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CURSO ON-LINE – DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL

TEORIA E EXERCÍCIOS PARA AFC-CGU


PROFESSORES: DICLER FERREIRA E RAPHAEL MORETH

Querido(a) aluno(a), eu me chamo Dicler Forestieri atualmente


ministro aulas presenciais e a distância dos Direitos Civil e Penal em diversos
cursos do eixo Rio X São Paulo e ocupo o cargo de Auditor-Fiscal Tributário do
Município de São Paulo (AFTM-SP). Fui aprovado no concurso de 2006 e entrei em
exercício no ano 2007. Antes deste concurso também exerci o cargo de Auditor-
Fiscal de Tributos do Estado da Paraíba (ICMS-PB – concurso em 2006) e fui oficial
da Marinha do Brasil durante doze anos e meio; além de ter sido aprovado em 6o
lugar para o concurso de Auditor-Fiscal de Tributos do Estado do Rio Grande do
Sul (ICMS-RS - 2006). Por ter sido aprovado em três grandes concursos da área
fiscal, creio ter condições de lhe dizer qual a melhor forma para conseguir tal
sucesso. Entretanto, antes de ser aprovado nestes três concursos, fiquei reprovado
em outros sete concursos. Ou seja, creio que também sei o que deve ser feito para
não ser aprovado.
Eu sou Raphael Moreth, também Auditor-Fiscal Tributário do Município de
São Paulo (AFTM-SP), especialista em Direito Civil e Processo Civil. Professor de
cursos preparatórios em São Paulo, procuro basear minhas aulas em resolução de
exercícios, o que torna o estudo mais dinâmico e eficiente. Antes de ingressar no
serviço público atuei como advogado e atualmente tenho três livros publicados na
área de concursos públicos.
Somos co-autores de dois livros de questões comentadas de Direito Civil,
um da banca CESPE/UnB e outro da Fundação Carlos Chagas.
O atual curso será direcionado para a banca ESAF e será composto de teoria
e exercícios. Nas aulas serão expostos os conceitos teóricos da matéria e, logo a
seguir, apresentaremos questões de concursos anteriores aplicadas pela
organizadora em pauta. Entretanto, sobre a disciplina Processo Civil, a banca ESAF
não dispõe de uma grande quantidade de questões aplicadas em provas anteriores,
ou seja, em tal disciplina teremos uma quantidade um pouco menor de questões.
Teremos como principal característica a OBJETIVIDADE e, por isso, iremos
procurar não nos alongar nas explicações de modo a elaborar um material conciso
e objetivo. Utilizaremos tal diretriz para “economizar os seus neurônios” e pelo fato
de você já possuir diversas outras matérias a serem estudadas para o seu
concurso. No ramo dos concursos, principalmente quando o edital já está
publicado, o tempo é algo extremamente precioso

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Este curso será composto de 10 (dez) aulas (esta e mais 9) assim divididas:

Lei de Introdução ao Código Civil. Vigência e Eficácia da Lei.


AULA 0 Conflitos de Leis no Tempo e no Espaço. Hermenêutica e
(demo) Aplicação da Lei. Analogia, princípios gerais do Direito e
eqüidade.
PROF. DICLER FERREIRA

Da Pessoa Natural: Da Personalidade e da Capacidade, Da


Pessoa Jurídica. Classificação. Pessoa Jurídica de Direito
DIREITO CIVIL

AULA 1
Público e de Direito Privado. Representação e
Responsabilidade. Do Domicílio.
Dos Direitos da Personalidade. Dos Bens. Das diferentes
AULA 2
classes de bens.
Fatos jurídicos. Atos Jurídicos. Forma dos Atos Jurídicos,
AULA 3
conceito e classificação. Interpretação dos Atos Jurídicos.
Negócios Jurídicos. Defeitos dos Negócios Jurídicos.
AULA 4 Nulidade Absoluta e Relativa. Confirmação, convalidação e
conversão.
AULA 5 Atos Ilícitos. Da Prescrição e Decadência. Da prova.
Princípios Constitucionais do Processo Civil: princípio do
PROF. RAPHAEL MORETH

devido processo legal e seus consectários lógicos: princípios


AULA 6 do contraditório, da ampla defesa e do juiz natural. Jurisdição,
PROCESSO CIVIL

ação, pretensão e processo. Noções: Espécies de processo e


tutela jurisdicional.
Atos processuais: espécies, formas, prazos e comunicações
AULA 7
processuais.
O processo civil e o controle judicial dos atos administrativos:
AULA 8 mandado de segurança, ação popular, ação civil pública e
ação de improbidade administrativa.
AULA 9 Teoria geral da prova.

As aulas de Processo Civil serão deixadas para o final propositadamente,


pois sabemos que diversas mudanças no CPC estão por vir. Dessa forma,
esperamos que o edital já tenha sido publicado e/ou as alterações do CPC já
tenham sido publicadas na 2a parte do curso. Caso contrário teremos que seguir as
disposições em vigência.
Após as devidas apresentações, vamos nos preparar juntos para a guerra !!!!

CGU

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AU
AULA ZERERO - DEMONST
STRA
RATI
TIVA
VA

TÓPICO
CO 1:
1: LE
LEI DE
DE INT
NTRODUÇÃO AO CÓDI
DIGO
GO CI
CIVI
VIL (L
(LIC
ICC)
C)
A Lei de Introdução ao Código Civil representa o Decreto-Lei 4.657/1942, ou seja,
não é parte integrante do Código Civil (Lei 10.406/2007). O CC cuida de tratar das
relações de ordem privada, a LICC não.
As principais características da LICC são:
- é um conjunto de normas sobre normas, pois, é uma lei que disciplina
outras
normas jurídicas, assinalando-lhes a maneira de aplicação e entendimento,
sendo chamada de lei das leis (lex egum);
- é aplicável a todos os ramos do direito, não apenas ao Direito Civil; e
- por ultrapassar em muito o âmbito do Direito Civil, podemos afirmar que os
dispositivos deste diploma legal contém normas de sobredireito.
À LICC foi atribuída a tarefa de disciplinar os seguintes assuntos:
1) vigência e eficácia das normas jurídicas;
2) conflito de leis no tempo;
3) conflito de leis no espaço;
4) critérios de hermenêutica jurídica (interpretação);
5) critérios de integração do ordenamento jurídico; e
6) normas de direito internacional público e privado.
Após essas considerações iniciais, vamos ao nosso primeiro exercício:

1. (ESAF - Assistente Jurídico da União – 1999) Assinale a opção falsa.


a) A Lei de Introdução ao Código Civil é parte componente do Código Civil, sendo
suas normas aplicáveis apenas ao Direito Civil.
b) A Lei de Introdução ao Código Civil é uma lex legum, ou seja, um conjunto de
normas sobre normas.
c) A Lei de Introdução ao Código Civil é também o Estatuto do Direito Internacion-
al Privado.
d) A Lei de Introdução ao Código Civil disciplina o direito intertemporal, para
assegurar a certeza, segurança e estabilidade do ordenamento jurídico-positivo,
preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece.
e) A Lei de Introdução ao Código Civil contém critérios de hermenêutica jurídica.

(A) Errada. A LICC é um decreto-lei publicado em 1942 e não é parte integrante do CC.
(B) Certa. A LICC é a lei das leis.

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(C) Certa. A partir do art. 7o a LICC trata de institutos pertinentes ao Direito Internacional
Privado e Direito Internacional Público.
(D) Certa. A LICC trata da vigência da lei no tempo cuidando das situações de vacatio
legis, início e fim da vigência.
(E) Certa. A hermenêutica é a arte de interpretar as leis e será estudada mais adiante,
ainda nesta aula.
Gabarito: Letra A.

TÓPICO 1.1: Vigência da norma.


O art. 1o, caput, da LICC consagra o princípio da vigência sincrônica:
Art. 1o da LICC - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

Pelo princípio da vigência sincrônica entende-se que a obrigatoriedade da lei no


país é simultânea, pois ela entra em vigor a um só tempo em todo o país, ou seja,
quarenta e cinco dias após sua publicação, não havendo data estipulada para sua entrada
em vigor.

2. (ESAF - BACEN – Procurador – 2001) Pelo princípio da vigência sincrônica,


a) a norma não tem possibilidade de ser aplicada, por depender de lei posterior para
produção de efeitos.
b) a obrigatoriedade da lei é simultânea, porque entrará em vigor a um só tempo em
todo país, ou seja, quarenta e cinco dias após sua publicação, não havendo data
estipulada para sua entrada em vigor.
c) a norma não será válida por si por relacionar-se com outras normas.
d) a norma pode ter eficácia sem ter vigência.
e) a norma sempre terá eficácia residual.

Análise das alternativas:


(A) Errada. A norma que depende outra norma para produzir efeitos é chamada de norma
de eficácia limitada (comentários na opção “D”).
(B) Certa. Conforme definição apresentada.
(C) Errada. Toda norma se relaciona com outras, de modo a, juntas, formarem o
ordenamento jurídico.
(D) Errada. Apesar da afirmativa estar correta, não se relaciona com o princípio da
vigência sincrônica.

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A vigência é critério puramente temporal da norma, vai desde o início da validade


da norma até a perda de sua validade. Nesse aspecto, não há que fazer qualquer relação
com outra norma. A eficácia refere-se à possibilidade de produção concreta de efeitos
pela norma. Quando classificada (segundo Afonso Da Silva) de acordo com a
dependência de outras normas, podem ser:
a) Normas de eficácia plena – função eficacial é imediatamente concretizada;
b) Normas de eficácia limitada – a função eficacial depende de uma outra norma; e
c) Normas de eficácia contida – a função eficacial será restringida por outra norma.
É possível que a lei seja inválida (não esteja em vigência) mas tenha eficácia
(produza efeitos). Para exemplificar tal situação vamos viajar para o Direito Penal e
analisar o art. 3o do Código Penal que trata da aplicação da lei penal quando esta for
excepcional ou temporária:

Lei excepcional ou temporária


Art. 3º do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.

- Leis temporárias: são aquelas que contêm prazo (dia de início e dia do fim)
de vigência previsto expressamente em seu corpo.
- Leis excepcionais: são as que vinculam o prazo de vigência a determin-
adas circunstâncias, como guerra, epidemia, etc.
Esses dois tipos de leis possuem a ultratividade como grande característica. Por
ultratividade devemos entender a capacidade de uma lei, após ser revogada (perder a
vigência), continuar regulando fatos ocorridos durante o prazo em que esteve em vigor.
Ou seja, ocorrendo um crime durante a vigência de uma lei excepcional ou temporária,
mesmo após a lei não mais estar em vigor (falta de vigência), ela deverá ser utilizada no
julgamento (ter eficácia).

Ultra-atividade
julgamento

CRIME

Vigência da lei temporária ou EFICÁCIA


excepcional

(E) Errada. Não se refere ao princípio da vigência sincrônica.


Gabarito: Letra B.

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Segue outra questão sobre o princípio da vigência sincrônica:

3. (ESAF - SERPRO – Analista – 2001) Pelo princípio da vigência sincrônica:


a) a norma é efetiva quando ocorrer o comportamento que ela configura e a
conseqüência jurídica que ela prevê.
b) a norma pode ter efeito repristinatório.
c) a lei entrará em vigor a um só tempo em todo o país.
d) a lei nova tem força obrigatória antes do decurso da vacatio legis.
e) não há obrigatoriedade da lei revogada durante a vacatio legis.

Me limitarei a apontar o gabarito desta questão. Os conceitos de efeito


repristinatório, vacatio legis e obrigatoriedade da lei serão estudados no decorrer desta
aula.
Gabarito: Letra C.

Continuando o estudo do art. 1o da LICC, temos que:


Art. 1o da LICC - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida,
se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
§ 2o Revogado
[...].
O processo de nascimento de uma lei pode ser apresentado da seguinte forma:
1) Edição;
2) Processo Legislativo;
3) Sanção do Presidente da República;
4) Publicação: e
5) Vigência.
As fases de edição e do processo legislativo são estudadas pelo Direito
Constitucional. Aqui começaremos o estudo na fase da sanção. Após a lei ser
sancionada, deve haver a sua publicação para que as pessoas tomem conhecimento do
seu conteúdo; e, conseqüentemente, o diploma legal irá adquirir vigência (validade)
estando apto a produzir efeitos.

Denomina-se vacatio legis o período de tempo que se estabelece entre a


publicação e a entrada em vigor da lei. Neste intervalo de tempo a lei não produzirá
efeitos, devendo incidir a lei anterior no sistema.

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Existem três espécies de leis referentes à vacatio legis:


1) Lei com “vacatio legis” expressa: é a lei de grande repercussão, que, de
acordo com o artigo 8.º da Lei Complementar n. 95/98, tem expressa disposição do
período de vacatio legis. Como exemplo, temos a expressão contida em lei
deteminando "entra em vigor um ano depois de publicada".
2) Lei com “vacatio legis” tácita: é aquela que continua em consonância com o
artigo 1.º da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, no silêncio da lei entra em
vigor, no país, 45 dias depois de oficialmente publicada ou, no estrangeiro, quando
admitida, três meses após a publicação oficial.
3) Lei sem “vacatio legis”: é aquela que, por ser de pequena repercussão, entra
em vigor na data de publicação, devendo esta estar expressa ao final do texto legal.
Segue esquema gráfico:

edição sanção publicação vigência

vacatio legis obrigatoriedade

salvo
no país disposição no estrangeiro
(45 dias) em contrário (3 meses)

A forma de contagem do prazo de vacatio legis é regulada pelo artigo 8o, § 1o da


Lei Complementar 95/98, incluindo o dia da publicação e o último dia na contagem do
prazo.

Art. 8o, § 1o da LC 95/98 - A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que
estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do
último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação
integral.
4. (ESAF - Advogado do IRB - 2006) Se uma lei for publicada no dia 2 de janeiro,
estabelecendo prazo de quinze dias de vacância, ela entrará em vigor no dia
a) 16 de janeiro.
b) 15 de janeiro.
c) 20 de janeiro.
d) 18 de janeiro.
e) 17 de janeiro.

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No exemplo da questão, a contagem do prazo de vacância (vacatio legis) inclui o


dia 2 de janeiro e vai até o dia 16 de janeiro (15 dias), entrando a lei e vigor no dia
subseqüente (17 de janeiro). Seque quadro:

Contagem do 2 3 4 5 ... 16 Î DIA 17


dia do mês

Contagem do 1 2 3 4 ... 15 Î vigência no dia subseqüente


vacatio

Gabarito: E

( ) 5. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) A contagem do prazo para


entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a
inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia
subseqüente à sua consumação integral.

Gabarito: Certa, conforme o art. 8o, § 1o da LC 95/98.

( ) 6. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) Os atos que forem


praticados de conformidade com a antiga norma, no período que decorre entre a
publicação da lei nova e o início de sua vigência, não terão validade.

Durante o prazo de vacância, a lei nova ainda não produz efeitos, ou seja, ainda
não tem vigência. Dessa forma, enquanto a lei nova ainda não entrar em vigor ela não
será obrigatória e os atos praticados de acordo com a lei antiga serão plenamente válidos.
Gabarito: Errada.

Continuando o estudo do art. 1o da LICC temos:

Art. 1o da LICC – [...].


§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a
correr da nova publicação.
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Se uma lei for publicada com erro substancial acarretando divergência de


interpretação, então poderemos observar situações distintas por ocasião da correção de
tal erro, dependendo de qual fase se encontra o processo de criação da norma:

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1) correção antes da publicação: a norma poderá ser corrigida sem maiores
problemas;
2) correção no período de “vacatio legis”: a norma poderá ser corrigida; no
entanto, deverá contar novo período de vacatio legis;
3) correção após a entrada em vigor: a norma poderá ser corrigida mediante uma
nova norma de igual conteúdo.
Segue esquema gráfico:

1) correção sem 2) novo prazo de


maiores problemas vacatio legis 3) lei nova

edição sanção publicação vigência

vacatio legis obrigatoriedade

( ) 7. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) Se, durante a vacatio legis, vier a
norma a ser corrigida em seu texto, que contém erros substanciais, suscetíveis de
modificar parcial ou totalmente o seu sentido, ensejando nova publicação, o prazo
nela mencionado para sua entrada em vigor ou, não o havendo, os prazos de 45
dias e 3 meses começam a correr da nova publicação.
Gabarito: Certa. De acordo com a situação 2 apresentada anteriormente.

TÓPICO 1.2: Revogação da norma.


É a hipótese em que a norma jurídica perde a vigência porque outra norma veio
modificá-la ou revogá-la. A norma jurídica é permanente e só poderá deixar de surtir
efeitos se a ela sobrevier outra norma que a revogue. O desuso não implica a perda da
vigência da norma, e sim, a perda de sua efetividade.
Quando classificada de acordo com a sua extensão, a revogação pode ser:
1) total (ab-rogação): quando toda a lei é revogada; ou
2) parcial (derrogação): quando apenas parte da lei anterior é revogada.

8. (ESAF - MPU - Analista Processual – 2004) Derrogação é


a) a aplicabilidade da norma no espaço delimitado pelas fronteiras do Estado.
b) a supressão total da norma anterior.
c) o fato de a norma atingir os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da
norma revogada.
d) a não-aplicabilidade da lei nova a qualquer situação jurídica constituída
anteriormente.
e) tornar sem efeito uma parte da norma.

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Gabarito: E. Conforme comentários anteriores.

( ) 9. (ESAF – Auditor - Fiscal do Trabalho – 2003) A derrogação é a supressão


total da norma anterior.
Gabarito: Errada. É a supressão parcial.

( ) 10. (ESAF - CGU – Correição – 2006) A derrogação é a supressão total da


norma anterior e a ab-rogação torna sem efeito uma parte da norma.
Gabarito: Errada. As características de derrogação e ab-rogação estão invertidas.

( ) 11. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) Revogar é tornar sem efeito uma
norma, retirando sua obrigatoriedade no todo, caso em que se tem a derrogação, ou
em parte, hipótese em que se configura a ab-rogação.
Gabarito: Errada. As características de derrogação e ab-rogação estão invertidas.

Através do art. 2o, caput, da LICC, o legislador expressou o Princípio da


Continuidade.

Art. 2o da LICC - Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou revogue.

Dessa forma, em regra as leis possuem efeito permanente, isto é, vigência por
prazo indeterminado, excetuando-se as leis com vigência temporária, que possuem data
certa para “morrer” (perder a vigência).

A seguir temos outra questão da ESAF que trata de princípios relacionados com a
LICC. Aqueles princípios, citados na questão, que ainda não foram comentados, serão
devidamente abordados no decorrer da nossa aula.

12. (ESAF – TRT 7a Região – Juiz Substituto – 2005) O princípio da continuidade


assim se enuncia:
a) a norma revogada continua vinculante para os casos anteriores à sua revogação.
b) a norma atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da lei
revogada.
c) não se destinando à vigência temporária, a norma estará em vigor enquanto não
surgir outra que a altere ou revogue.
d) há incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, se a nova regular inteiramente a
matéria tratada pela anterior.

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e) a norma só obriga no espaço nacional, ou seja, no seu território, mas suas


águas e na sua atmosfera.
Análise das alternativas:
(A) Errada. Se refere ao princípio da ultratividade.
(B) Errada. Se refere ao princípio da retroatividade.
(C) Certa. Se refere ao princípio da continuidade.
(D) Errada. Se refere à revogação tácita.
(E) Errada. Se refere ao princípio da territorialidade.
Gabarito: Letra C

13. (ESAF – MP-CE – Promotor de Justiça – 2001) A vigência da lei orçamentária,


que estabelece a despesa e a receita nacional pelo período de um ano, cessará
a) pelo decurso do tempo
b) pela consecução do fim a que se propõe
c) por revogação expressa
d) por revogação tácita
e) pelo término do estado de coisas não permanentes

A lei orçamentária é um clássico exemplo de lei temporária, dessa forma, para que
ocorra o fim de sua vigência, não é necessário outra lei. Basta que transcorra o lapso
temporal de um ano.

Gabarito: Letra A

( ) 14. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) Se a lei fixar


prazo final de sua vigência, completado este ela não mais produzirá efeitos.

Apesar da banca ter atribuído a veracidade para esta assertiva, eu, Dicler, não
concordo com a decisão tomada. Como regra, a lei ao completar sua vigência deixa de
produzir efeitos, ou seja, também perde a eficácia. Entretanto, já estudamos que, em se
tratando de leis excepcionais e temporárias (art. 3o do Código Penal), é possível a
produção de efeitos, mesmo após o fim da vigência, em decorrência da ultratividade.
Gabarito: Certa (O professor discorda).

Tendo como base legal o art. 2o, § 1o da LICC, existem três formas de revogação
de uma lei antiga por uma lei nova.

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Art. 2o § 1o da LICC - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o


declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria
de que tratava a lei anterior.

São elas:
1) Revogação expressa ou direta: quando a lei indica os dispositivos que
estão sendo por ela revogados.
2) Revogação tácita ou indireta: quando a nova lei é incompatível com a lei
anterior.
3) Revogação global: quando a lei revogadora disciplina inteiramente a matéria
disciplinada pela lei antiga.
Sobre a revogação expressa ou direta, a LC 107/2001 deu nova redação à LC
95/98 que ficou da seguinte forma:

Art. 9o da LC 95/98 - A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as


leis ou disposições legais revogadas.

Ou seja, através do dispositivo legal acima, o legislador não deve mais se


valer daquela vaga expressão “revogam-se as disposições em contrário”.

( ) 15. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) A cláusula de


revogação deverá enumerar expressamente as leis ou disposições legais
revogadas.

Gabarito: Certa.

( ) 16. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) As disposições


transitórias são elaboradas pelo legislador no próprio texto normativo para
conciliar a nova norma com as relações já definidas pela anterior.

Analisando a questão em sua estrutura literal, outra vez eu, Dicler, ouso discordar
do gabarito da ESAF que afirmou ser correta tal assertiva. Para embasar minha opinião
contrária, recorro ao art. 3o da LC 95/98.

Art. 3o da LC 95/98 - A lei será estruturada em três partes básicas:


I - parte preliminar, compreendendo a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado
do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições normativas;
II - parte normativa, compreendendo o texto das normas de conteúdo substantivo
relacionadas com a matéria regulada;
III - parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidas necessárias à
implementação das normas de conteúdo substantivo, às disposições transitórias, se
for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revogação, quando couber.

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Nos termos do dispositivo citado, as disposições transitórias de uma lei estão


inseridas na parte final e não na parte normativa.
Se o examinador da ESAF substituísse a expressão “texto normativo” pela palavra
“corpo”, não haveria discussão sobre o gabarito.
Gabarito: Certa. (O professor discorda)

Quando uma norma entra em conflito com outra surge a antinomia. Para a
verificação de revogação das normas e solução de tais conflitos, três critérios devem ser
utilizados:
1) hierárquico (lex superior derrogat legi inferiori): consiste em verificar qual das
normas é superior, independentemente da data de vigência das duas normas
(exemplo: um regulamento não poderá revogar uma lei ainda que entre em vigor após
esta);
2) cronológico (lex posterior derrogat legi priori): a norma que entrar em vigor
posteriormente irá revogar a norma anterior que estava em vigor;
3) especialidade (lex specialis derrogat legi generali): as normas gerais não
podem revogar ou derrogar preceito ou regra disposta e instituída em norma especial.

( ) 17. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) O critério lex


posterior derogat legi priori significa que, de duas normas do mesmo escalão, a
última prevalece sobre a anterior.
Gabarito: Certa. Conforme o critério cronológico.

O art. 2o, § 2o da LICC consagra o princípio da conciliação.

Art. 2o, § 2o da LICC - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a
par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

De acordo com tal princípio, se uma lei não contraria outra já existente, então eles
podem coexistir, não havendo a necessidade de revogação.

Já o art. 2o, § 3o da LICC dispõe sobre a repristinação.

Art. 2o, § 3o da LICC - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura
por ter a lei revogadora perdido a vigência.

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Através da sua leitura, concluímos que a regra é a não-restauração da norma, ou


seja, a impossibilidade de uma norma jurídica, uma vez revogada, voltar a vigorar no
sistema jurídico pela simples revogação de sua norma revogadora. O motivo dessa não-
restauração de normas é o controle do sistema legal para que se saiba exatamente qual
norma está em vigor.
Admite-se, no entanto, a restauração expressa da norma, ou seja, uma norma
nova que faça tão-somente remissão à norma revogada poderá restituir-lhe a vigência,
desde que em sua totalidade.
A seguir temos um esquema gráfico sobre a repristinação:

revogação revogação

A B C
LEI REVOGADA LEI REVOGADORA

REPRISTINAÇÃO
(disposição expressa)

Sendo a Lei A revogada pela Lei B e, posteriormente, a Lei B revogada pela Lei C,
a Lei A irá “ressuscitar”? ou seja, irá ocorrer a repristinação?
Resposta: Caso a Lei C disponha expressamente sobre o “renascimento” da Lei A,
então é possível a repristinação, caso contrário, a Lei A continua “morta”.

TÓPICO 1.3: Conflito de normas no tempo

O direito intertemporal visa solucionar os conflitos entre as novas e as velhas


normas, entre aquela que acaba de entrar em vigor e a que acaba de ser revogada. Isso
porque alguns fatos iniciam-se sob a égide de uma lei e só se extinguem quando outra
nova está em vigor. Para solucionar tais conflitos existem dois critérios:
• disposições transitórias: o próprio legislador no texto normativo novo concilia a
nova norma com as relações já definidas pela norma anterior;

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• princípio da irretroatividade: a lei não deve retroagir para atingir fatos e efeitos
já consumados sob a lei antiga.
Observando os fatos jurídicos e relacionando-os cronologicamente de acordo com
a produção de efeitos, temos que eles podem ser:
a) Pretéritos – são os que se constituíram na vigência de uma lei e tem seus
efeitos produzidos na vigência daquela lei.
b) Futuros – são os que ainda não foram gerados.
c) Pendentes – são os que foram constituídos na vigência de uma lei anterior e
não produziram todos os seus efeitos nela.
Ex: Celebrei um contrato de empréstimo no ano passado e até hoje a coisa
emprestada está emprestada comigo. Esse contrato embora constituído na vigência
de uma lei, ele continua produzindo seus efeitos na vigência da lei revogadora.
Segundo o Princípio da Irretroatividade, aos fatos pendentes é aplicada a lei anterior,
porque a lei posterior só se aplica para o futuro.
Analisando o art. 6o da LICC, percebemos que a lei, em regra, é irretroativa,
devendo ser expedida para disciplinar fatos futuros. Entretanto, a retroatividade da lei
pode ocorrer excepcionalmente para fatos pendentes, desde que respeite o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

Art. 6º da LICC - A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em
que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle,
possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso.

( ) 18. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) É retroativa a norma que


atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da norma revogada.
Conforme podemos perceber ao analisar o dispositivo acima, não há dúvidas de
que a lei nova é criada para regular situações futuras, entretanto, não é proibido por
nosso ordenamento jurídico que a norma regule situações pretéritas, desde que respeite o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Isso se deve ao princípio da
segurança jurídica ou da estabilidade social.

Gabarito: Certa.

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( ) 19. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2003) É irretroativa a norma que se aplica a


qualquer situação jurídica constituída anteriormente.
Gabarito: Errada. Se a lei está regulando uma situação constituída antes de adquirir
vigência, então ela é retroativa.

TÓPICO 1.4: Conflito de normas no espaço


Pela LICC (arts. 7o a 19), serão solucionados os conflitos decorrentes da aplicação
espacial de normas, que estão relacionadas à noção de soberania dos Estados, por isso,
é que a LICC é considerada o Estatuto de Direito Internacional Público e Privado.
Toda lei, em princípio, tem seu campo de aplicação limitado no espaço pelas fronteiras do
Estado que a promulgou (territorialidade). Entretanto, visando facilitar as relações
internacionais, é comum, em algumas situações, ser admitida a aplicação de leis
estrangeiras dentro do território nacional e de leis nacionais dentro do território
estrangeiro (extraterritorialidade).
Desta forma, pelo princípio da territorialidade não ser absoluto, fica consagrado no Brasil
o Princípio da Territorialidade Temperada, de modo que leis e sentenças estrangeiras
podem ser aplicadas no Brasil desde que observadas as seguintes regras:
1) não se aplicam leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil quando ofenderem
a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
2) não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil sem exequatur (cumpra-se), ou
seja, a permissão dada pelo STJ para que a sentença tenha efeitos, conforme art.
105, I, i da CF.

( ) 20. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) O princípio


da territorialidade é, no Brasil, aplicado de modo absoluto.

Gabarito: Errada.

( ) 21. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2003) O princípio da territorialidade pode


e deve ser sempre aplicado de modo absoluto.

Gabarito: Errada.

Nos quadros a seguir, apresentaremos exemplos de aplicação da territorialidade


e da própria extraterritorialidade de acordo com os dispositivos da LICC.

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TERRITORIALIDADE
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-
(lex rei sitae) se-á a lei do país em que estiverem situados.
o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que
Art. 9 se constituirem.
As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as
Art. 11 sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se
constituirem.
A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
Art. 13
vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os
(lócus regit actum) tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
EXTRATERRITORIALIDADE
A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o
Art. 7o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de
família.
A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
Art. 10 domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a
situação dos bens.
É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado
Art. 12 no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações
Art. 17 de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania
nacional, a ordem pública e os bons costumes.

Seguem questões sobre o assunto:

( ) 22. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) O penhor regula-se pela lei do país
em que se contraiu o contrato de penhor.

A questão tem como base legal o art. 8o, § 2o da LICC.

Art. 8o § 2o da LICC - O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em
cuja posse se encontre a coisa apenhada.

O penhor, assim como a hipoteca, são direitos reais de garantia sobre coisa
alheia. O penhor é utilizado para bens móveis, ao passo que a hipoteca é utilizada para
bens imóveis. Ambos institutos jurídicos são utilizados para garantia de uma dívida.
No penhor comum a posse da coisa móvel é transferida ao credor que fica com o
direito de vendê-la caso a dívida não seja paga.
Conforme observamos no dispositivo legal acima, se a posse da coisa empenhada
é exercida fora do Brasil, então tal contrato de penhor deverá ser regulado pelas leis do
país onde for domiciliada a pessoa que tem tal posse, consagrando a extraterritorialidade.
Gabarito: Errada.

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( ) 23. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) À autoridade judiciária brasileira,


exclusivamente, compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no
Brasil.
A assertiva tem como base legal o art. 12, § 1o da LICC.

o
Art. 12, § 1 da LICC - Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das
ações, relativas a imóveis situados no Brasil.

Conclui-se que a ação relativa a bens imóveis situados no Brasil obedece o


princípio lex rei sitae (lei da situação da coisa).
Gabarito: Certa

( ) 24. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal - 2009) O estatuto pessoal, no Brasil,


baseia-se na lei do domicílio, que é o elemento de conexão indicativo da lei
competente para reger conflitos de lei no espaço concernentes aos direitos de
família.

A assertiva tem como base legal o art. 7o da LICC.


o
Art. 7 da LICC - A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

Para reger os conflitos concernentes ao Direito de Família, deve-se observar a lei


do país onde domiciliada a pessoa, de modo que, se duas pessoas forem domiciliadas no
Brasil, então a lei brasileira deverá dirimir algum possível conflito existente, independente
da nacionalidade.
Exemplificando, se um homem alemão se casa com uma mulher italiana e, os dois
são domiciliados no Brasil, então deve-se observar a lei brasileira na celebração do
casamento.
Gabarito: Certa.

TÓPICO 1.5: Preenchimento da lacuna jurídica.

Segundo o princípio da indeclinabilidade de jurisdição, o juiz é obrigado a decidir,


ainda que não exista lei disciplinado o caso concreto. Dessa forma, diante da ausência de
lei regulando determinada situação jurídica, faz-se necessário ao magistrado valer-se dos
mecanismos de integração do ordenamento jurídico indicados pelo art. 4o da LICC.

o
Art. 4 da LICC - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.

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Nos termos do art. 4o da LICC, tais MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO são:


1) a Analogia;
2) os Costumes; e
3) os Princípios Gerais do Direito.

( ) 25. (ESAF – PGFN – Procurador – 2007) Os meios de preenchimento


de lacuna são indicados pela própria lei.

Gabarito: Certa. Conforme o art. 4o da LICC.

( ) 26. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) Para a integração jurídica, em


caso de lacuna, o juiz poderá fazer uso da analogia, do costume e dos princípios
gerais de direito.

Gabarito: Certa. Deve o juiz observar a respectiva ordem para utilização dos mecanis-
mos; ou seja, primeiro a analogia e por último os princípios gerais de direito.

( ) 27. (ESAF - CGU – Correição – 2006) Para integrar a lacuna o juiz recorre,
preliminarmente, à analogia, que consiste em aplicar a um caso não previsto de
modo direto ou específico por uma norma jurídica uma norma que prevê hipótese
distinta, mas semelhante ao caso não contemplado.

Gabarito: Certa.

OBSERVAÇÃO SOBRE A EQUIDADE !!!!


- Apesar do art. 4o da LICC não mencionar a equidade, ela pode funcionar como último
mecanismo para integração do ordenamento jurídico. Ou seja, diante da ausência de lei,
da inviabilidade da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito, e, prevendo
a lei a possibilidade do uso da equidade, o magistrado, para fazer valer o princípio da
indeclinabilidade de jurisdição pode utilizá-la. È o que se depreende do art. 127 do Código
de Processo Civil (CPC).

Art. 127 do CPC - O juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei.

A ESAF fez uso deste conceito na questão seguinte:

( ) 28. (ESAF - CGU – Correição – 2006) O juiz só decidirá por eqüidade nos
casos previstos em lei.

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A equidade não é, exatamente, um meio de suprir a lacuna da lei, mas auxilia


nesta missão. Trata-se do uso de “bom senso” ao adaptar razoavelmente a lei ao caso
concreto. Ou seja, a equidade representa a justiça prudentemente aplicada ao caso.
Gabarito: Certa.

Analogia é fonte formal mediata do direito, utilizada com a finalidade de


integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos,
ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente apresentado à apreciação
jurisdicional (a que se denomina anomia – falta de norma).
A doutrina costuma distinguir a analogia em legal (legis) ou jurídica (júris). Vejamos:
a) Analogia legal (legis) – aplica-se ao caso omisso uma lei que regula caso
semelhante;
b) Analogia jurídica (júris) – aplica-se ao caso omisso um conjunto de normas
para extrair elementos que possibilitem a aplicabilidade ao caso concreto.

( ) 29. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) A analogia juris estriba-se


em um conjunto de normas para extrair elementos que possibilitem sua
aplicabilidade ao caso concreto não previsto, mas similar ao previsto.
Gabarito: Certa.

( ) 30. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2003) A analogia "juris" é a aplicação de


uma norma, que rege caso semelhante ao não previsto.
Gabarito: Errada. Trata-se da analogia legal (legis).

( ) 31. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) A analogia júris estriba-se num


conjunto de normas para extrair elementos que possibilitem sua aplicabilidade ao
caso concreto não previsto, mas similar.
Gabarito: Certa. Semelhante à questão anterior.

( ) 32. (ESAF – TRT 7a Região – Juiz Substituto – 2005) A anologia júris estri-
base num conjunto de normas, para extrair elementos que possibilitem
sua aplicabilidade ao caso concreto não contemplado, mas similar.
Gabarito: Certa.

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O costume é a repetição da conduta, de maneira constante e uniforme, em razão


da convicção de sua obrigatoriedade. No Brasil, existe o predomínio da lei escrita sobre a
norma consuetudinária.
Os costumes distinguem-se em:

1) Costume secundum legem - é o que auxilia a esclarecer o conteúdo de certos


elementos da lei. Ou seja, o próprio texto da lei delega ao costume a solução do
caso concreto.
Ex: art. 569, II do CC: “O locatário é obrigado a pagar pontualmente o aluguel nos
prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar”

2) Costume contra legem ou negativo – é o que contraria a lei. Pode ser de dois
tipos:
- Consuetudo abrogatória – espécie de costume contra legem que se caracteriza
por ser uma prática contrária às normas legais.
- Desuetudo – espécie de costume contra legem que consiste na falta de efetividade
da norma legal não revogada formalmente.

33. (ESAF - BACEN - Procurador – 2002) No mercado de Barretos (Estado de São


Paulo), os negócios de gado, por mais avultados que sejam, celebram-se dentro da
maior confiança, verbalmente, dando origem a:
a) princípio geral de direito
b) costume praeter legem
c) costume contra legem
d) desuso
e) costume secundum legem

Nos termos do art. 227 do CC, os negócios jurídicos que ultrapassem o valor de
dez salários mínimos não admitem prova exclusivamente testemunhal (verbal).

Art. 227 do CC - Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só


se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário
mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados.

Dessa forma, os negócios vultosos (superiores a 10 salários mínimos) de gado no


mercado de Barretos representam um costume contra legem, pois deveriam ser

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celebrados na forma escrita, em decorrência do grande valor, mas são celebra

dos verbalmente, contrariando a lei.

Gabarito: Letra C

3) Costume praeter legem ou integrativo – é o que supre a ausência ou lacuna da


lei nos casos omissos. É o costume citado no art. 4o da LICC.
Ex: o costume de emitir cheque “cheque pré-datado”. Tal conduta não possui
regulamentação legal.

( ) 34. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) O costume praeter legem,


previsto no art. 4o da Lei de Introdução ao Código Civil, por revestir-se de caráter
supletivo, supre a lei nos casos omissos.

Gabarito: Certa.

( ) 35. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) São condições para a vigência do


costume sua continuidade, diuturnidade e não-obrigatoriedade.

O costume deriva da longa prática uniforme, constante, pública e geral de


determinado ato, com a convicção de sua necessidade jurídica. São, pois, condições
indispensáveis à sua vigência: continuidade, uniformidade, diuturnidade (constância na
realização do ato, não implicando sanção), moralidade e obrigatoriedade.
Gabarito: Errada ao afirmar que o costume não possui obrigatoriedade.

Princípios Gerais do Direito são postulados que estão implícita ou explicitamente


expostos no sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. Os princípios gerais de
Direito são a última salvaguarda do intérprete, pois este precisa se socorrer deles para
integrar o fato ao sistema. De acordo com as lições de Celso Antônio Bandeira de Mello,
princípios são vetores de interpretação, que, por sua generalidade e amplitude, informam
as demais regras, constituindo a base de todo o ramo do Direito ao qual se aplica.

( ) 36. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) Não há possibilidade de existirem, no


ordenamento jurídico, princípios e normas latentes capazes de solucionar
situações não previstas, expressamente pelo legislador.

No art. 4o da LICC estão previstos os princípios gerais de direito como mecanismo


de integração do ordenamento jurídico. Dessa forma, na lacuna da lei, é possível que o
magistrado utilize princípios como a razoabilidade e a proporcionalidade.

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Gabarito: Errada.

( ) 37. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) Os princípios gerais de direito não são
normas de valor genérico, nem orientam a compreensão do direito, em sua
aplicação e integração.

Os princípios gerais de direito são os pressupostos lógicos e necessários das


diversas normas legislativas existentes. Dessa forma, os princípios gerais de direito são
encontrados nas normas e orientam a compreensão do direito, em sua aplicação e
integração.
Gabarito: Errada.

( ) 38. (ESAF - Fiscal do Trabalho - 2003) Os princípios gerais de direito são


normas de valor genérico que orientam a compreensão do ordenamento jurídico,
em sua aplicação e integração, estejam ou não positivadas.

Gabarito: Certa.

TÓPICO 1.6: Critérios de Hermenêutica jurídica.

Hermenêutica jurídica é a ciência, a arte da interpretação da linguagem jurídica.


Serve para trazer os princípios e as regras que são as ferramentas do intérprete. A
aplicação, a prática das regras hermenêuticas, é chamada exegese.

( ) 39. (ESAF - CGU – Correição – 2006) A hermenêutica é a teoria científica da


arte de interpretar.
Gabarito: Certa.

Não se deve confundir integração da lei com interpretação da lei. Na primeira a lei
não regula determinado fato, ao passo que, na segunda, a lei regula, mas não é cristalina
e precisa. Quando a lei não permite a exata compreensão da ordem, faz-se necessário o
seu exercício interpretativo buscando alcançar o seu real sentido.
A teoria científica que trata da arte de interpretar as leis, descobrindo seu alcance
e seu sentido é a hermenêutica.

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Com base no art. 5o da LICC, ao utilizar os mecanismos de integração para o


preenchimento da lacuna jurídica, ou, ao interpretar a lei, o juiz deve buscar a estabilidade
social desejada.
Art. 5o da LICC - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.

( ) 40. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) O juiz atenderá aos fins sociais a
que a lei se dirige.

Gabarito: Certa.

( ) 41. (ESAF – PGFN – Procurador – 2007) O aplicador da norma deverá


perscrutar as necessidades práticas da vida social e a realidade sócio cultural, sem
olvidar a valoração objetiva.
Gabarito: Certa. Conforme o art. 5o da LICC.

( ) 42. (ESAF – PGFN – Procurador – 2007) O art. 5º da Lei de Introdução ao


Código Civil permite corrigir a inadequação da norma à realidade fático-social e aos
valores positivados, harmonizando o abstrato e rígido da norma com a realidade
concreta, mitigando o seu rigor, corrigindo-lhe os desacertos, ajustando-a do
melhor modo possível ao caso emergente.
Gabarito: Certa. Conforme o art. 5o da LICC.

Dentre as diversas formas de interpretar as leis, destacam-se as seguintes listadas


nos quadros a seguir:

TIPOS DE INTERPRETAÇÃO
SIGNIFICADO
QUANTO À FONTE
Autêntica Emana do próprio legislador que editou a lei.
Jurisprudencial Tem como origem as reiteradas decisões judiciais.
Doutrinal Emana dos estudiosos da matéria e das obras científicas.
TIPOS DE INTERPRETAÇÃO
QUANTO AO MEIO SIGNIFICADO
UTILIZADO
Busca auxílio nas regras de gramática para a solução da
Gramatical
dúvida.
Histórica Recorda-se o momento da criação da norma.
Pesquisa-se o espírito do da lei através dos fatores
Lógica racionais, a gênese histórica, a conexão com outra norma
e com o inteiro sistema.
Adapta-se o sentido ou finalidade da norma às novas
Teleológica
exigências sociais.
Entende-se o Direito como um todo, como um sistema,
Sistemática
comparando a norma com outras espécies legais.

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TIPOS DE INTERPRETAÇÃO
QUANTO AOS SIGNIFICADO
RESULTADOS
Quando a letra da lei corresponde exatamente ao que o
Declarativa
legislador pensa.
Quando o legislador expõe na lei menos do que pretendia
Extensiva
dizer, sendo necessário ampliar a aplicação da lei.
Quando o legislador expõe na lei mais do que pretendia
Restritiva
dizer, sendo necessário restringir a aplicação da lei.

43. (ESAF - TCU – Analista de Controle Externo - 2000) Quando o aplicador da


norma vier a reconduzi-la ao campo de aplicação que corresponde ao fim que
pretende obter, porque foi formulada de modo amplo, ter-se-á uma
a) interpretação declarativa. b) interpretação teleológica.
c) interpretação restritiva. d) interpretação sistemática.
e) interpretação extensiva.

Gabarito: Letra C.

( ) 44. (ESAF – TRT 7a Região – Juiz Substituto – 2005) A anologia júris é o


argumento consistente em ter por ordenado ou permitido, de modo implícito, algo
menor do que o que está determinado ou autorizado expressis verbis.

Gabarito: Errada. Trata-se da interpretação restritiva e não da analogia júris.

( ) 45. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) a interpretação sistemática atende


ao espírito da lei, procurando apurar o sentido e a finalidade da norma, com
abandono dos elementos puramente verbais.

Gabarito: Errada. A questão trata da interpretação teleológica.

( ) 46. (ESAF - CGU – Correição – 2006) A técnica interpretativa lógica pretende


desvendar o sentido e o alcance da norma, mediante seu estudo, por meio de
raciocínios lógicos, analisando os períodos da lei e combinando-os entre si, com o
escopo de atingir perfeita compatibilidade.

Gabarito: Certa.

( ) 47. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) Ter-se-á interpretação


declarativa ou especificadora, apenas quando houver correspondência entre a
expressão lingüístico-legal e a voluntas legis, sem que haja necessidade de dar ao
comando normativo um alcance ou sentido mais amplo ou mais restrito.

Gabarito: Certa.

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...............................................................................................................................................

Por hoje nós terminamos. Espero que você tenha gostado e que possamos
continuar juntos nessa empreitada.
Um abraço !!!
Dicler e Raphael.

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LISTA DOS EXERCÍCIOS APRESENTADOS:

1. (ESAF - Assistente Jurídico da União – 1999) Assinale a opção falsa.


a) A Lei de Introdução ao Código Civil é parte componente do Código Civil, sendo
suas normas aplicáveis apenas ao Direito Civil.
b) A Lei de Introdução ao Código Civil é uma lex legum, ou seja, um conjunto de
normas sobre normas.
c) A Lei de Introdução ao Código Civil é também o Estatuto do Direito Internacional
Privado.
d) A Lei de Introdução ao Código Civil disciplina o direito intertemporal, para
assegurar a certeza, segurança e estabilidade do ordenamento jurídico-positivo,
preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece.
e) A Lei de Introdução ao Código Civil contém critérios de hermenêutica
jurídica.

2. (ESAF - BACEN – Procurador – 2001) Pelo princípio da vigência sincrônica,


a) a norma não tem possibilidade de ser aplicada, por depender de lei posterior para
produção de efeitos.
b) a obrigatoriedade da lei é simultânea, porque entrará em vigor a um só tempo em
todo país, ou seja, quarenta e cinco dias após sua publicação, não havendo data
estipulada para sua entrada em vigor.
c) a norma não será válida por si por relacionar-se com outras normas.
d) a norma pode ter eficácia sem ter vigência.
e) a norma sempre terá eficácia residual.

3. (ESAF - SERPRO – Analista – 2001) Pelo princípio da vigência sincrônica:


a) a norma é efetiva quando ocorrer o comportamento que ela configura e a
conseqüência jurídica que ela prevê.
b) a norma pode ter efeito repristinatório.
c) a lei entrará em vigor a um só tempo em todo o país.
d) a lei nova tem força obrigatória antes do decurso da vacatio legis.
e) não há obrigatoriedade da lei revogada durante a vacatio legis.

4. (ESAF - Advogado do IRB - 2006) Se uma lei for publicada no dia 2 de janeiro,
estabelecendo prazo de quinze dias de vacância, ela entrará em vigor no dia
a) 16 de janeiro. b) 15 de janeiro.
c) 20 de janeiro. d) 18 de janeiro.
e) 17 de janeiro.

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( ) 5. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) A contagem do prazo para


entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a
inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia
subseqüente à sua consumação integral.

( ) 6. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) Os atos que forem


praticados de conformidade com a antiga norma, no período que decorre entre a
publicação da lei nova e o início de sua vigência, não terão validade.

( ) 7. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) Se, durante a vacatio legis, vier a
norma a ser corrigida em seu texto, que contém erros substanciais, suscetíveis de
modificar parcial ou totalmente o seu sentido, ensejando nova publicação, o prazo
nela mencionado para sua entrada em vigor ou, não o havendo, os prazos de 45
dias e 3 meses começam a correr da nova publicação.

8. (ESAF - MPU - Analista Processual – 2004) Derrogação é


a) a aplicabilidade da norma no espaço delimitado pelas fronteiras do Estado.
b) a supressão total da norma anterior.
c) o fato de a norma atingir os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império
da norma revogada.
d) a não-aplicabilidade da lei nova a qualquer situação jurídica constituída
anteriormente.
e) tornar sem efeito uma parte da norma.

( ) 9. (ESAF – Auditor - Fiscal do Trabalho – 2003) A derrogação é a


supressão total da norma anterior.

( ) 10. (ESAF - CGU – Correição – 2006) A derrogação é a supressão total


da norma anterior e a ab-rogação torna sem efeito uma parte da norma.

( ) 11. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) Revogar é tornar sem efeito uma
norma, retirando sua obrigatoriedade no todo, caso em que se tem a derrogação, ou
em parte, hipótese em que se configura a ab-rogação.

12. (ESAF – TRT 7a Região – Juiz Substituto – 2005) O princípio da continuid-


ade assim se enuncia:
a) a norma revogada continua vinculante para os casos anteriores à sua revogação.
b) a norma atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da lei
revogada.
c) não se destinando à vigência temporária, a norma estará em vigor enquanto não
surgir outra que a altere ou revogue.
d) há incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, se a nova regular inteiramente
a matéria tratada pela anterior.
e) a norma só obriga no espaço nacional, ou seja, no seu território, mas suas
águas e na sua atmosfera.

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13. (ESAF – MP-CE – Promotor de Justiça – 2001) A vigência da lei orçamentária,


que estabelece a despesa e a receita nacional pelo período de um ano, cessará
a) pelo decurso do tempo
b) pela consecução do fim a que se propõe
c) por revogação expressa
d) por revogação tácita
e) pelo término do estado de coisas não permanentes

( ) 14. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) Se a lei fixar


prazo final de sua vigência, completado este ela não mais produzirá efeitos.

( ) 15. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) A cláusula de


revogação deverá enumerar expressamente as leis ou disposições legais
revogadas.

( ) 16. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) As disposições


transitórias são elaboradas pelo legislador no próprio texto normativo para
conciliar a nova norma com as relações já definidas pela anterior.

( ) 17. (ESAF - Fiscal de Tributos Estaduais – SEFA-PA – 2002) O critério lex


posterior derogat legi priori significa que, de duas normas do mesmo escalão, a
última prevalece sobre a anterior.

( ) 18. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) É retroativa a norma


que atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da norma
revogada.

( ) 19. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2003) É irretroativa a norma que se aplica


a qualquer situação jurídica constituída anteriormente.

( ) 20. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) O princípio


da territorialidade é, no Brasil, aplicado de modo absoluto.

( ) 21. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2003) O princípio da territorialidade pode


e deve ser sempre aplicado de modo absoluto.

( ) 22. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) O penhor regula-se pela lei do


país em que se contraiu o contrato de penhor.

( ) 23. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) À autoridade judiciária brasileira,


exclusivamente, compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no
Brasil.

( ) 24. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal - 2009) O estatuto pessoal, no Brasil,


baseia-se na lei do domicílio, que é o elemento de conexão indicativo da lei
competente para reger conflitos de lei no espaço concernentes aos direitos de
família.

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( ) 25. (ESAF – PGFN – Procurador – 2007) Os meios de preenchimento


de lacuna são indicados pela própria lei.
( ) 26. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) Para a integração jurídica, em
caso de lacuna, o juiz poderá fazer uso da analogia, do costume e dos princípios
gerais de direito.
( ) 27. (ESAF - CGU – Correição – 2006) Para integrar a lacuna o juiz recorre,
preliminarmente, à analogia, que consiste em aplicar a um caso não previsto de
modo direto ou específico por uma norma jurídica uma norma que prevê hipótese
distinta, mas semelhante ao caso não contemplado.
( ) 28. (ESAF - CGU – Correição – 2006) O juiz só decidirá por eqüidade nos
casos previstos em lei.
( ) 29. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) A analogia juris estriba-se
em um conjunto de normas para extrair elementos que possibilitem sua
aplicabilidade ao caso concreto não previsto, mas similar ao previsto.
( ) 30. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2003) A analogia "juris" é a aplicação
de uma norma, que rege caso semelhante ao não previsto.
( ) 31. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) A analogia júris estriba-se num
conjunto de normas para extrair elementos que possibIlitem sua aplicabilidade ao
caso concreto não previsto, mas similar.
( ) 32. (ESAF – TRT 7a Região – Juiz Substituto – 2005) A anologia júris estri-
base num conjunto de normas, para extrair elementos que possibilitem
sua aplicabilidade ao caso concreto não contemplado, mas similar.

33. (ESAF - BACEN - Procurador – 2002) No mercado de Barretos (Estado de São


Paulo), os negócios de gado, por mais avultados que sejam, celebram-se dentro da
maior confiança, verbalmente, dando origem a:
a) princípio geral de direito
b) costume praeter legem
c) costume contra legem
d) desuso
e) costume secundum legem

( ) 34. (ESAF – AFRFB – Auditor Fiscal – 2009) O costume praeter legem,


previsto no art. 4o da Lei de Introdução ao Código Civil, por revestir-se de caráter
supletivo, supre a lei nos casos omissos.

( ) 35. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) São condições para a vigência do


costume sua continuidade, diuturnidade e não-obrigatoriedade.

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( ) 36. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) Não há possibilidade de existirem, no


ordenamento jurídico, princípios e normas latentes capazes de solucionar
situações não previstas, expressamente pelo legislador.

( ) 37. (ESAF - Fiscal do Trabalho – 2006) Os princípios gerais de direito não são
normas de valor genérico, nem orientam a compreensão do direito, em sua
aplicação e integração.

( ) 38. (ESAF - Fiscal do Trabalho - 2003) Os princípios gerais de direito são


normas de valor genérico que orientam a compreensão do ordenamento jurídico,
em sua aplicação e integração, estejam ou não positivadas.

( ) 39. (ESAF - CGU – Correição – 2006) A hermenêutica é a teoria científica da


arte de interpretar.

( ) 40. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) O juiz atenderá aos fins sociais a
que a lei se dirige.

( ) 41. (ESAF – PGFN – Procurador – 2007) O aplicador da norma deverá


perscrutar as necessidades práticas da vida social e a realidade sócio cultural, sem
olvidar a valoração objetiva.

( ) 42. (ESAF – PGFN – Procurador – 2007) O art. 5º da Lei de Introdução ao


Código Civil permite corrigir a inadequação da norma à realidade fático-social e aos
valores positivados, harmonizando o abstrato e rígido da norma com a realidade
concreta, mitigando o seu rigor, corrigindo-lhe os desacertos, ajustando-a do
melhor modo possível ao caso emergente.

43. (ESAF - TCU – Analista de Controle Externo - 2000) Quando o aplicador da


norma vier a reconduzi-la ao campo de aplicação que corresponde ao fim que
pretende obter, porque foi formulada de modo amplo, ter-se-á uma
a) interpretação declarativa.
b) interpretação teleológica.
c) interpretação restritiva.
d) interpretação sistemática.
e) interpretação extensiva.

( ) 44. (ESAF – TRT 7a Região – Juiz Substituto – 2005) A anologia júris é o


argumento consistente em ter por ordenado ou permitido, de modo implícito, algo
menor do que o que está determinado ou autorizado expressis verbis.

( ) 45. (ESAF - AFC/CGU – Correição – 2008) a interpretação sistemática atende


ao espírito da lei, procurando apurar o sentido e a finalidade da norma, com
abandono dos elementos puramente verbais.

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( ) 46. (ESAF - CGU – Correição – 2006) A técnica interpretativa lógica pretende


desvendar o sentido e o alcance da norma, mediante seu estudo, por meio de
raciocínios lógicos, analisando os períodos da lei e combinando-os entre si, com o
escopo de atingir perfeita compatibilidade.

( ) 47. (ESAF - Analista Jurídico – SEFAZ-CE – 2006) Ter-se-á interpretação


declarativa ou especificadora, apenas quando houver correspondência entre a
expressão lingüístico-legal e a voluntas legis, sem que haja necessidade de dar ao
comando normativo um alcance ou sentido mais amplo ou mais restrito.

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GA
GABAR
ARIT
ITO:
O:
1 A 11 ERRADA 21 ERRADA 31 CERTA 41 CERTA
2 B 12 C 22 ERRADA 32 CERTA 42 CERTA
3 C 13 A 23 ERRADA 33 C 43 C
4 E 14 CERTA * 24 CERTA 34 CERTA 44 ERRADA
5 CERTA 15 CERTA 25 CERTA 35 CERTA 45 ERRADA
6 ERRADA 16 CERTA * 26 CERTA 36 ERRADA 46 CERTA
7 CERTA 17 CERTA 27 CERTA 37 ERRADA 47 CERTA
8 E 18 CERTA 28 CERTA 38 CERTA
9 ERRADA 19 ERRADA 29 CERTA 39 CERTA
10 ERRADA 20 ERRADA 30 ERRADA 40 CERTA
* discordância do professor.

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