outra fundação que se proponha a fim
igual ou semelhante.
Incorreta letra “A”.

B) os bens destinados à fundação serão, nesse caso, incorporados em outra fundação


que se proponha a fim igual ou semelhante.
Os bens destinados à fundação, por serem insuficientes, serão incorporados em outra
fundação que se proponha fim igual ou semelhante.
Correta letra “B”. Gabarito da questão.

C) a Defensoria Pública do estado respectivo, responsável por velar pelas fundações,


destinará os bens dotados para o fundo assistencial mantido pelo Estado para defesa dos
hipossuficientes.
O Ministério Público é o responsável por velar pelas fundações (Art. 66 do CC). Mas
por não ter fundos suficientes para a constituição da fundação, deverão ser estes incorporados
à outra fundação de fim igual ou semelhante.
Incorreta letra “C”.

D) os bens serão arrecadados e passarão ao domínio do Município, se localizados na


respectiva circunscrição.
Os bens por serem insuficientes para constituir a fundação, deverão ser incorporados à
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
Incorreta letra “D”.

Gabarito B.

Questão 16 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral

Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e


discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao
rapaz a sua emancipação.

34
Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte
sentido:

A José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as
condições do tutelado.
B José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a
homologação judicial.
C José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário
procedimento judicial.
D José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de
pessoas naturais.

Gabarito:
Letra “A” - José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor
sobre as condições do tutelado.

Código Civil:
Art. 5o
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor,
se o menor tiver dezesseis anos completos;
Como José tem dezesseis anos, ele poderá ser emancipado através de processo judicial,
com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado.

Correta letra “A”. Gabarito da questão.

Letra “B” - José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a
homologação judicial.

Código Civil:
Art. 5o
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

35
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor,
se o menor tiver dezesseis anos completos;
Para que José seja emancipado é necessário procedimento judicial, e a oitiva do tutor.
Incorreta letra “B”.

Letra “C” - José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo
necessário procedimento judicial.

Código Civil:
Art. 5o
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor,
se o menor tiver dezesseis anos completos;
Para que José seja emancipado é necessário procedimento judicial e a oitiva do tutor.
Incorreta letra “C”.

Letra “D” - José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no
registro de pessoas naturais.

Código Civil:
Art. 5o
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor,
se o menor tiver dezesseis anos completos;
Para que José seja emancipado é necessário procedimento judicial e a oitiva do tutor.
Incorreta letra “D”.

Gabarito letra “A”.

Questão 17 - Pessoa Jurídica

36
Paulo foi casado, por muitos anos,no regime da comunhão parcial com Luana, até que
um desentendimento deu início a um divórcio litigioso. Temendo que Luana exigisse
judicialmente metade do seu vasto patrimônio, Paulo começou a comprar bens com capital
próprio em nome de sociedade da qual é sócio e passou os demais também para o nome da
sociedade, restando, em seu nome, apenas a casa em que morava com ela.
Acerca do assunto, marque a opção correta:

A A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei faculta a todo cidadão
defender sua propriedade, em especial de terceiros de má-fé
B É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade nos casos de
desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas não o contrário, de modo que não há nada
que Luana possa fazer para retomar os bens comunicáveis.
C Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da personalidade jurídica” encontra
aplicação em outros ramos do direito e da legislação, é correto afirmar que os parâmetros
adotados pelo Código Civil constituem a Teoria Menor, que exige menos requisitos
D No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens com patrimônio
particular em nome da sociedade, é possível atingir o patrimônio da sociedade, ao que se dá o
nome de “desconsideração inversa ou invertida'',de modo como matrimoniais e comunicáveis

Gabarito:
A pessoa jurídica é capaz de direitos e deveres na ordem civil, independentemente dos
membros que a compõem, com os quais não tem vínculo. Em regra, os seus componentes
somente responderão por débitos dentro dos limites do capital social, ficando a salvo o
patrimônio individual dependendo do tipo societário adotado.
Devido a possibilidade de exclusão da responsabilidade dos sócios ou administradores,
a pessoa jurídica que desvia-se de seus princípios e fins, cometendo fraudes e lesando
sociedade ou terceiros, surge a figura teoria da desconsideração da personalidade jurídica,
para coibir tais abusos. Com isso se alcançam pessoas e bens que se escondem dentro de uma
pessoa jurídica para fins ilícitos e abusivos.
Dessa forma os bens particulares dos sócios podem responder pelos danos causados a
terceiros. Porém, os bens da empresa também podem responder por dívidas dos sócios, por
meio da chamada teoria da desconsideração inversa ou invertida.
Conforme art. 50 do Código Civil:

37
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica caracterizado pelo desvio de
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o Juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica."

A respeito da desconsideração da personalidade jurídica, existem duas teorias adotadas


pelo sistema brasileiro:
a) Teoria maior – a desconsideração, para ser deferida, exige a presença de dois
requisitos: o abuso da personalidade jurídica + o prejuízo ao credor. Essa teoria foi adotada
pelo art. 50 do CC/2002.

b) Teoria menor – a desconsideração da personalidade jurídica exige um único


elemento, qual seja o prejuízo ao credor. Essa teoria foi adotada pela Lei 9.605/1998 – para
os danos ambientais – e pelo art. 28 do Código de Defesa do Consumidor.

Letra “A" - A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei faculta a todo
cidadão defender sua propriedade, em especial de terceiros de má-fé
A atitude de Paulo não encontra respaldo na legislação, uma vez que não está
defendendo sua propriedade, mas, claramente provocando confusão patrimonial, pois está
comprando bens particulares em nome da sociedade.
Incorreta letra “A".

Letra “B" - É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade nos


casos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas não o contrário, de modo que não
há nada que Luana possa fazer para retomar os bens comunicáveis.
É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade nos casos de
desvio de finalidade ou confusão patrimonial, que é chamada de desconsideração da
personalidade jurídica, de forma a alcançar os bens particulares dos sócios.

O contrário é possível, alcançar os bens da sociedade para responder pelas dívidas dos
sócios, e é chamada de desconsideração inversa ou invertida da personalidade jurídica. De
forma que, aplicando-se a desconsideração inversa, Luana pode retomar os bens
comunicáveis.
38
Incorreta letra “B".

Letra “C" - Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da personalidade jurídica"


encontra aplicação em outros ramos do direito e da legislação, é correto afirmar que os
parâmetros adotados pelo Código Civil constituem a Teoria Menor, que exige menos
requisitos.
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica adotada pelo Código Civil é a
Teoria Maior, em que é necessário a comprovação da fraude e do abuso de personalidade
(confusão patrimonial e desvio de finalidade) por parte dos sócios.
Para a Teoria Menor basta apenas o simples prejuízo do credor, não se preocupando se
houve ou não utilização fraudulenta do princípio da autonomia patrimonial, nem se houve ou
não abuso de personalidade.
Ou seja, a Teoria que exige menos requisitos para que haja a desconsideração da
personalidade jurídica é a Teoria Menor.
Incorreta letra “C".

Letra “D" - No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens com
patrimônio particular em nome da sociedade, é possível atingir o patrimônio da sociedade, ao
que se dá o nome de “desconsideração inversa ou invertida'', de modo como matrimoniais e
comunicáveis.
Caracteriza-se a desconsideração inversa quando é afastado o princípio da autonomia
patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio. Ao se
desconsiderar a autonomia patrimonial, será possível responsabilizar a pessoa jurídica pelo
devido ao ex­cônjuge do sócio.
Correta letra “D". Gabarito da questão.

Questão 18 - Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade, Parte Geral

João Marcos, renomado escritor, adota, em suas publicações literárias, o pseudônimo


Hilton Carrillo, pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor da Revista “Z”, empregou
o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos publicados nesse periódico, de sorte a expô-lo
ao ridículo e ao desprezo público.
Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta:

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A A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege o pseudônimo e,
em razão disso, não há de se cogitar em ofensa a direito da personalidade, no caso em exame.
B A Revista “Z”pode utilizar o referido pseudônimo em uma propaganda comercial,
associado a um pequeno trecho da obra do referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao
desprezo público, independente da sua autorização.
C O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às sanções legais
pertinentes, como interrupção de sua utilização e perdas e danos.
D O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, quando não há intenção difamatória.

Gabarito:
Alternativa “a”: O CC dispõe que:
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome.
Assim sendo, o pseudônimo de João Marcos está protegido, pois ele foi adotado por ele
para o exercício de atividades lícitas e, uma vez utilizado indevidamente para expô-lo ao
ridículo, conforme narrado na questão, evidentemente trazendo-lhe prejuízos, está tutelado
pela lei civil, assim como o nome.
A alternativa, portanto, está incorreta.

Alternativa “b”: De acordo com o CC:


Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Partindo-se, ainda, da premissa anteriormente exposta, de que o pseudônimo também
está protegido por lei, temos que é necessária autorização da pessoa para utilização de seu
pseudônimo em propagando comercial, ainda que não tenha a intenção de expô-la ao ridículo.

Alternativa “c”: Dispõe o CC que:


Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
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Portanto, em analogia ao disposto no art. 20 (que trata do direito de imagem), o mesmo
se aplica ao pseudônimo, de forma que sua utilização indevida sujeita o autor às sanções
legais, com a interrupção de sua utilização e a imposição de perdas e danos. A alternativa está,
portanto, correta.

Alternativa “d”: Na mesma linha do que foi exposto anteriormente, o uso do


pseudônimo não pode ser empregado por outrem, ainda que não haja intenção difamatória,
expondo a pessoa ao ridículo. A legislação civil atualmente veda a conduta conforme
explorado nas alternativas acima. Por tal razão, a alternativa “d” está incorreta.

Questão 19 - Defeitos do negócio jurídico

No que concerne aos defeitos do negócio jurídico, assinale a opção correta.

A Para caracterizar a simulação, defeito sujeito à anulabilidade do negócio jurídico,


exige-se que, na conduta do agente, além da intenção de violar dispositivo de lei, haja o
desejo de prejudicar terceiros.
B Podem demandar a anulabilidade do negócio simulado o terceiro juridicamente
interessado e o Ministério Público, sendo vedada aos simuladores a faculdade de alegar a
simulação ou requerer em juízo a sua anulação, em litígio comum ou contra terceiros.
C A lesão é vício de consentimento que surge concomitantemente com o negócio e
acarreta a sua anulabilidade, permitindo-se a revisão contratual para evitar a anulação,
aproveitando-se, assim, o negócio.
D Se, na celebração do negócio, uma das partes induzir a erro a outra, levando-a a
concluir a avença e assumir uma obrigação desproporcional à vantagem obtida pelo outro,
esse negócio será nulo porque a manifestação de vontade emana de erro essencial e escusável.

Gabarito:
Vícios de consentimento: erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo.
Erro - pessoa erra sozinha - anulação
Dolo - induzimento malicioso - anulação
Coação - ameaça, pressão psicológica - anulação
Lesão - obrigação desproporcional, necessidade de algo - anulação
Estado de perigo - saúde, valor alto para salvamento - anulação
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Vícios sociais: simulação e fraude contra credores.
Fraude contra credores - insolvência - anulação
Simulação - cláusula não verdadeira em contrato - nulidade
Gabarito: C

Questão 20 - Defeitos do negócio jurídico

João, credor quirografário de Marcos em R$ 150.000,00, ingressou com Ação Pauliana,


com a finalidade de anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à insolvência. João alega
que Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, por contrato de doação, propriedade rural
avaliada em R$ 200.000,00.
Considerando a hipótese acima, assinale a afirmativa correta.

A Caso o pedido da Ação Pauliana seja julgado procedente e seja anulado o contrato de
doação, o benefício da anulação aproveitará somente a João, cabendo aos demais credores,
caso existam, ingressarem com ação individual própria.
B O caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que constitui defeito no negócio
jurídico por vício de consentimento.
C Na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o pagamento da dívida ainda
não vencida, ficará João obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar
o concurso de credores, aquilo que recebeu.
D João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do negócio
jurídico fraudulento, contado do dia em que tomar conhecimento da doação feita por Marcos.

Gabarito:
Alternativa “A”: Segundo o CC:
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em
proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos
preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na
anulação da preferência ajustada.
Vê-se, portanto, consoante a redação do artigo, que no caso de anulação do negócio
fraudulento, a vantagem resultando beneficiará todos os credores e não somente aquele que
ingressou com a ação. Por esta razão, a alternativa está incorreta.
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Alternativa “B”: O negócio narrado na questão é hipótese de fraude contra credores e
não fraude à execução.
Alternativa “C”: está correta. É exatamente o que dispõe o CC:
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da
dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha
de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Alternativa “D”: De acordo com o CC:
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Considerando o teor do artigo 178, o primeiro erro da alternativa consiste em dizer que
o prazo para pleitear a anulação é prescricional. O prazo é decadencial. Além disso, não é de
dois, mas de quatro anos contados do dia em que se realizou o negócio jurídico e não do dia
em que o prejudicado tomar conhecimento dele.

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