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CAMILA.MOUSQUER@GMAIL.COM.BR
O CONTRATO ESTÁ PARA O DIREITO CIVIL, ASSIM COMO O CRIME
ESTÁ PARA O DIREITO PENAL.
TRATA-SE, EM VERDADE, DA ESPÉCIE MAIS IMPORTANTE E SOCIALMENTE
DIFUNDIDA DE NEGÓCIO JURÍDICO, CONSISTINDO NA FORÇA MOTRIZ DAS
ENGRENAGENS SOCIOECONÔMICAS DO MUNDO.
2. LICITUDE:
2.1. OBJETO CONTRATUAL QUE NÃO VIOLA A LEI, A MORAL OU OS BONS
COSTUMES. EX.: COMPRA E VENDA DE COCAÍNA ; LEI DE TRANSPLANTES (LEI Nº
9.434/1997):
4. DETERMINAÇÃO/DETERMINABILIDADE
4.1. É DETERMINADO O OBJETO DE UM CONTRATO QUE SEJA ESPECÍFICO: COMPRA
E VENDA DE CARRO, IDENTIFICADO PLACA E CHASSI. NÃO SENDO DETERMINADO,
É DETERMINÁVEL UM CARRO, MODELO JEEP, COR BRANCA. AMBOS SÃO OBJETOS
VÁLIDOS.
FORMAIS (RELATIVOS À FORMA QUE O CONTRATO ADOTA)
1. COMO REGRA , A FORMA É LIVRE (ART. 107, CC). QUALQUER MEIO DE MANIFESTAÇÃO DA
VONTADE, NÃO IMPOSTO OBRIGATORIAMENTE PELA LEI (PALAVRA ESCRITA OU FALADA ,
ESCRITO PÚBLICO OU PARTICULAR, GESTOS, MÍMICAS, ETC). .
EM RESUMO, SIGNIFICA QUE UMA PARCELA DO PODER POLÍTICO ESTÁ SENDO TRANSFERIDO
DAS INSTÂNCIAS POLÍTICAS TRADICIONAIS PARA O PODER JUDICIÁRIO.
ASSIM, NAS PALAVRAS DO MINISTRO BARROSO, “SÓ NÃO TRAZ A PESSOA AMADA EM 3
DIAS”, QUALQUER OUTRO TEMA PODE SER LEVADO PARA APRECIAÇÃO DO SUPREMO.
DIFICULDADES ENFRENTADAS QUANDO DA APLICAÇÃO DIRETA E IMEDIATA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS ÀS RELAÇÕES ENTRE PARTICULARES.
FIDELIDADE PARTIDÁRIA: MESMO SEM PREVISÃO LEGAL, O STF DECIDIU QUE O POLÍTICO
ELEITO POR DETERMINADO PARTIDO, SE MUDASSE DE PARTIDO DURANTE O MANDATO,
PERDERIA O MANDATO. PARA CHEGAR A ESSA DECISÃO, O SUPREMO INTERPRETOU O
PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO E A IDEIA DE REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA.
* ANALISE COM BASE NAS DISPOSIÇÕES DA LEI DA LIBERDADE ECONÔMICA – LEI 13.874/2019
A) PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA (AUTONOMIA DA VONTADE)
- AS LEIS DE LOCAÇÕES;
- O CDC;
- AS LEIS DE LOTEAMENTOS;
- AS LEIS SOBRE SAÚDE;
- A LEI DE INCORPORAÇÕES IMOBILIÁRIAS;
- AS LEIS TRABALHISTAS.
1. CONCEPÇÃO MODERNA DO PRINCÍPIO;
NELSON NERY JUNIOR AFIRMA QUE A FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS POSSUI A
CONDIÇÃO DE CLÁUSULA GERAL, DE MODO QUE:
“O CONTRATO ESTARÁ CONFORMADO À SUA FUNÇÃO SOCIAL QUANDO AS PARTES
SE PAUTAREM PELOS VALORES DA SOLIDARIEDADE (CF, ART. 3º, I) E DA JUSTIÇA
SOCIAL (CF, ART. 170 CAPUT), DA LIVRE-INICIATIVA , FOR RESPEITADA A DIGNIDADE
DA PESSOA HUMANA (CF, ART. 1º, III), NÃO SE FERIREM VALORES AMBIENTAIS
(CDC, 51, XIV).”.
A VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO OCORRE NAS
HIPÓTESES EM QUE O PACTO VENHA A PREJUDICAR OS INTERESSES SOCIAIS, OU
ATÉ MESMO O DE TERCEIROS QUE NÃO TENHAM RELAÇÃO DIRETA COM O
CONTRATO ESTABELECIDO ENTRE AS PARTES. A ESSE RESPEITO, NELSON NERY
JUNIOR APONTA ALGUMAS SITUAÇÕES DE INOBSERVÂNCIA DA FUNÇÃO SOCIAL DO
CONTRATO:
OS ARTIGOS 479 E 480 DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO SÃO CLAROS QUANDO INDICAM A
POSSIBILIDADE DO APROVEITAMENTO DO NEGÓCIO JURÍDICO AO CONTRÁRIO DE DESCARTÁ-
LO. TAL POSSIBILIDADE ESTÁ CALCADA NO RESPEITO AO PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DO
CONTRATO QUE BUSCA PRESTIGIAR E MANTER O NEGÓCIO E DAR SEGURANÇA JURÍDICA AOS
CONTRATANTES.
É MAIS FAVORÁVEL UMA REVISÃO DO CONTRATO PARA ADAPTÁ-LO AS REAIS CONDIÇÕES DAS
PARTES DO QUE UMA RUPTURA DESTE CONTRATO. DEVE SER LEVADO EM CONSIDERAÇÃO
TODAS AS CONDIÇÕES QUE CERCAM O CONTRATO, POIS NÃO É JUSTO QUE O DEVEDOR SEJA
EXCESSIVAMENTE ONERADO POR ACONTECIMENTOS IMPREVISTOS MAS, TAMBÉM NÃO É
JUSTO QUE O CREDOR SEJA PRIVADO DE SEUS GANHOS PROGRAMADOS.
ART. 478. NOS CONTRATOS DE EXECUÇÃO CONTINUADA OU DIFERIDA , SE A PRESTAÇÃO DE
UMA DAS PARTES SE TORNAR EXCESSIVAMENTE ONEROSA , COM EXTREMA VANTAGEM PARA A
OUTRA , EM VIRTUDE DE ACONTECIMENTOS EXTRAORDINÁRIOS E IMPREVISÍVEIS, PODERÁ O
DEVEDOR PEDIR A RESOLUÇÃO DO CONTRATO. OS EFEITOS DA SENTENÇA QUE A DECRETAR
RETROAGIRÃO À DATA DA CITAÇÃO.
O CONTRATO FIRMADO NO ÂMBITO PRIVADO TORNA-SE LEI ENTRE AS PARTES E ASSIM DEVE SER
CONSIDERADO ENQUANTO PERMANECEREM AS MESMAS CONDIÇÕES EM QUE FOI CELEBRADO.
QUANDO HÁ UM FATO SUPERVENIENTE QUE AFETE ESTA RELAÇÃO DE MANEIRA
EXCESSIVAMENTE ONEROSA, ADMITIR-SE-Á A SUA REVISÃO E ATÉ A SUA EXTINÇÃO.
*NA DOUTRINA BRASILEIRA HÁ CERTO CONSENSO DE QUE O CASO FORTUITO É EVENTO IMPREVISÍVEL E, POR
ISSO, INEVITÁVEL, ENQUANTO A FORÇA MAIOR É EVENTO PREVISÍVEL, MAS INEVITÁVEL. TODAVIA , O ARTIGO 393 DO
CÓDIGO CIVIL CONFERIU TRATAMENTO IDÊNTICO, NÃO HAVENDO MOTIVO PARA DIFERENCIAÇÃO.
NO SENTIDO PURAMENTE TÉCNICO, TEM-SE QUE PANDEMIAS, GUERRAS, GRANDES
E GLOBAIS DEPRESSÕES ECONÔMICAS — E OS CONSECTÁRIOS DECORRENTES
DESSES EVENTOS — DEVEM SER ENTENDIDAS COMO EVENTOS IMPREVISÍVEIS, QUE
IMPACTAM NAS NEGOCIAÇÕES PRIVADAS, ELEVANDO OS CUSTOS ENVOLVIDOS EM
TODO E QUALQUER CONTRATO, DESEQUILIBRANDO AS PRESTAÇÕES OBRIGACIONAIS
INICIALMENTE ENTABULADAS ENTRE AS PARTES E, ASSIM, INVIABILIZANDO — OU
AO MENOS SOBRECARREGANDO — A MANUTENÇÃO DAS AVENÇAS FIRMADAS, NA
FORMA INICIALMENTE IMAGINADA.
ANALISANDO A SITUAÇÃO GLOBAL DECORRENTE DA PANDEMIA , VERIFICA-SE UM
EFEITO AVASSALADOR NAS GRANDES ECONOMIAS MUNDIAIS, TAIS COMO CHINA,
EUA E ALEMANHA, ALÉM DE DIVERSOS PAÍSES DE EUROPA, ÁSIA E AMÉRICAS.
DIANTE DE SUA EXTENSÃO GLOBAL, SEM PRECEDENTES E SEM PREVISÃO PARA
TÉRMINO, A COVID-19 TRAZ, INEVITAVELMENTE:
DENTRE OUTRAS MEDIDAS, ESSA LEI TROUXE EM SEU ARTIGO 7º DISPOSIÇÃO QUE AFETA
DIRETAMENTE A APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO.
“ART. 7º NÃO SE CONSIDERAM FATOS IMPREVISÍVEIS, PARA OS FINS EXCLUSIVOS DOS ARTS.
317, 478, 479 E 480 DO CÓDIGO CIVIL, O AUMENTO DA INFLAÇÃO, A VARIAÇÃO CAMBIAL,
A DESVALORIZAÇÃO OU A SUBSTITUIÇÃO DO PADRÃO MONETÁRIO.”
(...)
V – A MODIFICAÇÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS QUE ESTABELEÇAM PRESTAÇÕES
DESPROPORCIONAIS OU SUA REVISÃO EM RAZÃO DE FATOS SUPERVENIENTES QUE AS
TORNEM EXCESSIVAMENTE ONEROSAS;
ART. 51. SÃO NULAS DE PLENO DIREITO, ENTRE OUTRAS, AS CLÁUSULAS CONTRATUAIS
RELATIVAS AO FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS QUE:
(...)
III – SE MOSTRA EXCESSIVAMENTE ONEROSA PARA O CONSUMIDOR, CONSIDERANDO-SE A
NATUREZA E CONTEÚDO DO CONTRATO, O INTERESSE DAS PARTES E OUTRAS
CIRCUNSTÂNCIAS PECULIARES AO CASO.
(STJ. AGINT NOS EDCL NO RESP 1902149 / DF, TERCEIRA TURMA , DJE 27/04/2023)
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. LOCAÇÃO DE ESPAÇO EM SHOPPING CENTER. EXECUÇÃO.
HONORÁRIOS CONTRATUAIS. REPASSE AO LOCATÁRIO. CLÁUSULA CONTRATUAL.
POSSIBILIDADE.
1- RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO EM 5/7/2020 E CONCLUSO AO GABINETE EM 18/5/2021.
2- O PROPÓSITO RECURSAL CONSISTE EM DIZER SE: A) ESTARIA CARACTERIZADA NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL; E B) É LÍCITO, POR MEIO DE CLÁUSULA CONTRATUAL INSERTA EM CONTRATO DE LOCAÇÃO DE
ESPAÇO EM SHOPPING CENTER, O REPASSE AO LOCATÁRIO DO DEVER DE ARCAR COM OS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS CONVENCIONAIS.
3- NA HIPÓTESE EM EXAME É DE SER AFASTADA A EXISTÊNCIA DE OMISSÕES NO ACÓRDÃO RECORRIDO, À
CONSIDERAÇÃO DE QUE AS MATÉRIAS IMPUGNADAS FORAM ENFRENTADAS DE FORMA OBJETIVA E FUNDAMENTADA
NO JULGAMENTO DO RECURSO, NAQUILO QUE O TRIBUNAL A QUO ENTENDEU PERTINENTE À SOLUÇÃO DA
CONTROVÉRSIA.
4- NOS CONTRATOS EMPRESARIAIS DEVE SER CONFERIDO ESPECIAL PRESTÍGIO AOS PRINCÍPIOS DA
LIBERDADE CONTRATUAL E DO PACTA SUNT SERVANDA, RECONHECENDO-SE NELES VERDADEIRA PRESUNÇÃO
DE SIMETRIA E PARIDADE ENTRE OS CONTRAENTES, SENDO IMPRESCINDÍVEL OBSERVAR E RESPEITAR A
ALOCAÇÃO DE RISCOS DEFINIDA PELAS PARTES.
5- NA HIPÓTESE DOS AUTOS, INFERE-SE DO EXAME DA CLÁUSULA EM APREÇO - TRANSCRITA NO ACÓRDÃO
RECORRIDO - QUE A FIXAÇÃO DO VALOR DOS HONORÁRIOS CONTRATUAIS NÃO FICOU SEQUER AO ARBÍTRIO DO
LOCADOR, PORQUANTO O MONTANTE FOI FIXADO EM PORCENTAGEM SOBRE O VALOR TOTAL DA DÍVIDA.
6- DESSE MODO, TENDO EM VISTA QUE OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS NÃO SE
CONFUNDEM COM OS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS E QUE O CONTRATO DE LOCAÇÃO DE ESPAÇO EM
SHOPPING CENTER REPRESENTA VERDADEIRO CONTRATO EMPRESARIAL CELEBRADO ENTRE AGENTES
ECONÔMICOS QUE SE PRESUMEM ATIVOS E PROBOS, INEXISTINDO, NA HIPÓTESE DOS AUTOS, ELEMENTOS
QUE JUSTIFIQUEM A INTROMISSÃO DO PODER JUDICIÁRIO NO NEGÓCIO FIRMADO, DEVE SER CONSIDERADA
VÁLIDA E EFICAZ A CLÁUSULA CONTRATUAL EM APREÇO, QUE TRANSFERE CUSTOS DO LOCADOR AO
LOCATÁRIO, IMPONDO A ESTE O DEVER DE ARCAR COM OS HONORÁRIOS CONTRATUAIS PREVIAMENTE
ESTIPULADOS.
7- RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
(RESP 1910582/PR, REL. MINISTRA NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, DJE 20/08/2021)
QUAL A VISÃO DO STJ SOBRE A TEORIA DA IMPREVISÃO?
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE SAFRA FUTURA DE SOJA. CONTRATO QUE TAMBÉM
TRAZ BENEFÍCIO AO AGRICULTOR. FERRUGEM ASIÁTICA. DOENÇA QUE ACOMETE AS
LAVOURAS DE SOJA DO BRASIL DESDE 2001, PASSÍVEL DE CONTROLE PELO AGRICULTOR.
RESOLUÇÃO DO CONTRATO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA. IMPOSSIBILIDADE.
OSCILAÇÃO DE PREÇO DA "COMMODITY". PREVISIBILIDADE NO PANORAMA
CONTRATUAL. 1. A PRÉVIA FIXAÇÃO DE PREÇO DA SOJA EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA FUTURA,
AINDA QUE COM EMISSÃO DE CÉDULA DE PRODUTO RURAL, TRAZ TAMBÉM BENEFÍCIOS AO AGRICULTOR,
FICANDO A SALVO DE OSCILAÇÕES EXCESSIVAS DE PREÇO, GARANTINDO O LUCRO E RESGUARDANDO-SE,
COM CONSIDERÁVEL SEGURANÇA , QUANTO AO CUMPRIMENTO DE DESPESAS REFERENTES AOS CUSTOS DE
PRODUÇÃO, INVESTIMENTOS OU FINANCIAMENTOS. 2. A "FERRUGEM ASIÁTICA" NA LAVOURA NÃO É FATO
EXTRAORDINÁRIO E IMPREVISÍVEL, VISTO QUE, EMBORA REDUZA A PRODUTIVIDADE, É DOENÇA QUE ATINGE
AS PLANTAÇÕES DE SOJA NO BRASIL DESDE 2001, NÃO HAVENDO PERSPECTIVA DE ERRADICAÇÃO A
MÉDIO PRAZO, MAS SENDO POSSÍVEL O SEU CONTROLE PELO AGRICULTOR. PRECEDENTES. 3. A
RESOLUÇÃO CONTRATUAL PELA ONEROSIDADE EXCESSIVA RECLAMA SUPERVENIÊNCIA DE EVENTO
EXTRAORDINÁRIO, IMPOSSÍVEL ÀS PARTES ANTEVER, NÃO SENDO SUFICIENTE ALTERAÇÕES QUE SE INSEREM
NOS RISCOS ORDINÁRIOS. PRECEDENTES. 4. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO PARA
RESTABELECER A SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
(STJ, RESP 945.166/GO, REL. MIN, LUIS FELIPE SALOMÃO. 28/02/2012)
3. A PRINCIPAL QUESTÃO CONTROVERTIDA CONSISTE EM SABER SE, EM HAVENDO CONTRATO DE COMPRA
E VENDA DE SAFRA FUTURA DE SOJA , É POSSÍVEL, EM DECORRÊNCIA DE FLUTUAÇÃO NO PREÇO DO
PRODUTO, INSUMOS DE PRODUÇÃO E, AINDA , OCORRÊNCIA DE DOENÇA "FERRUGEM ASIÁTICA" NA
LAVOURA , INVOCAR A TEORIA DA IMPREVISÃO PARA DISCUTIR ALEGAÇÃO DE ONEROSIDADE EXCESSIVA , DE
MODO A PERMITIR A ALIENAÇÃO DA MERCADORIA A TERCEIROS. (...)
3.1. A PRÉVIA FIXAÇÃO DE PREÇO DA SOJA EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA FUTURA, AINDA QUE
COM EMISSÃO DE CÉDULA DE PRODUTO RURAL, TRAZ TAMBÉM BENEFÍCIOS AO AGRICULTOR, POIS FICA A
SALVO DE OSCILAÇÕES EXCESSIVAS DE PREÇO, GARANTINDO O LUCRO E RESGUARDANDO-SE, COM
CONSIDERÁVEL SEGURANÇA, QUANTO AO CUMPRIMENTO DE DESPESAS REFERENTES AOS CUSTOS DE
PRODUÇÃO, INVESTIMENTOS OU FINANCIAMENTOS.(...)
3.2. ADEMAIS, A FERRUGEM ASIÁTICA NA LAVOURA NÃO É FATO EXTRAORDINÁRIO E IMPREVISÍVEL, VISTO
QUE, EMBORA REDUZA A PRODUTIVIDADE, É DOENÇA QUE ATINGE AS PLANTAÇÕES DE SOJA NO BRASIL
DESDE 2001, NÃO HAVENDO PERSPECTIVA DE ERRADICAÇÃO A MÉDIO PRAZO, MAS SENDO POSSÍVEL SEU
CONTROLE PELO AGRICULTOR.(...)
3.3. NESSA ESTEIRA, PARA ENSEJAR A APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO - A QUAL, DE REGRA,
POSSUI O CONDÃO DE EXTINGUIR OU REFORMULAR O CONTRATO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA - É
IMPRESCINDÍVEL A EXISTÊNCIA, AINDA QUE IMPLÍCITA , DA CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS, QUE PERMITE A
INEXECUÇÃO DE CONTRATO COMUTATIVO - DE TRATO SUCESSIVO OU DE EXECUÇÃO DIFERIDA -, SE AS
BASES FÁTICAS SOBRE AS QUAIS SE ERGUEU A AVENÇA ALTERAREM-SE, POSTERIORMENTE, EM RAZÃO DE
ACONTECIMENTOS EXTRAORDINÁRIOS, DESCONEXOS COM OS RISCOS ÍNSITOS À PRESTAÇÃO
SUBJACENTE.TAIS CARACTERÍSTICAS, COMO SE PERCEBE DA TRANSCRIÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO, NÃO
SE VERIFICAM NA HIPÓTESE ORA EXAMINADA. O PRODUTO VENDIDO PELO AUTOR - SOJA -, CUJA ENTREGA
FOI DIFERIDA A UM CURTO ESPAÇO DE TEMPO, POSSUI COTAÇÃO EM BOLSA DE VALORES E A FLUTUAÇÃO
DO PREÇO , ATÉ MESMO DIÁRIA , É INERENTE AO NEGÓCIO JURÍDICO ENTABULADO, ENVOLVENDO
"'COMMODITY', QUE É SUJEITO À COTAÇÃO INTERNACIONAL.
RECURSO ESPECIAL. REVISÃO CONTRATUAL. PANDEMIA DA COVID-19. CDC. REDUÇÃO
DO VALOR DAS MENSALIDADES ESCOLARES. SUPRESSÃO DE DISCIPLINAS E VEICULAÇÃO
DAS AULAS PELO MODO VIRTUAL. SERVIÇO DEFEITUOSO E ONEROSIDADE EXCESSIVA.
INEXISTÊNCIA. QUEBRA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO. ART. 6º, INCISO V, DO
CDC. EXIGÊNCIA DE DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO IMODERADO.
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DO FORNECEDOR. IRRELEVÂNCIA. OBSERVÂNCIA AOS
POSTULADOS DA FUNÇÃO SOCIAL E DA BOA-FÉ CONTRATUAL. SITUAÇÃO EXTERNA.
REPARTIÇÃO DOS ÔNUS. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO APTO À REVISÃO DO CONTRATO
NA HIPÓTESE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. AS VERTENTES REVISIONISTAS NO ÂMBITO
DAS RELAÇÕES PRIVADAS, EMBORA ENCONTREM FUNDAMENTO EM BASES NORMATIVAS DIVERSAS, A
EXEMPLO DA TEORIA DA ONEROSIDADE EXCESSIVA (ART. 478 DO CC) OU DA QUEBRA DA BASE OBJETIVA
(ART. 6º, INCISO V, DO CDC), APRESENTAM COMO REQUISITO NECESSÁRIO A OCORRÊNCIA DE FATO
SUPERVENIENTE CAPAZ DE ALTERAR – DE MANEIRA CONCRETA E IMODERADA – O EQUILÍBRIO ECONÔMICO
E FINANCEIRO DA AVENÇA , SITUAÇÃO NÃO EVIDENCIADA NO CASO CONCRETO. PRECEDENTES. 2. O STJ
DE HÁ MUITO CONSAGROU A COMPREENSÃO DE QUE O PRECEITO INSCULPIDO NO INCISO V DO ART. 6º
DO CDC EXIGE A "DEMONSTRAÇÃO OBJETIVA DA EXCESSIVA ONEROSIDADE ADVINDA PARA O
CONSUMIDOR" (RESP N. 417.927/SP, RELATORA MINISTRA NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA ,
JULGADO EM 21/5/2002, DJ DE 1/7/2002, P. 339.) 3. NESSE CONTEXTO, A REVISÃO DOS CONTRATOS
EM RAZÃO DA PANDEMIA NÃO CONSTITUI DECORRÊNCIA LÓGICA OU AUTOMÁTICA , DEVENDO SER
ANALISADAS A NATUREZA DO CONTRATO E A CONDUTA DAS PARTES – TANTO NO ÂMBITO MATERIAL
COMO NA ESFERA PROCESSUAL –, ESPECIALMENTE QUANDO O EVENTO SUPERVENIENTE E IMPREVISÍVEL
NÃO SE ENCONTRA NO DOMÍNIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA DO FORNECEDOR.
4. OS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL E DA BOA-FÉ CONTRATUAL DEVEM SER SOPESADOS NESSES CASOS
COM ESPECIAL RIGOR A FIM DE BEM DELIMITAR AS HIPÓTESES EM QUE A ONEROSIDADE SOBRESSAI COMO
FATOR ESTRUTURAL DO NEGÓCIO – CONDIÇÃO QUE DEVE SER REEQUILIBRADA TANTO PELO PODER
JUDICIÁRIO QUANTO PELOS ENVOLVIDOS, – E AQUELAS QUE EVIDENCIAM ÔNUS MODERADO OU MESMO
SITUAÇÃO DE OPORTUNISMO PARA UMA DAS PARTES. 5. NO CASO, NÃO HOUVE COMPROVAÇÃO DO
INCREMENTO DOS GASTOS PELO CONSUMIDOR, INVOCANDO-SE AINDA COMO PONTO CENTRAL À REVISÃO
DO CONTRATO, POR OUTRO LADO, O ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DO FORNECEDOR – SITUAÇÃO QUE
NÃO TRADUZ A TÔNICA DA REVISÃO COM FUNDAMENTO NA QUEBRA DA BASE OBJETIVA DOS CONTRATOS.
A REDUÇÃO DO NÚMERO DE AULAS, POR SUA VEZ, DECORREU DE ATOS DAS AUTORIDADES PÚBLICAS
COMO MEDIDA SANITÁRIA. ADEMAIS, SOMENTE FORAM INVIABILIZADAS AS AULAS DE CARÁTER
EXTRACURRICULAR (AULAS DE COZINHA EXPERIMENTAL, EDUCAÇÃO FÍSICA , ROBÓTICA , LABORATÓRIO DE
CIÊNCIAS E ARTE/MÚSICA). NESSE CONTEXTO, NÃO SE EVIDENCIA BASE LEGAL PARA SE ADMITIR A REVISÃO
DO CONTRATO NA HIPÓTESE. 6. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
(STJ. RESP. 1.321.614/SP, REL. MIN. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, 16/08/2022)
D)PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA.
“OS NEGÓCIOS JURÍDICOS DEVEM SER INTERPRETADOS CONFORME A BOA-FÉ E OS USOS DO LUGAR
DE SUA CELEBRAÇÃO.
§ 1º A INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO DEVE LHE ATRIBUIR O SENTIDO QUE: (INCLUÍDO
PELA LEI Nº 13.874, DE 2019)
I - FOR CONFIRMADO PELO COMPORTAMENTO DAS PARTES POSTERIOR À CELEBRAÇÃO DO
NEGÓCIO; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.874, DE 2019)
II - CORRESPONDER AOS USOS, COSTUMES E PRÁTICAS DO MERCADO RELATIVAS AO TIPO DE
NEGÓCIO; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.874, DE 2019)
III - CORRESPONDER À BOA-FÉ; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.874, DE 2019)
IV - FOR MAIS BENÉFICO À PARTE QUE NÃO REDIGIU O DISPOSITIVO, SE IDENTIFICÁVEL; E (INCLUÍDO
PELA LEI Nº 13.874, DE 2019)
V - CORRESPONDER A QUAL SERIA A RAZOÁVEL NEGOCIAÇÃO DAS PARTES SOBRE A QUESTÃO
DISCUTIDA , INFERIDA DAS DEMAIS DISPOSIÇÕES DO NEGÓCIO E DA RACIONALIDADE ECONÔMICA
DAS PARTES, CONSIDERADAS AS INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS NO MOMENTO DE SUA
CELEBRAÇÃO. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.874, DE 2019)
§ 2º AS PARTES PODERÃO LIVREMENTE PACTUAR REGRAS DE INTERPRETAÇÃO, DE PREENCHIMENTO
DE LACUNAS E DE INTEGRAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS DIVERSAS DAQUELAS PREVISTAS EM
LEI. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.874, DE 2019)”
OS DEVERES DE CONDUTA EMANADOS DA PROBIDADE E DA BOA-FÉ OBJETIVA DEVEM
PERMEAR TODAS AS FASES DO CONTRATO, CONSOANTE DISPÕE O ART. 422 DO CÓDIGO
CIVIL:
SÃO ATOS PRATICADOS COM ABUSO DE DIREITO, CHAMADOS AINDA DE ATOS EMULATIVOS.
SÃO OS ATOS ILÍCITOS PREVISTOS NO ART. 187 DO CC.
“ ART. 187. TAMBÉM COMETE ATO ILÍCITO O TITULAR DE UM DIREITO QUE, AO EXERCÊ-LO,
EXCEDE MANIFESTAMENTE OS LIMITES IMPOSTOS PELO SEU FIM ECONÔMICO OU SOCIAL, PELA
BOA-FÉ OU PELOS BONS COSTUMES.”
SUA FUNÇÃO É IMPEDIR QUE UMA DAS PARTES DO CONTRATO CONTRARIE/CONTRADIGA O SEU PRÓPRIO
COMPORTAMENTO, DEPOIS DE TER PRODUZIDO, EM OUTRA PESSOA , UMA EXPECTATIVA.
(STJ. RESP. 1881149/DF. REL. MIN. NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA , DJE 10/06/2021)
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO AJUIZADA
PELO MUNICÍPIO COM OBJETIVO DE REAVER VALORES PAGOS A MAIOR. PRECLUSÃO
LÓGICA E TEMPORAL. O AUTOR (MUNICÍPIO DE BENTO GONÇALVES) AJUIZOU A
PRESENTE AÇÃO, SUSTENTANDO TER FEITO PAGAMENTO A MAIOR NOS AUTOS DO
PROCESSO Nº 9001169-96.2017.8.21.0005, BUSCANDO, NESTE FEITO, O RESPECTIVO
VALOR. NÃO PROSPERA A IRRESIGNAÇÃO, VISTO QUE RESTOU OPERADA A PRECLUSÃO
LÓGICA, TENDO EM VISTA QUE O PAGAMENTO FEITO PELO MUNICÍPIO, NAQUELES
AUTOS, FOI FEITO COM BASE EM CÁLCULO POR ELE APRESENTADO O AUTOR ATUA DE
FORMA CONTRADITÓRIA, UMA VEZ QUE QUESTIONA NA PRESENTE AÇÃO PAGAMENTO
REALIZADO COM BASE EM SEU PRÓPRIO CÁLCULO.
O INSTITUTO DENOMINADO VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM, O QUAL PROÍBE
COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO, É COROLÁRIO DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
OBJETIVA E DA TUTELA DA CONFIANÇA. VERIFICA-SE IGUALMENTE A PRECLUSÃO
TEMPORAL, VISTO QUE DEVERIA TER SE INSURGIDO, NAQUELES AUTOS; PORÉM, ASSIM
NÃO O FEZ. APELAÇÃO DESPROVIDA.(APELAÇÃO CÍVEL, Nº 50064128420208210005,
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: NEWTON LUÍS MEDEIROS FABRÍCIO,
JULGADO EM: 06-04-2022)
APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO.
1. O RECEBIMENTO PELA CREDORA , APÓS O AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE BUSCA E
APREENSÃO, DAS PRESTAÇÕES AJUSTADAS ENTRE OS CONTRATANTES, AFASTAM A
CARACTERIZAÇÃO DA MORA DEBENDI E IMPEDEM A RETOMADA DO BEM FINANCIADO, EM
FACE DA PROIBIÇÃO DE COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO
(VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM NEMO POTEST). 2. MAJORADA A VERBA HONORÁRIA
DEVIDA AO PROCURADOR DA PARTE CONSUMIDORA (CPC, ART. 85, § 11). APELAÇÃO
DESPROVIDA.(APELAÇÃO CÍVEL, Nº 50333719120228210015, DÉCIMA QUARTA
CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: MÁRIO CRESPO BRUM, JULGADO
EM: 24-08-2023)
RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO USADO. VÍCIO REDIBITÓRIO.
RESPONSABILIDADE DO VENDEDOR INEXISTENTE. AUTOR QUE DEVERIA TER PROCEDIDO NA
VISTORIA DO VEÍCULO ANTES DA COMPRA. VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. SENTENÇA
MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. NARRA A PARTE AUTORA QUE, NO DIA
24/07/2020, ADQUIRIU DA PARTE REQUERIDA O VEÍCULO FORD FIESTA, PLACA IGC 8042, PELO VALOR DE
R$6.500,00 (SEIS MIL E QUINHENTOS REAIS). RELATA QUE LOGO APÓS A COMPRA, O VEÍCULO PASSOU A
APRESENTAR DIVERSOS VÍCIOS. SUSTENTA QUE DESEMBOLSOU MAIS R$2.964,00 (DOIS MIL, NOVECENTOS E
SESSENTA E QUATRO REAIS) PARA O CONSERTO E REPAROS NO VEÍCULO, QUE NÃO FORAM RESSARCIDOS PELA
PARTE ADVERSA. PUGNA PELA CONDENAÇÃO DA RÉ AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS,
BEM COMO AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 2. SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE
A AÇÃO. 3. DOS AUTOS, VERIFICA-SE QUE INEXISTE PROVAS NO SENTIDO A DEMONSTRAR QUE A PARTE AUTORA
AO ADQUIRIR O VEÍCULO DA PARTE DEMANDADA TENHA REALIZADO UMA VISTORIA SOBRE O ESTADO DO BEM,
PRÁTICA COMUMENTE UTILIZADA NOS NEGÓCIOS DESTE RAMO, AINDA MAIS QUANDO O VEÍCULO OBJETO DO
NEGÓCIO JURÍDICO CONTA COM MAIS DE 23 (VINTE E TRÊS) ANOS DE USO, DESDE A SUA FABRICAÇÃO. ORA ,
DEVERIAM OS AUTORES TEREM SOPESADO NO MOMENTO DA COMPRA QUE SE TRATAVA DE UM AUTOMÓVEL
FABRICADO HÁ MUITOS ANOS, SENDO NORMAL O SEU DESGASTE E, CONSEQUENTEMENTE, A NECESSIDADE DE
MANUTENÇÃO. 4. A ACEITAÇÃO DO VEÍCULO NO ESTADO EM QUE ENTREGUE PELO VENDEDOR, SEM A
COMPETENTE VISTORIA , IMPLICA NO RECONHECIMENTO TÁCITO POR PARTE DO COMPRADOR DE QUERER O BEM
NA EXATA SITUAÇÃO EM QUE RECEBEU, O QUE GUARDA INCOMPATIBILIDADE COM A SUA INSURGÊNCIA , VISTO
TRATAR-SE DE COMPORTAMENTO VEDADO PELO NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO, EM OBSERVÂNCIA AO
PRINCÍPIO VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. A PROIBIÇÃO DO VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM OU TEORIA
DOS ATOS PRÓPRIOS VISA PROTEGER A PARTE CONTRA AQUELE QUE DESEJA EXERCER UM STATUS JURÍDICO EM
CONTRADIÇÃO COM UM COMPORTAMENTO ASSUMIDO ANTERIORMENTE. TAL QUAL OCORRERA NO CASO POSTO.
5. PORTANTO, PELA ANÁLISE DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO, PRESUME-SE QUE O DEMANDANTE
CONCORDOU EM RECEBER O VEÍCULO NO ESTADO EM QUE SE ENCONTRAVA À ÉPOCA , ASSUMINDO O
RISCO POR EVENTUAIS PROBLEMAS QUE PUDESSEM OCORRER APÓS A TRADIÇÃO DO BEM. POR
CONSEQUÊNCIA LÓGICA , SEM A COMPROVAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DA PARTE RÉ NO QUE REFERE AO
PAGAMENTO PELOS DANOS MATERIAIS, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM RESPONSABILIDADE PELOS DANOS
MORAIS. 6. PRECEDENTES DESTA TURMA RECURSAL CÍVEL:RECURSO CÍVEL, Nº 71010504520,
TERCEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL, TURMAS RECURSAIS, RELATOR: LUÍS FRANCISCO FRANCO, JULGADO
EM: 30-06-2022; RECURSO CÍVEL, Nº 71010444826, TERCEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL, TURMAS
RECURSAIS, RELATOR: CLEBER AUGUSTO TONIAL, JULGADO EM: 28-04-2022; RECURSO CÍVEL, Nº
71010044006, TERCEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL, TURMAS RECURSAIS, RELATOR: GIULIANO VIERO
GIULIATO, JULGADO EM: 31-03-2022. 7. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, A
TEOR DO ART. 46, DA LEI 9.099/95. RECURSO IMPROVIDO.
(RECURSO INOMINADO, Nº 50052635020208210006, TERCEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL, TURMAS
RECURSAIS, RELATOR: FABIO VIEIRA HEERDT, JULGADO EM: 03-08-2023)
TU QUOQUE
ILUSTRANDO:
“(...) EM SUAS RAZÕES, SUSTENTA FALTA DE INTERESSE DE AGIR POR SER A EXECUÇÃO DE
VALOR POUCO EXPRESSIVO, DEVENDO SER ARQUIVADA A EXECUÇÃO FISCAL. ADUZ QUE O
APELADO QUEDOU-SE SILENTE SEM POSTULAR O PAGAMENTO DOS VALORES DE IPTU
DEVIDOS A TANTO TEMPO COM VENCIMENTO EM 2007 A 2012 PARA VIR AGORA E EXIGIR
VALORES ALTOS DE UMA SÓ VEZ. DEFENDE QUE DEVEM SER RECONHECIDOS OS INSTITUTOS
DA SURRECTIO E SUPRESSIO PARA VER AFASTADA NA INTEGRALIDADE A COBRANÇA. ADUZ,
AINDA QUE É DEVER DO CREDOR EVITAR A CAUSAÇÃO OU AGRAVAÇÃO DO PRÓPRIO
PREJUÍZO, NÃO AUMENTANDO INFINITAMENTE O SEU CRÉDITO SEM O ESTABELECIMENTO DO
DIÁLOGO, ADVERTÊNCIA O MESMO AÇÃO POSITIVA PARA COM SEU PRETENSO DEVEDOR.
REFERE QUE O IMÓVEL PENHORADO É O ÚNICO BEM PERTENCENTE AO EMBARGANTE E QUE
SER SERVE DE MORADIA. REFERE QUE O EMBARGANTE É PESSOA HIPOSSUFICIENTE E PERCEBE
RENDIMENTOS MENSAIS DE ATIVIDADES EXERCIDAS DE FORMA AUTÔNOMA NA ORDEM DE R$
600,00. POSTULA O PROVIMENTO DO APELO. (...)
NÃO É O CASO DE SE INVOCAR OS INSTITUTOS DA SUPRESSIO E DA SURRECTIO, MORMENTE
PORQUE O MUNICÍPIO POSSUI O DIREITO E O DEVER DE BUSCAR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO
DENTRO DO PRAZO DE PRESCRIÇÃO. ESTA SIM É O INSTITUTO LEGAL QUE ENCERRA A
PRETENSÃO DO CREDOR DE COBRANÇA.
NO CASO, HOUVE TRÊS TENTATIVAS DE ACORDO DE PARCELAMENTO, AS QUAIS RESTARAM
INADIMPLIDAS PELO APELANTE, DE SORTE QUE NÃO HÁ FALAR EM ABDICAÇÃO TÁCITA DO
DIREITO À COBRANÇA PELO APELADO (SUPRESSIO).
TRATANDO-SE DE DINHEIRO PÚBLICO, DÍVIDA DE IPTU, TODOS OS CONTRIBUINTES
DEFINIDOS EM LEI POSSUEM A OBRIGAÇÃO LEGAL DE QUITAÇÃO, SOB PENA DE INSCRIÇÃO
EM DÍVIDA ATIVA E PENHORA DO PRÓPRIO IMÓVEL SOBRE O QUAL RECAI O IMPOSTO, COMO
NO CASO EM TELA.
DE IGUAL SORTE, NÃO HÁ FALAR EM VIOLAÇÃO DE BOA-FÉ OBJETIVA , VISTO QUE A DEMORA
NA SATISFAÇÃO DO CRÉDITO PREJUDICA MUITO MAIS A COLETIVIDADE DO QUE AO
EMBARGANTE QUE DEIXOU EM ABERTO O SEU DÉBITO, QUE ERA CONHECEDOR, TANTO QUE
FIRMOU PARCELAMENTOS, DEIXANDO DE CUMPRI-LOS.(...)”
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
O ARTIGO 475, CC REFERE QUE: “A PARTE LESADA PELO INADIMPLEMENTO PODE PEDIR A
RESOLUÇÃO DO CONTRATO, SE NÃO PREFERIR EXIGIR-LHE O CUMPRIMENTO, CABENDO, EM
QUALQUER DOS CASOS, INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS.”
NAS PALAVRAS DO MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO, "A TEORIA DO SUBSTANCIAL
ADIMPLEMENTO VISA A IMPEDIR O USO DESEQUILIBRADO DO DIREITO DE RESOLUÇÃO POR
PARTE DO CREDOR, PRETERINDO DESFAZIMENTOS DESNECESSÁRIOS EM PROL DA
PRESERVAÇÃO DA AVENÇA , COM VISTAS À REALIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ E DA
FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO" (RESP 1.051.270).
ASSIM, PELA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL, EM HIPÓTESES EM QUE O
CONTRATO TIVER SIDO QUASE TODO CUMPRIDO, NÃO CABERÁ A SUA EXTINÇÃO, MAS
APENAS OUTROS EFEITOS JURÍDICOS, VISANDO SEMPRE A MANUTENÇÃO DA AVENÇA.
O CASO ENVOLVEU UMA SEGURADA QUE TEVE NEGADO O DIREITO À INDENIZAÇÃO POR
ACIDENTE DE CARRO, EM VIRTUDE DO ATRASO NO PAGAMENTO DA ÚLTIMA PRESTAÇÃO DO
CONTRATO DE SEGURO.
“4. A TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL TEM POR OBJETIVO PRECÍPUO IMPEDIR QUE
O CREDOR RESOLVA A RELAÇÃO CONTRATUAL EM RAZÃO DE INADIMPLEMENTO DE ÍNFIMA
PARCELA DA OBRIGAÇÃO. A VIA JUDICIAL PARA ESSE FIM É A AÇÃO DE RESOLUÇÃO
CONTRATUAL. DIVERSAMENTE, O CREDOR FIDUCIÁRIO, QUANDO PROMOVE AÇÃO DE BUSCA
E APREENSÃO, DE MODO ALGUM PRETENDE EXTINGUIR A RELAÇÃO CONTRATUAL. VALE-SE
DA AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO COM O PROPÓSITO IMEDIATO DE DAR CUMPRIMENTO
AOS TERMOS DO CONTRATO, NA MEDIDA EM QUE SE UTILIZA DA GARANTIA FIDUCIÁRIA
AJUSTADA PARA COMPELIR O DEVEDOR FIDUCIANTE A DAR CUMPRIMENTO ÀS OBRIGAÇÕES
FALTANTES, ASSUMIDAS CONTRATUALMENTE (E AGORA , POR ELE, REPUTADAS ÍNFIMAS). A
CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA NAS MÃOS DO CREDOR APRESENTA-SE COMO
CONSEQUÊNCIA DA RENITÊNCIA DO DEVEDOR FIDUCIANTE DE HONRAR SEU DEVER
CONTRATUAL, E NÃO COMO OBJETIVO IMEDIATO DA AÇÃO. E, NOTE-SE QUE, MESMO NESSE
CASO, A EXTINÇÃO DO CONTRATO DÁ-SE PELO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO, AINDA QUE
DE MODO COMPULSÓRIO, POR MEIO DA GARANTIA FIDUCIÁRIA AJUSTADA.
4.1 É QUESTIONÁVEL, SE NÃO INADEQUADO, SUPOR QUE A BOA-FÉ CONTRATUAL ESTARIA
AO LADO DE DEVEDOR FIDUCIANTE QUE DEIXA DE PAGAR UMA OU ATÉ ALGUMAS PARCELAS
POR ELE REPUTADAS ÍNFIMAS — MAS CERTAMENTE DE EXPRESSÃO CONSIDERÁVEL, NA
ÓTICA DO CREDOR, QUE JÁ CUMPRIU INTEGRALMENTE A SUA OBRIGAÇÃO —, E, INSTADO
EXTRA E JUDICIALMENTE PARA HONRAR O SEU DEVER CONTRATUAL, DEIXA DE FAZÊ-LO, A
DESPEITO DE TER A MAIS ABSOLUTA CIÊNCIA DOS GRAVOSOS CONSECTÁRIOS LEGAIS
ADVINDOS DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA. A APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO
SUBSTANCIAL, PARA OBSTAR A UTILIZAÇÃO DA AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO, NESSE
CONTEXTO, É UM INCENTIVO AO INADIMPLEMENTO DAS ÚLTIMAS PARCELAS CONTRATUAIS,
COM O NÍTIDO PROPÓSITO DE DESESTIMULAR O CREDOR - NUMA AVALIAÇÃO DE CUSTO-
BENEFÍCIO - DE SATISFAZER SEU CRÉDITO POR OUTRAS VIAS JUDICIAIS, MENOS EFICAZES, O
QUE, A TODA EVIDÊNCIA , APARTA-SE DA BOA-FÉ CONTRATUAL PROPUGNADA.
4.2. A PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA, CONCEBIDA PELO LEGISLADOR JUSTAMENTE PARA
CONFERIR SEGURANÇA JURÍDICA ÀS CONCESSÕES DE CRÉDITO, ESSENCIAL AO
DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA NACIONAL, RESTA COMPROMETIDA PELA APLICAÇÃO
DETURPADA DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL.”
E) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS
RES INTER ALIOS ACTA ALLIS NEQUE NOCERE NEQUE PRODESSE POTEST (O QUE FOI
NEGOCIADO ENTRE AS PARTES NÃO PODE PREJUDICAR NEM BENEFICIAR TERCEIROS)
ASSIM, TEM POR BASE O FUNDAMENTO DE QUE TERCEIROS NÃO ENVOLVIDOS NA RELAÇÃO
CONTRATUAL NÃO ESTÃO SUBMETIDOS AO EFEITO DESTE (RES INTER ALIOS ACTA NEQUE
PRODEST). DESSA MANEIRA , A EFICÁCIA CONTRATUAL SÓ É APLICÁVEL ÀS PESSOAS QUE
DELE PARTICIPAM.
TODAVIA, REFERIDO PRINCÍPIO NÃO É ABSOLUTO, COMPORTA EXCEÇÕES.
EX: ALUGUEL DE UMA CASA, CUJAS PRESTAÇÕES DEVEM SER PAGAS À TERCEIRO, OU UM
SEGURO DE VIDA EM QUE UM TERCEIRO É BENEFICIÁRIO, UM PLANO DE SAÚDE ONDE UM
TERCEIRO É BENEFICIADO, UM TÍTULO DE SÓCIO DE CLUBE SOCIAL EM QUE UM TERCEIRO É
BENEFICIADO; TANTO O CONTRATANTE COMO O BENEFICIÁRIO PODERÃO EXIGIR A
PRESTAÇÃO PERTINENTE
PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO - ART. 439-440