Você está na página 1de 7

DIREITO CIVIL

CPI
1º PERÍODO 2023
TEMAS

01 LINDB. Fontes do Direito. Direito objetivo e direito subjetivo. Direito potestativo. Direito positivo,
direito consuetudinário e direito natural. Faculdade Jurídica. Aplicação da Lei no Tempo e no Espaço.
Aplicação da lei estrangeira em território brasileiro. Distinção entre vigência, vigor e eficácia.
Repristinação e efeito repristinatório. Vacatio legis. Constitucionalização do Direito Civil. Regras e
princípios. Distinção entre texto, norma, interpretação e aplicação. Princípios Gerais do Direito,
analogia e equidade. Distinção entre direito e moral. Cláusulas gerais e Conceitos jurídicos
indeterminados. Diálogo das fontes. Ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada.

02 Pessoas naturais. Registro civil das pessoas naturais. Direitos da personalidade: início e fim.
Comoriência e efeitos. Declaração de morte presumida sem declaração de ausência. Posição jurídica
do nascituro: teoria natalista, condicionalista e concepcionista. Capacidade: de direito e de fato.
Incapacidade absoluta e relativa. Os atos praticados antes da curatela e o terceiro de boa-fé.
Representação, assistência e autorização. Emancipação. Controvérsias do Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Lei nº 13.146/2015.

03 Dignidade da pessoa humana na jurisprudência do STJ e do STF. Direito à vida, ao corpo, ao nome,
à honra, à imagem e à intimidade. O uso do nome social. Proteção às pessoas com transtornos mentais.
Da remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante. Representação,
assistência e autorização. Legitimação.

04 Domicílio da pessoa natural. Ausência. Curadoria. Proteção legal do patrimônio do agente.


Declaração preliminar de ausência. Sucessão provisória. Sucessão definitiva. Retorno do ausente nas
diversas fases.

05 Pessoa Jurídica. Natureza jurídica e registro da pessoa jurídica. Teoria da ficção. Teoria da realidade.
Diferença entre pessoa jurídica e pessoa formal (Entes Despersonalizados). Condomínio de fato.
Natureza jurídica da pessoa jurídica. Efeitos e controvérsias da personificação. Classificação na CF/88
e no CC/02. Domicílio da Pessoa Jurídica. Capacidade de fato da pessoa jurídica. Condomínio de fato.
A personalidade Judiciária. Fundações: conceito, fiscalização, fases de elaboração e extinção.
Associações: conceito, fases de elaboração e extinção.

DIREITO CIVIL - CP02 - 01 - CPI - 1º PERÍODO 2023 1


06 Desconsideração da personalidade jurídica - disregard doctrine - no ordenamento jurídico brasileiro.
Origem. Conceitos. Aplicação. Efeitos. Teoria maior. Teoria menor. Teoria inversa. Teoria indireta.
Teoria Expansiva. Principais alterações advindas da Lei nº 13.784/19 no Código Civil.

07 Dos bens e das coisas. Noção e importância jurídica do patrimônio. Universalidade de direito e de
fato. Divisão em classes. Bens móveis e imóveis, fungíveis e infungíveis, divisíveis e indivisíveis,
singulares e coletivos, consumíveis e inconsumíveis. Bens principais e acessórios. Frutos. Produtos.
Benfeitorias e Pertenças. Bens Públicos e Privados. Lei nº 8009/90. Bem de família legal e
convencional.

08 Fato jurídico em sentido amplo. Conceito e Classificação. Fatos naturais, ordinários e extraordinários.
Fatos voluntários lícitos e ilícitos. Negócio jurídico e ato jurídico em sentido estrito. A representação
legal e voluntária no negócio jurídico. Negócio jurídico I: teorias voluntarista e objetivista.
Pressupostos. Elementos e requisitos essenciais à existência, validade e eficácia. Reserva mental. A
declaração de vontade e o silêncio na formação do negócio jurídico. Interpretação. A relevância da
boa-fé.

09 Negócio jurídico II: Elementos naturais e acidentais. Condição: conceito, elementos, espécies e
efeitos. Condição voluntária e condição legal. Termo: conceito, elementos, espécies e efeitos.
Encargo: conceito e aplicações práticas nos negócios jurídicos inter vivos e causa mortis. Distinção
entre encargo e condição. Distinção entre termo e condição suspensiva.

10 Negócio Jurídico III: Dos defeitos do negócio jurídico. Erro-vício: conceito, requisitos e espécie.
Transmissão errônea de vontade. Falso motivo no erro. Distinção entre erro substancial e vício
redibitório. Convalescimento do erro. Dolo: conceito, requisitos e espécies. Coação: conceitos,
requisitos e espécies.

11 Negócio Jurídico IV: Estado de Perigo: conceito, requisitos e efeitos. Abordagem do estado de perigo
perante a lesão e a coação. Lesão: conceito, requisitos, espécies, elementos subjetivos e elementos
objetivos.

12 Negócio Jurídico V: Fraude contra credores: conceito, requisitos, efeitos, elementos subjetivos e
elementos objetivos. Ação pauliana: natureza jurídica, efeitos da decisão, legitimidade ativa e passiva.
O terceiro de boa-fé. Diferenças entre a fraude contra credores e a fraude à execução.

13 Negócio jurídico VI: Invalidade. Simulação: conceito, requisitos e efeitos. Simulação objetiva e
subjetiva, absoluta e relativa, maliciosa e inocente. Diferença entre simulação e fraude à lei. Ineficácia
DIREITO CIVIL - CP02 - 01 - CPI - 1º PERÍODO 2023 2
em sentido amplo. Inexistência, Invalidade e Ineficácia em sentido estrito. Causas de nulidade e
anulabilidade. Negócio nulo e possibilidade de conversão. Princípio da conservação dos atos jurídicos.

14 Negócio Jurídico VII: Forma e prova dos negócios jurídicos. Ato ilícito em sentido subjetivo e em
sentido objetivo. Cláusulas gerais. Abuso de direito: natureza jurídica, elementos e efeitos. Estado de
necessidade, legítima defesa e estrito cumprimento do dever legal. As excludentes de ilicitude e os
reflexos no campo da responsabilidade.

15 Prescrição: fundamento, conceito, teorias, causas obstativas, impeditivas e interruptivas da prescrição.


Prazos de prescrição no Código Civil. O princípio da actio nata e o prazo prescricional no
ordenamento jurídico brasileiro. Decadência: fundamento, conceito, espécies e diferenças em relação
à prescrição. Diferenças entre a ação, a pretensão e a exceção.

DIREITO CIVIL - CP02 - 01 - CPI - 1º PERÍODO 2023 3


Tema 01:
LINDB. Fontes do Direito. Direito objetivo e direito subjetivo. Direito potestativo. Direito
positivo, direito consuetudinário e direito natural. Faculdade Jurídica. Aplicação da Lei no
Tempo e no Espaço. Aplicação da lei estrangeira em território brasileiro. Distinção entre
vigência, vigor e eficácia. Repristinação e efeito repristinatório. Vacatio legis.
Constitucionalização do Direito Civil. Regras e princípios. Distinção entre texto, norma,
interpretação e aplicação. Princípios Gerais do Direito, analogia e equidade. Distinção entre
direito e moral. Cláusulas gerais e Conceitos jurídicos indeterminados. Diálogo das fontes. Ato
jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada.

1ª QUESTÃO:
Disserte sobre a retroatividade da lei no ordenamento jurídico brasileiro, abordando (a) as teorias
do direito adquirido e do fato realizado e (b) os diferentes graus de retroatividade.

RESPOSTA:
Inicialmente é preciso considerar que a proteção do ato jurídico perfeito, do direito adquirido e da
coisa julgada, encontrados no art. 6º da LINDB, tem reforço na Constituição Federal, no art.5º,
XXXVI, in verbis: "XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada".
Dessa forma, independentemente da natureza da legislação infraconstitucional que passou a ter
vigência, não será possível falar-se em efeitos retroativos ou em violação de direitos adquiridos, na
medida em que, repita-se, tal proteção tem naipe constitucional. Dessa forma, observa-se a regra de
que nova legislação, independentemente de ser ou não de ordem pública, sujeita-se aos ditames
estabelecidos na Magna Carta.

Confira a seguinte passagem:

"Malgrado a retroatividade da lei seja severamente criticada, essa é uma questão essencialmente
política. Há casos em que o interesse social, o progresso ou a equidade justificam tal efeito atribuído
à lei nova. Por essa razão, no direito brasileiro a irretroatividade é a regra, mas admite-se a
retroatividade em determinados casos.

A Constituição Federal de 1988 (art. 5º, XXXVI) e a Lei de Introdução ao Código Civil (atual Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), afinadas com a tendência contemporânea, adotaram,
com efeito, o princípio da irretroatividade das leis, como regra, e o da retroatividade como exceção.
Acolheu-se a teoria subjetiva de Gabba, de completo respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito
adquirido e à coisa julgada. Assim, como regra, aplica-se a lei nova aos casos pendentes (facta
DIREITO CIVIL - CP02 - 01 - CPI - 1º PERÍODO 2023 4
pendentia) e aos futuros (facta futura), só podendo ser retroativa, para atingir fatos já consumados,
pretéritos (facta praeterita), quando: a) não ofender o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada; b) quando o legislador, expressamente, mandar aplicá-la a casos pretéritos, mesmo
que a palavra ‘retroatividade‘ não seja usada.

Na doutrina, diz-se que é justa a retroatividade quando não se depara, na sua aplicação, qualquer
ofensa ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada; e injusta, quando ocorre tal
ofensa. A retroatividade pode ser ainda máxima, média e mínima. A primeira atinge o direito
adquirido e afeta negócios jurídicos perfeitos; a segunda faz com que a lei nova alcance os fatos
pendentes, os direitos já existentes mas ainda não integrados no patrimônio do titular; a terceira se
configura quando a lei nova afeta apenas os efeitos dos atos anteriores, mas produzidos após a data
em que ela entrou em vigor. Todas essas situações são de retroatividade injusta, por-que com ela se
verifica lesão, maior ou menor, a direitos individuais.

Entre a retroatividade e a irretroatividade existe uma situação intermediária: a da aplicabilidade


imediata da lei nova a relações que, nascidas embora sob a vigência da lei antiga, ainda não se
aperfeiçoaram, não se consumaram. A imediata e geral aplicação deve também respeitar o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. O art. 6º da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro preceitua que a lei em vigor ‘terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada‘.
Atojurídico perfeito é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (LINDB
art. 6º, § 1º), produzindo seus efeitos jurídicos, uma vez que o direito gerado foi exercido. Direito
adquirido é o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular,
não podendo lei nem fato posterior alterar tal situação jurídica. Coisa julgada é a imutabilidade dos
efeitos da sentença, não mais sujeita a recursos.

Pode-se resumidamente dizer que o sistema jurídico brasileiro contém as seguintes regras sobre essa
matéria: ‘a) são de ordem constitucional os princípios da irretroatividade da lei nova e do respeito
ao direito adquirido; b) esses dois princípios obrigam ao legislador e ao juiz; c) a regra, no silêncio
da lei, é a irretroatividade; d) pode haver retroatividade expressa, desde que não atinja direito
adquirido; e) a lei nova tem efeito imediato, não se aplicando aos fatos anteriores‘ (Gonçalves,
Carlos R. Direito Civil Brasileiro - Volume 1. 20ª edição. Editora Saraiva, 2022.)

Além disso:

"A definição de retroatividade foi objeto de duas doutrinas principais: a do direito adquirido e a
do fato passado ou do fato realizado. A primeira defende que a lei nova não pode retroagir para
atingir direitos já constituídos (adquiridos). A segunda entende que a lei não pode retroagir para
atingir fatos anteriores ao início de sua vigência. A doutrina do fato passado é também chamada
de teoria objetiva. A teoria do direito adquirido, por sua vez, é chamada teoria subjetiva. Na nossa
DIREITO CIVIL - CP02 - 01 - CPI - 1º PERÍODO 2023 5
tradição domina a teoria subjetiva do direito adquirido (ADI 493, voto Min. Moreira Alves)."
(Comentários à Constituição do Brasil. Editora: Saraiva. J.J Gomes Canotilho p. 368).

Nesse sentido, vale relembrar as lições de Gabba, para quem, em síntese, o direito adquirido somente
poderia ser invocado em razão de institutos jurídicos decorrentes de relações deles mesmos, todavia,
tal proteção não seria invocada perante o próprio instituto. Logo, em consonância com esse
entendimento, verifica-se a impossibilidade de um sujeito invocar a imutabilidade de situação
jurídica perante alteração de regime ou estatudo jurídico.

No que tange à distinção que normalmente é feita em relação aos graus de retroatividade, vale
conferir a seguinte passagem: "Costuma-se distinguir três graus de retroatividade da lei. Em
primeiro lugar, a retroatividade máxima seria aquela em que a lei nova atinge a coisa julgada e os
fatos já consumados. Em segundo plano, a retroatividade média ocorre quando a lei ataca os efeitos
pendentes de atos jurídicos consolidados antes dea. Enfim, a retroatividade mínima (mitigada ou
temperada) seria aquela em que a lei nova respeita os efeitos jurídicos já produzidos antes de seu
advento e, dessa forma, atinge apenas os efeitos de atos anteriores verificados após a data de sua
vigência ." (Comentários à Constituição do Brasil. Editora: Saraiva. J.J Gomes Canotilho. p. 370).

2ª QUESTÃO:
Explique em que consistem os princípios da socialidade, da eticidade e da operabilidade no Direito
Civil.

RESPOSTA:
A doutrina estabelece que são três os princípios do vigente Código Civil: a socialidade, a eticidade
e a operabilidade.
Em síntese, pode-se dizer que:
a) O princípio da socialidade passa a ter como pressuposto uma visão menos individualista, isto é,
ainda que o caso concreto diga respeito a institutos de direito privado, os efeitos que pode ter o ato
jurídico perante toda a sociedade não devem ser desconsiderados.
b) O princípio da operabilidade consiste em viabilizar o direito material sem preciosismos
relacionados às questões técnicas, de modo que o ordenamento jurídico passe a adotar uma visão
mais simples, no que for possível, para facilitar a primazia de seu realce prático. Nesse mesmo
diapasão, deve-se ser mencionada a efetividade, que tem a ver com uma codificação munida de
cláusulas gerais, que permitem aos operadores do Direito uma hermenêutica voltada a uma maior
eficácia jurídica.
c) O princípio da eticidade estabelece que a ética recebe especial relevo na atual codificação. Dessa
forma, ao encarar o Direito Civil, a sociedade e os operadores jurídicos devem pautar as negociações
tendo devida observância à boa-fé - que serve de auxílio na hermenêutica e na solução do litígio a
DIREITO CIVIL - CP02 - 01 - CPI - 1º PERÍODO 2023 6
ser dado pelo Estado-juiz. O novo Código Civil, propositalmente, traz em diferentes dispositivos a
boa-fé, que consiste em cláusula geral a ser preenchida na busca da tutela satisfativa.

DIREITO CIVIL - CP02 - 01 - CPI - 1º PERÍODO 2023 7

Você também pode gostar