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UnB/CESPE – TRF 1.

a Região Segunda Prova Escrita (P3) – Sentença Penal


Cargo: Juiz Federal Substituto da 1.a Região

SEGUNDA PROVA ESCRITA (P3) – SENTENÇA PENAL


• Será considerada nula a sentença que não contiver relatório.
• No caderno de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto
que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Caso o texto exija identificação, utilize
apenas o nome Juiz Federal Substituto. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero,
correspondente a identificação do candidato em local indevido.

SENTENÇA PENAL
No ano de 2005, força-tarefa instalada no estado do Tocantins, integrada pelo INSS, pelo Departamento de
Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, com a finalidade de apurar e combater delitos perpetrados contra o
sistema da seguridade social, recebeu denúncia anônima a respeito da existência, na sede do INSS da capital desse
estado, de um esquema de favorecimento de empresas mediante a obtenção fraudulenta de certidões negativas de
débito (CNDs) e(ou) de certidões positivas com efeito de negativas (CPENs), no qual estariam envolvidos o procurador
federal Dimas Nogueira, que tinha a seu cargo as execuções fiscais naquela capital, o servidor da justiça federal
Jônatas Araújo, o despachante José Fonseca e algumas empresas ali sediadas, entre elas, o Frigorífico Bom Conselho
Ltda. e o Supermercado Santa Cruz Ltda., pertencentes ao mesmo grupo econômico.
De acordo com a denúncia anônima, Dimas Nogueira utilizava-se do cargo de procurador federal para
favorecer, em processos administrativos, empresas devedoras de contribuições previdenciárias, o que fazia por meio da
emissão de pareceres que ensejavam o recebimento de recursos com efeito suspensivo, ao que se seguia a
consequente emissão de CPEN, que, expressando regularidade fiscal, propiciava às empresas a participação em
licitações, bem como por meio da emissão indevida de CND, em troca das quais recebia quantias em dinheiro,
depositadas em contas de terceiros, a título de remuneração de supostos serviços prestados, e, depois, repassadas ao
procurador.
Ainda conforme a denúncia, o Frigorífico Bom Conselho Ltda., devedor de altas somas ao INSS, obtivera
indevidamente — a título de compensação de créditos com a autarquia, decorrentes de processos judiciais ainda em
curso em primeiro grau —, nos meses de janeiro de 2003, agosto de 2003 e junho de 2004, CNDs liberadas pelo
procurador; e o Supermercado Santa Cruz Ltda., igualmente devedor contumaz do INSS, obtivera, por meio de
parecer emitido pelo mesmo procurador, visando à subida de um recurso administrativo da empresa — anteriormente
negado pelo serviço de arrecadação do INSS, por falta de fundamentação legal —, a suspensão da exigibilidade do
crédito e, em consequência, a emissão de CPENs.
Foi instaurado inquérito policial, instruído com várias peças administrativas remetidas, em caráter reservado,
pelo INSS da capital do estado — cópias de CNDs, emitidas e de CPENs autorizadas pelo procurador, bem como de
pareceres por ele exarados em processos do interesse das referidas empresas —, e, dada a gravidade dos fatos
denunciados, o juiz da 10.ª Vara Federal de Palmas – TO, a pedido da autoridade policial, deferiu, fundamentadamente,
em 3/10/2005, a interceptação telefônica das pessoas físicas e jurídicas citadas, tendo concedido prorrogação das
escutas, várias vezes: em 18/10/2005, 2/11/2005, 17/11/2005, 17/12/2005, 23/1/2006, 20/2/2006, 11/6/2006, 23/7/2006,
20/8/2006, 6/9/2006, 7/10/2006 e 5/11/2006 — em razão de movimento paredista dos policiais federais, houve
suspensão das escutas no período de 11/3/2006 a 10/6/2006.
Nas gravações telefônicas efetuadas até 2/12/2005 — mercê das prorrogações concedidas, com
fundamentação, até essa data —, registra-se, em diálogo entre o procurador federal e o advogado das duas sociedades
limitadas, Antônio Câmara, que, pela emissão das CNDs, nos meses de janeiro de 2003, agosto de 2003 e junho de
2004, o procurador receberia do Frigorífico Bom Conselho Ltda., em cada operação, a quantia de R$ 15.000,00, que
seria depositada na conta bancária (agência 25 do Banco Pantanal S.A., em Palmas – TO) da empresa Butique de
Carnes Exóticas Ltda., do mesmo grupo empresarial. Consta das mesmas gravações que, pela emissão de quatro
pareceres referentes à subida de recursos administrativos do Supermercado Santa Cruz Ltda. — que implicaram a
suspensão administrativa da exigibilidade do crédito tributário de R$ 500.000,00 e a emissão das correspondentes
CPENs —, receberia o procurador federal, na mesma sistemática, a quantia de R$ 80.000,00.
Está registrado, ainda, nas interceptações telefônicas efetuadas, a partir de 18/12/2005, com ordem judicial —
prorrogadas por mero despacho “Defiro a prorrogação. Prossiga-se.” — que Jônatas Araújo, técnico judiciário que
chefiava o setor de protocolo e distribuição da Justiça Federal de Palmas – TO, prometera, por quatro vezes, ao
advogado das mencionadas sociedades — à alegação de que mantinha relacionamento amoroso com uma assessora
do juiz — interferir junto à 15.ª Vara Federal daquela seccional para que o magistrado determinasse, em execução fiscal
contra o frigorífico, a expedição de CPEN, sob o fundamento de que dera em segurança do juízo títulos da dívida
pública federal expedidos em 1950 e avaliados pela Fundação Getúlio Vargas. Consta das gravações, ademais, conversa
entre o servidor e o advogado, na qual o primeiro afirma que somente trabalharia para o segundo mediante pagamento
adiantado, tendo este dito, em resposta, que já pagara adiantado outras vezes, sem ter obtido o resultado esperado.
Pelas gravações telefônicas efetuadas entre 3/10/2005 e 2/12/2005, constatou-se, ainda, que um dos elementos
mais ativos dos delitos era José Fonseca, despachante com grande prestígio profissional e muitos contatos na capital,
que estabelecia a conexão entre as sociedades limitadas mencionadas e o procurador federal, via de regra, por
intermédio de Antônio Câmara, advogado das sociedades, recebendo, em contrapartida, comissões das duas partes. O
despachante trabalhava com a participação ativa de um ajudante, Rudá Monteiro, estudante de 17 anos, casado e pai
de dois filhos.
Constatou-se que os valores devidos ao procurador federal, que não tinha licença para advogar, eram
depositados na conta bancária (agência 25 do Banco Pantanal S.A) da empresa Butique de Carnes Exóticas Ltda., tendo
sido repassados ao interessado, na condição de diretor do Rotary Clube, a título de empréstimo, R$ 100.000,00, sem
nenhuma garantia, e R$ 25.000,00, a título de pagamento por serviços de assessoria jurídica, tudo com o conhecimento
e participação de Daniel Alves, gerente da mencionada agência bancária e cunhado de Antônio Câmara.
Em diligência de busca e apreensão realizada em razão da investigação das pessoas citadas, foram apreendidos
vários documentos: na residência do procurador federal, Dimas Nogueira, uma anotação, de próprio punho, feita em
agenda pessoal, com autenticidade confirmada, acerca dos honorários que receberia do frigorífico e do supermercado,
no valor de R$ 50.000,00 e de R$ 70.000,00, respectivamente;
na residência do servidor federal Jônatas Araújo, dois cartões de visita de Antônio Câmara e uma agenda
oferecida como brinde pelo escritório desse advogado;
na residência de José Fonseca, o despachante, extratos bancários emitidos pela Caixa Econômica de Tocantins,
que registravam depósitos de valores correspondentes a 20% das quantias recebidas por Dimas Nogueira, em datas
compatíveis com as operações bancárias realizadas pelo procurador, uma agenda com anotações pessoais, entre as quais
consta o registro de diversos serviços de despachante prestados ao escritório de advocacia de Antônio Câmara,
incluindo-se o de obtenção de CNDs e CPENs em nome de várias sociedades empresárias, entre elas, o Frigorífico Bom
Conselho Ltda. e o Supermercado Santa Cruz Ltda., e uma procuração particular, com amplos poderes, para que o
despachante as representasse perante as repartições públicas em geral.
Em perícia efetuada, por ordem judicial, no computador pessoal de Antônio Câmara, verificou-se o registro de
agendamento de audiências com o procurador federal, em janeiro de 2003, em setembro de 2003, em maio de 2004
e em agosto de 2004, tendo duas dessas audiências, conforme anotações registradas pelo advogado na agenda
eletrônica, versado sobre a emissão de certidões de regularidade fiscal das empresas que representava.
Nos arquivos eletrônicos, entre peças processuais, foram encontrados memorandos encaminhados pelo
advogado às referidas sociedades — Frigorífico Bom Conselho Ltda. e Supermercado Santa Cruz Ltda.—, nos quais
solicitava depósitos na conta bancária da empresa Butique de Carnes Exóticas Ltda., registrada no Banco Pantanal S.A.,
a título de serviços jurídicos prestados pelo procurador federal.
Ouvidos no inquérito policial, o procurador federal, o advogado e o servidor público negaram as
imputações, tendo afirmado o primeiro que os valores recebidos originavam-se de empréstimo solicitado ao Banco
Pantanal S.A. e de pagamento por serviços de assessoria jurídica prestados. O despachante afirmou que exercia
atividades lícitas, recebendo por elas a devida retribuição, e negou ter exercido corretagem de atividades ilícitas, embora
admitisse conhecer, de longa data, o procurador federal e o advogado. Entretanto, Rudá Monteiro, ajudante do
despachante, confessou toda a atividade ilícita evidenciada nas gravações, inclusive a relacionada à emissão de outras
CNDs e CPENs, ressalvando que supunha, em razão da pouca idade e pelo porte profissional do despachante, que se
tratava de atividade lícita.
O gerente bancário confirmou o empréstimo a Dimas Nogueira, afirmando que a ausência de garantia se devera
à condição de cliente especial conferida ao procurador, tal como sucedia com outros clientes.
Findo o inquérito, a denúncia foi oferecida, tendo sido Dimas Nogueira, procurador federal, considerado o
arquiteto da trama criminosa, acusado dos crimes previstos nos arts. 288 (formação de quadrilha) e 317, § 1.º (corrupção
passiva), c/c o previsto no art. 29, todos do Código Penal, e, ainda, no crime previsto no art. 1.º, V e VI, da Lei n.º
9.613/1998 (lavagem de capitais). Pediu-se-lhe, também, a perda do cargo público.
A Jônatas Araújo, servidor da justiça federal, foi imputado o crime previsto no art. 332 do Código Penal
(tráfico de influência).
José Fonseca, o despachante, e seu ajudante, Rudá Monteiro, foram acusados dos crimes previstos nos arts. 288
e 333 (corrupção ativa), c/c o previsto no art. 29, todos do Código Penal.
Antônio Câmara, advogado das sociedades empresárias, foi incurso nos crimes previstos nos arts. 288 e 333,
c/c o previsto no art. 29, todos do Código Penal, bem como no previsto no art. 1.º, V e VI, da Lei n.º 9.613/1998.
A Daniel Alves, gerente do banco, foram imputados os crimes previstos nos arts. 288 e 333, c/c o previsto no
art. 29, todos do Código Penal, e, ainda, o previsto no artigo 1.º, V e VI, da Lei n.º 9.613/1998.
A denúncia foi instruída, também, com peças de processo administrativo instaurado, no âmbito do INSS,
para apurar a conduta do procurador federal, um dos responsáveis pelas execuções fiscais contra as referidas
sociedades, havendo-se concluído pela insuficiência de provas para a aplicação de penalidade administrativa.
Recebida a denúncia — após a defesa escrita de todos os acusados —, sobrevieram a audiência de instrução e
julgamento e o interrogatório, tendo todos os acusados repetido as versões do inquérito.
Na prova oral, Torquato Vieira, um dos gerentes de núcleo do banco, arrolado pela denúncia, afirmou que
constantemente ouviam-se rumores de que o gerente Daniel Alves mantinha negócios não esclarecidos com Antônio
Câmara, seu advogado. Oficiado o banco para que remetesse ao juízo os comprovantes dos serviços prestados e do
empréstimo feito ao procurador, não houve resposta.
A instrução demonstrou que todos os acusados são tecnicamente primários, excetuando-se o despachante,
José Fonseca, já anteriormente condenado, em sentença definitiva, por corrupção ativa, e com outro registro
condenatório, pendente de recurso, pelo crime de exploração de prestígio.
Em alegações finais, o Ministério Público Federal reiterou os termos da denúncia, confortada pelas provas
documentais e orais, pedindo, ainda, que o procurador fosse responsabilizado pelo respectivo crédito tributário em razão
das CNDs expedidas em fraude.
A defesa de todos os acusados arguiu a nulidade da investigação sob o argumento de ter sido ela baseada em
denúncia anônima, em flagrante afronta ao texto constitucional, bem como de as interceptações telefônicas terem sido
autorizadas, em grande parte, pelo prazo de trinta dias e sem a devida justificação — mediante meros despachos de
prorrogação —, contrariamente ao que dispõem a lei de regência e a jurisprudência, em ostensiva violação das garantias
constitucionais e do devido processo legal.
No mérito, pediu a absolvição dos réus por insuficiência de provas, tendo o acusado Rudá Monteiro pedido a
aplicação, na hipótese de sua condenação, da atenuante prevista no art. 65, I, do Código Penal.
Sem mais diligências, os autos foram conclusos para a sentença.
Em face dos fatos hipotéticos anteriormente apresentados, prolate a respectiva sentença, com base nos
requisitos previstos no art. 381 do Código de Processo Penal (exceto o do inciso VI), examinando e decidindo todas as
questões manejadas pelas partes.

CRIMES CONTRA A SEGURIDADE – CORRUPÇÃO, LAVAGEM, QUADRILHA, ETC – Sentença


bastante extensa...

FUNDAMENTAÇÃO
1) Das Preliminares
1.1 Da nulidade do inquérito baseado em denúncia anônima
Argui-se a nulidade da investigação, por ser baseada em denúncia anônima, bem como, a nulidade das
interceptações telefônicas, que teriam sido autorizadas, boa parte, pelo prazo de trinta dias, e sem a devida
fundamentação.
Quanto à primeira alegação, de fato é inaceitável a investigação baseada somente em denúncia anônima. Cabe
à autoridade policial, ao receber denúncia dessa natureza, buscar um mínimo de indícios que comprovem sua
veracidade, para só então instaurar procedimento investigativo.
Não é o caso, porém, da investigação procedida nos autos, a qual foi instruída com várias peças
administrativas remetidas pelo INSS – cópias de CNDs emitidas e de CPENs autorizadas pelo procurador denunciado,
bem como de pareceres por ele exarados. Agiu corretamente, portanto, a autoridade policial no presente caso.
De qualquer modo, é de se destacar que eventual irregularidade do inquérito policial, peça meramente
informativa da opinio delicti, não contamina a ação penal. O argumento que obstaculiza a investigação de alguém
com base em denúncia anônima relaciona-se com a ausência de um mínimo de indícios para tanto, o que, certamente,
não é o caso, já que a denúncia veio acompanhada de robusta prova de autoria e materialidade.
Rejeito, portanto, a preliminar.
1.2 Da nulidade da interceptação telefônica
A defesa também taxou de ilegal a prova produzida mediante interceptação telefônica, tendo em vista o
deferimento judicial por prazo superior ao previsto em lei, bem como, sem fundamentação.
Analisando os autos, constato que, de fato, algumas das interceptações foram produzidas sem atenção aos
postulados legais e constitucionais.
Com efeito, verifica-se que o juiz da 10.ª Vara Federal de Palmas/TO deferiu, fundamentadamente, em
3/10/2005, a interceptação telefônica, tendo concedido prorrogação das escutas por várias vezes, em prazos de quinze
dias, trinta dias, e superiores a trinta dias.
As prorrogações pelo prazo de quinze dias observam a literalidade do art. 5º da Lei 9.296/96.
Em relação às prorrogações pelo prazo de trinta dias, há precedentes tanto do Supremo quanto do STJ,
firmando sua possibilidade, já que seria simplesmente o resultado dos prazos previstos no referido artigo (15+15), e
desde que a decisão indique, fundamentadamente, a complexidade das investigações, a justificar tal medida.1
Assim sendo, verifica-se que as prorrogações observaram o prazo legal, à exceção daquelas deferidas em
23/1/2006, 23/7/2006, e 7/10/2006, que excederam o prazo de 30 dias, em relação ao deferimento anterior.
Todavia, observa-se que, a partir da interceptação iniciada em 18/12/2005 – deferida em 17/12/2005, portanto
-, o deferimento se deu mediante mero despacho de “Defiro a prorrogação. Prossiga-se”, sendo, portanto, tais
decisões nulas, por desatendimento ao postulado constitucional da motivação das decisões judiciais, esculpido no art.
93, IX, da Constituição Federal.
Desse modo, preservam-se íntegras as interceptações produzidas até 16/12/2005, com base em decisões
devidamente fundamentadas, determinando, por outro lado, o desentranhamento e destruição das gravações
produzidas a partir da decisão de 16/12/2005, tendo em vista a ofensa aos ditames da Carta maior e consequente
ilicitude.
1.3 Da ilegitimidade passiva do réu Rudá Monteiro
Não obstante não tenha sido argüido pelas partes, por tratar-se de matéria de ordem pública, verifico, de ofício,
a ilegitimidade do réu Rudá Monteiro figurar no pólo passivo.
Isso porque referido acusado possui idade de 17 anos, sendo, portanto, inimputável à luz da lei penal (art. 27
do CP), sendo irrelevantes, para a esfera penal, o fato de ser casado e pai de dois filhos.
Diante disso, extingo o processo, em relação a ele, sem resolução de mérito, com fulcro no art. 267, VI, do
CPC.

1
1. É da jurisprudência desta Corte o entendimento de ser possível a prorrogação do prazo de autorização para a interceptação
telefônica, mesmo que sucessiva, especialmente quando o fato é complexo, a exigir investigação diferenciada e contínua (HC nº
83.515/RS, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Nelson Jobim, DJ de 4/3/05).
2. Cabe registrar que a autorização da interceptação por 30 (dias) dias consecutivos nada mais é do que a soma dos períodos,
ou seja, 15(quinze) dias prorrogáveis por mais 15 (quinze) dias, em função da quantidade de investigados e da complexidade
da organização criminosa. HC 106.129/MS, 1ª Turma, j. 6.3.2012.
2) Do mérito
A denúncia imputa:
- ao réu Dimas Nogueira, procurador federal, considerado o arquiteto da trama criminosa, os crimes previstos
nos arts. 288 (formação de quadrilha) e 317, § 1.º (corrupção passiva), c/c o previsto no art. 29, todos do Código Penal,
e, ainda, no crime previsto no art. 1.º, V e VI, da Lei n.º 9.613/1998 (lavagem de capitais).
- ao réu Jônatas Araújo, servidor da justiça federal, o crime previsto no art. 332 do Código Penal (tráfico de
influência).
- ao réu José Fonseca, o despachante, e seu ajudante, Rudá Monteiro, os crimes previstos nos arts. 288 e 333
(corrupção ativa), c/c o previsto no art. 29, todos do Código Penal.
- ao réu Antônio Câmara, advogado das sociedades empresárias, e ao réu Daniel Alves, gerente do banco, os
crimes previstos nos arts. 288 e 333, c/c o previsto no art. 29, todos do Código Penal, bem como no previsto no art. 1.º,
V e VI, da Lei n.º 9.613/1998.
Concluída a instrução processual, verifica-se a procedência de quase todas as imputações, tendo sido
demonstradas tanto a materialidade quanto a autoria.
Nas gravações telefônicas efetuadas até 2/12/2005, através de prorrogações concedidas, com a devida
fundamentação, registra-se, em diálogo entre o procurador federal Dimas Nogueira e o advogado das duas sociedades
limitadas, Antônio Câmara, que, pela emissão das CNDs, em janeiro de 2003, agosto de 2003 e junho de 2004, o
procurador receberia do Frigorífico Bom Conselho Ltda., em cada operação, a quantia de R$ 15.000,00, a ser
depositada na conta bancária (agência 25 do Banco Pantanal S.A., em Palmas/TO) da empresa Butique de Carnes
Exóticas Ltda., do mesmo grupo empresarial.
Ainda nessas gravações, consta que, pela emissão de quatro pareceres referentes à subida de recursos
administrativos do Supermercado Santa Cruz Ltda. — que implicaram a suspensão administrativa da exigibilidade do
crédito tributário de R$ 500.000,00 e a emissão das correspondentes CPENs —, receberia o procurador federal, na
mesma sistemática, a quantia de R$ 80.000,00.
Em relação ao réu Jônatas Araújo, técnico judiciário, forçoso é reconhecer a ausência de provas suficientes
para sua condenação, tendo em vista, essencialmente, a imprestabilidade das interceptações telefônicas efetuadas, a seu
respeito, a partir de 18/12/2005, sem a devida fundamentação.
Comprovou-se, ainda, nos autos, que o Frigorífico Bom Conselho Ltda., devedor de altas somas ao INSS,
obteve indevidamente — a título de compensação de créditos com a autarquia, decorrentes de processos judiciais
ainda em curso em primeiro grau —, em janeiro de 2003, agosto de 2003 e junho de 2004, CNDs liberadas pelo
procurador réu Dimas Nogueira.
De igual modo, o Supermercado Santa Cruz Ltda., devedor contumaz do INSS, obteve, por meio de parecer
emitido pelo acusado, a suspensão da exigibilidade do crédito e, em consequência, a emissão de CPENs, por meio da
subida de um recurso administrativo — já negado pelo INSS, por falta de fundamentação legal.
As gravações telefônicas licitamente efetuadas também demonstraram, que o réu José Fonseca, despachante
com grande prestígio profissional, fora quem estabeleceu a conexão entre as empresas e o procurador federal ora réu,
em regra, por meio de Antônio Câmara, advogado das sociedades, recebendo, por isso, comissões das duas partes.
Como se vê, não restam dúvidas, quanto à prática do crime do art. 317, § 1.º, do CP (corrupção passiva), pelo
réu Dimas Nogueira, bem como, do crime do art. 333, parágrafo único, do CP (corrupção ativa), por parte dos acusados
José Fonseca, Antônio Câmara e Daniel Alves.
Também restou comprovada a participação do réu Daniel Alves, gerente da agência bancária 25 do Banco
Pantanal S.A, e 317, § 1.º (corrupção passiva), já que os valores devidos a Dimas Nogueira, com o conhecimento
daquele, foram depositadas na conta da empresa Butique de Carnes Exóticas Ltda., naquela agência, e repassados ao
réu Dimas, na condição de diretor do Rotary Clube, a título de empréstimo, R$ 100.000,00, sem nenhuma garantia, e
R$ 25.000,00, a título de pagamento por serviços de assessoria jurídica, não obstante ele não ter licença para advogar.
A propósito, toda essa estratégia arquitetada demonstra a intenção de ocultar a verdadeira origem do
dinheiro sujo, caracterizando o crime do art. 1.º, V e VI, da Lei n.º 9.613/1998 (lavagem de capitais).
Em busca e apreensão realizada, foram apreendidos:
- na residência de Dimas Nogueira, uma anotação, de próprio punho, feita em agenda pessoal, com
autenticidade confirmada, acerca dos honorários que receberia do frigorífico e do supermercado, no valor de R$
50.000,00 e de R$ 70.000,00, respectivamente;
na residência de José Fonseca, o despachante, extratos bancários emitidos pela Caixa Econômica de Tocantins,
que registravam depósitos de valores correspondentes a 20% das quantias recebidas por Dimas Nogueira, em datas
compatíveis com as operações bancárias realizadas pelo procurador. Também foi apreendida agenda com anotações
pessoais, entre as quais registros de diversos serviços de despachante prestados ao escritório de advocacia de Antônio
Câmara, incluindo-se o de obtenção de CNDs e CPENs em nome de várias sociedades empresárias, entre elas, o
Frigorífico Bom Conselho Ltda. e o Supermercado Santa Cruz Ltda., e uma procuração particular, com amplos
poderes, para que o despachante as representasse perante as repartições públicas em geral.
Perícia judicialmente autorizada, no computador de Antônio Câmara, verificou o registro de agendamento de
audiências com o procurador federal, em janeiro/2003, setembro/2003, maio/2004 e agosto/2004, tendo duas dessas
audiências, conforme anotações na agenda eletrônica, versado sobre a emissão de certidões de regularidade fiscal das
empresas que representava.
Nos arquivos eletrônicos, entre peças processuais, foram encontrados memorandos encaminhados pelo
advogado às referidas sociedades — Frigorífico Bom Conselho Ltda. e Supermercado Santa Cruz Ltda.—, nos
quais solicitava depósitos na conta bancária da empresa Butique de Carnes Exóticas Ltda., registrada no Banco
Pantanal S.A., a título de serviços jurídicos prestados pelo procurador federal.
Não subsiste a alegação do réu Dimas, de que os valores recebidos originavam-se de empréstimo solicitado ao
Banco Pantanal S.A. e de pagamento por serviços de assessoria jurídica prestados. A uma, porque as demais provas
produzidas demonstram tratar-se de dinheiro de corrupção. A duas, porque a roupagem de “empréstimo” dada à
operação não observou qualquer garantia, e por outro lado, o réu incidia em proibição legal de exercer advocacia.
Alegação do despachante José Fonseca, também, no sentido de que desconhecia a ilicitude das operações,
simplesmente exercendo seu labor, não encontram amparo nos autos, ainda mais, quando Rudá Monteiro, o ajudante
do despachante, confessou toda a atividade ilícita evidenciada nas gravações, inclusive a emissão de outras CNDs e
CPENs.
Quanto ao réu Daniel Alves, a sua plena consciência da ilicitude são extraídos, principalmente, de sua íntima
relação com o corréu x, de quem é primo, bem como, pela realização de empréstimo de vultosa importância, sem
qualquer garantia, atitude injustificável mediante a mera condição de “cliente especial” do procurador.
Não bastasse, Torquato Vieira, um dos gerentes de núcleo do banco, afirmou que haviam constantes rumores
de negócios não esclarecidos entre Daniel Alves e Antônio Câmara, seu advogado. Também o banco, oficiado, não
remeteu ao juízo quaisquer comprovantes de eventuais serviços prestados e do suposto empréstimo feito ao procurador,
reforçando a convicção de que tais procedimentos foram apenas de “fachada”.
Toda a dinâmica dos fatos demonstra que estes jamais teriam ocorrido, caso os réus não estivessem
subjetivamente vinculados, em conluio, de forma estável e permanente, com o objetivo de praticar os referidos crimes.
Plenamente caracterizado, portanto, o delito do art. 288 do CP (quadrilha).
Anote-se, ainda que a absolvição por falta de provas, no processo administrativo instaurado no INSS,
contra o procurador federal, não condiciona/vincula o resultado desta ação penal, tendo em vista a regra da
independência das instâncias penal, cível e administrativa.
Diante do exposto, julgo parcialmente procedente a acusação, para absolver o acusado Jônatas Araújo, por
insuficiência probatória (art. 386, VII, do CPP), e para condenar os acusados Dimas Nogueira, José Fonseca, Antônio
Câmara e Daniel Alves, por todos os delitos lhes imputados na denúncia.

Da Dosimetria da Pena
A) Réu Dimas Nogueira (procurador federal)
Com base no que dispõe o art. 59 e 68 do Código Penal, passo à análise das circunstâncias judiciais, fazendo-
o globalmente, em relação a todos os crimes praticados pelo réu.
1. A culpabilidade, no caso, é exacerbada, tendo em vista que o acusado traiu seu dever de lealdade à instituição,
prejudicando seus interesses quando devia defendê-los. Todavia, como tais circunstâncias são elementares do
tipo, para evitar bis in idem, deixo de considerá-las, neste ponto.
2. O réu não registra maus antecedentes.
3. Não há informações nos autos sobre a conduta social ou à personalidade do agente.
4. Os motivos são ligados à ganância pessoal, e ao desmazelo com a coisa pública.
5. As circunstâncias não favorecem ao acusado, pois de modo sorrateiro, aderiu a esquema para prejudicar a
instituição e satisfazer seus interesses pessoais.
6. As consequências do crime foram graves, de elevado vulto econômico.
7. Não se aplica ao caso o comportamento da vítima, no caso, a Administração Pública.

Diante disso, no tocante ao crime de corrupção passiva (art. 317 do CP), aplico a pena-base pouco acima do
mínimo legal, em 3 anos de reclusão.
Na segunda fase, não há circunstâncias atenuantes ou agravantes.
Na terceira fase, presente a causa de aumento do art. 317, § 1º, do CP, a pena é aumentada de 1/3, ou seja, um
ano, totalizando a pena de 4 (quatro) anos de reclusão.
Quanto ao crime de formação de quadrilha (art. 288 do CP), de igual modo, aplico a pena-base pouco
acima do mínimo legal, em 1 ano e 6 meses, a qual, diante da ausência de circunstâncias atenuantes ou agravantes, bem
ainda, de causas de aumento ou diminuição, torno definitiva nesse patamar.
Por fim, quanto ao crime de lavagem de capitais, aplico a pena-base acima do mínimo legal, em 4 (quatro)
anos, tornando-a definitiva nesse grau, à míngua de quaisquer outras circunstâncias legais, na segunda e terceira fase de
aplicação da pena.
Tendo em vista o concurso material (art. 69 do CP), verificado entre os delitos, as penas são somadas,
totalizando a pena privativa de liberdade de 9 (nove) anos e 6 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial
fechado, conforme art. 33, § 2º, “c”, do Código Penal.
Aplico a pena de multa (crimes de corrupção passiva e lavagem de capitais), mediante o critério de um dia-
multa por mês de reclusão, totalizando 114 (cento e catorze) dias-multa. Fixo o valor do dia-multa, com base do art.
49, § 1º, do CP, no valor de meio salário mínimo.
Decreto, com fulcro no art. 91, II, “d”, do CP, a perda, em favor da União, dos proveitos auferidos com a
prática do ilícito.
Decreto, ainda, com fulcro no art. 92, I, “b”, do CP, tendo em vista o quantum de pena aplicada, bem ainda, a
gravidade dos fatos comprovados, totalmente incompatíveis com o exercício de cargo público, a perda do cargo ou
função pública.

B) Réu José Fonseca (despachante)


Na análise das circunstâncias judiciais, verifico que:
1. A culpabilidade, no caso, é acentuada, por corromper o agente público mediante propina. Todavia, como tais
circunstâncias são elementares do tipo, para evitar bis in idem, deixo de considerá-las, neste ponto.
2. O réu registra maus antecedentes, consubstanciados em condenação, pendente de recurso, pelo crime de
exploração de prestígio.
3. Não há informações nos autos sobre a conduta social ou a personalidade do agente.
4. Os motivos são ligados à ganância pessoal.
5. As circunstâncias são as típicas do delito.
6. As conseqüências foram graves prejuízos econômicos à Administração Pública, que se viu privada de executar
seus critérios de empresas inadimplentes.
7. Não se aplica ao caso o comportamento da vítima, no caso, a Administração Pública.

Diante disso, no tocante ao crime de corrupção ativa (art. 333 do CP), aplico a pena-base pouco acima do
mínimo legal, em 3 anos de reclusão.
Na segunda fase, presente a agravante da reincidência (art. 61, I, do CP), tendo em vista condenação
transitada em julgado, antes destes fatos, por corrupção ativa, a pena é acrescida em 6 (seis) meses.
Na terceira fase, presente a causa de aumento do art. 317, § 1º, do CP, a pena é aumentada de 1/3, ou seja, um
ano e dois meses, totalizando a pena de 4 (quatro) anos e 8 (oito) meses de reclusão.
Quanto ao crime de formação de quadrilha (art. 288 do CP), de igual modo, aplico a pena-base pouco acima
do mínimo legal, em 1 ano e 6 meses, a qual, diante da ausência de circunstâncias atenuantes ou agravantes, bem ainda,
de causas de aumento ou diminuição, torno definitiva nesse patamar.
Tendo em vista o concurso material (art. 69 do CP), as penas são somadas, totalizando a pena privativa de
liberdade de 6 (seis) anos e 2 (dois) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, com fulcro no art. 33,
§ 2º, “b”, c.c. § 3º, do Código Penal.
Aplico a pena de multa (crime de corrupção ativa), mediante o critério de um dia-multa por mês de reclusão,
totalizando 56 (cinquenta e seis) dias-multa. Fixo o valor do dia-multa, com base do art. 49, § 1º, do CP, no valor de
meio salário mínimo.
Decreto, com fulcro no art. 91, II, “d”, do CP, a perda, em favor da União, dos proveitos auferidos com a
prática do ilícito.

C) Réu Antônio Câmara (advogado)


Na análise das circunstâncias legais, verifico que:
1. A culpabilidade, no caso, é acentuada, por corromper o agente público mediante propina. Todavia, como tais
circunstâncias são elementares do tipo, para evitar bis in idem, deixo de considerá-las, neste ponto.
2. O réu não registra maus antecedentes.
3. Não há informações nos autos sobre a conduta social ou a personalidade do agente.
4. Os motivos são ligados à ganância pessoal.
5. As circunstâncias são as típicas do delito.
6. As conseqüências foram graves prejuízos econômicos à Administração Pública, que se viu privada de executar
seus critérios de empresas inadimplentes.
7. Não se aplica ao caso o comportamento da vítima, no caso, a Administração Pública.

Diante disso, no tocante ao crime de corrupção ativa (art. 333 do CP), aplico a pena-base pouco acima do
mínimo legal, em 3 anos de reclusão.
Na segunda fase, não há circunstâncias atenuantes ou agravantes.
Na terceira fase, presente a causa de aumento do art. 317, § 1º, do CP, a pena é aumentada de 1/3, ou seja, um
ano, totalizando a pena de 4 (quatro) anos de reclusão.
Quanto ao crime de formação de quadrilha (art. 288 do CP), de igual modo, aplico a pena-base pouco acima
do mínimo legal, em 1 ano e 6 meses, a qual, diante da ausência de circunstâncias legais, torno definitiva nesse
patamar.
Por fim, quanto ao crime de lavagem de capitais, aplico a pena-base acima do mínimo legal, em 4 (quatro)
anos, tornando-a definitiva nesse grau, à míngua de quaisquer outras circunstâncias legais.
Tendo em vista o concurso material (art. 69 do CP), as penas são somadas, totalizando a pena privativa de
liberdade de 9 (anos) anos e 6 (seis) meses de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, com fulcro no art.
33, § 2º, “a”, do Código Penal.
Aplico a pena de multa (crime de corrupção ativa), mediante o critério de um dia-multa por mês de reclusão,
totalizando 114 (cento e catorze) dias-multa. Fixo o valor do dia-multa, com base do art. 49, § 1º, do CP, no valor de
meio salário mínimo.

C) Réu Daniel Alves (gerente banco)


Na análise das circunstâncias legais, verifico que:
1. A culpabilidade, no caso, é normal do tipo.
2. O réu não registra maus antecedentes.
3. Não há informações nos autos sobre a conduta social ou a personalidade do agente.
4. Os motivos são ligados à ganância pessoal.
5. As circunstâncias são as típicas do delito.
6. As conseqüências foram graves prejuízos econômicos à Administração Pública, que se viu privada de executar
seus critérios de empresas inadimplentes.
7. Não se aplica ao caso o comportamento da vítima, no caso, a Administração Pública.

Diante disso, no tocante ao crime de corrupção ativa (art. 333 do CP), aplico a pena-base pouco acima do
mínimo legal, em 2 anos e 9 meses de reclusão.
Na segunda fase, não há circunstâncias atenuantes ou agravantes.
Na terceira fase, presente a causa de aumento do art. 317, § 1º, do CP, a pena é aumentada de 1/3, ou seja, um
ano, totalizando a pena de 3 (três) anos e 4 (quatro) meses de reclusão.
Quanto ao crime de formação de quadrilha (art. 288 do CP), de igual modo, aplico a pena-base pouco acima
do mínimo legal, em 1 ano e 3 meses, a qual, diante da ausência de circunstâncias legais, torno definitiva nesse
patamar.
Por fim, quanto ao crime de lavagem de capitais, aplico a pena-base acima do mínimo legal, em 3 (três)
anos e 6 (seis) meses, tornando-a definitiva nesse grau, à míngua de quaisquer outras circunstâncias legais.
Tendo em vista o concurso material (art. 69 do CP), as penas são somadas, totalizando a pena privativa de
liberdade de 8 (oito) anos e 1 (um) mês de reclusão, a ser cumprida no regime inicial fechado, com fulcro no art. 33, §
2º, “a”, do Código Penal.
Aplico a pena de multa (crime de corrupção ativa), mediante o critério de um dia-multa por mês de reclusão,
totalizando 97 (noventa e sete) dias-multa. Fixo o valor do dia-multa (art. 49, § 1º, do CP), em meio salário mínimo.
Registro que, para todos os condenados, tendo em vista a pena aplicada, e tratando-se de crime doloso, não é
possível a substituição por pena restritiva de direitos (art. 44, I, do CP), e nem tampouco, a suspensão da pena (art. 77
do CP).
Indefiro o pedido de responsabilização do réu Dimas Nogueira, nestes autos, pelo crédito tributário relativo
às CNDs expedidas em fraude, por tratar-se de providência a ser pleiteada no devido processo tributário (art. 208, p.u.,
do CTN).
Oficie-se ao Instituto Nacional de Identificação e à Polícia Federal, informando acerca da presente
condenação.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Rio de Janeiro/RJ, 15 de abril de 2013.


Juiz Federal substituto

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