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DIREITO CIVIL

III

CONTRATOS
UM POUQUINHO SOBRE MIM...
MESTRADO EM
MATEMÁTICA POLÍTICAS SOCIAIS E
CIDADANIA

ADVOGADA -
CONSULTORA
DIREITO
EMPRESARIAL E
TRABALHISTA

DIREITO E PROCESSO
DO TRABALHO MÃE
MULHER
FOTÓGRAFA
DIREITO FELIZ DA VIDA
EMPRESARIAL
19/11/2023
EMENTÁRIO

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS. PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO


CONTRATUAL. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS. FORMAÇÃO, ELEMENTOS E
OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS. EXTINÇÃO DO CONTRATO. DOS
CONTRATOS EM ESPÉCIE. NOVAS FIGURAS CONTRATUAIS NO DIREITO
BRASILEIRO.
ATIVIDADES DE CONTEXTUALIZAÇÃO E APLICAÇÃO PRÁTICA DA TEORIA EM
SITUAÇÕES REAIS E/OU SIMULADAS DA REALIDADE NO CAMPO JURÍDICO.
SUGESTÕES - BIBLIOGRAFIA

CRISTIANO
PABLO STOLZE E
ARNALDO CARLOS ROBERTO CHAVES E
RODOLFO
RIZZARDO GONÇALVES NELSON
PAMPLONA (V.4)
ROSENVALD (V.4)

FLÁVIO TARTUCE SÍLVIO DE SÁVIO MARIA HELENA ARNOLDO WALD


(V.3) VENOSA (V.3) DINIZ (V.3)

NORBERTO
BOBBIO
BREVE HISTÓRICO
 Na era primitiva: Permutas diversas

 Na era da Civilização:
1. Os hebreus conheceram o instituto do contrato antes da fundação de Roma;
2. No Antigo Egito, existiam contratos bem primitivos, regulamentando o casamento,
exigindo a sua inscrição no registro público, para estabelecer a filiação. Também
existiam contratos referentes à translação da propriedade, como venda,
juramento e tradição.
3. Na Grécia, predominavam as artes e as letras. O Direito não teve muito destaque.
No entanto, ainda assim, desde os primórdios das cidades-estados Esparta e
Atenas, podemos identificar alguns instrumentos primitivos de relações jurídicas,
relacionadas ao casamento e aos bens materiais.
 Roma – Grande destaque para o Direito:
Tábua VI: origem da obrigação e dos contratos (séc. V aC). O credor podia dispor
do corpo de seu devedor no caso de impontualidade ou inadimplemento da
obrigação.
 Corpus Juris Justiniano – Momento Supremo do Direito Romano – consolidação
do conceito de contrato.
Distinção entre convenção, pacto e contrato.
Convenção – gênero
Pacto (convenções não abrangidas pelo Direito Civil, despidas de ação e força
obrigatória) e contrato – espécies
 Direito Canônico – Assegurou à vontade humana a possibilidade de
criar direitos e obrigações – PACTA SUNT SERVANDA
 TEORIA DA AUTONOMIA DA VONTADE – Enciclopedistas, filósofos e
juristas que precederam a Revolução Francesa. Equiparação da
vontade das partes à lei.
 ROUSSEAU – baseia no contrato a própria estrutura estatal.
 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – Séc. XIX – Apogeu da liberdade
contratual.
 SÉC. XX – Ponderação da liberdade contratual.
FATO JURÍDICO E ATO JURÍDICO

Fato jurídico é todo acontecimento que tenha relevância para o Direito.


Esses acontecimentos podem ser provenientes da Natureza (fatos naturais)
ou da ação humana (atos jurídicos).
Ato Jurídico é um ato determinado pela vontade do homem, com o
propósito de obter certos efeitos restritivos à sua pessoa.
Negócio jurídico
é espécie de ato
FATO JURÍDICO = GÊNERO jurídico!
ATO JURÍDICO = ESPÉCIE
Meramente lícitos, Efeitos
ou atos jurídicos previstos por
em sentido estrito lei

LÍCITOS
Efeitos
ATOS JURÍDICOS Negócios Jurídicos previstos
pelas partes
ILÍCITOS
NEGÓCIO JURÍDICO

 “Declaração de vontade de uma ou mais pessoas capazes, com um


sentido ou objetivo determinado, visando a produção de efeitos
jurídicos, desde que lícitos e não ofendam a vontade declarada e o
ordenamento jurídico” (Arnaldo Rizzardo).

 “Manifestação de vontade de uma ou mais partes que visa produzir


efeito jurídico, isto é, o nascimento ou modificação ou determinação ou
extensão de um direito subjetivo” (Giuseppe Stolfi).
 Ato jurídico dirigido a um determinado fim, previamente, pela vontade
das partes contratantes.
Ex: testamentos, promessa
de recompensa,
reconhecimento de
UNILATERAIS
paternidade de menores de
18 anos, emissão de
cheques, etc.
NEGÓCIOS JURÍDICOS

BILATERAIS Ex: CONTRATOS


CONCEITO
 CONTRATO é um negócio jurídico bilateral, um acordo de vontades,
com a finalidade de produzir efeitos no âmbito do Direito.
 Segundo o clássico conceito de Clóvis Bevilaqua (1934, p. 245),
contrato é um “acordo de vontades para o fim de adquirir,
resguardar, modificar ou extinguir direitos”. Ou, ainda, conforme
Ulpiano, é o “mútuo consentimento de duas ou mais pessoas
sobre o mesmo objeto” (apud MONTEIRO, 2007, p. 4).
 O contrato é uma construção elaborada (além do mais) “com o
fim de dotar a linguagem jurídica de um termo capaz de resumir,
designando-os de forma sintética, uma série de princípios e
regras de direito, uma disciplina jurídica complexa” (ROPPO,
1988, p. 7). Não é outra a conclusão a que se chega ao dizer que o
contrato é um instituto jurídico: um “conjunto de princípios e
normas que regem uma determinada relação ou situação
jurídica” (NORONHA, 2007, p. 12).
REQUISITOS DE VALIDADE DO
CONTRATO
Objeto lícito,
possível e
Art. 104 Agente capaz determinado, ou
do CC pelo menos
determinável

Observação Importante:
REQUISITO ESSENCIAL DO
Forma prescrita ou CONTRATO: CONSENTIMENTO,
que pode ser tácito ou
não defesa em lei
expresso.
PRINCÍPIOS APLICADOS

1. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE


Nas relações entre particulares as pessoas são livres para estabelecer entre
elas direitos e obrigações que bem entenderem, desde que não viole os
imperativos legais.

2. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA


Representa um freio à autonomia da vontade, posto que a vontade das partes
não pode violar norma cogente, devendo, pois, respeitar a ordem pública,
que, na tutela do interesse coletivo sempre prevalecerá frente à autonomia
da vontade particular.
3. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS
O contrato cria um vínculo jurídico entre as partes, por meio de
uma relação obrigacional. Nesse contexto, os direitos e as
obrigações surgidas formam um pacto contratual de força
obrigatória, mundialmente conhecido como pacta sunt servanda.

4. PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO
O contrato é fruto do livre e consciente consentimento das
partes. Basta, portanto, o acordo das vontades para que o
contrato seja celebrado, não dependendo necessariamente de
uma prestação das partes para se formar ou de um rito especial
para tal.
5. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DOS CONTRATOS
O contrato só produz efeitos entre as partes contratantes.
Não atinge terceiros estranhos àquela relação jurídica. Como se trata de
direito pessoal obrigacional, os efeitos são oponíveis apenas àqueles que são
partes, diferentemente dos direitos reais, cujos efeitos são oponíveis a
todos.

6. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO


O contrato não pode ser concebido como um pacto que atenda estritamente
aos interesses daqueles que o estipulem, mas sim de forma que seus efeitos
possam ir ao encontro das relações sociais.
Em outras palavras, os interesses dos contratantes devem estar em
consonância com o interesse social.
6. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
As partes ao contratar devem, desde as tratativas até a conclusão do contrato, observar
a mais estrita boa-fé, tanto subjetiva quanto objetiva.
A boa-fé subjetiva se refere ao conhecimento das partes em relação a alguma situação.
A boa-fé objetiva é o dever de agir em relação à outra parte com honestidade e
lealdade.

CONCEITOS IMPORTANTES:
 SUPRESSIO
 SURRECTIO
 VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM
 TU QUOQUE
 DUTY MITIGATE THE LOSS
 NACHFRIST
SURRECTIO = Surgimento
SUPRESSIO =Trata-se da
de direito para uma das
perda do direito por
partes, em virtude da
renúncia tácita; perda
inatividade de outra
de posição jurídica.
parte.

VENIRE CONTRA FACTUM


TU QUOQUE = Quem
PROPRIUM = Vedação a
viola uma regra dela não
comportamentos
pode se beneficiar.
contraditórios.
DUTY MITIGATE THE LOSS =
EXCEPTIO DOLI = É a defesa
Dever do credor em evitar o
do réu contra ações dolosas,
agravamento do próprio
contrárias à boa-fé.
prejuízo.

NACHFRIST=Concessão de EXCEPTIO NON ADIMPLETIO


prazo adicional ou período CONTRACTUS = Art 476 CC
de carência pelo comprador (“nos contratos bilaterais,
para que o vendedor nenhum dos contratantes,
cumpra a obrigação. antes de cumprida a sua
Objetiva conservar o obrigação, pode exigir o
contrato. implemento da do outro”).
7. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO
Os signatários devem ter conhecimento desde o início do contrato de quais
serão seus ganhos e seus gastos (comutatividade).
Porém, em algumas circunstâncias, por motivos alheios à vontade dos
contratantes, esta previsibilidade dos efeitos pode ser modificada, tornando
assim o pacto demasiadamente prejudicial a um em detrimento das inúmeras
exigências atribuídas a outro em razão de algum acontecimento imprevisível.
Com isso, quando isso acontecer, o direito brasileiro confere o poder de a parte
prejudicada pedir revisão ou resolução contratual, para que o equilíbrio
contratual seja restabelecido.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

MANIFESTAÇÃO DA FASE PRELIMINAR


A PROPOSTA
VONTADE DO CONTRATO

MOMENTO DA
FORMAÇÃO DO
ACEITAÇÃO
CONTRATO E LUGAR
DA CELEBRAÇÃO
MANIFESTAÇÃO DA VONTADE
 NASCE DO INTERIOR DO HOMEM A DISPOSIÇÃO DE CONTRATAR: PRIMEIRO MOMENTO NA
FORMAÇÃO DO VÍNCULO OBRIGACIONAL, SITUADO NA ESFERA SUBJETIVA OU
PSICOLÓGICA, QUE REPRESENTA O LIVRE CONSENTIMENTO. SEM ESSE ESTÁGIO, NÃO SE
ALCANÇA A EXTERIORIZAÇÃO.

 SE HOUVER VÍCIO DE CONSENTIMENTO, ISSO RESULTARÁ NA ANULAÇÃO DO CONTRATO.

 A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE DECORRE DA EXTERIORIZAÇÃO DA LIVRE DISPOSIÇÃO


DE CONTRATAR.
 DUAS OU MAIS PESSOAS DIRIGEM AS INTENÇÕES NO SENTIDO DE UM NEGÓCIO
DETERMINADO – INTENÇÃO SIMULTÂNEA DAS DELIBERAÇÕES DE CADA CONTRATANTE.
 A DECLARAÇÃO DE VONTADE GERA OBRIGAÇÕES QUE FICAM CIRCUNSCRITAS AOS QUE
A MANIFESTARAM.
Pactos antenupciais (art.1653);
casamento (art.1.536); a instituição de
bem de família (art. 1.714); contratos
EXPRESSA* que não valem sem instrumento público
(art. 109); criação das fundações por
atos entre vivos (art.62); contratos do
art. 108 CC
MANIFESTAÇÃO
DE VONTADE
Decorre de certos fatos positivos,
induvidosos ou inequívocos que
autorizam ou induzem o seu
TÁCITA reconhecimento. Cria-se uma
determinada situação contra a qual não
se opõe a oura parte, fazendo concluir-
se pela sua aquiescência.

* Art.221 CC:Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja
na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor;
mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado
no registro público.
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráter legal.
O mero silêncio resulta em
consentimento?
Em regra, SIM Mas às vezes, NÃO
Art. 539. O doador pode fixar
Lei de Locações (Lei nº8245/91)
prazo ao donatário, para Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou
declarar se aceita ou não apromessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o
liberalidade. Desde que o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em
donatário, ciente do prazo, não
igualdade de condições com terceiros, devendo o locador
faça, dentro dele, a
dar - lhe conhecimento do negócio mediante notificação
declaração, entender-se-á que
judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca.
aceitou, se a doação não for
Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as
sujeita a encargo. condições do negócio e, em especial, o preço, a forma de
pagamento, a existência de ônus reais, bem como o local e
Art. 659. A aceitação do horário em que pode ser examinada a documentação
mandato pode ser tácita, e pertinente.
resulta do começo de Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se não
execução. manifestada, de maneira inequívoca, sua aceitação integral à
proposta, no prazo de trinta dias.
Silêncio circunstanciado (Adauto Fernandes, apud
RIZZARDO, 2021, p.42):

 “Quando as partes, tendo relações de negócios frequentes e sucessivos,


convencionaram que todas as propostas de uma delas deverão, no silêncio
da outra, ser havidas como aceitas por esta;
 Quando o indivíduo que respondeu foi quem provocou a proposta, de tal
sorte que era inútil reiterar uma adesão antecipadamente dada;
 Quando a proposta foi aceita no exclusivo interesse do destinatário, em
termos em que este não tinha motivo material, nem conveniência moral,
para recusá-la;
 Quando o silêncio do destinatário não podia ser interpretado senão como
aceitação, especialmente sendo-lhe concedido pelo proponente um prazo
para reflexão”.
FASE PRELIMINAR DO CONTRATO

 Também chamada de Fase Preparatória ou Fase da Pontuação do contrato.


 As partes formalizam as intenções e confeccionam o contrato definitivo.
 É nesse momento prévio que as partes conversam, discutem, ponderam, analisam
documentos, fazem cálculos, estudos diversos e adequados ao objeto do negócio,
redigem a minuta do contrato, debatendo e equacionam interesses antagônicos,
para chegarem a um denominador comum, que resultará no contrato definitivo.

 Obs: Caso essa fase preliminar não resulte concretização do contrato e gere para
uma das partes prejuízos devidamente comprovados, caberá indenização, em face
do princípio da boa-fé e do enriquecimento sem causa.
A PROPOSTA
 Também chamada de POLICITAÇÃO.
 É o primeiro momento no desenrolar dos atos que levam ao contrato propriamente
dito.
 Uma das partes oferece a relação contratual pretendida a um possível interessado.
 Declaração de vontade dirigida a uma pessoa com quem se pretende contratar.
 Visa solicitar a manifestação de vontade da outra parte, que se denominará
aceitante, desde que a acolha e a aprove, a ela aderindo.
 É a oferta que uma pessoa faz a outra, com vistas à celebração de determinado
negócio (aquele que apresenta a proposta é chamado de proponente, ofertante ou
policitante).
A ACEITAÇÃO
 Ato pelo qual o destinatário manifesta sua vontade em concluir o contrato,
nos termos da proposta. É ato livre; portanto, pode o oblato aceita-la ou
negá-la.
 Para operar a formação do contrato, a aceitação há de equivaler a posposta
feita. Uma aceitação parcial, ou condicional, ou mediante alteração na
proposta representa uma CONTRAPROPOSTA, não significando a aceitação
capaz de produzir o efeito imediato da formação do contrato.
 A aceitação deve ser pura e simples; deve ser endereçada ao proponente;
deve ser tempestiva (deve chegar ao proponente no prazo estabelecido por
ele, ou naquele normalmente necessário, segundo a natureza do negócio ou
segundo os usos...). Se o proponente exigir uma forma específica de
aceitação no contrato, a aceitação não será válida se for dada de forma
diversa.
MOMENTO DA FORMAÇÃO DO
CONTRATO E LUGAR DA CONTRATAÇÃO
 Quando o contrato é celebrado entre presentes, a formação se dá no
ato imediato que segue à proposta, isto é, quando da aceitação, ou da
resposta positiva à oferta. Reputa-se concluído tão logo o solicitado
exterioriza sua aceita.
 Nos contratos entre ausentes, tornam-se perfeitos desde que a
aceitação é expedida, conforme o art. 434 do CC, exceto:
1. No caso do art.433 do CC (Considera-se inexistente a aceitação, se
antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante);
2. Se o proponente se houver comprometido a esperar a resposta;
3. Se ela não chegar no prazo convencionado.
Seção II
Da Formação dos Contratos
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da
natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a
pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao
conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do
proponente.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato,
salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta
faculdade na oferta realizada.
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do
proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas
e danos.
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova
proposta.
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o
proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a
recusa. ACEITAÇÃO TÁCITA.
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente
a retratação do aceitante.
ANALISE O CASO CONCRETO
E RESPONDA: ACC1
 HARRY POTTER SOLICITOU UMA RESERVA DE UM QUARTO NO HOTEL
PATACHOCAS, EM MORRO DE SÃO PAULO, PARA OS DIAS 14 A 18 DE ABRIL DE
2022. HARRY DISSE QUE DESLOCARIA PARA O HOTEL NESSE PERÍODO, MAS
NÃO RECEBEU AVISO EM CONTRÁRIO.
Diante do caso concreto, responda fundamentadamente as perguntas?
A) Harry Potter pode considerar que houve aceitação por parte do hotel, de seu
pedido de reserva?
B) Se sim, quais as consequências jurídicas que deverão arcar:
B1. Harry Potter, caso não compareça nas datas indicadas?
B2. O Hotel, caso não disponibilize a Harry o quarto solicitado?
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

QUANTO AOS EFEITOS: Em relação aos efeitos, os contratos unilaterais são aqueles em
que apenas uma das partes se obriga em face da outra.
UNILATERIAIS No momento em que se forma, só gera obrigação para uma das
partes. Assim, uma das partes é exclusivamente credora e a outra
é exclusivamente devedora.

São aqueles que criam obrigações para ambas as partes e essas


CONTRATOS BILATERAIS obrigações são recíprocas. Nesses contratos, as duas partes
aceitam, simultaneamente, a dupla posição de credor e devedor.
Cada qual tem direitos e obrigações.

Nos contratos plurilaterais, há o envolvimento de várias pessoas,


PLURILATERAIS trazendo direitos e deveres para todos. Ex: contrato de
consórcio.
QUANTO ÀS VANTAGENS PATRIMONIAIS: ATENÇÃO:
Geralmente os
contratos onerosos
são bilaterais e os
contratos gratuitos
são unilaterais.
Apenas uma das
Exceção: MÚTUO
GRATUITOS OU partes aufere
BENEFÍCOS benefício ou FENERATÍCIO:
vantagem. unilateral e
CONTRATOS oneroso.
Ambas as partes
obtêm proveito, ao
ONEROSOS
qual corresponde
um sacrifício.
QUANTO AO MOMENTO DO APERFEIÇOAMENTO:

Aperfeiçoam-se com a
simples manifestação da
CONSENSUAIS
vontade. Ex: compra e
venda.

CONTRATOS
Aperfeiçoam-se com a
entrega da coisa (traditio
rei) e não apenas com a
REAIS
manifestação da vontade.
Ex: comodato, mútuo,
depósito.
QUANTO AOS RISCOS QUE ENVOLVEM A PRESTAÇÃO:

Comutativo é o contrato quando se celebram uma relação em que recebem a


vantagem e prestam a obrigação, consistente em coisa certa e determinada, embora
COMUTATIVOS sem escapar aos riscos relativos à mesma, nem à oscilação sobre o seu valor.
São os contratos em que há a certeza da prestação de ambas as partes e, mesmo
subjetivamente, há equivalência entre a prestação e a contraprestação .

CONTRATOS

Aleatório é o contrato no qual uma ou ambas as partes apresentam-se incertas,


ALEATÓRIOS
porquanto a sua quantidade ou extensão fica na dependência de um fato futuro ou
imprevisível, o que torna viável venha a ocorrer uma perda, ou um lucro para uma das
partes.
QUANTO À PREVISÃO LEGAL:

Tem tratamento
NOMINADOS OU
legislativo
TÍPICOS
específico.
CONTRATOS
Não tem
INOMINADOS OU tratamento
ATÍPICOS legislativo
específico.
QUANTO AO MOMENTO DE APERFEIÇOAMENTO:

Real é o contrato que para


se consumar, depende da
REAIS entrega de certo objeto
(mútuo, comodato, penhor,
depósito).
CONTRATOS
Consensual é o contrato que
depende exclusivamente do
CONSENSUAIS consentimento das partes,
dispensando qualquer forma
especial ou solene.
QUANTO À INDEPENDÊNCIA CONTRATUAL:

Principais são os contratos que têm vida por


si mesmos, não dependendo de outros.
PRINCIPAIS Constituem figuras típicas, consagradas por
lei, e se expressam soberanamente em
relação aos outros.

CONTRATOS
Acessórios são aqueles subordinados e
dependentes da outra espécie, os
ACESSÓRIOS principais, sem os quais não subsistem. Ex:
fiança, penhor, aval, caução, hipoteca,
anticrese.
QUANTO AOS RISCOS QUE ENVOLVEM A PRESTAÇÃO:

Nesses contratos, as partes podem


antever as vantagens e os
COMUTATIVOS OU sacrifícios, que geralmente se
PRÉ-ESTIMADOS equivalem, decorrentes de sua
celebração, porque não envolvem
nenhum risco.

CONTRATOS
1. EMPTIO SPEI – Venda
de esperança, em que
um dos contratantes
Nesses contratos, a toma para si o risco
prestação de uma das quanto à existência da
ALEATÓRIOS
partes não é conhecida coisa.
com exatidão (alea=sorte).
2. EMPTIO REI SPERATAE
– O risco versa sobre a
quantidade da coisa.
QUANTO AO MOMENTO DO CUMPRIMENTO:

Instantâneos são os contratos que se cumprem por uma só


prestação, no momento estipulado, como uma compra e
INSTANTÂNEOS
venda de um objeto mediante pagamento integral,
embora com prazo. Contratos de execução única.

Também são chamados contratos de trato sucessivo ou de


CONTRATOS SUCESSIVOS duração ou de execução continuada. As prestações são
executadas de forma continuada e sequenciada.

Os contratos de execução diferida são instantâneos, mas


DE EXECUÇÃO a prazo, isto é, constituem aqueles que tenham de ser
DIFERIDA cumpridos em uma única prestação no futuro. A execução
é protraída para outro momento, de uma única vez.
ATENÇÃO

Á VISTA = CONTRATOS
MERAMENTE
INSTANTÂNEOS – são INSTANTÂNEOS
contratos suja execução é
cumprida de uma única vez,
i.e., a prestação acontece
em uma única parcela EM UMA DATA FUTURA
CONTRATOS PODEM
– A PRAZO: DE
SER
EXECUÇÃO DIFERIDA

DE TRATO SUCESSIVO
= SUCESSIVOS
QUANTO À PRESENÇA DE FORMALIDADES:

Não exigem
qualquer
INFORMAIS
formalidade. Esta é
a regra.

Exigem uma forma


CONTRATOS FORMAIS específica: a
escrita.

Exigem escritura
SOLENES
pública.
EXTERIORIZAÇÃO DOS CONTRATOS
 1. LUGAR DA CELEBRAÇÃO

Art. 435 CC. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

Art. 9o LINDB. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país


em que se constituírem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de
forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que
residir o proponente.
2. PUBLICIDADE DO CONTRATO
Os contratos, para produzir efeitos
jurídicos, garantir segurança às
partes e oportunizar direitos a
Art. 9 oCC . Serão registrados em registro público:
terceiros, devem ser de
I - os nascimentos, casamentos e óbitos; conhecimento público.
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
Art. 1.245 CC. Transfere-se entre vivos a Art. 221 CC. O instrumento particular, feito e
propriedade mediante o registro do título assinado, ou somente assinado por quem esteja
translativo no Registro de Imóveis. na livre disposição e administração de seus
§ 1 o Enquanto não se registrar o título bens, prova as obrigações convencionais de
translativo, o alienante continua a ser havido qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como
como dono do imóvel. os da cessão, não se operam, a respeito de
terceiros, antes de registrado no registro
§ 2 o Enquanto não se promover, por meio de
público.
ação própria, a decretação de invalidade do
registro, e o respectivo cancelamento, o Parágrafo único. A prova do instrumento
adquirente continua a ser havido como dono do particular pode suprir-se pelas outras de
imóvel. caráter legal.
3. DIREITO DE ARREPENDIMENTO

Não está previsto expressamente no Código Civil.


O Código Civil, Leis esparsas e a Jurisprudência tratam do Direito de
Arrependimento em casos de Contratos Específicos.

SÚMULA 166 do STF:

É INADMISSÍVEL O ARREPENDIMENTO NO COMPROMISSO DE


COMPRA E VENDA SUJEITO AO REGIME DO DECRETO-LEI 58, DE
10/12/1937.
OBJETO DO CONTRATO

 OBJETO DO CONTRATO É O DIREITO QUE AS


PARTES QUEREM FAZER NASCER AO
CONTRATAREM (um dar, um fazer, um
prestar).

 OBJETO DA OBRIGAÇÃO é a coisa, o fato, a


prestação, enfim, a que se aplica aquele
direito, aquilo a que o devedor se obrigou
(Carvalho de Mendonça).
 OBJETO DO CONTRATO = O VERBO

 OBJETO DA OBRIGAÇÃO = A COISA


REQUISITOS DO OBJETO DO CONTRATO
1. POSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
Ex: impossível é o objeto nos contratos de compra e venda em que a coisa
pereceu, fato desconhecido do comprador; alienação de coisa inalienável
(praça pública).
Obs: 426 CC. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
2. UTILIDADE DA PRESTAÇÃO
Precisa ter alguma utilidade para o credor, seja de ordem
material/econômica seja de ordem moral.
3. LICITUDE DA PRESTAÇÃO
Ilícito: negócios ou ações que atentem contra os costumes, a moral social, a
ordem pública
TEORIA DA IMPREVISÃO E REVISÃO DOS
CONTRATOS

Autonomia Força
Efetivação
de vontade obrigatória
do Contrato
das partes do contrato

A força obrigatória dos contratos é um princípio que pode ser RELATIVIZADO. A


revisão do contrato feita com base na teoria da imprevisão é uma dessas hipóteses
de relativização da obrigatoriedade contratual.
A teoria da imprevisão poderá ser aplicada a partir do
surgimento, no decorrer do contrato, de uma situação nova
e extraordinária, que torna a obrigação de uma das partes
extremamente onerosa.
A situação nova e extraordinária deve estar fora da normalidade
e distante de qualquer possibilidade de previsão.
O fato novo e extraordinário que afeta a relação contratual
causa uma onerosidade excessiva para uma das partes, nestas
situações pode-se aplicar a teoria da imprevisão.
Disponível em: https://bnbb.adv.br/aplicabilidade-da-teoria-da-imprevisao
-em-contratos/#:~:text=Teoria%20da%20imprevis%C3%A3o%20no%20C
%C3%B3digo%20Civil%20Brasileiro&text=Art.,o%20valor%20real%20d
a%20presta%C3%A7%C3%A3o
.
Objetivo da Teoria da Imprevisão
Evitar a existência de situações desproporcionais ou injustas para uma das partes, em face do caráter
obrigatório do contrato.

“A ocorrência de um fato imprevisível e extraordinário, que esteja fora do risco normal de um


negócio, como por exemplo o abalo econômico causado pela pandemia do novo coronavírus,
pode afetar de maneira significativa a relação contratual de determinadas atividades.
Quando o fato imprevisível e extraordinário acarreta uma onerosidade excessiva para uma das
partes, ocasiona consequentemente uma vantagem para a outra parte. Para manter o equilíbrio
econômico-financeiro da relação, o prejudicado poderá pleitear a revisão contratual, caso
atenda aos requisitos legais” (BNBB, site citado no slide anterior).
ELEMENTOS DA TEORIA DA IMPREVISÃO

1. A ocorrência do fato extraordinário e imprevisível;

2. A constatação da onerosidade excessiva, que torna a


obrigação contratual impraticável para uma das partes (causou
desequilíbrio econômico); e

3. O contrato deve ser de execução continuada ou de


execução diferida.
APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO

 A parte que sofreu a onerosidade


excessiva deverá ingressar com a ação
judicial, pleiteando o reconhecimento
da teoria da imprevisão e
consequentemente a revisão
contratual.
 O requerimento de revisão do contrato poderá conter a
solicitação de uma redução do valor total da prestação ou,
ainda, pela dispensa de determinada obrigação do devedor.
 Quando a solicitação for de revisão contratual, o magistrado
terá sua atuação limitada a resolver a onerosidade e retomar o
equilíbrio financeiro entre as partes, para que a obrigação se
cumpra, sem a ocorrência de nenhuma injustiça.
 Quando a solicitação for de extinção da obrigação, ou seja,
rescisão contratual, o magistrado vai ter sua atuação limitada a
isto, o que significa dizer que ele não poderá deliberar sobre
revisão contratual. Deverá se ater ao que foi pedido na ação.
 Nas hipóteses de extinção do contrato, os seus efeitos irão
retroceder até a data da citação. Isto significa dizer que as
obrigações anteriores à data da citação vão ser cumpridas
normalmente.
Fonte: https://bnbb.adv.br/aplicabilidade-da-teoria-da-imprevisao-em-contratos/#:~:text=Teoria%20da%20imprevis%C3%A3o%20no
%20C%C3%B3digo%20Civil%20Brasileiro&text=Art.,o%20valor%20real%20da%20presta%C3%A7%C3%A3o.
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção
manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua
execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que
assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de
uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem
para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a
decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar
equitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes,
poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de
executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE
DOS EFEITOS DOS CONTRATOS
 A princípio, em face do princípio da Relatividade dos Contratos, o contrato só produz
efeitos em relação às partes contratantes, não prejudicando nem beneficiando
terceiros não integrantes da relação jurídica. Essa é a visão tradicional.
 No entanto, com o passar dos anos, houve alteração dos paradigmas da teoria geral
dos contratos, e por isso, o individualismo e o interesse meramente patrimonial que
marcaram o Estado Liberal cederam espaço para novos princípios contratuais, como a
boa-fé objetiva, a função social dos contratos e o equilíbrio econômico dos
contratos, todos sustentados na dignidade da pessoa humana, igualdade substancial
e solidariedade social - valores fundamentais do Estado Democrático de Direito.
 Em razão dessa interação entre os princípios clássicos e modernos, houve uma
mitigação do princípio da relatividade dos efeitos contratuais.
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO

Acordo de vontades pelo qual um das partes se compromete a


cumprir uma obrigação em favor de alguém que não participa do
ato negocial. (Paulo Nader, 2015, p.94)
A estipulação é considerada negócio peculiar, pois, em vez de
resultarem dos contratos obrigações recíprocas entre os
contraentes, apenas um deles assume o encargo de realizar a
prestação em favor de terceiro.

https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/707516625/direito-civil-
estipulacao-em-favor-de-terceiros-e-promessa-de-fato-de-terceiro
PEDRO PROMITENTE

DOMINIQUE - BENEFICIÁRIA

ANA
ESTIPULANTE
O estipulante é o que contrata com o promitente (devedor) certa vantagem em
favor de terceiro (beneficiário); já o promitente é aquele que promete o
cumprimento de certa vantagem patrimonial a terceiro; e o beneficiário, por sua
vez, é o indivíduo que não participa do contrato, estranho a sua formação, mas
recebe a vantagem.
Vínculo Obrigacional: Forma-se com o consentimento do estipulante e do
promitente, sendo necessário apenas que o terceiro (beneficiário) seja
determinável (inclusive pessoa futura).
Objeto: Benefício em favor do terceiro, sem que haja uma contraprestação do
mesmo.
A atribuição patrimonial é gratuita, elemento necessário para que a estipulação
em favor de terceiro ocorra, o benefício deve ser recebido sem qualquer
contraprestação e representar vantagem suscetível de atribuição pecuniária. Não
vale a estipulação que imponha contraprestação, pois, a estipulação não pode
ser feita contra o terceiro, e sim, a seu favor.
https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/707516625/direito-civil-estipulacao-em-favor-de-terceiros-e-promessa-de-fato-de-terceiro
Requisitos essenciais à estipulação em favor de terceiros:

a) estipulante capaz, principalmente, para alienar os próprios bens, que agindo


em seu próprio nome faça a estipulação. É o caso do segurado, no seguro de vida;
b) promitente capaz, que se obriga perante o estipulante a realizar prestação em
favor do terceiro. É o caso da seguradora, que pagará a indenização do seguro à
pessoa indicada pelo segurado;
c) terceiro determinado ou determinável, capaz ou incapaz.
A estipulação deve ser inequívoca, não sendo, porém, direito absoluto, vez que
pode ser revogada antes da aceitação do terceiro.

https://claudiamaraviegas.jusbrasil.com.br/artigos/707516625/direito-civil-estipulacao-em-
favor-de-terceiros-e-promessa-de-fato-de-terceiro
Características:

 O terceiro torna-se credor do promitente;


 O direito subjetivo do terceiro nasce com o contrato, mas pode estar sob
termo, condição ou encargo;
 O terceiro pode recusar-se a receber (exoneração do promitente);
 O promitente pode opor as exceções que tiver contra o beneficiário e
aquelas fundadas no contrato;

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em-favor-de-terceiros-e-promessa-de-fato-de-terceiro
 Aceitação: Como o beneficiário é parte estranha ao contrato, torna-se
necessário a sua aceitação do benefício para que o negócio jurídico
avençado tenha eficácia. Se assim desejar, negando aceitação, o efeito
do contrato não se realiza.
 Porém, a validade do contrato não depende de sua vontade, mesmo
porque o terceiro é parte estranha a este, mas, a eficácia sim ficará
nesta pendência. Manifestado seu consentimento por parte do
beneficiário, o direito considera-se adquirido desde o momento em que
o contrato se tornou perfeito e acabado.

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estipulacao-em-favor-de-terceiros-e-promessa-de-fato-de-terceiro
Casuística:

1. Se o estipulante falece antes de indicar o beneficiário: negócio jurídico


inexistente;

2. Se o beneficiário falece antes de tomar ciência: sucessão causa mortis;

3. Se o beneficiário não detém legitimidade: negócio nulo (art. 104 do CC/2002).


 Entre promitente e beneficiário:

· O beneficiário é credor do promitente;


· Não gera direito, apenas expectativa se houver termo ou condição;
· O beneficiário tem direito de exigir o cumprimento da obrigação
· O promitente pode opor as exceções que tenha contra o beneficiário.
 Entre estipulante e beneficiário:

· Faculdade de criar direito subjetivo para o terceiro;

· Beneficiário pode rejeitar sem qualquer justificativa;

· Se houver encargo, o estipulante pode exigir seu cumprimento.


ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO NO CÓDIGO CIVIL

Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da


obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é
permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a
ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.

Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de


reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.

Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado


no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição
de última vontade.
PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO
 A promessa de fato de terceiro está prevista nos artigos 439 e 440 do Código Civil e ela implica no
fato de que uma pessoa se compromete com outra a obter o consentimento de uma terceira pessoa na
conclusão de um contrato sem ter recebido preliminarmente o consentimento desta última pessoa para
a conclusão deste contrato. A eficácia deste contrato depende da ratificação posterior da terceira
pessoa que não está, a priori, obrigada a nada.
 A pessoa que se compromete com outra a obter o consentimento de uma terceira pessoa normalmente
assume este compromisso porque tem um bom relacionamento com esta última, seja ele decorrente de
amizade ou de laços de família. Desta forma, para realizar a venda de um imóvel que se encontra
indivisível quando um dos co-proprietários é ausente ou menor, os outros co-proprietários se
comprometem a obter sua ratificação posteriormente.
Fonte: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-36/da-promessa-de-fato-de-terceiro/#:~:text=A%20promessa
%20de%20fato%20de,pessoa%20para%20a%20conclus%C3%A3o%20deste
 A promessa de fato de terceiro possui uma fase de antecipação onde não existe ainda a conclusão do
contrato em virtude da ausência do consentimento da terceira pessoa e uma segunda fase onde existe a
decisão da terceira pessoa.
 Na fase de antecipação o objetivo é o de realizar um contrato válido que possa ser executado,
substituindo-se a vontade de uma das partes ainda não expressa, que é justamente a da terceira pessoa.
 O contratante que se compromete a obter o comprometimento da terceira pessoa assume uma
responsabilidade pessoal pelo fato prometido. Neste momento existe um contrato imperfeito e válido
porque ainda não houve a ratificação pela terceira pessoa, ficando somente os contratantes obrigados.
 A promessa de fato de terceiro não é submetida a alguma forma particular e pode inclusive ser tácita.
Fonte: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-36/da-promessa-de-fato-de-terceiro/
#:~:text=A%20promessa%20de%20fato%20de,pessoa%20para%20a%20conclus%C3%A3o%20deste
 promessa feita pela pessoa que se compromete a obter o consentimento de um terceiro para a
conclusão do contrato acarreta uma intromissão no patrimônio deste último devido a uma
representação desprovida de poderes a qual depende da ratificação do representado.
 Através da ratificação o terceiro aprova a iniciativa daquele que o representou desprovido de poderes
e esta sua manifestação é unilateral, ou seja, caberá a ele a opção em concluir ou não o contrato.
 Segundo o artigo 440 do Civil, “nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem,
se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. ” Com a ratificação a obrigação daquele que se
comprometeu em obter o consentimento do terceiro deixa de existir. O promitente assume somente a
responsabilidade que ocorrerá a ratificação e não que o contrato será executado pelo terceiro. A
obrigação do promitente é de resultado.
 A partir do momento em que ocorre a ratificação o terceiro torna-se parte no contrato e este opera
efeitos retroativos, salvo quando a ratificação for de um contrato nulo frente a terceiros.
Fonte: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-36/da-promessa-de-fato-de-terceiro/
#:~:text=A%20promessa%20de%20fato%20de,pessoa%20para%20a%20conclus%C3%A3o%20deste
 A recusa do terceiro pode ser explícita ou resultar de um ato manifestando sua vontade de não o concluir, como o
ajuizamento de uma ação reivindicatória exercida contra a pessoa que tenha tomado posse de seu bem. Se o
terceiro demorar para tomar uma decisão ele poderá ser constituído em mora.
 A falta de ratificação acarreta a responsabilidade por perdas e danos (desde que provados) do promitente frente a
seu co-contratante, conforme estabelece o caput do artigo 439 do CC, em virtude de que este se comprometeu
em obter o consentimento do terceiro.
 A falta de ratificação acarreta a responsabilidade contratual e ela não existirá se o terceiro for o cônjuge do
promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a
indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens, consoante estabelece o parágrafo único do artigo
439 do CC.
 A promessa de obter o consentimento do terceiro não deve ser confundida com o fato do promitente dizer que
fará o possível para obter o consentimento do terceiro, aqui existe uma obrigação de meio e não de resultado
como ocorre com a promessa de fato de terceiro.
Fonte: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-36/da-promessa-de-fato-de-terceiro/#:~:text=A
%20promessa%20de%20fato%20de,pessoa%20para%20a%20conclus%C3%A3o%20deste
DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e
danos, quando este o não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do
promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que,
pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre
os seus bens.

Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem,
se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
Contrato com pessoa a declarar

O contrato com pessoa a declarar é negócio jurídico por meio do qual um dos
contratantes se compromete a indicar, no prazo assinado, com qual pessoa a outra
parte se relacionará, exigindo-se a partir daí o cumprimento dos direitos e
obrigações decorrentes. Assim, um terceiro ingressará na relação contratual que,
por motivos quaisquer, não foi desde a conclusão do negócio identificado perante a
outra parte.
Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a
faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações
dele decorrentes.
Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da
conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da
mesma forma que as partes usaram para o contrato.
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire
os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em
que este foi celebrado.
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no
momento da indicação.

Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da


nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
VÍCIOS REDIBITÓRIOS

Vícios redibitórios são os defeitos ocultos que existem em um


determinado bem, tornando-o impróprio ao uso a que se destina,
ou diminuindo-lhe o valor.
A coisa já é adquirida com um defeito oculto. Se o defeito é
aparente, presume-se que o comprador o conheça.
DIFERENÇA ENTRE VÍCIO REDIBITÓRIO E ERRO

 Erro é a falta de percepção da realidade. No erro, a pessoa adquire


uma coisa que não é a que desejava. Vale o brocardo popular: a
pessoa compra “gato por lebre”.
 No vício redibitório, a pessoa compra exatamente o que queria,
porém a coisa vem com defeito oculto.
 No erro, a coisa não tem nenhum defeito; apenas não corresponde
ao desejo íntimo da pessoa. É subjetivo.
 No vício redibitório, o erro recai na coisa. Daí dizer-se que é
objetivo.
Ensina o Prof. Carlos Roberto Gonçalves que “o fundamento da
responsabilidade pelos vícios redibitórios encontra-se no princípio
de garantia, segundo o qual todo alienante deve assegurar ao
adquirente, a título oneroso, o uso da coisa por ele adquirida e
para os fins a que é destinada. A ignorância dos vícios pelo
alienante não o exime da responsabilidade, salvo se esta foi
expressamente excluída, de comum acordo (CC, art. 443)”.
Requisitos do vício redibitório
a) que a coisa tem recebida em virtude de contrato comutativo ou
doação onerosa;
Só existe em contrato comutativo
É subespécie de contrato oneroso. É aquele contrato em que, no momento da
celebração, os contratantes já sabem quais são suas vantagens e
desvantagens.
b) O vício tem de ser oculto
Vício oculto é aquele que não é percebido quando um homem normal examina
a coisa.
c) A existência do vício deve ser anterior ao contrato
d) O vício deve tornar a coisa imprópria ao uso a que se destina, ou lhe reduzir
o valor
ATENÇÃO

 NÃO EXISTE VÍCIO REDIBITÓRIO POR


MAU USO (CONDUTA CULPOSA DO
ADQUIRENTE).
Art. 441 CC. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser
enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

OBS1: doações onerosas são aquelas em que há o contrato de


doação com imposição de um encargo ao donatário, diferentemente
da doação pura que é um contrato unilateral.

OBS2: Em vez de rejeitar a coisa (ação redibitória), redibindo o


contrato (nos termos do 441), pode o adquirente reclamar abatimento
no preço (quanti minoris ou estimatoria) – Princípio da conservação
dos negócios jurídicos (art. 442 CC).
OBS3: Se o alienante, quem vendeu o veículo (vamos continuar no
veículo), conhecia o defeito... o vício ou defeito oculto, restituirá o que
recebeu mais perdas e danos (art. 402);

Se o alienante não conhecia, ele tão-somente restituirá o valor recebido,


mais as despesas do contrato.
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que
recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor
recebido, mais as despesas do contrato.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em


poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da
tradição.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no
preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel,
contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação,
reduzido à metade.
§ 1 o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e
oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2 o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos
serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais,
aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras
disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de
cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao
alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de
decadência.
EVICÇÃO

A evicção é a perda do bem, após o negócio jurídico, por conta de decisão


judicial ou administrativa, que atribuiu o bem a terceira pessoa. O
adquirente é tolhido da posse, é tolhido da propriedade do bem, por conta
de decisão judicial ou administrativa.
Então, é uma garantia que recai sobre o direito à fruição do bem.
Surge para ele, por conseguinte, o direito de denunciar a lide o alienante
imediato para fins de ressarcimento, para fins de indenização.
Exemplo: Peter Parker comprou um veículo de Homem de Ferro. Depois
que pagou pelo veículo sobreveio decisão judicial reconhecendo que o
veículo pertencia a Venon. Então, ele pode denunciar a lide o alienante.
Requisitos da evicção
1. Perda total ou parcial da propriedade ou posse da coisa adquirida;
2. Onerosidade na aquisição da coisa. Ela foi recebida em virtude de
contrato oneroso.
3. Ignorância, pelo adquirente, de que a coisa era alheia ou litigiosa;
4. Anterioridade do direito desse terceiro;
5. Denunciação da lide, facultativa, para fins de ressarcimento; e
6. Perda da coisa em virtude de sentença judicial transitado em julgado.
1. O STJ relativizou o trânsito em julgado. O STJ, no Recurso Especial 1.332.112, não
exigiu a definitividade (o trânsito julgado) pra evicção.
2. Bem com gravame (bem com penhora, por exemplo): o STJ
(jurisprudência) reconheceu que pode se aplicar essa situação aos efeitos
jurídicos da evicção.
Aquisição de um veículo e, posteriormente, descobre-se que ele estava
penhorado numa execução, em relação a uma instituição financeira. Isso se
equivaleria a evicção porque impede, por exemplo, a alienação do bem por
parte do adquirente. Então, aplicaria essa hipótese as mesmas
consequências jurídicas da evicção.
Jurisprudência – STJ (2018)

Sendo dever do alienante transmitir ao adquirente o direito


sem vícios não consentidos que o sujeito
desconhece, caracteriza-se a evicção na hipótese de inclusão
de gravame no bem capaz de impedir a transferência livre e
desembaraçada do bem (REsp 1.713.096).
3. não corre prescrição pendendo ação de evicção

Art. 199 CC. Não corre igualmente a prescrição:


I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.
CLÁUSULA EXPRESSA DE EXCLUSÃO DA
GARANTIA PELA EVICÇÃO

Divergência!
1. Se o adquirente conhece o risco e assume o risco, o
alienante está isento de toda a responsabilidade. Conhece,
assume, exclusão das responsabilidades do alienante.
2. Se o adquirente não conhece o risco (é a regra) ou se ele
conhece, mas não assume o risco, a responsabilidade do
alienante será pelo preço pago pelo adquirente da coisa
evicta.
É obrigatória a denunciação da lide para exercer o direito
que decorre da evicção (a responsabilidade civil)?

STJ: Não (REsp 1.713.096, de 20 de fevereiro de 2018).


Se o ofendido pela evicção não denunciou a lide, pode posteriormente
obter o ressarcimento em uma ação autônoma.
“Sendo certo que tal omissão (denunciação a lide) apenas acarretará
para o réu a perda da pretensão regressiva, privando-lhe da imediata
obtenção de título executivo contra o obrigado
regressivamente (naquela mesma ação), restando-lhe, ainda, o
ajuizamento de uma demanda autônoma” (Ministra Nancy Andrighi).
EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

Os contratos podem ser extintos de quatro maneiras distintas.


A regra é que a extinção ocorra pelo cumprimento das
obrigações assumidas por ambas as partes contratantes, em conformidade
com os prazos e condições estipulados inicialmente.
Mas, excepcionalmente, a extinção dos contratos ocorre, também, por fatos
anteriores à formação do contrato, por fatos posteriores à formação do
contrato e pela morte de uma das partes.
A extinção do contrato está prevista entre os arts. 472 e 480 do Código Civil
(CC).
EXTINÇÃO DO CONTRATO PELO CUMPRIMENTO

Em regra, há a extinção contratual por execução ou cumprimento das


prestações estabelecidas no contrato.
Neste caso, o devedor cumpre a prestação; e o credor confirma o
cumprimento mediante quitação, na forma do art. 320 do CC.
Há a extinção normal do contrato, quando é pago o preço na obrigação
instantânea, quando todas as prestações são pagas nos contratos de trato
sucessivo, quando a coisa é entregue nas obrigações de dar etc.

Fonte: Curso ênfase, 2021. Direito Civil.


Extinção do contrato por fatos anteriores à formação

a) Invalidade contratual
A invalidade revela que o contrato pode ser nulo (nulidade absoluta – arts.
166 a 170, CC) ou anulável (nulidade relativa – arts. 171 a 179, CC).
b) Cláusula de arrependimento
Além disso, advinda da autonomia privada, a cláusula de
arrependimento está inserida no contrato, caso em que os contratantes
determinam a extinção por declaração unilateral de vontade se
qualquer um deles se arrepender.
Por meio da cláusula de arrependimento, cria-se um direito potestativo.

Fonte: Curso ênfase, 2021. Direito Civil.


c) Cláusula resolutiva expressa
Por fim, há a possibilidade de previsão de cláusula resolutiva expressa,
caso em que um evento futuro e incerto acarreta a extinção do
contrato.
Trata-se de causa de extinção do contrato anterior, pois consta da origem
do pacto uma cláusula que prevê que o evento futuro e incerto
extinguirá o contrato, embora esse evento, obviamente, seja posterior à
celebração.
Com efeito, de acordo com o art. 474 do CC, a cláusula resolutiva expressa
opera de pleno direito, sem necessidade de notificação da parte
contrária.
Ao contrário, no caso de cláusula resolutiva tácita, depende-se de
interpelação judicial para a extinção do contrato.
Fonte: Curso ênfase, 2021. Direito Civil.
Extinção do contrato por fatos posteriores à
formação

4.1 Rescisão contratual


Quando a extinção ocorre por fatos posteriores à celebração contratual, tendo uma
das partes experimentado prejuízo, fala-se em rescisão contratual.
A rescisão contratual é gênero que possui duas espécies: a resolução e a
resilição.
a) Resolução
A resolução é a extinção pelo descumprimento voluntário (culpa ou dolo do
devedor) ou involuntário (sem culpa ou dolo do devedor – ocorre por caso fortuito
ou força maior) do contrato, ou por cláusula resolutiva tácita (decorrente da lei,
diferente da cláusula resolutiva expressa) ou por onerosidade excessiva (art. 478,
CC).

Fonte: Curso ênfase, 2021. Direito Civil.


•Resolução por inexecução contratual voluntária
Muito importante!
A resolução por inexecução contratual voluntária é aquela que se dá por culpa
ou dolo da parte contratante, com o que se conclui que a responsabilidade
contratual no ordenamento jurídico brasileiro é subjetiva.

• Inexecução involuntária
A resolução por inexecução involuntária se dá em decorrência de caso fortuito
ou de força maior, que tornam impossível a execução do contrato.

• Onerosidade excessiva
O art. 478 do CC prevê a possibilidade de resolução do contrato por
onerosidade excessiva, decorrente de um evento extraordinário e imprevisível.

Fonte: Curso ênfase, 2021. Direito Civil.


• Cláusula resolutiva tácita
Entende-se por cláusula resolutiva tácita aquela que decorre de lei e que
gera a resolução do contrato em decorrência de um evento futuro e
incerto, geralmente relacionado ao inadimplemento. Trata-se de condição
resolutiva do contrato.
Um exemplo de cláusula resolutiva tácita é a exceção do contrato não
cumprido, que está prevista no art. 476 do CC, e determina que uma parte
não pode exigir o cumprimento das obrigações do outro, antes do
cumprimento de sua própria obrigação.

Fonte: Curso ênfase, 2021. Direito Civil.


b) Resilição
Já a resilição ocorre quando o contrato é extinto por vontade das partes de
forma bilateral ou de forma unilateral, nos casos em que a lei autoriza de forma expressa ou
implícita pelo reconhecimento de direito potestativo.

• Resilição bilateral
A resilição bilateral ou distrato é aquela em que as partes celebram um novo contrato, em
que colocam fim ao contrato originário.

• Resilição unilateral
Na resilição unilateral, a dissolução do contrato ocorre pela simples declaração de vontade de
uma das partes, desde que a lei, de forma implícita ou explícita, admita essa forma de
extinção do contrato.
Fonte: Curso ênfase, 2021. Direito Civil.
Extinção do contrato pela morte

 Ocorrendo o falecimento de um dos contratantes, o contrato pode ser


extinto desde que a parte falecida tenha assumido obrigação intuitu
personae (personalíssima).
 Assim, verifica-se a cessação contratual, extinguindo o contrato de
pleno direito (exemplo: art. 836, CC).
Fonte: Curso ênfase, 2021. Direito Civil.
CONTRATOS EM ESPÉCIE
COMPRA E VENDA

 REGULAMENTAÇÃO: arts. 481 a 532 do Código Civil de 2002 (CC/2002)


 O contrato de compra e venda tem natureza obrigacional, pois a manifestação
da vontade não é suficiente para a transferência da propriedade, para o que
deve haver a tradição (coisa móvel) ou com o registro (coisa imóvel).
 CARACTERÍSTICAS:
BILATERAL

ONEROSO

SINALAGMÁTICO

COMUTATIVO
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o
domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que
as partes acordarem no objeto e no preço.
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará
sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir
contrato aleatório.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que
suscetíveis de objetiva determinação.
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á
que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou
diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes
logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará
sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em
certo e determinado dia e lugar.
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua
determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram
ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o
termo médio.
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo
de uma das partes a fixação do preço.
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo
do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes
de receber o preço.
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os
do preço por conta do comprador.
§ 1 o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que
comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido
postas à disposição do comprador, correrão por conta deste.
§ 2 o Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em
mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados.
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar
onde ela se encontrava, ao tempo da venda.
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta
correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções
dele se afastar o vendedor.
Art. 495. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o comprador
cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa, até que o comprador
lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime
de bens for o da separação obrigatória.
Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta
pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua
guarda ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que
servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou
auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho,
no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.
Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito.
Art. 498. A proibição contida no inciso III do artigo antecedente, não compreende os casos de
compra e venda ou cessão entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia
de bens já pertencentes a pessoas designadas no referido inciso.
Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões
dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível,
o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1 o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a
diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao
comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2 o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para
ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o
valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3 o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for
vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às
suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus .
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor
ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a
partir dela fluirá o prazo de decadência.
Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que
gravem a coisa até o momento da tradição.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição
de todas.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se
outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da
venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no
prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior
valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte
vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.
CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E
VENDA

VENDA
VENDA A
RETROVENDA SUJEITA A
CONTENTO
PROVA

VENDA COM
VENDA SOBRE
PREEMPÇÃO RESERVA DE
DOCUMENTOS
DOMÍNIO
Seção II
Das Cláusulas Especiais à Compra e Venda
Subseção I
Da Retrovenda
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo
máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as
despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram
com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.

CONCEITO:
 Pacto inserido no contrato de compra e venda, que concede o direito recomprar o
IMÓVEL ora transferido pelo vendedor ao comprador dentro do prazo de até 3 anos.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para
exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor
restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários,
poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só
uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem,
prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja
integral.
Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição
suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita,
enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de
que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se
destina.
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição
suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste
aceitá-la.
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá
direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
Da Preempção ou Preferência
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao
vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu
direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e
oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o
comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em
condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for
móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias
subseqüentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
ATÉ 2 ANOS – BENS
IMÓVEIS
SE EXPRESSO NO
CONTRATO
ATÉ 180 DIAS – BENS
MÓVEIS
PRAZO
DIR- PREEMPÇÃO
60 DIAS– BENS
IMÓVEIS
NA OMISSÃO DO
CONTRATO – O
comprador deve
notificar o vendedor
3 DIAS – BENS
MÓVEIS
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais
indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma
das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais
utilizá-lo na forma sobredita.
Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao
vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá
solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em
obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual
da coisa.
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
Transmissível a
RETROVENDA herdeiros e
legatários
ATENÇÃO

Intransmissível a
PREEMPÇÃO
terceiros/herdeiros.
Da Venda com Reserva de Domínio

Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até
que o preço esteja integralmente pago.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de
registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de
caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a
favor do terceiro adquirente de boa-fé.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o
preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a
partir de quando lhe foi entregue.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após
constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente
ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá
recuperar a posse da coisa vendida.
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as
prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o
mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar
lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual.
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante
financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações
decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva
ciência do comprador constarão do registro do contrato.
Da Venda Sobre Documentos

Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu
título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste,
pelos usos.
Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o
pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o
defeito já houver sido comprovado.
Art. 530. Não havendo estipulação em contrário, o pagamento deve ser efetuado na data e
no lugar da entrega dos documentos.
Art. 531. Se entre os documentos entregues ao comprador figurar apólice de seguro
que cubra os riscos do transporte, correm estes à conta do comprador, salvo se, ao
ser concluído o contrato, tivesse o vendedor ciência da perda ou avaria da coisa.
Art. 532. Estipulado o pagamento por intermédio de estabelecimento bancário,
caberá a este efetuá-lo contra a entrega dos documentos, sem obrigação de verificar
a coisa vendida, pela qual não responde.
Parágrafo único. Nesse caso, somente após a recusa do estabelecimento bancário a
efetuar o pagamento, poderá o vendedor pretendê-lo, diretamente do comprador.
Da Troca ou Permuta

Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as


seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as
despesas com o instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem
consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
Do Contrato Estimatório

Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário,
que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no
prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a
restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não
imputável.
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou seqüestro pelos
credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser
comunicada a restituição.
DOAÇÃO
Seção I
Disposições Gerais
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere
do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a
liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração,
entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o
caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no
excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de
pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se
trate de doação pura.
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa
adiantamento do que lhes cabe por herança.
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se
morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a
vida do donatário.
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e
determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a
ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada
por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se
sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a
subsistência do doador.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no
momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro
cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade
conjugal.
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa
entende-se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na
totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às
conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com
certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em
contrário.
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a
benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá
exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito.
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver
constituída regularmente.
Da Revogação da Doação
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do
encargo.
Art. 556. Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por
ingratidão do donatário.
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso
contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for
o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a
contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o
donatário o seu autor.
Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica
os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a
contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, exceto se
aquele houver perdoado.
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário
incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar
judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem
obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar
os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo
meio termo do seu valor.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento.
Da Locação de Coisas

Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo
determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
Art. 566. O locador é obrigado:
I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a
que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa
em contrário;
II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa.
Art. 567. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do locatário, a
este caberá pedir redução proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, caso já não
sirva a coisa para o fim a que se destinava.
Art. 568. O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de terceiros, que
tenham ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios, ou
defeitos, anteriores à locação.
Art. 569. O locatário é obrigado:
I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza
dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse;
II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume
do lugar;
III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em
direito;
IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações
naturais ao uso regular.
Art. 570. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina,
ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato,
exigir perdas e danos.
Art. 571. Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento não poderá o
locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem
o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, a multa prevista no
contrato.
Parágrafo único. O locatário gozará do direito de retenção, enquanto não for ressarcido.
Art. 572. Se a obrigação de pagar o aluguel pelo tempo que faltar constituir indenização excessiva,
será facultado ao juiz fixá-la em bases razoáveis.
Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
Art. 574. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposição do
locador, presumir-se-á prorrogada a locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado.
Art. 575. Se, notificado o locatário, não restituir a coisa, pagará, enquanto a tiver em seu poder, o
aluguel que o locador arbitrar, e responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora proveniente de
caso fortuito.
Parágrafo único. Se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, poderá o juiz reduzi-lo, mas
tendo sempre em conta o seu caráter de penalidade.
Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o
contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar de
registro.
§ 1 o O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e Documentos do domicílio do locador,
quando a coisa for móvel; e será o Registro de Imóveis da respectiva circunscrição, quando imóvel.
§ 2 o Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador não esteja obrigado a respeitar o
contrato, não poderá ele despedir o locatário, senão observado o prazo de noventa dias após a
notificação.
Art. 577. Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a locação por tempo
determinado.
Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso
consentimento do locador.
CAPÍTULO VI
Do Empréstimo
Seção I
Do Comodato

Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do
objeto.
Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens alheios não poderão dar
em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda.
Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso
concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo
juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se
determine pelo uso outorgado.
Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada,
não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder por
perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até
restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.
Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário,
antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido,
ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.
Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e
gozo da coisa emprestada.
Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão
solidariamente responsáveis para com o comodante.
Do Mútuo
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao
mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja
conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda
estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente:
I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o
ratificar posteriormente;
II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os
seus alimentos habituais;
III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do
credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário
sofrer notória mudança em sua situação econômica.
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob
pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a
capitalização anual.
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como
para semeadura;
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.
‘ DE SERVIÇOS

Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial, reger-
se-á pelas disposições deste Capítulo.
Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada
mediante retribuição.
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem
escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento a
retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade.
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume,
não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o
contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa
e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não
concluída a obra.
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do
costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o
contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de serviço, por culpa sua,
deixou de servir.
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e determinado trabalho,
entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas forças e
condições.
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra determinada, não se
pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra.
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição vencida, mas
responderá por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se despedido por justa causa.
Art. 603. Se o prestador de serviço for despedido sem justa causa, a outra parte será
obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria de
então ao termo legal do contrato.
Art. 604. Findo o contrato, o prestador de serviço tem direito a exigir da outra parte a declaração
de que o contrato está findo. Igual direito lhe cabe, se for despedido sem justa causa, ou se tiver
havido motivo justo para deixar o serviço.
Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o direito aos
serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar substituto
que os preste.
Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça
requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição
normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra
parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com
boa-fé.
Parágrafo único. Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a proibição da prestação de
serviço resultar de lei de ordem pública.
Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina,
ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante
aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação
do contrato, motivada por força maior.
Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem
pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber
durante dois anos.
Art. 609. A alienação do prédio agrícola, onde a prestação dos serviços se opera, não importa a
rescisão do contrato, salvo ao prestador opção entre continuá-lo com o adquirente da propriedade
ou com o primitivo contratante.
DO MANDATO
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu
nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.

Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante
instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.

§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a


qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a
designação e a extensão dos poderes conferidos.

§ 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida.

Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante
instrumento particular.
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.

Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser
praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.

Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição,
exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou
profissão lucrativa.

Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista


em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou,
na falta destes, por arbitramento.
Art. 659. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de
execução.

Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios


determinadamente, ou geral a todos os do mandante.

Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de


administração.

§ 1o Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que


exorbitem da administração ordinária, depende a procuração de poderes
especiais e expressos.

§ 2o O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.


Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são
ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.

Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do
ato.

Art. 663. Sempre que o mandatário estipular negócios expressamente em nome do mandante, será este
o único responsável; ficará, porém, o mandatário pessoalmente obrigado, se agir no seu próprio nome,
ainda que o negócio seja de conta do mandante.

Art. 664. O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, quanto baste
para pagamento de tudo que lhe for devido em conseqüência do mandato.

Art. 665. O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles, será considerado
mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não ratificar os atos.

Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o
mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às
obrigações contraídas por menores.
OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO
 Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do
mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem
substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.

 § 1o Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do


mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do
substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo,
ainda que não tivesse havido substabelecimento.

 § 2o Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos


causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruções
dadas a ele.

 § 3o Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo


substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do
ato.

 § 4o Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será


responsável se o substabelecido proceder culposamente.
 Art. 668. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe
as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja.

 Art. 669. O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos
que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.

 Art. 670. Pelas somas que devia entregar ao mandante ou recebeu para despesa, mas
empregou em proveito seu, pagará o mandatário juros, desde o momento em que abusou.

 Art. 671. Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, comprar, em nome próprio,
algo que devera comprar para o mandante, por ter sido expressamente designado no
mandato, terá este ação para obrigá-lo à entrega da coisa comprada.
 Art. 672. Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo
instrumento, qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não
forem expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados
para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários
forem declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência
de todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato.

 Art. 673. O terceiro que, depois de conhecer os poderes do mandatário, com


ele celebrar negócio jurídico exorbitante do mandato, não tem ação contra o
mandatário, salvo se este lhe prometeu ratificação do mandante ou se
responsabilizou pessoalmente.

 Art. 674. Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do


mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver
perigo na demora.
OBRIGAÇÕES DO MANDANTE
 Art. 675. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo
mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas
necessárias à execução dele, quando o mandatário lho pedir.

 Art. 676. É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as


despesas da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo
tendo o mandatário culpa.

 Art. 677. As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução do mandato, vencem juros
desde a data do desembolso.

 Art. 678. É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as perdas que este
sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso
de poderes.
COMISSÃO
Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário,
em seu próprio nome, à conta do comitente.

Art. 694. O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem
que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder
seus direitos a qualquer das partes.

Art. 695. O comissário é obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do


comitente, devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos
em casos semelhantes.

Parágrafo único. Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se deles houver resultado
vantagem para o comitente, e ainda no caso em que, não admitindo demora a realização do
negócio, o comissário agiu de acordo com os usos.
Art. 696. No desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado e
diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar o
lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio.

Parágrafo único. Responderá o comissário, salvo motivo de força maior, por qualquer prejuízo
que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente.

Art. 697. O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em
caso de culpa e no do artigo seguinte.

Art. 698. Se do contrato de comissão constar a cláusula del credere, responderá o comissário
solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome do comitente, caso em que,
salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a remuneração mais elevada, para
compensar o ônus assumido.
Art. 699. Presume-se o comissário autorizado a conceder dilação do prazo para
pagamento, na conformidade dos usos do lugar onde se realizar o negócio, se não houver
instruções diversas do comitente.

Art. 700. Se houver instruções do comitente proibindo prorrogação de prazos para


pagamento, ou se esta não for conforme os usos locais, poderá o comitente exigir que o
comissário pague incontinenti ou responda pelas conseqüências da dilação concedida,
procedendo-se de igual modo se o comissário não der ciência ao comitente dos prazos
concedidos e de quem é seu beneficiário.

Art. 701. Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo
os usos correntes no lugar.
Art. 679. Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não
exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com
quem o seu procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos
resultantes da inobservância das instruções.

Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio
comum, cada uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os
compromissos e efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas quantias que
pagar, contra os outros mandantes.

Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do
mandato, direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do
encargo despendeu.
CONTRATOS EMPRESARIAIS
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO

2. CONCEITO
O contrato de colaboração é aquele em que um dos contratantes – colaborador – se
obriga a empreender esforços no sentido de criar ou consolidar mercado para os
produtos do outro – o fornecedor (GENJURÍDICO)
3. SUJEITOS
3.1 COLABORADO = FORNECEDOR, FABRICANTE (É O CONTRATANTE QUE TERÁ
SEUS MERCADOS AMPLIADOS)
3.2. COLABORADOR = QUEM REALIZARÁ UMA SÉRIE DE ESTRATÉGIAS PARA
AMPLIAR OS MERCADOS DO COLABORADO E EXPANDIR A COMERCIALIZAÇÃO DE SEUS
PRODUTOS/SERVIÇOS (DO COLABORADO)
 Considera-se contrato de colaboração um negócio jurídico entre
empresários (e por vezes entre uma pessoa jurídica/empresário
e pessoa física – não empregada), em que, serão estabelecidas
vantagens recíprocas, tendo como principal objetivo ampliar os
mercados do fornecedor/fabricante (colaborado), através do
esforços conjuntos do colaborador, seja porque este
(colaborador) comprou produtos do colaborado para revender,
seja porque visitou clientes apresentando produtos do
colaborado afim de que, diante do interesse do cliente, essa
compra possa ser finalizada com o fornecedor.
PRINCIPAIS CLÁUSULAS CONTRATUAIS
 CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE DE ZONA – Favorece o
Colaborador

 CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE DE PRODUTO – Favorece o


colaborado

 O contrato pode constar expressamente essas cláusulas de


exclusividade;
 Na omissão do contrato de Colaboração, elas são presumidas;
 Se o contrato expressamente indicar que não existe
exclusividade (de zona ou de produto ou dos dois), essa cláusula
será válida, em face da pacta sunt servanda.
MERCADO CINZA

Mercado cinza é a comercialização de produtos do distribuído na


zona de exclusividade do distribuidor por concorrente que os
adquire de revendedores situados fora dessa zona. É uma forma de
concorrência desleal parasitária.
O mercado cinza também se evidencia diante da violação da
exclusividade de produtos.
ESPÉCIES DE CONTRATOS DE
COLABORAÇÃO

1. Colaboração por intermediação (o colaborador ocupa um dos elos da


cadeia de circulação, comprando os produtos do fornecedor para revendê-
lo): distribuição-intermediação e concessão mercantil.

Obs: Franquia*

2. Colaboração por aproximação (o colaborador procura outros


empresários potencialmente interessados em negociar com o fornecedor):
mandato; comissão mercantil; distribuição-aproximação e representação
comercial autônoma – agência.
A. CONTRATOS DE COLABORAÇÃO POR INTERMEDIAÇÃO:
1. DISTRIBUIÇÃO POR INTERMEDIAÇÃO
2. CONCESSÃO MERCANTIL

B. CONTRATOS DE COLABORAÇÃO POR APROXIMAÇÃO:


3. MANDATO MERCANTIL
4. COMISSÃO MERCANTIL
5. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL AUTÔNOMA
6. DISTRIBUIÇÃO POR APROXIMAÇÃO
SUJEITOS DOS CONTRATOS DE
COLABORAÇÃO POR INTERMEDIAÇÃO

NA INTERMEDIAÇÃO, O COLABORADOR (R) COMPRA PRODUTOS DO COLABORADO (O) PARA REVENDER

DISTRIBUIÇÃO POR INTERMEDIAÇÃO CONCESSÃO MERCANTIL

COLABORADO (O)- DISTRIBUIDO COLABORADO (O)- CONCEDENTE

COLABORADOR (R) - DISTRIBUIDOR COLABORADOR (R) - CONCESSIONÁRIO


SUJEITOS DOS CONTRATOS DE
COLABORAÇÃO POR APROXIMAÇÃO
NA APROXIMAÇÃO, O COLABORADOR (R) CAPTA CLIENTES E OS APROXIMA DO COLABORADO(O).
* O CLIENTE COMPRARÁ OS PRODUTOS DO COLABORADO (E NÃO DO COLABORADOR)

MANDATO COMISSÃO MERCANTIL DISTRIBUIÇÃO POR REPRESENTAÇÃO


MERCANTIL APROXIMAÇÃO COMERCIAL AUTÔNOMA

O - MANDANTE O - COMITENTE O – DISTRIBUIDO POR O - REPRESENTADO


APROXIMAÇÃO

R -MANDATÁRIO R - COMISSÁRIO R - DISTRIBUIDOR POR R - REPRESENTANTE


APROXIMAÇÃO
EXERCÍCIOS – V OU F ?

1. O comitente é um sujeito que realiza um contrato de colaboração por


intermediação. FALSA
2. O mandatário é colaborador de um contrato por aproximação.
VERDADEIRA
3. O representante compra produtos do representado para revender a
seus clientes. FALSA – O representante capta clientes e os aproxima
do representado, que realiza a venda diretamente para o cliente-
comprador.
4. O concessionário compra produtos do comitente CONCEDENTE para
revender a seus clientes. FALSA
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO POR
INTERMEDIAÇÃO
 Nos contratos de colaboração por intermediação o colaborador
firma contrato com colaborado, comprando produto deste
(colaborado), com condições vantajosas, para, posteriormente,
revender aos clientes (lojistas ou consumidores). Portanto,
nestas duas relações jurídicas o colaborador estará presente: 1)
COL (R-O); 2) CONTRATO DE COMPRA E VENDA (R – C).

COLABORADO
1

Cliente
COLABORADOR
2
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO POR
APROXIMAÇÃO
Nos contratos de colaboração por aproximação, o colaborador firma este
contrato com o colaborado, afim de que o colaborador capte clientes
interessados nos respectivos produtos, apresentando-lhes amostras e
catálogos e as devidas especificações do produto. Os clientes interessados
adquirirão esses produtos comprando-os diretamente do colaborado.
Concretizando a venda, o colaborador recebe a comissão.

IMPORTANTE: Os contratos de colaboração por intermediação e os por


aproximação são contratos bilaterais, consensuais, onerosos, sinalagmáticos,
comutativos e atípicos, com exceção da concessão mercantil automobilística
que é um contrato típico (previsto na Lei nº 6.729/1979 – Lei Ferrari) e a
representação comercial autônoma (Lei 4886/1965).
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO POR
INTERMEDIAÇÃO

1. DISTRIBUIÇÃO POR INTERMEDIAÇÃO

 Colaborado: Distribuído por intermediação


 Colaborador: Distribuidor por intermediação

2. CONCESSÃO MERCANTIL Regra: contratos atípicos


Exceção: Concessão Mercantil
 Colaborado: Concedente
Automobilística – Lei nº
 Colaborador: Concessionário 6729/1979 – Lei Ferrari.
DISTRIBUIÇÃO POR INTERMEDIAÇÃO
Um dos contratantes (distribuidor) tem obrigação de comercializar os produtos do outro
(distribuído). É contrato atípico, regido pelas cláusulas livremente pactuadas pelas partes.
Nesse contrato, o distribuidor não sofre ingerência do distribuído, ou quando sofre, sofre uma
mínima ingerência.

Cláusulas que comumente existem nesse contrato:

 Exclusividade de distribuição = Exclusividade de zona ou de territorialidade

 Exclusividade de produto

 Quota de fornecimento e aquisição.

 Concessão de crédito e garantias

 Aparelhamento da empresa do distribuidor e resolução.


CONCESSÃO MERCANTIL

Um empresário (concessionário) se obriga a comercializar os produtos


fabricados por outro (concedente). É comum, nesse contrato, que o
concessionário preste serviços de assistência técnica aos consumidores
ou adquirentes. Em geral, é contrato atípico. A concessão para a
comercialização de veículos automotores terrestres, contudo, é típica
e encontra-se regida pela chamada “Lei Ferrari” (lei nº 6729/79).

 Subordinação EMPRESARIAL do concessionário ao concedente.

 Alto grau de ingerência do concedente.


DISTRIBUIÇÃO POR INTERMEDIAÇÃO #
CONCESSÃO MERCANTIL
 A DIFERENÇA ENTRE OS CONTRATOS POR INTERMEDIAÇÃO DEPENDE DO
GRAU DE INGERÊNCIA DO COLABORADO SOBRE O COLABORADOR.

 Na distribuição por intermediação, o grau de ingerência do O para R é mínimo,


desprezível, irrelevante. Isso significa que o DISTRIBUIDOR terá MAIOR autonomia
para gerir os seus negócios e se valer das estratégias que julgar mais eficientes para
escoar a mercadoria e ampliar os negócios do distribuído.
 Já na concessão, o grau de ingerência do concedente sobre o concessionário é elevado,
máximo, visível. Isso significa que o concessionário terá MENOS autonomia para gerir
os seus negócios, já que o CONCEDENTE intervirá significativamente na
administração dos negócios do concessionário.
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO POR
APROXIMAÇÃO

OBS.: O COLABORADOR CAPTA CLIENTES PARA O COLABORADO. A COMPRA E VENDA É

REALIZADA ENTRE COLABORADO E CLIENTE. O COLABORADOR GANHA COMISSÃO EM FACE

DESTA CAPTAÇÃO QUE RESULTOU NA VENDA DOS PRODUTOS


COLABORADO
ESPÉCIES:
1 2
1. DISTRIBUIÇÃO POR APROXIMAÇÃO

2. MANDATO MERCANTIL COLABORADOR CLIENTE

3. COMISSÃO MERCANTIL

4. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL AUTÔNOMA


DISTRIBUIÇÃO POR APROXIMAÇÃO

 SUJEITOS:

COLABORADO: DISTRIBUIDO POR APROXIMAÇÃO (FORNECEDOR)

COLABORADOR: DISTRIBUIDOR POR APROXIMAÇÃO (AMPLIAR OS MERCADOS)

CARACTERÍSTICA PECULIAR: O DISTRIBUIDOR ENTREGA A MERCADORIA PARA O


CLIENTE
O distribuidor capta clientes através da divulgação de produtos e/ou
serviços e aproxima esses clientes do distribuído
(fornecedor/fabricante), oportunidade em que haverá a
concretização da venda. Em regra, o distribuído não se vincula a
proposta ou ao pedido preenchido pelo distribuidor. Este contrato
obriga que o distribuidor entregue as mercadorias ao cliente (o
distribuído enviará os produtos ao distribuidor e este se encarrega da
distribuição ao cliente).
MANDATO MERCANTIL
#
COMISSÃO MERCANTIL
MANDATO COMISSÃO
COLABORADO: MANDANTE COLABORADO: COMITENTE
COLABORADOR: MANDATÁRIO COLABORADOR: COMISSÁRIO

O MANDATÁRIO AGE EM NOME E POR COMISSÁRIO AGE EM NOME PRÓPRIO E


CONTA DO MANDANTE. POR CONTA DO COMITENTE.

RESPONSABILIDADE CIVIL EM FACE DE RESPONSABILIDADE CIVIL EM FACE DE


DANOS CAUSADOS AOS CLIENTES DANOS CAUSADOS AOS CLIENTES
ASSUMIDA PELO MANDANTE ASSUMIDA PELO COMISSÁRIO

RESP. CIVIL DO COLABORADO RESP. CIVIL DO COLABORADOR


REPRESENTAÇÃO COMERCIAL

 PODE SER:

1. SUBORDINADA = Gera vínculo empregatício


O representado é empregador
O representante é empregado
Esse contrato é estudado pelo Direito do Trabalho.

2. AUTÔNOMA = Não gera vínculo empregatício


O representado é o fornecedor – colaborado
O representante é o colaborador
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL AUTÔNOMA
= AGÊNCIA

Lei nº 4886/65 (alterada pela lei nº 8420/92) – é o contrato em que uma das
partes (representante) obriga-se a obter pedidos de compra de produtos
fabricados ou comercializados pela outra parte (representado). É contrato
típico.

 Contrato interempresarial OU que pode envolver pessoa física


(Representante). O Representado sempre será Pessoa Jurídica.

 Contrato por escrito – solene.

 Contrato típico, bilateral, consensual, comutativo, sinalagmático, oneroso.


Art . 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa
física, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de
uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando
propostas ou pedidos, para, transmiti-los aos representados, praticando ou não atos
relacionados com a execução dos negócios.
Parágrafo único. Quando a representação comercial incluir poderes atinentes ao mandato
mercantil, serão aplicáveis, quanto ao exercício deste, os preceitos próprios da legislação
comercial.

Art . 2º É obrigatório o registro dos que exerçam a representação comercial autônoma nos
Conselhos Regionais criados pelo art. 6º desta Lei.
Parágrafo único. As pessoas que, na data da publicação da presente Lei, estiverem no
exercício da atividade, deverão registrar-se nos Conselhos Regionais, no prazo de 90 dias
a contar da data em que estes forem instalados.
Art . 3º O candidato a registro, como representante comercial, deverá apresentar:
a) prova de identidade;
b) prova de quitação com o serviço militar, quando a ele obrigado;
c) prova de estar em dia com as exigências da legislação eleitoral;
d) folha-corrida de antecedentes, expedida pelos cartórios criminais das
comarcas em que o registrado houver sido domiciliado nos últimos dez (10) anos;
e) quitação com o imposto sindical.
§ 1º O estrangeiro é desobrigado da apresentação dos documentos
constantes das alíneas b e c deste artigo.
§ 2 Nos casos de transferência ou de exercício simultâneo da profissão, em
mais de uma região, serão feitas as devidas anotações na carteira profissional do
interessado, pelos respectivos Conselhos Regionais.
§ 3º As pessoas jurídicas deverão fazer prova de sua existência legal.
Art . 4º Não pode ser representante comercial:
a) o que não pode ser comerciante; Leia-se empresário
b) o falido não reabilitado;
c) o que tenha sido condenado por infração penal de natureza infamante, tais
como falsidade, estelionato, apropriação indébita, contrabando, roubo, furto, lenocínio
ou crimes também punidos com a perda de cargo público;
d) o que estiver com seu registro comercial cancelado como penalidade.
Art . 5º Somente será devida remuneração, como mediador de negócios comerciais,
a representante comercial devidamente registrado.
Art . 6º São criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais dos
Representantes Comerciais, aos quais incumbirá a fiscalização do exercício da profissão,
na forma desta Lei.
Parágrafo único. É vedado, aos Conselhos Federal e Regionais dos Representantes
Comerciais, desenvolverem quaisquer atividades não compreendidas em suas finalidades
previstas nesta Lei, inclusive as de caráter político e partidárias.
As cláusulas de um contrato
podem ser:
 Cláusulas: 1. Cogentes – legais;
2. Dispositivas – ou resultantes da
 Condições e requisitos gerais da representação vontade das partes.

 Indicação dos produtos objeto da representação, admitindo-se tanto uma


menção genérica quanto uma lista específica;

 prazo determinado ou indeterminado;

 Indicação da zona de exercício da representação, feita através de


indicação de territorialidade ou de qualquer outro critério;

 Existência ou não de zona de exclusividade;

 Existência ou não de exclusividade de representação;

 O valor, as condições e o prazo de pagamento da remuneração do


representante.
Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e
outros a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente:

a) condições e requisitos gerais da representação;


b) indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da representação;
c) prazo certo ou indeterminado da representação
d) indicação da zona ou zonas em que será exercida a representação;
e) garantia ou não, parcial ou total, ou por certo prazo, da exclusividade de zona ou
setor de zona;
f) retribuição e época do pagamento, pelo exercício da representação, dependente da
efetiva realização dos negócios, e recebimento, ou não, pelo representado, dos
valores respectivos;
g) os casos em que se justifique a restrição de zona concedida com exclusividade;
h) obrigações e responsabilidades das partes contratantes;
i) exercício exclusivo ou não da representação a favor do representado;
j) indenização devida ao representante pela rescisão do contrato fora dos
casos previstos no art. 35, cujo montante não poderá ser inferior a 1/12 (um
doze avos) do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu
a representação.

§ 1° Na hipótese de contrato a prazo certo, a indenização corresponderá à


importância equivalente à média mensal da retribuição auferida até a data da
rescisão, multiplicada pela metade dos meses resultantes do prazo
contratual.

§ 2° O contrato com prazo determinado, uma vez prorrogado o prazo inicial,


tácita ou expressamente, torna-se a prazo indeterminado.

§ 3° Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro


de seis meses, a outro contrato, com ou sem determinação de prazo.
Art . 28. O representante comercial fica obrigado a fornecer ao
representado, segundo as disposições do contrato ou, sendo este
omisso, quando lhe for solicitado, informações detalhadas sobre o
andamento dos negócios a seu cargo, devendo dedicar-se à
representação, de modo a expandir os negócios do representado e
promover os seus produtos.

Art . 29. Salvo autorização expressa, não poderá o representante


conceder abatimentos, descontos ou dilações, nem agir em desacordo
com as instruções do representado.
.
Art . 30. Para que o representante possa exercer a representação em Juízo, em
nome do representado, requer-se mandato expresso. Incumbir-lhe-á porém, tomar
conhecimento das reclamações atinentes aos negócios, transmitindo-as ao
representado e sugerindo as providências acauteladoras do interesse deste.
Parágrafo único. O representante, quanto aos atos que praticar, responde segundo
as normas do contrato e, sendo este omisso, na conformidade do direito comum.

Art. 31. Prevendo o contrato de representação a exclusividade de zona ou zonas, ou


quando este for omisso, fará jus o representante à comissão pelos negócios aí
realizados, ainda que diretamente pelo representado ou por intermédio de
terceiros.
Parágrafo único. A exclusividade de representação não se presume na ausência de
ajustes expressos
Art. 32. O representante comercial adquire o direito às comissões quando do
pagamento dos pedidos ou propostas.
§ 1° O pagamento das comissões deverá ser efetuado até o dia 15 do mês
subseqüente ao da liquidação da fatura, acompanhada das respectivas cópias
das notas fiscais.
§ 2° As comissões pagas fora do prazo previsto no parágrafo anterior deverão
ser corrigidas monetariamente.
§ 3° É facultado ao representante comercial emitir títulos de créditos para
cobrança de comissões.
§ 4° As comissões deverão ser calculadas pelo valor total das mercadorias.
§ 5° Em caso de rescisão injusta do contrato por parte do representando, a
eventual retribuição pendente, gerada por pedidos em carteira ou em fase de
execução e recebimento, terá vencimento na data da rescisão.
§ 6° (Vetado).
§ 7° São vedadas na representação comercial alterações que impliquem, direta
ou indiretamente, a diminuição da média dos resultados auferidos pelo
representante nos últimos seis meses de vigência.
Art . 33. Não sendo previstos, no contrato de representação, os prazos para recusa das
propostas ou pedidos, que hajam sido entregues pelo representante, acompanhados dos
requisitos exigíveis, ficará o representado obrigado a creditar-lhe a respectiva comissão, se
não manifestar a recusa, por escrito, nos prazos de 15, 30, 60 ou 120 dias, conforme se trate
de comprador domiciliado, respectivamente, na mesma praça, em outra do mesmo Estado,
em outro Estado ou no estrangeiro.
§ 1º Nenhuma retribuição será devida ao representante comercial, se a falta de pagamento resultar
de insolvência do comprador, bem como se o negócio vier a ser por ele desfeito ou for sustada a
entrega de mercadorias devido à situação comercial do comprador, capaz de comprometer ou tornar
duvidosa a liquidação.
§ 2º Salvo ajuste em contrário, as comissões devidas serão pagas mensalmente, expedindo o
representado a conta respectiva, conforme cópias das faturas remetidas aos compradores, no
respectivo período.
§ 3° Os valores das comissões para efeito tanto do pré-aviso como da indenização, prevista nesta
lei, deverão ser corrigidos monetariamente.
Art . 34. A denúncia, por qualquer das partes, sem causa justificada, do contrato de representação,
ajustado por tempo indeterminado e que haja vigorado por mais de seis meses, obriga o
denunciante, salvo outra garantia prevista no contrato, à concessão de pré-aviso, com antecedência
mínima de trinta dias, ou ao pagamento de importância igual a um terço (1/3) das comissões
auferidas pelo representante, nos três meses anteriores.
 Observação: a exclusividade de zona é implícita. ATENÇÃO:
1. PRIMEIRO VERIFIQUE O
CONTRATO: NA VERDADE, O
CONTRATO PODE
 Recusa do pedido pelo representado: se o contrato não ESTABELECER PRAZO
estabelecer prazo, serão adotados os seguintes, variáveis ESPECÍFICO PARA QUE O
REPRESENTADO POSSA
de acordo com o acordo com os domicílios do interessado RECUSAR PEDIDOS OU
na compra e do representante: PROPOSTAS. NESSE, CASO
VALERÁ O PRAZO
 15 dias, se domiciliados na mesma praça (município); ESTABELECIDO
CONTRATUALMENTE (PACTA
 30 dias, se em praças diferentes, mas no mesmo Estado; SUNT SERVANDA).
2. NA OMISSÃO DO
 60 dias, se em Estados diferentes; CONTRATO...APLICAM-SE OS
PRAZOS PREVISTOS EM LEI.
 120 dias, quando o domicílio do interessado for no
estrangeiro.
RESCISÃO CONTRATUAL SEM JUSTA
CAUSA
INDENIZAÇÃO DO REPRESENTANTE

Art. 27, j da Lei 4886/1965: resolução do contrato sem justa causa – o


montante não poderá ser inferior a 1/12 do total da retribuição auferida
durante o tempo em que exerceu a representação.

Perda da Indenização: hipóteses previstas no art. 35.


RESCISÃO CONTRATUAL(pelo representado)
POR JUSTA CAUSA DO REPRESENTANTE

Art . 35. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de


representação comercial, pelo representado:
a) a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do
contrato;
b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado;
c) a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de
representação comercial;
d) a condenação definitiva por crime considerado infamante;
e) força maior. Atenção: não para o caso fortuito!
Obs: O representante não receberá a indenização prevista no art. 27, j.
RESCISÃO CONTRATUAL (pelo representante)
POR JUSTA CAUSA DO REPRESENTADO

Art . 36. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de


representação comercial, pelo representante:
a) redução de esfera de atividade do representante em desacordo com
as cláusulas do contrato;
b) a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no
contrato;
c) a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com
o exclusivo escopo de impossibilitar-lhe ação regular;
d) o não-pagamento de sua retribuição na época devida;
e) força maior.
Art . 37. Somente ocorrendo motivo justo para a rescisão do
contrato, poderá o representado reter comissões devidas ao
representante, com o fim de ressarcir-se de danos por este
causados e, bem assim, nas hipóteses previstas no art. 35, a título
de compensação.
PROIBIÇÃO DE CLÁUSULA DEL CREDERE

Na verdade, pela referida cláusula o representante comercial tornar-se-ia co-


responsável ou devedor solidário pela transação, e acabaria por assumir o risco
da atividade, transformando-se assim em avalista ou garantidor de um negócio
que independe dele.
Não pode a Representada obrigar o representante a responsabilizar-se por
cliente ou pela venda. De fato, pela simples comissão que o representante
recebe, não pode pretender a representada que tal valor garanta “todo” o
montante da venda.
Essa cláusula representa ou fiança ou uma espécie de seguro exigida pela
representante.
Art. 43. É vedada no contrato de representação comercial a inclusão de
cláusulas del credere.
CONTRATOS
DE
FRANQUIA
CONCEITO: Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao
franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição
exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços.
Eventualmente, também pode compreender o direito de uso de tecnologia de
implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos
pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique
caracterizado vínculo empregatício.
SUJEITOS
1. Franqueador: aquele que detém a marca, tecnologia, patente e conhecimentos
específicos de negócios, e que os disponibiliza, parcial ou totalmente, mediante sistema
de franquia, para o franqueado.
2. Franqueado: aquele que aceita utilizar, mediante remuneração ao franqueador, a
oferta específica do franqueador para utilizá-lo em seu negócio próprio.
LEI ANTERIOR: LEI Nº 8955/1994.
A Lei 8.955/1994 fixava as condições para o relacionamento entre as partes
relativas ao contrato de franquia empresarial, conhecido como franchising.

LEI ATUALMENTE EM VIGOR:


Lei 13.966/2019, cujos efeitos prevaleceram a partir de 26.03.2020.

A LEI 13.966 REVOGOU A LEI N. 8955/1994.


LEI Nº 13.966 DE 26 DE DEZEMBRO DE
2019
Art. 1º Esta Lei disciplina o sistema de franquia empresarial, pelo qual um franqueador
autoriza por meio de contrato um franqueado a usar marcas e outros objetos de
propriedade intelectual, sempre associados ao direito de produção ou distribuição
exclusiva ou não exclusiva de produtos ou serviços e também ao direito de uso de
métodos e sistemas de implantação e administração de negócio ou sistema operacional
desenvolvido ou detido pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem
caracterizar relação de consumo ou vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a
seus empregados, ainda que durante o período de treinamento.
§ 1º Para os fins da autorização referida no caput, o franqueador deve ser titular ou
requerente de direitos sobre as marcas e outros objetos de propriedade intelectual
negociados no âmbito do contrato de franquia, ou estar expressamente autorizado pelo
titular.
§ 2º A franquia pode ser adotada por empresa privada, empresa estatal ou entidade sem
fins lucrativos, independentemente do segmento em que desenvolva as atividades.
Art. 2º Para a implantação da franquia, o franqueador deverá fornecer ao
interessado Circular de Oferta de Franquia, escrita em língua portuguesa, de
forma objetiva e acessível, contendo obrigatoriamente:
I - histórico resumido do negócio franqueado;
II - qualificação completa do franqueador e das empresas a que esteja ligado,
identificando-as com os respectivos números de inscrição no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica (CNPJ);
III - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora, relativos aos
2 (dois) últimos exercícios;
IV - indicação das ações judiciais relativas à franquia que questionem o sistema ou
que possam comprometer a operação da franquia no País, nas quais sejam parte
o franqueador, as empresas controladoras, o subfranqueador e os titulares de
marcas e demais direitos de propriedade intelectual;
V - descrição detalhada da franquia e descrição geral do negócio e das atividades
que serão desempenhadas pelo franqueado;
VI - perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, escolaridade e outras
características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente;
VII - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na administração do
negócio;
VIII - especificações quanto ao:
a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, à implantação e à entrada em
operação da franquia;
b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia;
c) valor estimado das instalações, dos equipamentos e do estoque inicial e suas condições de
pagamento;
IX - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo franqueado ao
franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o que elas
remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte:
a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca, de outros objetos de propriedade intelectual
do franqueador ou sobre os quais este detém direitos ou, ainda, pelos serviços prestados pelo
franqueador ao franqueado;
b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial;
c) taxa de publicidade ou semelhante;
d) seguro mínimo;
X - relação completa de todos os franqueados, subfranqueados ou subfranqueadores da
rede e, também, dos que se desligaram nos últimos 24 (vinte quatro) meses, com os
respectivos nomes, endereços e telefones;
XI - informações relativas à política de atuação territorial, devendo ser especificado:
a) se é garantida ao franqueado a exclusividade ou a preferência sobre determinado
território de atuação e, neste caso, sob que condições;
b) se há possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu
território ou realizar exportações;
c) se há e quais são as regras de concorrência territorial entre unidades próprias e
franqueadas;
XII - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de adquirir
quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implantação, operação ou
administração de sua franquia apenas de fornecedores indicados e aprovados pelo
franqueador, incluindo relação completa desses fornecedores;
XIII - indicação do que é oferecido ao franqueado pelo franqueador e em quais
condições, no que se refere a:
a) suporte;
b) supervisão de rede;
c) serviços;
d) incorporação de inovações tecnológicas às franquias;
e) treinamento do franqueado e de seus funcionários, especificando duração, conteúdo e
custos;
f) manuais de franquia;
g) auxílio na análise e na escolha do ponto onde será instalada a franquia; e
h) leiaute e padrões arquitetônicos das instalações do franqueado, incluindo arranjo físico
de equipamentos e instrumentos, memorial descritivo, composição e croqui;
XIV - informações sobre a situação da marca franqueada e outros direitos de propriedade
intelectual relacionados à franquia, cujo uso será autorizado em contrato pelo franqueador,
incluindo a caracterização completa, com o número do registro ou do pedido protocolizado, com a
classe e subclasse, nos órgãos competentes, e, no caso de cultivares, informações sobre a
situação perante o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC);
XV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em relação a:
a) know-how da tecnologia de produto, de processo ou de gestão, informações confidenciais e
segredos de indústria, comércio, finanças e negócios a que venha a ter acesso em função da
franquia;
b) implantação de atividade concorrente à da franquia;
XVI - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-padrão de franquia
adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive dos respectivos anexos, condições e
prazos de validade;
XVII - indicação da existência ou não de regras de transferência ou sucessão e, caso positivo,
quais são elas;
XVIII - indicação das situações em que são aplicadas penalidades, multas ou indenizações e dos
respectivos valores, estabelecidos no contrato de franquia;
XIX - informações sobre a existência de cotas mínimas de compra pelo franqueado junto ao
franqueador, ou a terceiros por este designados, e sobre a possibilidade e as condições para a
recusa dos produtos ou serviços exigidos pelo franqueador;
XX - indicação de existência de conselho ou associação de franqueados, com as atribuições, os
poderes e os mecanismos de representação perante o franqueador, e detalhamento das competências
para gestão e fiscalização da aplicação dos recursos de fundos existentes;
XXI - indicação das regras de limitação à concorrência entre o franqueador e os franqueados, e entre
os franqueados, durante a vigência do contrato de franquia, e detalhamento da abrangência territorial,
do prazo de vigência da restrição e das penalidades em caso de descumprimento;
XXII - especificação precisa do prazo contratual e das condições de renovação, se houver;
XXIII - local, dia e hora para recebimento da documentação proposta, bem como para início da
abertura dos envelopes, quando se tratar de órgão ou entidade pública.
§ 1º A Circular de Oferta de Franquia deverá ser entregue ao candidato a franqueado, no mínimo, 10
(dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia ou, ainda, do pagamento de
qualquer tipo de taxa pelo franqueado ao franqueador ou a empresa ou a pessoa ligada a este, salvo
no caso de licitação ou pré-qualificação promovida por órgão ou entidade pública, caso em que a
Circular de Oferta de Franquia será divulgada logo no início do processo de seleção.
§ 2º Na hipótese de não cumprimento do disposto no § 1º, o franqueado poderá arguir anulabilidade
ou nulidade, conforme o caso, e exigir a devolução de todas e quaisquer quantias já pagas ao
franqueador, ou a terceiros por este indicados, a título de filiação ou de royalties, corrigidas
monetariamente.
Art. 3º Nos casos em que o franqueador subloque ao franqueado o ponto comercial onde se
acha instalada a franquia, qualquer uma das partes terá legitimidade para propor a renovação
do contrato de locação do imóvel (art. 51 da Lei 8245/1991), vedada a exclusão de qualquer
uma delas do contrato de locação e de sublocação por ocasião da sua renovação ou
prorrogação, salvo nos casos de inadimplência dos respectivos contratos ou do contrato de
franquia.
Parágrafo único. O valor do aluguel a ser pago pelo franqueado ao franqueador, nas
sublocações de que trata o caput, poderá ser superior ao valor que o franqueador paga ao
proprietário do imóvel na locação originária do ponto comercial, desde que:
I - essa possibilidade esteja expressa e clara na Circular de Oferta de Franquia e no contrato; e
II - o valor pago a maior ao franqueador na sublocação não implique excessiva onerosidade ao
franqueado, garantida a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da sublocação na
vigência do contrato de franquia.
Art. 4º Aplica-se ao franqueador que omitir informações exigidas por lei ou veicular
informações falsas na Circular de Oferta de Franquia a sanção prevista no § 2º do art. 2º desta
Lei, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Art. 5º Para os fins desta Lei, as disposições referentes ao franqueador ou ao franqueado
aplicam-se, no que couber, ao subfranqueador e ao subfranqueado, respectivamente.
Art. 6º (VETADO).
Art. 7º Os contratos de franquia obedecerão às seguintes condições: LEI DE
ARBITRAGEM:
I - os que produzirem efeitos exclusivamente no território nacional serão escritos em língua LEI Nº 9307/96
portuguesa e regidos pela legislação brasileira;
II - os contratos de franquia internacional serão escritos originalmente em língua portuguesa
ou terão tradução certificada para a língua portuguesa custeada pelo franqueador, e os
contratantes poderão optar, no contrato, pelo foro de um de seus países de domicílio.
§ 1º As partes poderão eleger juízo arbitral para solução de controvérsias relacionadas ao
contrato de franquia.
§ 2º Para os fins desta Lei, entende-se como contrato internacional de franquia aquele que,
pelos atos concernentes à sua conclusão ou execução, à situação das partes quanto a
nacionalidade ou domicílio, ou à localização de seu objeto, tem liames com mais de um
sistema jurídico.
§ 3º Caso expresso o foro de opção no contrato internacional de franquia, as partes deverão
constituir e manter representante legal ou procurador devidamente qualificado e domiciliado
no país do foro definido, com poderes para representá-las administrativa e judicialmente,
inclusive para receber citações.
Art. 8º A aplicação desta Lei observará o disposto na legislação de propriedade
intelectual vigente no País.
Art. 9º Revoga-se a Lei nº 8.955, de 15 de dezembro de 1994 (Lei de Franquia).
Art. 10. Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias de sua publicação
oficial.
Brasília, 26 de dezembro de 2019; 198º da Independência e 131º da República.
LEASING – ARRENDAMENTO MERCANTIL
1. Introdução

Trata-se de um contrato atípico.

Observação: a Lei nº 6.099/1974 não regulamenta o contrato de arrendamento mercantil, mas


trata tão somente dos efeitos tributários deste contratos.

Resolução nº 2309/1996 do Banco Central – Respaldo administrativo para regulamentar os


contratos de arrendamento mercantil no Brasil.

2. Sujeitos: arrendador (arrendante) e arrendatário

ARRENDADO É O BEM!
 3.Conceito: É um contrato especial de locação que assegura ao
locatário a prerrogativa de adquirir o bem alugado ao final do período
previamente estabelecido, pagando, neste caso, uma diferença chamada
valor residual.

 LEASING = LOCAÇÃO + OPÇÃO UNILATERAL DO ARRENDATÁRIO


(PARA RESCINDIR O CONTRATO OU PARA RENOVAR OU PARA
ADQUIRIR O BEM – MEDIANTE PAGAMENTO DO VRG)
4. Opções ao final do Contrato: renovar a locação; encerrar o contrato,
não mais renovando a locação; comprar o bem alugado, pagando-se o
valor residual.

5. Requisito do arrendador: o arrendador deve ser sempre uma pessoa


jurídica, que tem como objeto principal de sua atividade a prática de
operações de arrendamento mercantil: ser um banco múltiplo com carteira
de arrendamento mercantil ou ser uma instituição financeira autorizada a
contratar operações de arrendamento com o próprio vendedor do bem ou
com pessoas jurídicas a ele coligadas ou interdependentes.

6. Objeto do leasing: bens móveis ou imóveis.


7. VALOR RESIDUAL DE GARANTIA (VRG)

É POSSÍVEL DILUIR O VRG NAS PRESTAÇÕES ESTABELECIDAS NO CONTRATO DE LEASING?

HISTÓRICO:
Sum. 263 do STJ. A cobrança antecipada do valor residual (VRG) descaracteriza o
contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a prestação.
Julgando os REsp n. 443.143-GO e 470.632-SP, na sessão de 27.08.2003, a Segunda
Seção deliberou pelo CANCELAMENTO da Sumula n. 263.
DJ 24.09.2003, p. 216

Sum. 293 do STJ


O STJ MUDOU SEU ENTENDIMENTO ACERCA DO TEMA,
CANCELANDO A SUM. 263 DO STJ E EDITANDO A SÚM. 293, COM A
SEGUINTE REDAÇÃO:

Sum. 293 do STJ. A cobrança antecipada do valor residual


garantido (VRG) NÃO descaracteriza o contrato de
arrendamento mercantil.
Corte Especial, em 05.05.2004
DJ 13.05.2004, p. 183
JURISPRUDÊNCIA

SÚMULA 293/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A antecipação do VRG


não desnatura o contrato de arrendamento mercantil. Súmula 293/STJ. 2. A
decisão ora agravada foi proferida de acordo com os fundamentos e o pedido
contidos no recurso especial, dando-lhe provimento para afastar do acórdão
recorrido o entendimento de que a inclusão do valor residual de garantia nas
prestações mensais descaracteriza o leasing, reduzindo-o à compra e venda a
prestação. Suprimida essa fundamentação do acórdão, os autos devem retornar
ao Tribunal a quo para que prossiga no julgamento da apelação, com o exame das
questões remanescentes. 3. Agravo regimental não provido.
EXEMPLO DE CONTRATO COM VRG
DILUIDO: LEASING DE VEÍCULO
 VEÍCULO:
 VALOR DO BEM FINANCIADO: 50.000,00
 VALOR TOTAL COM JUROS: 85.800,00
 Nº PRESTAÇÕES: 78 MENSALIDADES
 VALOR DA MENSALIDADE PRINCIPAL: 1.100,00
 VALOR DO VRG: 7.800,00
 VRG DILUIDO: PARCELA MENSAL R$ 100,00

 PARCELA FINAL DO CONTRATO DE LEASING: R$ 1.200,00

 O CONTRATO DE LEASING DEVE SEMPRE CONSTAR AS OPÇÕES DE ESCOLHA PARA O


ARRENDATÁRIO
OBSERVAÇÕES:

DURANTE A VIGÊNCIA DO CONTRATO DE LEASING,

A PROPRIEDADE DO BEM É DO ARRENDADOR

A POSSE DO BEM É DO ARRENDATÁRIO.

CASO O ARRENDATÁRIO OPTE POR ADQUIRIR O BEM, DEVERÁ SER DILIGENCIADA


A TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE, DO ARRENDADOR PARA O ARRENDATÁRIO.
LEASING X ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA

CARACTÉRISTICAS LEASING ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA


DO CONTRATO
SUJEITOS ARRENDADOR – INSTITUIÇÃO MUTUANTE-FIDUCIÁRIO = BANCO (QUEM
FINANCEIRA DÁ OU ACREDITA/ADMITE A CONFIANÇA).
ARRENDATÁRIO O banco terá o direito de penhorar o
bem objeto da garantia em caso de
inadimplência do mutuário.
MUTUÁRIO-FIDUCIANTE = CLIENTE (QUE
SE COMPROMETE EM FACE DA
CONFIANÇA). O FIDUCIANTE OFERECE EM
GARANTIA O BEM OBJETO DO CONTRATO.
Neste contrato, haverá o gravame.
PROPRIEDADE ARRENDADOR/ARRENDANTE MUTUÁRIO-FIDUCIANTE

POSSE ARRENDATÁRIO MUTUÁRIO-FIDUCIANTE


6. Modalidades:

6.1 Leasing Operacional: caracteriza-se pelo fato de o bem arrendado já ser da


arrendadora, que então apenas aluga ao arrendatário, sem ter o custo inicial de
aquisição do bem, comprometendo-se também a prestar assistência técnica. A
soma das prestações do aluguel não pode ultrapassar 75% do valor do bem. Por
isso, geralmente, o VRG é alto.
CASOS CONCRETOS

1. MAQUINÁRIO NO VALOR DE R$ 500.000,00


 SE FOR FEITO UM LEASING DE 60 PARCELAS DE R$ 6.250,00
 COM VRG DE R$125.000,00
 NÃO HÁ QUALQUER VANTAGEM PARA O ARRENDADOR.

2. MAQUINÁRIO NO VALOR DE R$ 500.000,00


 SE FOR FEITO UM LEASING DE 60 PARCELAS DE R$ 7.250,00
 COM VRG DE R$190.000,00
 HÁ VANTAGEM PARA O ARRENDADOR.
6.2 Leasing Financeiro: é a modalidade típica de arrendamento
mercantil, em que o bem arrendado não pertence à arrendadora, mas é
indicado pelo arrendatário. Ela então deverá adquirir o bem indicado,
para depois alugá-lo ao arrendatário. Nesta espécie de leasing, como a
arrendadora tem um alto custo inicial em razão da necessidade de
adquirir o bem indicado pelo arrendatário, as prestações referentes ao
aluguel devem ser suficientes para a recuperação desse custo. Por
isso, caso seja feita a opção final de compra pelo arrendatário, o VRG
será menor.
6.3. Leasing Back: O bem arrendado era de propriedade do arrendatário,
que o vende à arrendadora, para depois arrendá-lo, podendo, obviamente,
readquirir o bem ao final do contrato, caso se utilize da opção de compra,
pagando o VRG.

7. Antecipação do VRG: Divergências doutrinárias. Enunciado 263 STJ


(cancelado). Enunciado 293 – STJ (vigente).
8. Prazos: O prazo mínimo de arrendamento é de dois anos para
bens com vida útil de até cinco anos e de três anos para os demais
– Leasing Financeiro.

Por exemplo: para veículos, o prazo mínimo é de 24 meses e para


outros equipamentos e imóveis, o prazo mínimo é de 36 meses
(bens com vida útil superior a cinco anos).

Existe, também, modalidade de operação, denominada leasing


operacional, em que o prazo mínimo é de 90 dias.
PARA O LEASING FINANCEIRO...

VIDA ÚTIL DO BEM (VUB) PRAZO MÍNIMO PARA O CONTRATO DE


LEASING

SE A VUB FOR DE ATÉ 5 ANOS 2 ANOS

SE A VUB FOR SUPERIOR A 5 ANOS 3 ANOS

PARA O LEASING OPERACIONAL, O PRAZO MÍNIMO É DE 90 DIAS.


RESOLUÇÃO Nº 2309/1996

Disciplina e consolida as normas relativas às operações de arrendamento


mercantil.
O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei nº. 4.595, de
31.12.64, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão
realizada em 28.08.96, com base no disposto na Lei nº. 6.099, de 12.09.74, com
as alterações introduzidas pela Lei nº. 7.132, de 26.10.83, R E S O L V E U:
Art. 1º Aprovar o Regulamento anexo, que disciplina a modalidade de
arrendamento mercantil operacional, autoriza a prática de operações de
arrendamento mercantil com pessoas físicas em geral e consolida normas a
respeito de arrendamento mercantil financeiro.
Art. 2º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a adotar as medidas e baixar as
normas julgadas necessárias à execução do disposto nesta Resolução.
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Ficam revogadas as Resoluções nºs 980, de 13.12.84,


1.452, de 15.01.88, 1.474, de 29.03.88, 1.681, de 31.01.90, 1.686,
de 21.02.90, e 1.769, de 28.11.90, o art. 2º da Resolução nº. 2.276,
de 30.04.96, as Circulares nºs 903, de 14.12.84, 2.064, de
17.10.91, e o art. 2º da Circular nº. 2.706, de 18.07.96.
Brasília, 28 de agosto de 1996.
Gustavo Jorge Laboissière Loyola Presidente
ANEXO
CAPÍTULO I
Da Prática de Arrendamento Mercantil
Art. 1º As operações de arrendamento mercantil com o tratamento tributário
previsto na Lei nº. 6.099, de 12.09.74, alterada pela Lei nº. 7.132, de
26.10.83, somente podem ser realizadas por pessoas jurídicas que
tenham como objeto principal de sua atividade a prática de operações
de arrendamento mercantil, pelos bancos múltiplos com carteira de
arrendamento mercantil e pelas instituições financeiras que, nos termos
do art. 13 deste Regulamento, estejam autorizadas a contratar operações de
arrendamento com o próprio vendedor do bem ou com pessoas jurídicas a ele
coligadas ou interdependentes.
Parágrafo único. As operações previstas neste artigo podem ser dos tipos
financeiro e operacional.
Art. 2º Para a realização das operações previstas neste Regulamento, as
sociedades de arrendamento mercantil e as instituições financeiras
citadas no artigo anterior devem manter departamento técnico
devidamente estruturado e supervisionado diretamente por um de seus
diretores.
Parágrafo único. As sociedades e instituições devem comunicar à
Delegacia Regional do Banco Central do Brasil a que estiverem
jurisdicionadas o nome do diretor responsável pela área de arrendamento
mercantil.
CAPÍTULO II
Da Constituição e do Funcionamento das Sociedades de Arrendamento Mercantil
Art. 3º A constituição e o funcionamento das pessoas jurídicas que tenham como
objeto principal de sua atividade a prática de operações de arrendamento
mercantil, denominadas sociedades de arrendamento mercantil, dependem de
autorização do Banco Central do Brasil.
Art. 4º As sociedades de arrendamento mercantil devem adotar a forma jurídica
de sociedades anônimas e a elas se aplicam, no que couber, as mesmas
condições estabelecidas para o funcionamento de instituições financeiras na Lei
nº. 4.595, de 31.12.64, e legislação posterior relativa ao Sistema Financeiro
Nacional, devendo constar obrigatoriamente de sua denominação social a
expressão "Arrendamento Mercantil".
Parágrafo único. A expressão "Arrendamento Mercantil" na denominação ou
razão social é privativa das sociedades de que trata este artigo.
CAPÍTULO III
Das Modalidades de Arrendamento Mercantil
Art. 5º Considera-se arrendamento mercantil financeiro a modalidade em que:
I - as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela
arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a arrendadora recupere o
custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente,
obtenha um retorno sobre os recursos investidos;
II - as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à
operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da arrendatária;
III - o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado,
podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado.
Art. 6º Considera-se arrendamento mercantil operacional a modalidade em que:
I - as contraprestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo de
arrendamento do bem e os serviços inerentes a sua colocação à disposição da
arrendatária, não podendo o valor presente dos pagamentos ultrapassar 90%
(noventa por cento) do "custo do bem;"
II - o prazo contratual seja inferior a 75% (setenta e cinco por cento) do prazo de
vida útil econômica do bem;
III - o preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do
bem arrendado;
IV - não haja previsão de pagamento de valor residual garantido.
Parágrafo 1º As operações de que trata este artigo são privativas dos bancos
múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e das sociedades de
arrendamento mercantil.
Parágrafo 2º No cálculo do valor presente dos pagamentos deverá ser
utilizada taxa equivalente aos encargos financeiros constantes do
contrato.

Parágrafo 3º A manutenção, a assistência técnica e os serviços


correlatos à operacionalidade do bem arrendado podem ser de
responsabilidade da arrendadora ou da arrendatária. (Redação dada
ao Art. 6º pela Resolução 2465, de 19/02/1998).
DICA

Sobre a manutenção, a assistência técnica e os serviços correlatos...


Responsabilidade de quem?

No leasing Financeiro No Leasing Operacional

Resp. da ARRENDATÁRIO Resp. da ARRENDADORA ou da


ARRENDATÁRIA
CAPÍTULO IV Dos Contratos de Arrendamento
Art. 7º Os contratos de arrendamento mercantil devem ser formalizados por instrumento
público ou particular, devendo conter, no mínimo, as especificações abaixo
relacionadas:
I - a descrição dos bens que constituem o objeto do contrato, com todas as
características que permitam sua perfeita identificação;
II - o prazo de arrendamento;
III - o valor das contraprestações ou a fórmula de cálculo das contraprestações, bem
como o critério para seu reajuste;
IV - a forma de pagamento das contraprestações por períodos determinados, não
superiores a 1 (um) semestre, salvo no caso de operações que beneficiem atividades
rurais, quando o pagamento pode ser fixado por períodos não superiores a 1 (um) ano;
V - as condições para o exercício por parte da arrendatária do direito de optar pela
renovação do contrato, pela devolução dos bens ou pela aquisição dos bens
arrendados;
VI - a concessão à arrendatária de opção de compra dos bens arrendados, devendo ser
estabelecido o preço para seu exercício ou critério utilizável na sua fixação.
O COMÉRCIO
ELETRÔNICO
1. Histórico

 Internet – precursor: ARPANet – Advance Research Projects – Rede que, em 1969


interligou o Departamento de Defesa Norte-americano a universidades e organismos
militares.

 Origem: 1970 – quando o Interneting Project padronizou o sistema de transmissão


de dados, os protocolos de internet (IP).

 Em 1993 – World Wide Web (WWW) – universalização do acesso à rede.

 1990 – Popularização da rede, ultrapassando os circuitos universitários.


2. Conceito – O comércio Eletrônico é a venda de serviços realizadas em estabelecimento
virtual.

3. Oferta e Contrato

3.1. Momento da Oferta – A oferta e o contrato são feitos por transmissão e repecção
eletrônica de dados. Considera-se feita a oferta no momento em que os dados
disponibilizados pelo empresário em seu website ingressam no computador do
consumidor ou adquirente.
OBS: A PROPOSTA TAMBÉM É CHAMADA DE POLICITAÇÃO
3.2.Aceitação - OBLAÇÃO: Existe promessa de contratar no ambiente virtual?

A aceitação verifica-se quando os dados transmitidos por estes ingressam nas


máquinas do empresário.
4. O Estabelecimento Virtual
O estabelecimento empresarial é o conjunto de bens reunidos pelo empresário
para a exploração da atividade econômica.

4.1. Antes do Aparecimento do Comércio Eletrônico – estabelecimento era


sempre físico.

4.2. Depois do Comércio Eletrônico – surge o estabelecimento fisicamente


inacessível: o adquirente deve manifestar a aceitação por meio de
transmissão eletrônica de dados.
Obs: Nome de Domínio – Cumpre duas funções: a de endereço
eletrônico e a de título de estabelecimento. É registrado no NIC.BR:
Núcleo de informação e coordenação do ponto Br.

Deve observar o protocolo DNS (Domais Name System).

Endereço = Núcleo – com função de individualizar o website, seguido


de dois TLDs (Top Level Domaisn: domínio de primeiro nível); o
primeiro referente à natureza do titular (ex: .com) e o segundo ao país
de origem (ex: .br).

NIC.br – Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR.


5. O Contrato Eletrônico – Celebrado por meio de transmissão de dados.

OBS: Princípio da Equivalência Funcional: Contrato-p (contrato papel) e Contrato-e


(contrato eletrônico).

Contrato-e ~ Contrato-p

Eficácia do Contrato-e.

6. O Contrato Eletrônico e as Relações de Consumo.


7. Requisitos Jurídicos do Website

7.1. Se as informações transmitidas pelo website são incompletas, incongruentes,


contraditórias ou obscuras. CDC, art. 37 e 40.

7.2. Se as informações veiculadas no estabelecimento eletrônico não forem verdadeiras


– Vício do fornecimento.
7.3. Disparidade entre a realidade do produto ou serviço e as indicações constantes da
mensagem publicitária - Vício de qualidade – arts. 18 e 20 CDC.

7.4. Se o website tem layout que dificulte o acesso a certas informações – Art. 46 CDC.

7.5. Se o website se omite em relação às informações sobre os riscos à saúde ou à


segurança do consumidor, não sendo estes normais e previsíveis em vista da natureza
e fruição do serviço ou produto (CDC, art. 8º).
8. Publicidade nos Estabelecimentos Virtuais.

O titular do estabelecimento virtual não responde pela veracidade e regularidade da


publicidade de terceiros, porque, neste caso, ele é apenas veículo. Responde,
contudo, na hipótese de apresentar no website anúncio enganoso ou abusivo
sobre os seus próprios produtos ou serviços.

9. Direito de Arrependimento.

A compra de produtos ou serviços através da internet realiza-se “dentro” do


estabelecimento (virtual) do fornecedor. Por isso, o comprador (não consumidor)
internetenáutico não tem direito de arrependimento, a menos que o empresário
fornecedor tenha utilizado em seu website alguma técnica agressiva de marketing,
isto é, tenha-se valido de expediente que garanta a possibilidade de devolução do
produto em caso de não adaptação ou desinteresse.
O art. 49 CDC só se aplica para os contratos consumeristas, não incidindo,
pois, como garantia automática dos contratos virtuais entre empresários.
10. O Comércio eletrônico e as Relações Interempresariais.

O comércio-e entre empresários não está sujeito ao Código de Defesa do


Consumidor. O website destinado à venda de insumos (produtos ou serviços)
pode disponibilizar apenas informações genéricas, mas suficientes para o
desencadeamento das negociações, e ainda assim não sofrerá os regramentos
do CDC. O empresário fornecedor (titular do website) pode, no entanto, ser
responsabilizado se o conteúdo da informação veiculada violar garantias gerais
tuteladas pelo Direito dos Contratos, bem como desrespeitar princípios ou
regras consubstanciadas pelo Direito das Obrigações (vide CC/2002).

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