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DIREITO CIVIL VI

PROFESSOR: ROBERT CUTRIM


1. INTRODUÇÃO
1.1. Considerações Iniciais
1.2. Conceito e Fundamento

Conceito: Conjunto de princípios jurídicos que disciplinam a transmissão do patrimônio de uma


pessoa que morreu aos seus sucessores.

Fundamento: perpetuidade da propriedade

1.3. Evolução Histórica

- Constituição Federal (art. 227, § 6º CF)


- Código Civil

1.4. Nomenclaturas Importantes

● DE CUJUS (de cujus sucessione agitur - aquele de quem a sucessão se trata)


● HERANÇA: conjunto de bens (positivos e negativos)
● ESPÓLIO: titular do patrimônio – art. 75, inciso VII CPC

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


VII - o espólio, pelo inventariante;

● HERDEIRO/SUCESSOR: recebe a herança a título universal, em virtude da lei


ou testamento (sem bens individualizados)
● LEGATÁRIO: recebe a herança a título singular (bens individualizados).
● LEGADO: o objeto descrito no testamento sob vontade do falecido.

1.5. Princípio da Função social das Sucessões

- direito fundamental (art. 5º, inciso XXX da CF)


Art. 5º (...)
XXX - é garantido o direito de herança;

2. ESPÉCIES DE SUCESSÃO E SUCESSORES (art. 1786 CC)

Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

2.1. Sucessão legítima (ab intestato) - art. 1829 CC


Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº
646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694)
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com
o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art.
1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver
deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.

2.2. Sucessão testamentária (disposição de última vontade)

- testador indica herdeiros e legatários.

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o
mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a
sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.

2.3. Sucessão a título universal (totalidade, fração, quota-parte)


2.4. Sucessão a título singular
2.5. Sucessão Contratual (arts. 426 CC e 2018 CC) – pactos sucessórios

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade,
contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.

2.6. Sucessão Irregular/Anômala (Lei n.º 9610/98; Dec.Lei n.º 3438/41; Dec.Lei n.º
5384/43)

LEI N.º 9.610/98


Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro
do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.
Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude o caput deste
artigo.
Art. 42. Quando a obra literária, artística ou científica realizada em co-autoria for indivisível, o
prazo previsto no artigo anterior será contado da morte do último dos co-autores sobreviventes.
Parágrafo único. Acrescer-se-ão aos dos sobreviventes os direitos do co-autor que falecer sem
sucessores.
Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos
patrimoniais, pertencem ao domínio público:
I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores;
II - as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e
tradicionais.
Decreto-Lei n.º 5384/43
Art. 1º Na falta de beneficiário nomeado, o seguro de vida será pago metade à mulher e
metade aos herdeiros do segurado.
Parágrafo único. Na falta das pessoas acima indicadas, serão beneficiários os que dentro de
seis meses reclamarem o pagamento do seguro o provarem que a morte do segurado os
privou de meios para proverem sua subsistência. Fora desses casos, será beneficiária a União.

Decreto Lei 3438/41


Art. 18. À pessoa estrangeira, física ou jurídica, não serão aforados os terrenos de que se trata,
exceto:
a) se ao entrar em vigor o decreto-lei nº 2.490, de 16 de agosto de 1940, gozava da preferência
para o aforamento nos termos do § 4º do art. 19 do decreto nº 14.595, de 31 de dezembro de
1920, estando o aforamento requerido;
b) se houver autorização do Governo.
§ 1º A perda de qualidade de brasileiro por quem seja titular de enfiteuse, constituida depois da
publicação daquele decreto-lei, importa na extinção automática desse direito real, consolidando
a União o seu domínio pleno sobre o terreno, indenizado o foreiro pelas benfeitorias nele
existentes.
§ 2º É proibida a sucessão de cônjuge estrangeiro nos bens de que se trata.

2.7. Espécies de sucessores


● legítimo: indicado pela lei (art. 1829 CC)
● testamentário ou instituído: beneficiado pelo testador no ato de última
vontade com uma parte ideal do acervo, sem individualização de bens.
● legatário: beneficiado pelo testador no ato de última vontade com coisa
certa e determinada.
● necessário (legitimário/reservatário/obrigatório): art. 1845 CC

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

● universal: herdeiro único


JURISPRUDÊNCIAS

(...) Há considerar, ainda, que o próprio herdeiro pode requerer pessoalmente


ao juízo, durante o processamento do inventário, a antecipação de recursos
para a sua subsistência, podendo o magistrado conferir eventual adiantamento
de quinhão necessário à sua mantença, dando assim efetividade ao direito material
da parte pelos meios processuais cabíveis, sem que se ofenda, para tanto, um dos
direitos fundamentais do ser humano, a sua liberdade; ademais, caso necessário,
pode o juízo destituir o inventariante pelo descumprimento de seu munus. (HC
256.793/RN, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
01/10/2013, DJe 15/10/2013)

(...) O espólio e os herdeiros possuem legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação
indenizatória por danos morais em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus
(...). (AgInt no AREsp 1567104/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 29/06/2020, DJe 03/08/2020)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


SERVIDOR PÚBLICO. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO. ATENDIMENTO
MÉDICO DOMICILIAR. RECUSA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
LEGITIMIDADE ATIVA DO ESPÓLIO. PRECEDENTES DO STJ. PROVIMENTO DO
RECURSO DA PARTE AUTORA PARA RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA. REEXAME
DE MATÉRIA FÁTICA. PRESCINDIBILIDADE. 1. A posição atual e dominante que vigora
nesta c. Corte é no sentido de que, embora a violação moral atinja apenas o plexo de
direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenização transmite-se com o
falecimento do titular do direito, possuindo o espólio ou os herdeiros legitimidade
ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da
ofensa moral suportada pelo de cujus. Incidência da Súmula n.º 168/STJ (AgRg nos
EREsp 978.651/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, DJe 10/02/2011)
(...). 3. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 1446353/SP, Rel. Ministro
SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/09/2019, DJe 18/09/2019)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS E MATERIAIS. ATROPELAMENTO DE FILHA MENOR POR CAMINHÃO DE
RECOLHIMENTO DE LIXO DE PROPRIEDADE DA EMPREGADORA. LEGITIMIDADE
ATIVA. ESPÓLIO. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE. COISA JULGADA MATERIAL.
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. NÃO OCORRÊNCIA. DANOS MORAIS. RAZOABILIDADE.
RECURSO DESPROVIDO. 1. Em homenagem aos princípios da instrumentalidade,
economia e celeridade do processo e, em razão da inexistência de prejuízo aos réus,
afasta-se a pretendida extinção do processo, por ilegitimidade ativa do espólio, pois
representaria tão somente alterar os nomes dos autores, de espólio, para genitores
da vítima (...). 2. A transação feita pelo genitor, ex-empregado, na reclamação
trabalhista ajuizada contra a empregadora, não exclui o direito da genitora em
pleitear a indenização por danos morais, pelo mesmo evento, que possui por direito
autônomo e independente, oriundo da relação de parentesco (...). 4. Agravo interno
a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1351232/AL, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
QUARTA TURMA, julgado em 19/03/2019, DJe 29/03/2019)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS, EM DECORRÊNCIA DE
PERSEGUIÇÃO POLÍTICA, DURANTE O REGIME MILITAR. LEGITIMIDADE ATIVA DO
ESPÓLIO. IMPRESCRITIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO DECRETO
20.910/1932. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de
que os sucessores possuem legitimidade para ajuizar ação de reparação de danos em
decorrência de perseguição, tortura e prisão, sofridos durante a época do regime
militar, sendo tal ação reparatória considerada imprescritível, pelo que não se aplica
o art. 1º do Decreto 20.910/32 (...). 2. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp
473.278/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
02/10/2018, DJe 05/10/2018)

RECURSO ESPECIAL. SEGURO DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE. INDENIZAÇÃO.


MORTE POSTERIOR DESVINCULADA DO ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE
COBRANÇA DO DPVAT DECORRENTE DA INVALIDEZ. DIREITO PATRIMONIAL
TRANSMITIDO AOS SUCESSORES. 1. O direito à indenização do seguro DPVAT por
invalidez permanente integra o patrimônio da vítima e transmite-se aos seus
sucessores com o falecimento do titular, que, portanto, têm legitimidade para
propor a ação de cobrança da quantia correspondente (...). 3. Recurso especial
conhecido em parte e, nessa parte, não provido. (REsp 1185907/CE, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 14/02/2017, DJe 21/02/2017)

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT).


MORTE DA VÍTIMA. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. AÇÃO DE COBRANÇA. ESPÓLIO.
ILEGITIMIDADE ATIVA. DIREITO PRÓPRIO DO BENEFICIÁRIO. ARTS. 4º DA LEI Nº
6.194/1974 E 794 DO CC. APLICABILIDADE. ART. 13 DO CPC. FUNDAMENTO
INATACADO. (...) Cinge-se a controvérsia a saber se o espólio, representado pelo
inventariante, possui legitimidade ativa para ajuizar ação de cobrança do seguro
obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no acidente de trânsito. 2. Antes da
vigência da Lei nº 11.482/2007, a indenização do seguro obrigatório DPVAT na
ocorrência do falecimento da vítima deveria ser paga em sua totalidade ao cônjuge
ou equiparado e, na sua ausência, aos herdeiros legais. Depois da modificação
legislativa, o valor indenizatório passou a ser pago metade ao cônjuge não separado
judicialmente e o restante aos herdeiros da vítima, segundo a ordem de vocação
hereditária (art. 4º da Lei nº 6.194/1974, com a redação dada pela Lei nº
11.482/2007). 3. O valor oriundo do seguro obrigatório (DPVAT) não integra o
patrimônio da vítima de acidente de trânsito quando se configurar o evento morte,
mas passa diretamente para os beneficiários. Logo, o espólio, ainda que
representado pelo inventariante, não possui legitimidade ativa para pleitear, em tal
hipótese, a indenização securitária, pois esta não integra o acervo hereditário
(créditos e direitos da vítima falecida). 4. A indenização do seguro obrigatório
(DPVAT) em caso de morte da vítima surge somente em razão e após a sua
configuração, ou seja, esse direito patrimonial não é preexistente ao óbito da pessoa
acidentada, sendo, portanto, direito próprio dos beneficiários, a afastar a inclusão no
espólio. 5. Apesar de o seguro DPVAT possuir a natureza de seguro obrigatório de
responsabilidade civil (e não de danos pessoais), deve ser aplicado, por analogia,
nesta situação específica, o art. 794 do CC/2002 (art. 1.475 do CC/1916), segundo o
qual o capital estipulado, no seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de
morte, não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança para todos
os efeitos de direito. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.
(REsp 1419814/SC, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 23/06/2015, DJe 03/08/2015)
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.
RESPONSABILIDADE CIVIL. ATROPELAMENTO EM VIA FÉRREA. MORTE DA VÍTIMA.
DANOS MORAIS AOS IRMÃOS. CABIMENTO. DESPESAS DE FUNERAL E
SEPULTAMENTO. PROVA. DESNECESSIDADE. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Presume-se o
dano moral na hipótese de morte de parente, tendo em vista que o trauma e o
sentimento causado pela perda da pessoa amada são inerentes aos familiares
próximos à vítima. 2. Os irmãos, vítimas por ricochete, têm direito de requerer a
indenização pelo sofrimento da perda do ente querido, sendo desnecessária a prova
do abalo íntimo. No entanto, o valor indenizatório pode variar, dependendo do grau
de parentesco ou proximidade, pois o sofrimento pela morte de familiar atinge os
membros do núcleo familiar em gradações diversas, o que deve ser observado pelo
magistrado para arbitrar o valor da reparação. 3. Na presente hipótese, foi fixada a
indenização por danos morais aos irmãos da vítima no valor correspondente a R$
15.000,00 (quinze mil reais), quantia razoável e proporcional ao montante arbitrado
aos genitores (R$ 30.000,00). 4. Segundo a jurisprudência desta Corte, não se exige a
prova do valor efetivamente desembolsado com despesas de funeral e sepultamento,
em face da inevitabilidade de tais gastos. 5. Agravo interno não provido. (AgInt no
REsp 1165102/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
17/11/2016, DJe 07/12/2016)

RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ACIDENTE AÉREO QUE VITIMOU


IRMÃO DA AUTORA. LEGITIMIDADE ATIVA PARA A AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS
MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO MANTIDO. IRMÃO UNILATERAL. IRRELEVÂNCIA.
DANO MORAL IN RE IPSA. 1. Por analogia do que dispõem os arts. 12 e 948 do Código
Civil de 2002; art. 76 do Código Civil de 1916; e art. 63 do Código de Processo Penal,
com inspiração também no art. 1.829 do Código Civil de 2002, como regra - que pode
comportar exceções diante de peculiaridades de casos concretos -, os legitimados
para a propositura de ação indenizatória em razão de morte de parentes são o
cônjuge ou companheiro(a), os descendentes, os ascendentes e os colaterais, de
forma não excludente e ressalvada a análise de peculiaridades do caso concreto que
possam inserir sujeitos nessa cadeia de legitimação ou dela excluir. 2. No caso em
exame, seja por força da estrita observância da ordem de vocação hereditária - pois
a autora é a única herdeira viva do falecido -, seja porque pais, filhos, cônjuge e
irmãos formam indissolúvel entidade familiar, reconhece-se a legitimidade da irmã
da vítima para o pleito de indenização por dano moral em razão de sua morte. 3. O
fato de a autora ser irmã unilateral e residir em cidade diferente daquela do
falecido, por si só, não se mostra apto para modificar a condenação, uma vez que
eventual investigação acerca do real afeto existente entre os irmãos não ultrapassa a
esfera das meras elucubrações. No caso, o dano moral continua a ser in re ipsa. 4.
Valor da indenização mantido, uma vez que não se mostra exorbitante (R$
81.375,00). 5. Recurso especial não provido. (REsp 1291845/RJ, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/12/2014, DJe 09/02/2015)

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO


AO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PRINCÍPIO DO LIVRE
CONVENCIMENTO. CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL SOFRIDO POR FILHOS
CASADOS EM DECORRÊNCIA DA MORTE DE SUA GENITORA. DANO MORAL IN RE
IPSA. RESPONSABILIDADE PELO ACIDENTE E CONFIGURAÇÃO DOS DANOS MORAIS.
SÚMULA 7/STJ. 1.- Inexiste omissão ou ausência de fundamentação, não constando
do acórdão embargado os defeitos previstos no artigo 535 do Código de Processo
Civil, quando a decisão embargada tão-só mantém tese diferente da pretendida pela
parte recorrente. 2.- O artigo 131 do Código de Processo Civil, este consagra o
princípio da persuasão racional, habilitando-se o magistrado a valer-se do seu
convencimento, à luz dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema
e da legislação que entender aplicável ao caso concreto. 3.- Quanto ao dano moral,
em si mesmo, não há falar em prova; o que se deve comprovar é o fato que gerou a
dor, o sofrimento. Provado o fato, impõe-se a condenação, pois, nesses casos, em
regra, considera-se o dano in re ipsa. 4.- A respeito da configuração do dano moral
sofrido por filhos casados em decorrência de morte de seus genitores e/ou irmãos, o
entendimento desta Corte é de que estes são presumidos, não importando esta
circunstância, "porquanto os laços afetivos na linha direta e colateral, por óbvio, não
desaparecem em face do matrimônio daqueles que perderam seus entes queridos."
(REsp 330.288/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, DJ
26/08/2002). 5.- Não é possível em sede de recurso especial alterar a conclusão do
tribunal a quo, no sentido de que a EXPRESSO LINE TOUR TRANSPORTES LTDA. é
responsável pelo acidente que causou a morte da genitora dos autos e que o dano
moral está configurado, pois demandaria o reexame do conjunto fático-probatório, o
que atrai o óbice do enunciado 7 da Súmula desta Corte. 6.- Agravo Regimental
improvido. (AgRg no AREsp 259.222/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 19/02/2013, DJe 28/02/2013)

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