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VENINO PANTOJA ADVOCACIA E CONSULTORIA

VENINO TOURÃO PANTOJA JÚNIOR ADVOGADO OAB-PA 11505


EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 3ª. VARA CRIMINAL
FEDERAL DA 3ª. VARA FEDERAL DA SECAO JUDICIARIA DE
BELEM DO ESTADO DO PARA

ALEGACOES FINAIS

PROCESSO NUMERO 0022563-93.2019.4.01.3900

AÇÃO CRIMINAL

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

DFENDENTE: ALCY DE JESUS SILVA CORREA

ALCY DE JESUS SILVA CORREA, brasileiro,


solteiro, professor, identidade numero 5148815 SEGUP-PA, CPF
numero 935529982-68, residente e domiciliado na Rua Coronel
Raimundo Leao, numero 1505, bairro de Brasilia, cidade de Cameta,
estado do Para, VEM com o devido acatamento e respeito perante a
elevada presença de Vossa Exa., através de seu defensor constituído,
procuração nos autos, e com escritório profissional na Rua Coronel
Raimundo Leão, numero 739-A, bairro Centro, cidade de Cametá,
estado do Pará, ALEGACOES FINAIS, pelo que o faz consoantes
os fundamentos de fato e de direito que abaixo se seguem:

I-DOS TERMOS DA EXORDIAL ACUSATÓRIA

01.O digno RMPF ofereceu denúncia, formulada em 02-08-2019,


lastreada em Procedimento policial, onde narra que o ora defendente
e o co-reu MANOEL ALVIM BATISTA DA SILVA, na qualidade de
funcionários públicos, de forma livre e consciente, no período de
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janeiro ate junho do ano de 2014, teriam realizado a apropriação de
recursos públicos através da efetuação de saques indevidos em
proveito próprio e/ou de terceiros, de contas bancarias que o ora
defendente teria acesso enquanto tesoureiro do Conselho Escolar da
Escola Estadual de Ensino Medio Jarbas Passarinho, mediante a
apresentação de cheques com o uso de assinatura falsificada da
Coordenadora do referido Conselho Escolar, Sra Josiane Tavares
Gomes

02.Pontua a acusação que um dos terceiros beneficiados com os


saques indevidos teria sido o co-reu MANOEL ALVIM BATISTA DA
SILVA e que o defendente, enquanto na função de tesoureiro do
Conselho Escolar tinha o dever de assinar em conjunto com o
coordenador, as cartulas chequicas para a movimentação dos
recursos geridos pelo Conselho Escolar, dentre eles recursos federais
oriundos do “Programa Ensino Medio Inovador/Projeto Jovem do
Futuro” e assim sob ordens do co-reu teria efetuado saques dos
recursos nas contas bancarias numero 5.511-5 e numero 31.538-9 do
Banco do Brasil, tendo como favorecidos nominais seu irmão, duas
cunhadas e sua esposa,além de outros que nem chegaram a ser
identificadas e, ainda, pessoas jurídicas

03.Assevera que a coordenadora do conselho escolar na época não


teria reconhecido sua assinatura nos cheques e que esta teria sido
forjada pelo defendente, bem como que os mesmos não teriam
nenhuma autorização ou ordem de pagamento por nenhum produto
ou prestação de serviços destinada à escola estadual Julia Passarinho,
tendo a exordial listado os cheques supostamente falsificados e
sacados pelo defendente em tabela própria anexada a denuncia,
totalizando 16(dezesseis) cheques no importe somatório de R$
75.455,00( setenta e cinco mil, quatrocentos e cinquenta e cinco
reais)

04.Disserta que o defendente em seu depoimento perante a SEDUC-


PA na Sindicancia Investigatoria numero 89-2015, onde teria
reconhecido a veracidade de suas assinaturas nos cheques em
questão, confessando que a destinação dos mesmos não seria para
pagamento de fornecedores ou serviços prestados para a escola
estadual descrita alhures, e que inclusive um dos beneficiários, Sr.
JOAO HEUDES AMARAL SOUZA que prestou depoimento em inquérito
policial, confirmou que apareceu como “favorecido” de um dos
cheques no valor de R$ 7.130,00( sete mil, cento e trinta reais), a
pedido do defendente como forma de “favor”

05.Narra ainda a preambular acusatória que o liame psicológico entre


os réus derivaria da contratação do defendente como temporário da
SEDUC e que esta teria sido intermediaria pelo co-reu vereador DUCA
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ALVIM, que teria sido o responsável por possibilitar a extensão do
contrato temporário do defendente por 24(vinte e quatro) meses,
onde o parlamentar teria coordenado vários saques realizados pelo
defendente,tanto que a esposa do vereador na época dos fatos, Sra.
ERIDETE ARNAUD recebeu parte dos valores depositados em sua
conta e os teria destinado ao co-reu

06.Frisa o parquet que os fatos narrados configurariam o crime de


peculato previsto no caput do artigo 312 do CPB, na forma
continuada entre janeiro a junho de 2014 e que a autoria e
materialidade dos delitos estaria comprovado diante dos depoimentos
testemunhais colhidos em sede inquisitorial, equiparando-se os réus
na qualidade de funcionários públicos na forma do artigo 327,
paragrafo 1º do CPB, pugnando o digno RMPF pelas suas
condenações na forma da lei e ainda pela reparação dos danos
causados diante de infracao cometida contra a administração publica,
nos moldes do artigo 387, inciso IV do CPP, indicando como valor a
ser ressarcido a monta de R$ 75.455,00( setenta e cinco mil,
quatrocentos e cinquenta e cinco reais)

II –- DA PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA-DA


NECESSIDADE E DIREITO SUBJETIVO DE CHAMAMENTO DO
FEITO A ORDEM PASRA CONVERSAO EM DILIGENCIA PARA
ENVIO DOS AUTOS AO MP DE SOBRE A POSSIBILIDADE DE
REALIZACAO DE ACORDO DE NÃO PERSECUCAO PENAL
CONSIDERANDO QUE A DENUNCIA FOI OFERECIDA ANTES DE
ENTRAR EM VIGOR O ARTIGO 28-A DO CPP INSTITUIDO PELA
LEI 13.964/2019 DO PACOTE ANTI-CRIME

01.Tendo em vista a natureza do ANPP, parece claro que é possível a


sua aplicação mesmo em casos que o processo esteja em curso , ou
que já tenha sido proferida sentença condenatória, sem trânsito em
julgado.

02.Essa conclusão encontra-se alinhada com os fatores que deram


ensejo à criação desse instituto, pois possibilita a resolução célere
dos casos menos graves, priorizando a atuação do Poder Judiciário no
julgamento dos casos mais graves e, por fim, permite a minoração
dos efeitos de uma condenação judicial.

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03.O reu pretende, com base em inovação legislativa, que lhe seja
oportunizado, de acordo com a conveniência do dominus , acordo de
não persecução penal. A verdade é que a lei "anticrime" deu um
passo demasiadamente largo pois não dimensionou o tamanho do
problema que a interpretação da novatio legis in mellius gerará ao
Poder Judiciário.

04.A norma de aplicação da medida restritiva antecipatória torna


possível a celebração do negócio jurídico em qualquer fase
processual, uma vez que não foi estipulado pelo legislador um
regramento de transição. (WUNDERLICH, Alexandre e NETO, João
Vieira. Acordo de não persecução penal recursal: novatio legis in
mellius?. Consultor Jurídico, 2020. Disponível em: . Acesso em: 11 de
set. de 2020).

05.Em 23.01.2020, entraram em vigor as disposições da Lei


13.964/19, que alteraram o Código de Processo Penal,
acrescentando, entre seus dispositivos, o art. 28-A, com a seguinte
redação:

“Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado


formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente: I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima,
exceto na impossibilidade de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e
direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito
do crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços,
em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do ; IV - pagar prestação
pecuniária, a ser estipulada nos termos do a entidade pública ou de interesse social,
a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função
proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo
delito; ou V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo
Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal
imputada. § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o
caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição
aplicáveis ao caso concreto. § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas
seguintes hipóteses: I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados
Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado for reincidente ou se
houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada
ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; III - ter sido
o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo; e IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou
familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino,
em favor do agressor. § 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por

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escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por
seu defensor. § 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será
realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio
da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. § 5º Se o
juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no
acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que
seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu
defensor. § 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o
juízo de execução penal. § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que
não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se
refere o § 5º deste artigo. § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos
ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das
investigações ou o oferecimento da denúncia. § 9º A vítima será intimada da
homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento. § 10.
Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução
penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e
posterior oferecimento de denúncia. § 11. O descumprimento do acordo de não
persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério
Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão
condicional do processo. § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não
persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para
os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. § 13. Cumprido integralmente o
acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de
punibilidade. § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor
o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos
autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código”

06.A lei concretizou um antigo intento do Conselho Nacional do


Ministério Público – CNMP, a necessidade de soluções: alternativas no
Processo Penal que proporcionem celeridade na resolução dos casos
menos graves, priorização dos recursos financeiros e humanos do
Ministério Público e do Poder Judiciário para processamento e
julgamento dos casos mais graves e minoração dos efeitos deletérios
de uma sentença penal condenatória aos acusados em geral, que
teriam mais uma chance de evitar uma condenação judicial,
reduzindo os efeitos sociais prejudiciais da pena e desafogando os
estabelecimentos prisionais. A tentativa anterior de regulamentação
da matéria deu-se por meio da do CNMP.

07.Contudo, a simples existência de tal normatização despertava


intensos debates doutrinários, especialmente pela possível
inconstitucionalidade formal que a inquinava, tendo em vista a
veiculação de matéria reservada à lei federal por meio de resolução
administrativa .

08.Com a promulgação da Lei 13.964/19, porém, não subsistem mais


dúvidas, o acordo de não persecução penal passa a integrar
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efetivamente o ordenamento jurídico brasileiro, mitigando o princípio
da obrigatoriedade da ação penal pública e ampliando sobremaneira
as hipóteses em que o investigado pode celebrar acordo com o
Ministério Público.

09.No caso do reu, entende a defesa não ha dado objetivo que


impossibilite o mesmo de se beneficiar da inovação pois o mesmo
preenche todos os requisitos legais para o oferecimento do
beneficio,conquanto a denuncia foi oferecida antes da entrada em
vigor do dispositivo penal que instituiu no ordenamento jurídico o
aludido beneficio da ANPP

10. Desse modo, diante da novidade do texto normativo e da


aparente indeterminação de alguns conceitos e procedimentos,
entende-se que cabe ao titular da ação penal a tarefa de decidir pela
proposição ou não do acordo de não persecução penal. Com relação à
necessidade de confissão formal e circunstanciada, não deve ser
levado em consideração, nos casos em que a norma será aplicada
retroativamente, se o acusado confessou o delito na Delegacia de
Polícia ou em Juízo – como no caso. Isso porque deve ser marcada
solenidade específica, com a presença de Advogado ou Defensor
Público, para que sejam explicadas ao acusado as consequências que
a sua admissão trará, dando-lhe a opção de confessar ou não aceitar
o acordo.

10.Em princípio, repita-se, é possível que o Ministério Público conclua


pela concessão do referido benefício, desde que o considere aplicável
aos casos já em andamento. Embora ainda não haja entendimento
pacífico acerca dessa questão, é possível retirar orientação da
jurisprudência dada pelos Tribunais Superiores, quando analisaram o
tratamento dispensado a outros institutos que têm a mesma
natureza..Nesse sentido, destaca-se, por relevante, a decisão
proferida na ADI 1.719, na qual se questionava a constitucionalidade
da norma contida no art. 90 da Lei 9.099/95, que vedava a aplicação
das disposições do Diploma Legal aos "processos penais cuja
instrução já estiver iniciada".

12. No voto do Exmo. Ministro Joaquim Barbosa (relator da ADI),


ficou assentado que a norma questionada deveria ser interpretada
conforme a Constituição Federal, de maneira que a vedação seria
referente apenas às matérias de natureza processual, enquanto as de
natureza penal material e de conteúdo mais benéfico aos acusados
retroagiriam para alcançar até mesmo os processos cuja instrução já
estivesse em curso.

13.Dentre as normas consideradas de conteúdo material estariam,


justamente, as "prescrições que consagram as medidas
despenalizadoras" que, nas palavras do Ministro Celso de Mello – cujo
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julgamento de questão de ordem no Inquérito 1.055, em 24.4.96, foi
citado pelo também Excelentíssimo Ministro Relator da ADI:
"qualificam-se como normas penais benéficas,
necessariamente impulsionadas, quanto à sua aplicabilidade,
pelo princípio constitucional que impõe à lex mitior uma
insuprimível carga de retroatividade virtual e, também, de
incidência imediata".

14.Dessa feita, é possível concluir que o acordo de não persecução


penal, enquanto instituto despenalizador, por ser norma híbrida,
reveste-se de caráter material, de maneira que sua aplicação não só
é imediata, mas também retroage para beneficiar os acusados que,
conquanto se amoldem às suas balizas, não foram amparados pelo
instituto, porque até então ele não existia.

15.De mais a mais, veja-se que a aplicação da norma neste


momento processual, embora possa causar alguma estranheza, dado
que sua previsão se reporta a momento anterior à denúncia, não é
inviável, porque não houve oportunidade posterior à vigência
da Lei e anterior a este julgamento para manifestação do
acusado.

16.Ressalta-se, ainda, que recente enunciado (número 98) da 2ª


Câmara Criminal do Ministério Público Federal admite a possibilidade
de assinatura de acordo de não persecução penal em ações que já
estão em tramitação, ainda que em recurso, e desde que haja
confissão.

17.A chamada "lei anticrime" (Lei 13.964/19) acrescentou ao Código


de Processo Penal o artigo 28-A, que prevê novas hipóteses de
acordo de não persecução penal — para casos em que não há
arquivamento do inquérito policial e nos quais o investigado tenha
confessado "formal e circunstancialmente a prática de infração penal
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a quatro
anos".

18.Leia-se a íntegra do enunciado:

"É cabível o oferecimento de acordo de não persecução penal no


curso da ação penal, isto é, antes do trânsito em julgado, desde que
preenchidos os requisitos legais, devendo o integrante do MPF
oficiante assegurar    seja oferecida ao acusado a oportunidade de
confessar formal e circunstancialmente a prática da infração penal,
nos termos do art. 28-A da Lei n° 13.964/19, quando   se tratar de
processos que estavam em    curso quando da  introdução da  Lei

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13.964/2019, conforme precedentes.
Alterado na 184ª Sessão Virtual de Coordenação, de 09/06/2020."

19.No caso do apelante, o caso concreto atende as exigências do


instituto a serem observadas: a) não ser o caso de arquivamento da
investigação; b) infração penal à qual seja cominada pena mínima
inferior a 4 (quatro) anos; c) não haver a presença de violência ou
grave ameaça; d) não ser crime de violência doméstica; e) não ser
cabível a transação penal; f) não ser o investigado reincidente e nem
possuir antecedentes que denotem conduta criminosa habitual e g)
não ter sido beneficiado nos últimos 5 (cinco) anos com o ANPP,
transação ou sursis processual.

20.Observa-se que a Lei n. 13.964/2019 não impõe um limite


temporal para a sua celebração, daí surgindo a seguinte dúvida: O
acordo de não persecução penal é cabível em processos com
denúncia já recebida, ou com instrução em curso, ou mesmo com
sentença condenatória já proferida, mas sem trânsito em julgado?

21.Para responder a esses questionamentos, primeiramente, deve-se


esclarecer que o ANPP, ao criar uma causa extintiva da punibilidade,
revela a sua natureza mista de norma processual e norma penal,
devendo, por isso, retroagir para beneficiar o agente, nos termos
estatuídos pelo artigo 5º, inciso XL, da Constituição da República e
pelo artigo 2º, parágrafo único, do Código Penal, já que a celebração
do acordo mostra-se mais benéfica do que a condenação criminal.

22.É necessário lembrar, ainda, que, ao tempo em que elaborada a


Lei n. 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais), discussão semelhante
já foi travada na doutrina e jurisprudência quanto ao instituto da
suspensão condicional do processo, previsto no artigo 89 do referido
Diploma Legal.

23.Naquela ocasião, discutiu-se acerca da necessidade ou não de


oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo em
feitos com sentença condenatória já proferida, tendo a jurisprudência
se consolidado no sentido de que os efeitos penais das normas
insculpidas na então novel legislação possuiriam aplicação retroativa,
de modo que incidiriam ainda que o processo estivesse em fase
recursal:

A LEI Nº 9099/95, NAQUILO QUE BENEFICIAR, EM SEDE PENAL, O


RÉU, DEVE SER APLICADA AINDA QUE O PROCESSO JÁ ESTEJA EM FASE
RECURSAL (ARTIGO 2º, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO
PENAL). RECURSO PROVIDO, COM O RETORNO DOS AUTOS PARA QUE SE
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APLIQUE A LEX MITIOR. (STJ, REsp 123169, Relator: Felix Fischer, 5ª
turma, DJe: 08/09/97 —  grifou-se).

24.Desse modo, tendo em vista a natureza do ANPP, parece claro


que é possível a sua aplicação mesmo em casos que já tenha sido
proferida sentença condenatória, sem trânsito em julgado, sendo
aplicável, portanto, a processos em curso, ainda que em fase
recursal. Essa conclusão encontra-se alinhada com os fatores que
deram ensejo à criação desse instituto, pois possibilita a resolução
célere dos casos menos graves, priorizando a atuação do Poder
Judiciário no julgamento dos casos mais graves e, por fim, permite a
minoração dos efeitos de uma condenação judicial.

25.Nesse contexto, em razão da inequívoca retroatividade


da lex mitior, enquanto não houver trânsito em julgado, é
direito subjetivo dos acusados em geral que haja proposta do
ANPP, a ser formulada pelo Ministério Público, exatamente
como teriam direito caso a ação penal estivesse para ser
ajuizada.

26.É oportuno, e, DESDE JÁ SE REQUER,portanto, sob pena de


cerceamento de defesa, com fundamento no art. 616 do
Código de Processo Penal, que seja chamada o feito a ordem
para que os autos sejam encaminhados ao Ministerio Publico
Federal, para que oferte-se ao reu o acordo de não persecução
penal positivado no art. 28-A do Código de Processo Penal.
convertendo-se, o processamento da presente acao criminal
em diligência, com a remessa dos autos ao Ministério Público,
do acordo previsto no art. 28-A do Código de Processo Penal,
no prazo a ser determinado por Vossa Exa e, bem como que
não há nos autos qualquer circunstância que cause a nulidade
do referido ato, devem os autos, após a propositura, ou não,
do Acordo de Não Persecução Penal,, ir o ANPP para o este
juizo , para, após análise dos seus termos, ser homologado

IV-DA PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA-


INDEFERIMENTO DA PROVA PERICIAL PARA ATESTAR AS
ASSINATURAS FALSAS NOS CHEQUES QUE VIESSEM A
COMPROVAR O DESVIO DOS VALORES POR PARTE DO
DEFENDENTE

01.Embora, de fato, haja relatório emitido pela SEDUC que


supostamente fora praticado crime pelo defendente, na qualidade de
tesoureiro do Conselho Escolar da Escola Estadual Julia Passarinho,
esta não procede, pois não foi comprovada a conduta delituosa da
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agente visto que a Acusação se baseou totalmente em processo
administrativo sem nenhum outro elemento ou prova de que o
mesmo tenha praticado tal ato, isto é, saques de valores mediante
ato de forjar assinatura da coordenadora do Conselho, visto que
sequer foi procedida pericia técnica neste sentido para atestar a
falsidade das assinaturas nas referidas cartulas chequicas e assim
comprovar que o acusado teria se apropriado dos referidos valores,
diligencia esta indeferida pelo juízo, pelo que desde já em sede
preliminar pugna-se pela reabertura da instrução processual para fins
de que sejam periciadas as cartulas chequicas para este fins
colimados

02.A defesa sempre suscitou tal vício desde o oferecimento da


denúncia, e nunca quedou-se inerte nas diversas oportunidades que
teve para se manifestar sobre o tema, , conduta compatível com o
princípio da boa-fé e da cooperação, que norteiam o comportamento
das partes no processo penal, não se tratando de uma faculdade do
juízo a ordem para o exame pericial, mas sim de uma incumbência de
uma obrigação a qual o juiz está vinculado, devendo determinar o
exame pericial solicitado.

03.Neste sentido, imprescindível e pericia grafotécnica dos cheques


para fins de comprovação da materialidade do delito, razão pela qual
pugna pela reabertura da instrução processual para fins de que seja
realizada a referida diligencia

PENAL. PROCESSO PENAL. ART. 304 C/C ART. 297, AMBOS DO


CÓDIGO PENAL. FALSIDADE IDEOLÓGICA. CERTIFICADO DE
BACHAREL EM COMUNICAÇÃO SOCIAL. CÓPIA. PERÍCIA
GRAFOTÉCNICA. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1.
Caso em que não há controvérsia acerca da falsidade da cópia do
diploma encartado nos autos, cingindo-se a discussão sobre o autor
de sua utilização perante o Sindicato dos Jornalistas Profissionais
de Rondônia/RO. 2. O fato de o documento (certificado de
conclusão do curso) tratar-se de cópia não tem o condão, por si só,
de impedir a configuração do crime tipificado no art. 304, Código
Penal, pois a comprovação do delito em comento prescinde da
realização de exame pericial, uma vez que a falsidade atinge a
declaração expressa no documento e não sua forma material. 3.
Incabível falar-se em falsificação grosseira quando a falsidade
somente foi descoberta porque o presidente do sindicato solicitou
informacoes à Universidade Federal de Mato Grosso acerca da
autenticidade do diploma, cuja resposta foi no sentido de inexistir
registros da participação do réu em Atas de Colação de Grau e que
seu nome não consta e nunca constou do quadro de acadêmicos do
curso de Comunicação Social daquela universidade que, por
conseguinte, não registrou nenhum diploma em favor de DANNY
BUENO DE MORAES. 4. Réu que não trouxe aos autos prova capaz
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de infirmar a conclusão dos peritos no sentido de que "No cotejo
entre as assinaturas/rubricas apostas nas reprografias dos
documentos constantes das fl.10 (sobre a inscrição" Diplomado "),
fl.27 (sobre as incrições" ASSINATURA DO PORTADOR ") e fl.28
(no verso do cartão do CPF, e na Cédula de Identidade) e o material
padrão em nome de DANNY BUENO DE MORAES, foram
constatadas convergências de ordem formal e genética,
notadamente na gênese gráfica, calibre, ataques e arremates,
momentos gráficos, idiografismos, na inclinação, entre outras.
Essas convergências levaram as Peritas a concluir que tais
lançamentos partiram do punho do fornecedor de material gráfico
supramencionado ..." 5. Recurso improvido.(TRF-1 - APR:
00143258220104014100, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL
MÁRIO CÉSAR RIBEIRO, Data de Julgamento: 04/07/2017,
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 14/07/2017)

 V-DO MERITO-DA REALIDADE DOS FATOS-DA NEGATIVA DE


AUTORIA-DA INSUFICIENCIA DO CONJUNTO PROBATORIO
PARA ARRIMAR A CONDENACAO EM DESFAVOR DO
DEFENDENTE PELO CRIME DE PECULATO DESVIO– DA
ABSOLVICAO DO ACUSADO PELO PRINCPIO DO IN DUBIO PRO
REO

01.Excelência, a condenação do acusado não merece prosperar tendo


em vista que não existe nos autos elementos comprobatório de que o
mesmo tenha concorrido na pratica delituosa, pelo que se apurou na
instrução processual

02.Com efeito, o Art. 312 do Código Penal, assim descreve a conduta


tipificada como peculato:

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou


qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

03.O crime de peculato tem suas raízes remotas no direito romano, e


se efetiva com a subtração de coisas pertencentes ao Estado. Desde
esta época a ação de desviar recursos do erário público pressupõe a
realização de uma conduta imoral, ainda que nem toda imoralidade
possa, por si só, caracterizar um delito. É também contrária à
legalidade e violadora do dever de probidade.
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04.Esse é também o entendimento de Bitencourt para quem: “a
eficiência do Estado está diretamente relacionada com a
credibilidade, honestidade e probidade dos seus agentes, pois
a atuação do corpo funcional reflete-se na coletividade,
influenciando decididamente na formação ético-moral e
política dos cidadãos, especialmente no conceito que fazem da
organização estatal”

05.Há que se valer do entendimento dado ao verbo em que se


resultará a pratica delituosa, o que necessariamente devera ser
comprovado é sempre o dolo, a vontade de causar prejuízo no caso
ao Conselho Escolar através dos recurso federais repassados, ou
então provar-se que o denunciado tinha a intenção de lesar, o que
não aconteceu no caso em tela.

05.O “apropriar-se” no artigo ventilado deve se compor de


elementos típicos e sobre os tais, nos ensina Victor Eduardo Rios
Gonçalves que:

Apropriar-se significa fazer sua a coisa de outra pessoa,


invertendo o ânimo sobre o objeto.

07.O acusado em momento algum dos autos declara que tenha se


apropriado dos recursos oriundos dos cheques nominados na
denuncia ou a ele é atribuído tal condição por qualquer das partes
ou testemunhas arroladas, exceto da testemunha JOAO HEUDES o
qual comprovadamente mentiu em juízo ao tentar imputar
inverdades de que teria sacado um cheque e entregado valores ao
acusado na porta do Banco do Brasil de Cameta-PA, depoimento que
não deve ser levado em consideração pelo juízo, sem prejuízo da
abertura de procedimento criminal contra a testemunha por crime
de falso testemnunho

08.Este argumento “de per si” já extingue a possibilidade de se


levantar a tese de Peculato pelos atos destacados

09.Vê-se, pois, que para a caracterização do crime de peculato o


agente deve praticar uma dessas condutas: dispor da coisa como se
fosse sua, retendo-a, vendendo-a, dispondo dela; ou empregá-la em
fim diverso de sua destinação específica, em proveito próprio ou
alheio.

10.Assim nos ensina Damásio de Jesus:


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“na apropriação há inversão do título da posse, dispondo o
sujeito da coisa como se fosse dono (retendo-a, alienando-a
etc.) No desvio, o funcionário, embora sem o animus rem sibi
habendi, i. E., sem ânimo de apossamento definitvo, emprega
o objeto material em fim diverso de sua destinação
específica, em proveito próprio ou alheio.” (apud Direito
Penal 4º V., 13ª ed., rev. E atual., São Paulo: Saraiva, 203,
p.130).

11.É que se observa, sem muito esforço de raciocínio, que no


caso em exame não há que se falar em cometimento do delito
de peculato, tipificado no Art. 312, do Código Penal, seja em
sua modalidade peculato-apropriação, seja em sua
modalidade peculato-desvio, isso porque, no caso concreto,
não restou devidamente comprovado o elemento subjetivo do
tipo, consistente na vontade livre e consciente do defendente
de desviar dinheiro ou qualquer outro valor proveniente dos
recursos federais repassados ao Conselho Escolar da Escola
Julia Passarinho, visto que de boa-fe e na qualidade de cabo
eleitoral do co-reu MANOEL ALVIM, o defendente entregou os
cheques assinados para o mesmo e o finado diretor da escola,
Sr FRANCISCO, pensando que o referido diretor iria gerir os
recursos de boa-fe, jamais pensando que iriam ocorrer
desvios de tais valores

12.A consumação do crime de peculato-desvio (art. 312, caput, 2ª


parte, do CP) ocorre no momento em que o funcionário efetivamente
desvia o dinheiro, valor ou outro bem móvel, em proveito próprio ou
de terceiro, ainda que não obtenha a vantagem indevida. Se o
Funcionário que recebe dinheiro ou outro valor de particular e aplica
na própria repartição, via de consequência comete o crime de
peculato, na modalidade desvio, tendo em vista que o valor foi
destinado ao Estado, não cabendo ao funcionário público promove-lo
sem a devida autorização legal, qualquer que seja sua finalidade.

13.Para fins de elucidação prática, interessante julgado do STF, no


qual se afirmou que o desvio pode ser feito de qualquer forma,
independentemente se causar prejuízo para a administração,
devendo levar em consideração o dinheiro público que foi parar em
local indevido. Vejamos:

“O Tribunal, por maioria, recebeu denúncia oferecida pelo


Ministério Público Federal contra Deputado Federal, em que se lhe
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imputa a prática do crime previsto no art. 312 do CP, na
modalidade de peculato-desvio, em razão de ter
supostamente desviado valores do erário, ao indicar e
admitir determinada pessoa como secretária
parlamentar, quando de fato essa pessoa continuava a
trabalhar para a sociedade empresária de titularidade do
denunciado.Inicialmente, rejeitou-se a arguição de
atipicidade da conduta, por se entender equivocado o
raciocínio segundo o qual seria a prestação de serviço o
objeto material da conduta do denunciado. Asseverou-se que
o objeto material da conduta narrada foram os valores pecuniários
(dinheiro referente à remuneração de pessoa como assessora
parlamentar). (...) Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de
Mello, que rejeitavam a denúncia por reputar atípica a conduta
imputada ao denunciado”STF, Inquérito n. 1.926/DF, Pleno, rel.
Ellen Gracie, 09.10.2008, m.v., Informativo 523.

14.Durante a conduta delitiva não poderá estar presente qualquer


tipo de violência, fraude, ou mesmo erro, senão, estar-se-ia
caracterizar por outras espécies de crimes, mas não o de peculato
desvio, restando caracterizada a ausência de dolo do defendente
pois jamais desviou recursos que lhe incumbia a administração em
finalidades estranhas aos “Programa Ensino Médio Inovador/Projeto
Jovem Futuro”, visto que a gestão dos recursos por ordens por
vereador DUCA ALVIM cabia ao diretor da escola, genro deste ultimo,
pessoa já falecida conhecida por CHICAO, não restando provado que
os recursos seriam desviados posteriormente. O fato de aparecer
parentes do acusado na lista de beneficiários foi explicado na
instrução já que tal lista de nomes foi fornecida do acusado ao co-
reu, a pedido deste ultimo, não sabendo o acusado para quais
finalidades, descabendo por conseguinte a hipótese de peculato-
desvio, praticada pelo réu, o elemento subjetivo resta
consubstanciado a partir da obtenção de proveito própiro ou para
terceiro, no caso de seus familiares, ate porque nenhum foi chamado
em juízo para confirmar tais benesses sendo que o simples fato de
lacos afetivos ou consanguíneos não são provas suficientes para
arrimar uma condenação neste tipo penal, faltando elementos mais
robustos para sua caracterizacao

15.Como dito, apesar de incontroverso que a assinatura de 20


(vinte) folhas de cheques e a entrega para a outra pessoa,
conforme declarado em juízo, nao consubstancia finalidade

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distinta do previsto em lei e crime pelo delito de peculato-
desvio em razão da ausência do elemento subjetivo do dolo

16.Neste sentido:

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE PECULATO.


ALEGAÇÃO DE PROVA INEQUÍVOCA DE
PARTICIPAÇÃO DOS APELADOS NA PRÁTICA DO
CRIME. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DOLO.
RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Não
restando configurado o elemento subjetivo
indispensável à configuração do crime de peculato,
consistente no fim de se apossar da coisa em proveito
próprio ou de terceiro, não há que se falar na
configuração do delito e tampouco em violação ao Art.
312, do Código Penal. 2. Recurso a que se nega
provimento.(TJ-AC 00088965020088010001 AC
0008896-50.2008.8.01.0001, Relator: Francisco
Djalma, Data de Julgamento: 13/11/2014, Câmara
Criminal, Data de Publicação: 20/11/2014)

17.Portando analisando o acima exposto é concluso que não houve


dolo do denunciado, tendo o mesmo cumprido com retidão suas
funções quando estava ocupando o cargo de tesoureiro do conselho
escolar mencionado na denuncia

18.Assim, é imperiosa a absolvição do acusado mencionando a


causa na parte dispositiva, desde que reconheça estar provado que
o réu não concorreu para a infração penal.,

19..Ante o exposto, a sua absolvição é medida que se impõe. Dessa


forma, requer a defesa a absolvição do réu

VI-PEDIDO

01.Diante da explanação acima, entende a defesa que o denunciado


não pode ficar a mercê de tão dura reprimenda, como pretende o
ilustre RMPE, requerendo a analise de todas as preliminares
elencadas nesta denuncia e se não for este o entendimento de Vossa
Exa, que no mérito do acusado seja absolvido por insuficiência de
provas

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Nestes Termos;
Pede e Espera Deferimento
Cametá, 16 de junho de 2022

p.p. VENINO TOURÃO PANTOJA JUNIOR


ADVOGADO OAB-PA 11505

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