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Culpabilidade

Teoria Tripartida:

É o terceiro substrato do crime. É o juízo de reprovação sem o qual não haverá

crime.

Obs.. o Código Penal adotou a Teoria Limitada da Culpabilidade, baseada na

concepção finalista da conduta, trazendo os seguintes elementos que a compõe:

Fato Típico Ilicitude Culpabilidade

Imputabilidade

Exigibilidade de Conduta

Diversa

Potencial Consciência da

Ilicitude

Teoria Bipartida:

Para a teoria bipartida, a culpabilidade não integra o crime. O crime existirá

com a presença do fato típico e da ilicitude. A culpabilidade é juízo de reprovabilidade,

mero pressuposto para imposição de pena.

Crime:

Fato Típico Ilicitude

+
Pressuposto para Imposição da Pena

Culpabilidade

Imputabilidade

Exigibilidade de Conduta

Diversa

Potencial Consciência da

Ilicitude

Obs. Para teoria Bipartida, existe crime sem reprovação.

Teorias da Culpabilidade:

Teoria Psicológica da culpabilidade


- Tem bases causalistas

Pressupostos (elementos)

Imputabilidade

Espécies de Culpabilidade

Dolo

Culpa

Obs1. O delito se constitui de elementos objetivos (fato típico e ilicitude) e subjetivos

(culpabilidade).

Obs2. A ação humana é tida como um movimento corpora


corporall voluntário que produz

uma modificação no mundo exterior.

Obs3. A vontade é despida de conteúdo (de finalidade).

Obs4.. O conteúdo (finalidade) encontra


encontra-se na culpabilidade.
Teoria Psicológica-Normativa

- Tem bases Neokantianas

Pressupostos (elementos)

Imputabilidade

Exigibilidade de conduta diversa

Dolo

Culpa

Obs1. O Dolo e a Culpa deixam de ser espécie de culpabilidade e passam e ser

elementos (integram a própria culpabilidade).

Obs2. O Dolo era constituído por: consciência, vontade e consciência atual da

ilicitude (dolo normativo).

Teoria Normativa Pura ou Extremada da Culpabilidade


- Tem base Finalista

Pressupostos (elementos)

Imputabilidade

Exigibilidade de conduta diversa

Potencial Consciência da Ilicitude

Obs1. O Dolo e a Culpa migram para conduta.

Obs2. O dolo passa a ser natural, ou seja, despido do elemento normativo atual

consciência da ilicitude.

Obs3. A consciência da ilicitude deixa de integrar o dolo e passa ser elemento da

culpabilidade.

Obs4. Não é necessário que o agente tenha real e atual consciência da ilicitude,

bastando a possibilidade conhecê


conhecê-la
la (potencial consciência da ilicitude).
Teoria Limitada da Culpabilidade (adotada - art. 20, § 1º, do CP)

- Tem base Finalista

Pressupostos (elementos)

Imputabilidade

Exigibilidade de conduta diversa

Potencial Consciência da Ilicitude

Obs1. O Dolo e a Culpa migram para conduta.

Obs2. O dolo passa a ser natural, ou seja, despido do elemento normativo atual

consciência da ilicitude.

Obs3. A consciência da ilicitude deixa de integrar o dolo e passa ser elemento da

culpabilidade.

Obs4. Não é necessário que o agente tenha real e atual consciência da ilicitude,

bastando a possibilidade conhecê


conhecê-la
la (potencial consciência da ilicitude).

Obs5. A principal divergência/diferença entre a teoria extremada da culpabilidade e a

teoria limitada da culpabilidade é a natureza jurídica da discriminante putativa

referente ao erro sobre os pressupostos fáticos (Ex: legítima defesa putativa em razão

de o agente supor agressão inexistente). Para teoria extremada, trata


trata-se de erro de

proibição. Para teoria limitada, trata


trata-se de erro de tipo.
Elementos da culpabilidade

Imputabilidade

É a capacidade de imputação, ou seja, a atribuição de capacidade para que

alguém seja responsabilizado criminalmente.

Será imputável o agente que, ao tempo da ação ou da o


omissão,
missão, for capaz de

entender o caráter ilícito do fato e de determinar


determinar-se
se de acordo com esse entendimento,

além de ter completado 18 anos.

Obs. O Código Penal não conceitua imputabilidade, elencando as hipóteses de

inimputabilidade (conceito negativo).

A) Sistemas de Imputabilidade

1º) Sistema Biológico (etiológico):

Leva em consideração apenas o desenvolvimento mental acusado,

independentemente de se ter no momento da conduta capacidade de entendimento e

de autodeterminação.

Obs. Foi adotado de forma exc


excepcional
epcional para os menores de 18 anos (art. 27 do CP).

Ex: todo louco é inimputável

2º) Sistema Psicológico

Verifica-se
se apenas se o agente, ao tempo da ação ou da omissão, tinha

capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar


determinar-se
se de acordo com

esse entendimento.

3º) Sistema Biopsicológico ou misto

Leva-se
se em consideração o desenvolvimento mental do acusado, bem como se,

no momento da ação ou da omissão, ele tinha capacidade de entendimento e

autodeterminação.

Obs. Pressupostos para o recon


reconhecimento da Inimputabilidade:
1º) existência de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado

(pressuposto causal);

2º) manifestação de doença mental no momento da conduta (pressuposto cronológico);

3º) o agente deve ser inteiramente inc


incapaz
apaz de entender o caráter ilícito do fato ou ser

inteiramente incapaz de se determinar de acordo com esse entendimento (pressuposto

consequencial).

B) Hipóteses de Inimputabilidade

1º) Anomalia Psíquica

A) Previsão: art. 26, caput,, do CP ((É


É isento de pena o agente que, por doença mental

ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da

omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-


determinar

se de acordo com esse entendimento


entendimento.)

B) Doença Mental: deve ser entendida de forma ampla, ou seja, qualquer enfermidade

que venha a debilitar as funções psíquicas do agente.

C) Sentença Absolutória Imprópria: verificada inimputabilidade, haverá sentença

absolutória, mas com aplicação de medida de segurança. Portanto, apesar de absolver,

o juiz aplicará medida de segurança, que é espécie de sanção penal.

D) Procedimento para aplicação de medida de segurança:

Haverá o processamento normal da ação, até se chegar na sentença absolutória

imprópria (deverá
verá necessariamente ter processo).

E) Semi-imputabilidade
imputabilidade (art. 26, parágrafo único, do CP):

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois

terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental

ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não

era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou

de determinar
determinar-se
se de acordo com esse entendimento.
O art. 26, parágrafo único, do CP não traz hipótese de inimputabilidade, mas de

imputabilidade com responsabilidade penal dimi


diminuída.

Consequências: haverá condenação, podendo o juiz reduzir a pena de 1/3 a 2/3 ou

substituir a pena por medida de segurança (art. 98 do CP). Não é possível a aplicação

das duas penas, deve ser uma ou outra (sistema unitário ou vicariante).

2º) Menoridade

A) Previsão: art. 27, caput


caput, do CP (Os
Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente

inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.)

B) Sistema Biológico: basta ser menor de 18 anos que haverá presunção absoluta de

inimputabilidade. Considera
Considera-se
se maior de idade a partir do primeiro momento do dia

em que se completa 18 anos, independente da hora do nascimento.

3º) Embriaguez Completa Acidental

A) Previsão Legal: art. 28, § 1º, do CP (É isento de pena o agente que, por embriaguez

completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da

omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar


determinar-se

de acordo com esse entendimento).

B) Embriaguez: é uma intoxicação causad


causadaa pela ingestão de álcool (o Código Penal

equipara o álcool a substâncias de efeitos análogos. Ex: drogas).

C) Combinações1

1Tabela inspirada e extraída da Obra do Professor Rogério Sanches: CUNHA, Rogério Sanches.
Manual de Direito Penal: parte geral (arts. 1º ao 120). 8 ed. rev. ampl.e atual. – Salvador:
JusPodvim, 2020. P. 367.
Embriaguez Acidental - Caso Fortuito: o agente Completa: exclui a

desconhece o efeito capacidade de

inebriante da substância. entendimento do agente

(isenção de pena do art. 28,

Força Maior: o agente é § 1º, do CP)

obrigado a ingerir a

substância. Incompleta: reduz a

capacidade de

entendimento do agente e

autodeterminação (redução

de pena prevista no art. 28,

§ 2º, do CP).

Embriaguez não acidental Voluntária: quando o Completa: não isenta o réu

agente quer ingerir bebida de pena (art. 28, II, do CP)

alcoólica.

Involuntária: age com Incompleta: não isenta o

negligência réu de pena (art. 28, II, do

CP)

Embriaguez Patológica
ca Equipara-se a Doença Inimputabilidade: art. 26,

(doentia) Mental caput¸ do CP.

Semi-imputabilidade:
imputabilidade: art.

26, parágrafo único, do

Código Penal

Embriaguez Pré-ordenada O agente se embriaga Completa: é agravante de

voluntariamente para pena (art. 61, II, "L", do CP)

cometer o crime

Incompleta: é agravante de

pena (art. 61, II, "L", do CP)


Obs1. Teoria da Actio Libera in Causa (Ação Livre na Causa).

Para Teoria da Actio Libera in Causa (Ação Livre na Causa), nas hipóteses em

que o agente pratique um delito em estado de embriaguez completa (estado posterior

de inconsciência),
ncia), decorrente de ingestão voluntária, culposa ou preordenada de

álcool ou substância de efeitos análogos (estado anterior de capacidade de

culpabilidade), transfere-se
se a análise da culpabilidade para o momento antecedente a

ingestão dessas substâncias, a qual foi livre na vontade.

Obs2. Responsabilidade Objetiva na Teoria da Actio Libera in Causa

Para evitar respon


responsabilidade objetiva, deve-se
se analisar se no momento da

ingestão das substâncias (estado anterior de capacidade de culpabilidade), o agente:

1º) previu e tinha intenção de praticar o crime (dolo direto);

2º) previu e assumiu o risco praticar o crime (dolo eventual);

3º) previu, mas acreditava sinceramente que com suas habilidades poderia evitar o

crime (culpa consciente);

4º) previsível a ocorrência do crime (culpa inconsciente);

5º) o crime era imprevisível (fato atípico).

4º) Emoção e Paixão

A emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal (art. 28, I, do CP).

A) emoção: é um estado de perturbação de consciência de curta duração.

B) paixão: é um estado de perturbação de consciência crônica e duradoura.

Obs. A emoção e a paixão quando forem patológicas, podem acarretar a

inimputabilidade prevista no art. 26, caput, do Código Penal.


Potencial Consciência da Ilicitude

Conceito: é a possibilidade de o agente conhecer a proibição de seu comportamento.

Obs. Valoração
ração Paralela da Escala do Profano

O que se avalia na Potencial Consciência da Ilicitude é se agente possuía, ao

menos, o conhecimento do homem leigo. O que se busca não é saber se o agente

conhecia efetivamente a lei, mas sim se ele tinha o conhecimento ou a possibilidade de

conhecimento da ilicitude da conduta (se ele sabia que aquela conduta era proibida).

Hipótese de Exclusão da Potencial Consciência da Ilicitude

Erro de Proibição

Previsão Legal: art. 21 do Código Penal (Art. 21 - O desconhecimento da lei é

inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,

poderá diminuí-la
la de um sexto a um terço.)

Conceito

É a hipótese em que o agente possui consciência e vontade de praticar o fato,

mas não possui consciência da ilicitude em relação a esse fato. Não se busca que o

agente conheça a lei, mas sim que tenha condições de entender o que é certo e o que é

errado.

Ex: o agente não sabe que fabricar açúcar em casa é crime (Dec
(Dec-Lei
Lei 16/1966)

Espécies:

A) Erro de Proibição
o inevitável, invencível ou escusável

É o erro que qualquer pessoa prudente incidiria.

Consequências: isenção da pena.

B) Erro de Proibição Evitável, Vencível ou Inescusável

É o erro que uma pessoa de diligência mediana, mediante esforço de

inteligência e com base nas experiências de vida comum, poderia ter evitado se não

fosse a falta de zelo.


Previsão legal:: art. 21, parágrafo único, do CP (Considera
(Considera-se
se evitável o erro se o agente

atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas

circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.)

Consequências: causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3

C) Erro de Proibição Grosseiro ou Crasso

É a hipótese em que a ilicitude é patente.

Consequências: não isenta o réu de pena, nem existi


existirá
rá a causa de diminuição

D) Erro de Proibição Direto

É a hipótese em que o agente desconhece a ilicitude do fato da norma de

proibição (referente aos crimes comissivos) ou da norma mandamental (referente aos

crimes omissivos. Norma mandamental porque o ti


tipo
po penal "manda" agir. Omitindo-
Omitindo

se o agente quanto ao dever de agir, pratica o crime).

Ex1: mãe que pratica aborto sem ter conhecimento que o aborto é proibido (erra

sobre a norma de proibição "não aborte").

Ex2: agente que deixa de prestar socorro porque acredita que, em razão de não

ter nenhum vínculo com a vítima, não precisa socorrer (erra sobre a norma

mandamental "preste socorro").

Obs. é possível erro de proibição em relação aos crimes culposos, pois o agen
agente pode

errar sobre o dever objetivo de cuidado.

Consequências: o erro de proibição direto pode ser inevitável (causa de isenção de

pena) ou evitável (causa de diminuição de pena).

E) Erro de Proibição Indireto ou Erro de Permissão

É a hipótese em que o agente erra sobre as causas de exclusão da ilicitude

(descriminantes) e não sobre as normas proibitivas ou mandamentais.

1º) Erro sobre a existência de uma causa de exclusão da ilicitude não reconhecida

juridicamente:
O agente pratica o fato acreditando q
que
ue está acobertado por uma causa

excludente de ilicitude, que, na verdade, não existe.

Ex: pratica eutanásia acreditando que é hipótese de causa de exclusão da

ilicitude, quando, em verdade, não é.

2º) Erro sobre os limites da causa de exclusão da ilicit


ilicitude

É a hipótese em que o sujeito sabe da existência da causa excludente de

ilicitude, porém, mas erra em relação aos seus limites.

Ex: o agente é legalmente preso, mas acredita que sua prisão é injusta, e agride

o policial supondo que está cumprindo um


uma ordem ilegal.

Consequências: o erro de proibição direto pode ser inevitável (causa de isenção de

pena) ou evitável (causa de diminuição de pena).

Exigibilidade de Conduta Diversa

Para que se reconheça a culpabilidade, além de o agente ser imputável e te


ter

potencial consciência da ilicitude dos fatos praticados, deve


deve-se
se verificar se, no plano

concreto, ele poderia praticar a conduta de uma outra forma, ou seja, de acordo com o

ordenamento jurídico.

Dica: Naquelas circunstâncias, era possível conduta divers


diversa?

Causas de Exclusão:

Previsão legal:: art. 22 do Código Penal ((Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação

irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior

hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.)

1ª) Coação
ação Moral Irresistível ((vis compulsiva)

Consiste no emprego de grave ameaça contra alguém para faça ou deixe de

fazer alguma coisa.

Consequências:
A) Coagido: pratica fato típico e ilícito, mas afasta
afasta-se
se a culpabilidade (pois não lhe era

exigido conduta diversa).

B) Coator: é hipótese de autoria mediata, tendo em vista que se serve instrumento

(coagido) para praticar o crime. Haverá responsabilização pelo crime praticado pelo

coagido, com a agravante prevista no art. 62, II, do Código Penal. Responderá, também,

pela coação (pelo crime de constrangimento ilegal ou pelo crime de tortura, se houver

sofrimento físico e mental).

Ex: Fulano coage Beltrano de forma irresistível para matar Cicrano. Beltrano,

diante da coação moral irresistível, o faz:

1. Fulano responderá
sponderá pelo crime de homicídio na condição de autor mediato e

pelo crime de tortura para prática de crimes (art. 1, I, "B", da Lei 9.455/97)

2. Beltrano não praticou nenhum crime.

Obs. Temor Reverencial

Não é hipótese de coação moral irresistível.

2º) Obediência Hierárquica

Requisitos:

1º) Ordem de Superior Hierárquico

É a manifestação de vontade do titular de uma função pública que lhe é

subordinado no sentido de que realize uma conduta.

Obs. Esta dirimente não abrange outra espécie de hierarquia, sej


seja familiar, seja

eclesiástica ou na iniciativa privada.

2º) Ordem não manifestamente ilegal

Consequência: só é punível o autor da ordem.


Ordem Ilegal Ordem Legal Ordem não

manifestamente ilegal

- Superior é punido - Superior e subordinado - Superior é punido

estão no estrito (autoria mediata)

-Subordinado
Subordinado também é cumprimento de um dever

punido, com atenuante de legal. - Subordinado é isento de

pena. pena (inexigibilidade de

conduta diversa)

Causas Supralegais de exclusão da inexigibilidade de conduta diversa

1º) Cláusula de consciência

Aquele que, por motivo de consciência ou crença, praticar algum delito, desde

que não ofenda direitos fundamentais, estará isento de pena.

Ex: proibir transfusão de sangue em razão de crença

2º) Desobediência Civil

Considera-se
se como desobediência civil atos rebeldia que possuem a finalidade

de mostrar publicamente a injustiça da lei, chamando a atenção do legislador a

modificá-la.

Obs. Somente será possível a exclusão da culpabilidade quando fundada na proteção

de direitos fundamentais e o dano for juridicamente irrelevante.

3º) Conflito de Deveres

Tem o intuito de evitar um mal maior.

Ex: ou o empresário demite os funcionários ou recolhe as contribuições


Coculpabilidade

Diante da falibilidade do Estado em proporcionar as mesmas oportunidades

aos seus cidadãos, deve arcar com sua parcela de culpa na prática do delito. Portanto,

coculpabilidade, nada mais é que a parcela de culpa do Estado na prática do crime.

Natureza Jurídica:

1º) Causa de Exclusão de culp


culpabilidade

Os Tribunais Superiores não admitem a tese da coculpabilidade como hipótese

de exclusão da culpabilidade. Para os Tribunais Superiores, não se pode premiar

aqueles que não assumem sua responsabilidade social e fazem do crime um meio de

vida (STJ HC 213482).

2º) Atenuante Inominada

Parte minoritária da doutrina e da jurisprudência admitem a coculpabilidade

como atenuante genérica inominada (art. 66 do CP).

Ex: réu miserável, sem oportunidade, desempregado. O Estado deve assumir

sua parcela de culpa


lpa pela desigualdade social.

Coculpabilidade às avessas

A coculpabilidade às avessas realiza uma crítica à seletividade do sistema

penal, podendo ser verificada sob dois aspectos:

(1) o primeiro aspecto diz respeito ao abrandamento das reprimendas impostas a

pessoas com alto poder econômico e social, a exemplo dos crimes do colarinho branco.

(2) na segunda perspectiva, conduz a tipificação de delitos que somente serão

praticados porr pessoas marginalizadas, a exemplo da contravenção penal de vadiagem

e da revogada contravenção de medicância.

Diz-se
se coculpabilidade às avessas, “pois se os pobres, excluídos e

marginalizados merecem um tratamento penal mais brando, porque o caminho da

ilicitude lhes era mais atrativo, os ricos e poderosos não têm razão nenhuma para o
cometimento de crimes. São movidos pela vaidade, por desvios de caráter e pela

ambição desmedida, justificando a imposição da pena de modo severo.”2

Enquanto na coculpabil
coculpabilidade
idade alguns doutrinadores entendem ser possível a

aplicação da atenuante do art. 66 do Código Penal, na coculpabilidade às avessas não

há viabilidade jurídica para ser reconhecida como agravante, ante a ausência de

previsão legal. Como se sabe, em Direito Penal é vedada a analogia in malam partem.

Será possível, contudo, a exasperação da pena


pena-base,
base, com esteio no art. 59, caput,

do Código Penal, sendo valorada como circunstância judicial desfavorável.

2MASSON, Cléber Rogério. Direto Penal Esquemat


Esquematizado. Parte geral. v. 1. 14. ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Método, 2020, p. 383

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