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PODER JUDICIÁRIO

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

vAutos nº 18/2010

Vistos.

NEUSA LALLO JALOTO, JAYME DE


ALCÂNTARA JALOTO e HENRIQUE LALLO JALOTO ingressaram com ação
condenatória c.c. pedido de concessão de tutela antecipada em relação à FAZENDA
PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, alegando que no dia 17/12/2009 foram
notificados pelo Posto Fiscal de Marília para, no prazo de 30 dias, recolherem o ITCMD
– Imposto sobre Transmissão “Causa Mortis” e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos
conforme AIIM – Auto de Infração e Imposição de Multa de nº 3.125.823-2 lavrado
pelo Posto Fiscal Estadual de Marília. Afirma que o co-requerente Henrique recebeu
doação no valor de R$ 400.000,00, que constou na declaração de imposto de renda
pessoa física do ano de 2.004, doação esta recebida dos requerentes Neusa e Jayme.
Afirmam ocorreu a decadência, visto que expirou o lapso de 05 anos contados do fato
gerador (12/04/2004), sem que a Fazenda Pública tenha se manifestado. Sustentam
ainda que o domicilio tributário dos doadores é o Município de Jateí/MS e não Vera
Cruz/SP como constou no auto de infração (fls. 17/18), visto que a doação ocorreu no
Estado do Mato Grosso do Sul, onde não há incidência do ITCMD. Postula a tutela
antecipada para suspensão da exigibilidade do crédito tributário constituído pela AIIM
nº 3.125.823-2 e que seja declarado nulo o lançamento fiscal.

Tutela antecipada foi deferida às fls. 112/113.

Na resposta ofertada (fls. 137/146) a FESP


sustentou que nos termos do artigo 173 e 192 do CTN não ocorreu decadência. Afirma
que o fato gerador do imposto ocorreu em 12/04/2004, data em que foi efetuada a
doação da importância de R$ 400.000,00 para o Sr. Henrique, considerando que o
pagamento do imposto deveria ocorreu em abril/2004, o prazo para a Fazenda Estadual
constituir seu crédito começou a fluir em 01/01/2005 (primeiro dia do exercício seguinte
à ocorrência do fato gerador) terminando em 01/01/2010. Alega que as notificações dos
requerentes ocorreram no ano de 2009 e o auto de infração lavrado em 16/12/2009.
Sustenta ainda que a Fiscalização Estadual após analisar a Declaração de Imposto de
Renda – Pessoa Física 2005, ano base 2004, detectou a doação feita pela requerente
Neusa, informando ainda que o domicílio tributário da doadora é o Município de Vera
Cruz/SP. Requer seja a ação julgada improcedente.

Impugnação à contestação às fls. 152/155.

É o relatório.
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

DECIDO.

Desnecessária produção de provas em audiência


por se tratar de questão de fato e direito já comprovada documentalmente (art. 330, I, do
CPC).

Inicialmente, é necessário consignar que a


contestação é tempestiva. Deve ser observada a data da juntada da carta precatória, bem
como o período de suspensão dos prazos no mês de dezembro/2010 a janeiro/2011.

A invocação da decadência não merece acolhida,


posto que o fato gerador do imposto ocorreu em 12/04/2004 (data em que foi efetuada a
doação do valor de R$ 400.000,00 – fls. 25) e trata-se de ITCMD não recolhido no
exercício de 2004 e de multa por infração apurados no autos de infração e imposição de
multa AIIM nº 3.125.823-2 lavrado em 16/12/2009.

Dispõe o artigo 173, I do CTN dispõe que:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o


crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele
em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

Cabe esclarecer que o prazo para a Fazenda


Pública Estadual constituir o seu crédito começou a correr no dia 1º de janeiro de 2005 e
terminaria em 1º de janeiro de 2010. Considerando que as notificações aos requerentes
foram realizadas no ano de 2009, bem como o auto de infração lavrado em 16/12/2009 a
alegação de decadência deve ser afastada.

Neste sentido:

“DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IPTU.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO.
ART. 173 DO CTN. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA.
AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Nos termos do art. 173 do CTN,
somente no primeiro dia do exercício seguinte ao ano em que o
lançamento poderia ter sido realizado é que começa a transcorrer o
prazo decadencial de 5 anos para a constituição do crédito tributário.
2. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1123386/GO,
Agravo Regimental no Recurso Especial 2009/0125246-0, Relator
Ministro Arnaldo Esteves Lima, T1 – Primeira Turma, j. 01/03/2011,
DJE 18/03/2011)
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Com efeito, dispõe do artigo 7º da Lei Estadual


nº 10.705/00 e Decreto nº 46.655/02 (artigo 10):

“Artigo 7º - São contribuintes do imposto:


III – na doação: o donatário;
Parágrafo único – No caso do inciso III, se
o donatário não residir nem for domiciliado no Estado, o
contribuinte será o doador.”

Considerando que na Declaração de Imposto de


Renda – Pessoa Física informado pela Delegacia da Receita Federal a
doadora/requerente Neusa Lallo Jaloto e Jayme de Alcântara Jaloto informaram como
domicilio tributário a cidade de Vera Cruz, Estado de São Paulo, não há dúvida que
restou comprovado que o domicilio tributário dos requerente/doadores é o Estado de
São Paulo. Desse modo, são responsáveis pelo pagamento do imposto.

Comprovada a exigibilidade do ITCMD e a


responsabilidade dos requerentes, não há falar em anulação do lançamento fiscal e,
tampouco, em suspensão da exigibilidade do crédito tributário da AIIM nº 3.125.823-2.
Posto isso, JULGO IMPROCEDENTES (artigo
269, inciso I, do CPC) os pedidos formulados, tornando sem efeito a tutela antecipada
concedida às fls. 112/113.

Sucumbente, arcarão os requerentes com o


pagamento das custas, despesas processuais e honorários de advogado, ora fixados em
R$ 1.000,00 (art. 20, § 4º do CPC).

P.R.I.

Marília, 27 de julho de 2011.

DANIELE MENDES DE MELO


Juíza de Direito

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