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Inexistência, Nulidade e

Anulabilidade do Negócio Jurídico


Acadêmicos:
Thaylany Vasconcellos
Patricia Garcia
Marlon dos Santos
Quando falamos de negócio jurídico, nos referimos a um ato que tem por finalidade a
aquisição, modificação ou extinção do direito. Ele forma uma conduta de auto regramento de
conduta das partes, com a intenção de satisfazer seus interesses.
É a declaração de vontade emitida em obediência aos seus pressupostos de existência,
validade e eficácia, cujo propósito deve ser o de produzir efeitos lícitos.

O Negócio Jurídico tem previsão legal elencada no Código Civil entre os art. 104 a 184.

Negócio
Jurídico
 O negócio é inexistente quando lhe falta algum elemento
estrutural. O elemento estrutural ou essencial são

Inexistência do indispensáveis para a existência do ato e que lhe formam


a substância (declaração de vontade nos negócios em
Negócio geral); a coisa, o preço e o consentimento. Ato inexistente,

Jurídico portanto, é aquele que falta um elemento essencial à sua


formação, não chegando a constituir um negócio jurídico,
sem existência legal.
 Os negócios jurídicos apresentam uma tricotomia, uma
relação entre três tópicos: existência, validade e eficácia.
No plano da existência, não se fala sobre a validade ou sua

Inexistência do eficácia, o negocio simplesmente existirá ou não. Para que


ele exista, todos os seus elementos estruturais devem
Negócio estar presentes. Se faltar algum suporte fático, o negócio é

Jurídico inexistente. Exemplo: o casamento celebrado por


autoridade incompetente, como um delegado de policia,
por exemplo, é considerado inexistente. Ele se trata de
um “nada” jurídico
 O negócio jurídico inexistente é uma concepção teórica
positivada em alguns códigos como o francês e o
português, não incluída no Código Civil brasileiro. Porém

Inexistência do em nosso código tem a utilidade de distinção, com rigor


lógico, do ato nulo (nulidade) e anulável (anulabilidade).
Negócio O ato inexistente não produz efeitos jurídicos, pois vai

Jurídico contra o que os requisitos previstos em lei determinam,


como por exemplo, ir contra a vontade das partes. Além
disso, a invalidade é posterior à existência, pois só é
válido ou inválido o que existe.
 Pense-se nos seguintes casos de inexistência de contrato reconhecidos pela
jurisprudência:
 escritura pública elaborada com base em procuração provadamente falsa, e,
por isso, nunca outorgada pelo alienante;
 escritura de compra e venda lavrada, comprovadamente, vários anos após a
morte do vendedor;
 escritura de doação em que figure como doador quem se comprovou nunca ter

Inexistência do comparecido ao ato, nem ter outorgado procuração para que outrem o
representasse;

Negócio  escrituras de compra e venda dadas como outorgadas por vendedor internado
em hospital em estado de coma, submetido, durante todo o internamento, a

Jurídico tratamento diário com medicação entorpecente.


Como entender que possa ter havido declaração de vontade negocial em
situações como essas?
 A inexistência, nessa ordem de ideias, é fenômeno do plano do ser. Estando
incompleta a figura material do fato típico, o fato jurídico simplesmente não
existe. Logo, não se há de discutir se é nulo ou ineficaz, nem se exige sua
desconstituição judicial, “porque a inexistência é o não ser que, portanto, não
pode ser qualificado”.
 A invalidade do negócio jurídico passa por duas
graduações ou espécies – a nulidade absoluta e a relativa.
A primeira, com maior gravidade, gera a nulidade do
negócio, enquanto a segunda, também chamada de
anulabilidade, refere-se a vício ou defeito menos grave,
Nulidade do que pode gerar anulação.

Negócio   Em ambas as hipóteses de invalidade, o negócio jurídico

Jurídico não deveria ser realizado, porém, na nulidade absoluta,


entende-se que a manutenção deste negócio representaria
uma lesão não só ao interesse privado, mas,
principalmente, ao interesse público e à coletividade.
 A prática de um negócio jurídico nulo  VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou
apresenta, pela norma, em especial nos proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
artigos 166 a 170, algumas consequências.
 Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado,
 Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: mas subsistirá o que se dissimulou, se
válido for na substância e na forma.
 I - celebrado por pessoa absolutamente
incapaz;  § 1º Haverá simulação nos negócios
jurídicos quando:
 II - for ilícito, impossível ou indeterminável

Invalidade o seu objeto;  I - aparentarem conferir ou transmitir


direitos a pessoas diversas daquelas às quais

Absoluta ou  III - o motivo determinante, comum a


ambas as partes, for ilícito;
realmente se conferem, ou transmitem;

Nulidade  IV - não revestir a forma prescrita em lei;


 II - contiverem declaração, confissão,
condição ou cláusula não verdadeira;

 V - for preterida alguma solenidade que a lei  III - os instrumentos particulares forem
considere essencial para a sua validade; antedatados, ou pós-datados.

 VI - tiver por objetivo fraudar lei  § 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros


imperativa; de boa-fé em face dos contraentes do
negócio jurídico simulado.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo
Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico
ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes.
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do
tempo.

Invalidade Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o
fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido se houvessem previsto a nulidade.

Absoluta ou             Inicialmente, o negócio jurídico nulo é imprescritível, ou seja, o interessado poderá requerer
judicialmente o reconhecimento da invalidade a qualquer tempo, não estando sujeito, assim, a prazo

Nulidade prescricional. A ação declaratória de nulidade é o instrumento hábil, podendo até o Ministério
Público, nas causas em que deve intervir, fazê-lo.
CPC, Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:
I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento,
declaração de ausência e disposições de última vontade;
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há
interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.
             A nulidade não admite confirmação, sanatória,
ratificação, convalidação, de forma que, se o judiciário
tomar conhecimento do negócio, este deverá,
necessariamente, ser desfeito.

             O juiz não precisa aguardar que o interessado


pretenda a invalidade do negócio, podendo fazê-lo de
Nulidade do ofício, sem provocação. A sentença que reconheça a
nulidade terá efeitos ex tunc, isto é, retroagirá à data de
Negócio celebração do negócio. Desta forma, todos os efeitos

Jurídico jurídicos serão desfeitos.

             Por fim, o terceiro de boa-fé, como regra, também


será atingido pelo reconhecimento da nulidade. Poderá,
porém, voltar-se contra aqueles que participaram do
negócio nulo para exigir reparação.
 Nulidade relativa (anulabilidade), envolve preceitos de ordem
privada, de interesse das partes, o que altera totalmente o seu
tratamento legal, se confrontada com a nulidade absoluta.

 As hipóteses de nulidade relativa estão descritas no art. 171,


do CC:

 “Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é


Anulabilidade anulável o negócio jurídico:

do Negócio  I – por incapacidade relativa do agente;


 II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de
Jurídico perigo, lesão ou fraude contra credores.”

 Nos casos de anulabilidade, o seu reconhecimento deverá ser


preiteado por meio da denominada ação anulatória, que
também segue o rito ordinário, em geral. Tal ação tem
natureza desconstitutiva, razão pela qual deve se r aplicado os
prazos decadenciais, previstos nos artigos 178 a 179, do CC.
 “Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se
a anulação do negócio jurídico, contado:

 I – no caso de coação, do dia em que ela cessar;


 II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;

 III – no de atos de incapazes, do dia em que cessar a

Anulabilidade incapacidade.

 Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável,


do Negócio sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de

Jurídico.
dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

 Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação


anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em
proveito dele a importância paga”. Diante da vedação do
enriquecimento sem causa, reconhece-se a possibilidade da
pessoa reaver o dinheiro pago, se provar que o menor dele se
beneficiou.
Diferenças entre
Nulidade e
Anulabilidade
  PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito
civil. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
Fontes:  BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui
o Código Civil.

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